Queria muito negar, dizer que não fora esse o motivo, mas na realidade ele tinha o direito de saber que esse fato se colocara a favor de Edward. Pois amar, agora eu sabia, que amar, amava os dois.

- Sim. – respondi por fim.

Ele me encarou e vi uma luz em seu olhar, algo parecido com alegria, acho que ele finalmente entendeu que não optei por Edward por amá-lo mais, mas pela incerteza do futuro que haveria para Jacob e Bella. Quando ele finalmente falou seu tom era suave:

- Então o que você sugere que façamos?

Fiquei em pé olhando-o no fundo dos olhos e segurei sua mão grande e quente.

- Tudo o que eu quero é ficar ao seu lado enquanto puder... como se não houvesse amanhã.

Ele apertou minhas mãos e perguntou:

- E Edward?

- Eu o amo também, e você sabe que ele me ama...- suspirei ao vê-lo desviar o olhar irritado com minha frase. – Mas neste momento ele será quem vai me salvar quando seu amor não for mais meu.

Seu olhar agora era dolorido, refletia a dor que eu sentia.

- E se o imprinting não acontecer até o seu casamento? Quem salvará a mim?

- Vamos viver um dia de cada vez? – implorei – Por favor! – agora era eu quem necessitava da presença dele em minha vida como quem precisa de ar para viver.

Ele me abraçou e sussurrou no meu ouvido:

- Até que seu coração pare de bater.

Senti um arrepio correr pelo meu corpo e falei:

- Até você sofrer o imprinting. – apertei meus braços ao redor dele sentindo seu coração bater rapidamente, o calor gostoso do seu corpo, a mão forte na minha nuca me mantinha entre seus braços fortes, até aquele momento eu realmente não tivera a noção exata do quanto sentira a ausência dele.

Sunshine latia a nossa volta e pela primeira vez vi um sorriso nos lábios de Jacob.

- O que o vampiro falou sobre o cão?

- Eles não se gostam. – afirmei sorrindo também.

Jake riu alto e aquela risada alimentou minha alma.

- Aí amigo! A cada minuto gosto mais de você. – o cachorro latiu balançando o rabo como se estivesse feliz com a amizade de Jake.

Caminhamos abraçados pela praia, tínhamos muitas coisas para contar um ao outro, lhe falei das provas, da organização da formatura e de meu desejo de tê-lo ao meu lado naquele dia. Jacob manifestou vontade de ir, mas eu sabia que para ele era muito difícil aturar os Cullen, principalmente Edward e não quis insistir.

Sentamos sobre a raiz da nossa árvore e ficamos em silêncio, estava entre as pernas dele com a cabeça apoiada no peito quente e forte, totalmente presa por um de seus braços enquanto ele brincava com meus cabelos. Depois, passou para meu braço, com a ponta dos dedos  fazia movimentos lentos e constantes que estavam me deixando louca, cada músculo reagia ao seu toque, arrepiada da cabeça aos pés tive certeza que ele tinha noção exata de como me sentia naquele momento.

Sem conseguir resistir desejei provocar nele as mesmas sensações e fiz movimentos semelhantes no braço que circulava meu corpo, ouvi um suspiro seguido de um gemido  percebendo que estava brincando com fogo.

- Vai ser difícil! - a voz rouca dele confirmou meu pensamento – Estar perto de você apenas como amigo...

- Eu sei. - concordei puxando-o para mais perto. – Mas é ainda mais difícil ficar longe.

Ele beijou minha cabeça e com voz firme falou:

- É...

A tarde se foi, mais rápida do que eu gostaria que fosse, contrariada disse a ele que precisava voltar para casa, Sunshine  adormeceu em meu colo depois de correr feito um doido atrás de um bichinho provocando risos em Jacob e em mim.

Lentamente e de mãos dadas retornamos para a velha casa vermelha onde eu deixara meu carro, gentil Jake me entregou o cão que ele trouxera no colo durante o caminho, abriu a porta da picape e acariciando o cão falou:

- Cuide dela por mim. – encarando meu olhos completou: - Amo você!

- Amo você mais. – beijei seu rosto e emendei: - Vou ligar para você.

Ele sorriu:

- Desta vez espere eu atender antes de desligar. – me senti ficando vermelha, Jake percebera que era eu quem fazia isso, também, só a idiota aqui para achar que ele não descobriria. Mas, não poderia deixar de mostrar que o assunto para mim era sério, apesar de muito encabulada não me refutei de demonstrar o quanto queria evitar ficar longe dele e falei:

- Esperarei... não pretendo ficar um só dia sem falar com você.

Demos um último abraço apertado e quando nos separamos me aproximei e lhe dei um selinho.

- Te amo! – sussurrei

- Eu sei... - falou distraído, seus olhos estavam fixos em meus lábios, enquanto sua mão voltava a me tocar daquele jeito que me tirava da realidade, com certeza, aquele fora um péssimo gesto, onde eu estava com a cabeça quando fiz isso? Rapidamente e sem ter outra alternativa entrei no carro, pois se ficasse mais um segundo ali não sairia.

Acenei para o garoto parado na frente da casa vermelha, estava feliz pela primeira vez em dias. Desta vez o trajeto até minha casa foi mais tranqüilo com a expectativa de poder vê-lo outras vezes... mesmo que tivesse que me superar a cada encontro, cada segundo valeria a pena.

Ao chegar em casa me deparei com Charlie que já estava a minha espera e ficou muito surpreso ao saber onde eu fora.

- Fico feliz que você mantenha a amizade com Jacob. Gosto daquele garoto!

Sorri observando a aprovação no rosto do meu pai.

-Eu sei... também fico feliz.- falei e antes de subir para o meu quarto disse que iria tomar um banho e voltaria para aquecer o jantar.

Ao entrar no quarto me deparei com Edward a me olhar, suspirei a espera de recriminação, mas recebi um beijo de chegada.

- Como foi com Jacob? – sua voz era tranqüila

- Tudo certo, amigos outra vez. – falei sorrindo

- Espero que agora você se tranqüilize.

- Você não se incomoda? – fui direta

- Ele é seu amigo, apesar de não confiar nele e não gostar, não devo proibi-la de vê-lo... tenho medo. – disse me encarando

- Já lhe falei que Jacob jamais me faria mal.

- Espero que sim. – sua voz estava indecifrável naquele momento entretanto eu não queria me preocupar com isso, ele continuou:

- Só queria lhe fazer um pedido.

-Diga.

- Gostaria de ser informado quando você for se encontrar com ele.

Concordei com o pedido e coloquei o cão no cercado, ele precisava de um banho, mas dormia feito um anjo então deixei para depois. Já eu não poderia fazer o mesmo, então me dirigi para o chuveiro, meu vampiro se foi. Quando saí do banho ouvi o som da campainha de casa, teoricamente Edward chegara.