Apesar de saber que Charlie poderia acordar a qualquer momento e nos pegar ali numa situação sem explicações, e totalmente fora dos padrões que meu pai aceitaria, não conseguia parar de rir, principalmente olhando para o rosto surpreso e ainda debochado de Jacob.

– Bells! – sua voz era suplicante, mas quanto mais ele tentava, mais eu ria. – Por favor! - então, Sunshine que até aquele momento estivera quietinho em sua almofada surgiu, pulando a nossa volta, com as orelhas em pé e uma expressão feliz na cara, como se aquilo fosse uma brincadeira que ele pudesse participar, esse fato me fez rir mais.

De repente, me pegando de surpresa, Jake selou meus lábios com um beijo, sua mão enorme e quente na minha nuca me mantendo presa a ele, e rapidamente o riso foi substituído por outro som, baixo e abafado que saia pela minha garganta, ainda era felicidade, mas uma felicidade diferente.

Estava tão concentrada naquele beijo que me assustei ao sentir algo gelado em contato com o meu braço, meu corpo ficou tenso, percebendo isso, Jacob se afastou enquanto eu descobria o motivo do meu susto: o focinho gelado e úmido de Sunshine que encostara em mim. Sorri da descoberta e olhei para Jacob que pareceu entender tudo o que acontecera.

Parado ao nosso lado o cão olhava de um para outro pedindo para ser incluído na brincadeira, Jake pegou-o pelo lombo e o colocou no chão falando:

– Sinto muito meu velho! Mas desta brincadeira você não pode participar.

Sentado no chão o pequeno continuou nos olhando como se perguntasse:

– Pq?

Aproveitei o momento peguei meu pijama e o vesti, para novamente me acomodar entre os braços de Jake, não sem antes passar a chave na porta.

Assim que deitei Jacob voltou ao assunto interrompido pelo meu riso:

– E então, o que você achou da minha idéia.

Pensei por alguns segundos e vi Sunshine parado ao lado da cama, as patas e a cabeça sobre o colchão esperando apenas um chamado para deitar ao nosso lado e falei:

– Tem mais uma coisa que descobri que gosto de fazer.

– Cuidar de animais? – Jacob falou me surpreendendo.

– Como você sabe?

– Eu sei tudo. – sua voz era brincalhona, mas logo continuou passando os braços em volta de mim – Tenho visto seu carinho com o cão, e comigo também.

Ele não perde a oportunidade – pensei – e concordei:

– Pois é, eu gosto de animais, cães principalmente, mas lobos podem ser incluídos no grupo.

– Um lobo só né?

– Sim, o meu particular. – ele beijou minha nuca me fazendo arrepiar novamente.

– Acho muito bom, não pense que esqueci aquela história de Seth ser lindo.- falou me cutucando e me fazendo voltar a rir.

– Você não quer que eu dê risada, mas fica me provocando.- falei apertando o braço dele contra mim e conclui, respondendo a sua pergunta: – Mas quanto ao que você perguntou antes, vou pensar bem, tenho tempo para isso.

– Você quem deve decidir. Faça aquilo que achar que é melhor para você, desde que seja junto comigo.

– Qualquer coisa que eu pense sempre incluo você, em tudo.

Ele suspirou e colocou a cabeça sobre a minha se acomodando, senti uma leve sonolência, uma sensação gostosa da chegada do sono, e quase num sussurro falei:

– Boa noite meu amor.

– Boa noite meu grande amor. – falou e eu sorri pensando que ele não pode nunca ficar para trás e me deixei ser tomada pelo sono, sereno e reparador como sempre deveria ser.

As horas passaram sem que eu percebesse, só percebi isso quando acordei com um beijo nos lábios e sentindo frio, Jake não estava mais ao meu lado, me estiquei e puxei o corpo dele para perto de mim.

– Bom dia amor! – sua voz era suave – Preciso ir, mais tarde nos vemos.

Me mexi sonolenta e senti seus lábios sobre o meu rosto, quentes e macios, só consegui concordar, ainda estava dormindo:

– Não demore! Eu te amo mais.

Um leve som de sorriso e outro beijo delicado:

– Eu...te amo mais.

A cama se moveu, o frio voltou, me enrolei na manta, era difícil voltar ao normal depois de passar a noite abraçada a um cobertor humano, nada se assemelhava ao calor que emana do corpo de Jake, suspirei e voltei a dormir, ainda tinha um tempinho para ficar na cama, mas acabei levantando logo, ficar ali sem ele não era a mesma coisa, tomei um banho demorado relembrando nossa conversa da noite e rindo sozinha das brincadeira, é tão bom ser feliz.

Me demorei mais do que o esperado nisso e quando finalmente desci, Charlie já se fora, eu estava atrasada, e para piorar o telefone tocou:

– Alo! – falei rápido.

– Bella! – era a voz de Alice, tentei ser gentil, mas estava com pressa não imaginava o que ela poderia querer comigo tão cedo, mas então uma idéia me assustou, Volturi.

– Algum problema Alice? – tenho certeza que não consegui disfarçar o medo de minha voz.

– Nada, mas tive uma visão com você agora a pouco.

Um arrepio percorreu meu corpo:

– Sobre o que?

– Você vai casar com o ...? - a palavra não saiu e eu não acreditei que ela estava me atrasando para falar sobre isso.

– É minha intenção pq? – fui direta.

Sua voz era nervosa quando perguntou:

– Quando?

– Ainda não decidimos isso Alice, temos muitas coisas para resolver, Jacob nem terminou a escola ainda, isso será resolvido com calma, mas quando eu tiver a data, você será convidada, não se preocupe. – minha paciência com as bobagens de Alice estava chegando ao fim.

Ela ficou calada, parecia estar pensando no que responder, quando finalmente falou sua voz estava estranha:

– Eu ainda tinha esperanças...

– Não vou voltar atrás Alice, achei que tinha deixado isso bem claro naquele dia em que conversamos.

Outro silencio e eu suspirei, mas antes que eu falasse algo ela encerrou o assunto:

– Não vou mais atrasar você. Outra hora conversamos com calma sobre isso. – eu realmente estava com pressa, mas não poderia perder a chance de esclarecer a ela o que eu decidira:

– Você é minha amiga, e eu gosto muito de você, mas é bom que tenha em mente que nada que você ou qualquer outra pessoa diga me fará mudar de idéia, você compreende?

– Algumas vezes acho que esse garoto fez um clone de você e colocou no seu lugar Bella, ninguém muda tanto em tão pouco tempo.

Tive que rir do comentário, mas fui firme na resposta:

– Você se esquece de quanto tempo faz que convivo com ele, eu tinha trancado em mim muitas coisas que eu gostaria de ser e fazer por causa dos outros, Jake me libera, ele me ajuda a ser eu mesma em qualquer situação, e agora não há mais pq ser diferente.

Ouvi um som estranho do outro lado, como se ela estivesse bufando, era difícil imaginar isso, mas era o que parecia. Encerrei o assunto:

– Pode ficar tranqüila, se eu decidir casar logo você saberá, assim como os outros. – a idéia de Jacob de casar em segredo começava a me agradar, se eu não soubesse que magoaria Charlie, Renee e Billy com isso, aceitaria, tem muita gente se intrometendo entre nós, estou ficando cansada disso.

– Está certo. – sua voz agora parecia a mesma de sempre. – Bom trabalho.

– Obrigada! Até mais. – falei antes de desligar o telefone, apesar de atrasada, não consegui me mover por alguns instantes, minha cabeça ainda estava na conversa com minha ex cunhada, era como se minha vida fosse publica, qualquer coisa que eu pensasse em fazer era logo contestada, mas de uma coisa eu tinha certeza Jacob fazia parte de meus planos de futuro, e disso eu não abria mão.

O restante do dia foi muito calmo, só Mike para variar tentou descobrir pq Edward viera me ver, me fiz de desentendida e dei uma resposta sem nexo, ele que pensasse o que quisesse, não estava nem aí para o que ele pensava ou deixava de pensar, mas de resto, foi tudo tranqüilo.

Naquela noite porém, Jacob não poderia ficar, foi a única coisa ruim, ouvir isso dos lábios dele, mas eu precisava me acostumar, a vida de mulher de um lobo deve ter sua dose de dificuldades, dificuldades essas que eu descobrira estar disposta a enfrentar por ele.

Ficamos juntos, conversando, rindo e brincando depois que jantamos, primeiro junto com Charlie, mas depois que ele saiu ficamos sós, até a hora em que ouvimos um uivo ao longe, contrariado ele beijou meus lábios daquele jeito que me faz perder o ar e sorrindo se foi me deixando sozinha com Sunshine, não sem antes garantir que estaria por perto, se não ele, um dos garotos sempre ficaria na volta.

Fui para meu quarto vazio e triste sem a presença enorme e quente do meu sol, tudo parece diferente sem a presença dele junto comigo, conferi que as janelas estavam fechadas, aproveitei o tempo livre para responder aos recados de minha mãe enlouquecida por noticias e depois com calma fui para a cama.

Quando Jake não está comigo não consigo dormir tranqüila, é um sono leve e por isso ouvi Sunshine latir duas vezes, numa delas me levantei, as janelas continuavam fechadas e meu quarto vazio, mas me sentia insegura, ao longe ouvi um uivo, não era Jake, a esta altura eu já tinha uma noção da diferença do som que ele produzia do dos outros, talvez fosse Seth, o garoto era o que mais ficava por ali, senti um arrepio ao lembrar de Paul naquela noite em que corri para ver Jacob, ele era assustador.

Essa lembrança me trouxe outra, uma que eu não queria ter antes de dormir, o maldito imprinting, a imagem do lobo feroz que se transformara em um cachorrinho manso ao lado de Rachel, meu coração vacilou, esse era meu maior medo, mas tentei desviar a atenção, isso não aconteceria com Jacob e comigo, ele seria sempre aquele garoto maravilhosamente espirituoso dono do seu nariz que me amava e que me fazia forte, vi Sunshine me olhando sério a espera, o puxei para cima do colchão e o coloquei perto dos meus pés, logo estávamos adormecidos novamente um aquecendo o outro.

Não houve atrasos naquela manhã, e tive tempo de sobra para conversar com Jacob quando ele ligou querendo saber se estava tudo bem e morrendo de saudades, fiquei agarrada ao telefone ouvindo sua voz rouca dizer que sentira minha falta e que desejara todo o tempo estar comigo, confessei que me sentia exatamente assim e ri quando contou que os garotos agora reclamam de tanto ver beijos apaixonados e ouvir seus suspiros. Garanti a ele que minha noite sem ele não era a mesma coisa e que cada minuto sem ele me parece uma eternidade. Desejei um ótimo dia, e que as horas passassem muito rápido para poder vê-lo novamente.

Meu pai que passou por mim naquele momento, me olhou com cara de nojo e comentou:

– Nossa! Quanta diferença! É um mel só.

Ri e ouvi Jacob rir do outro lado ao ouvir o comentário, finalmente depois de muito adiar e de muitos chamados de Charlie, nos despedimos com a garantia de nos vermos a noite e de passa-la toda juntinhos. Sai de casa com essa promessa na cabeça e com essa leveza no coração. Jake é meu sol, minha vida, meu amor, meu tudo.

Assim os dias passaram, trabalho, namoro, brincadeiras, rapidamente e imensamente felizes. Assim que tive folga fui para a reserva com Jacob, mais especificamente para a garagem onde ele consertava uma moto, esse fato me trouxe muitas lembranças, sentada perto dele eu alcançava o que ele me pedia, cada movimento, cada gesto, seus músculos se movimentarem com precisão, seu rosto fazendo expressões acompanhando os movimentos, sorri e algumas vezes enquanto o observava detidamente cheguei a ver o garoto de cabelos longos e sorriso de sol que me conquistou, curou minhas feridas e transformou minha vida e meus sentimentos me mostrando o que é o amor de verdade, nada mais que simples confiança e entrega total.

Passei uma tarde maravilhosa como tantas outras que passei ao lado dele, me sentindo completamente curada, se houvesse alguma duvida ela foi retirada nesta tarde quando pude repassar muitas coisas, mas principalmente minhas dores pela ausência de Edward, que agora nada mais eram do que passado, um passado que estava totalmente morto e enterrado, de certa forma era estranho pensar assim já que eu estive a ponto de tudo por ele, mas essa era a verdade, real e incontestável, o tempo que Jacob e eu ficamos juntos durante a ausência do meu vampiro, fez de mim outra pessoa, e era essa pessoa que eu desejava ser.

Dias tranqüilos aqueles últimos, pensei mal conseguindo acreditar que nada interferira nos nossos momentos juntos, nenhum membro Cullen, nem Volturi, nem imprinting, meus pensamentos voavam quando Seth entrou sorrindo e falando:

– Oi Bella! Faz um bom tempo que não vejo você!

Vi Jake ficar em pé imediatamente, me olhando maroto, me aproximei do garoto e beijei seu rosto bonito e bronzeado sorrindo por dentro ao lembrar do que Jacob me contara sobre as meninas que o estavam cercando, mas Seth parecia muito tranqüilo.

– É verdade.- confirmei, mas lembrando de algo completei: - Mas eu ouço você algumas vezes durante a madrugada.

Um sorriso constrangido e seu olhar correu para Jacob, que nesse momento tinha a expressão de um santo.

– Pois é, se ele sai de perto da sua casa, eu tenho, quer dizer, eu vou para lá.

– Eu sei. – falei encarando o olhar de Jacob, ele nunca se descuidou de mim, agora mesmo que não faria isso, e eu gosto de saber que ele se preocupa.

Um leve sorriso brilhou naqueles lábios perfeitos e lentamente Jake veio para perto, eu sabia que o fato dele me provocar pelo comentário era simples brincadeira, mas não consegui deixar de achar engraçado sua expressão agora, de uma real demonstração de ciúme.

Passei o braço por sua cintura e Sunshine apareceu fazendo festa para Seth, que logo se abaixou e acariciou o pêlo do pequeno e pediu:

– Posso brincar com o mini Jake, Bella?

– Claro! – falei segurando Jacob pela cintura, de nada adiantava minha mão se Jake estivesse realmente zangado, mas ele se conteve, apenas comentou:

– Vou te dar uns cascudos garoto, se você não sair agora daqui! - Seth se virou e assoviando chamou o cão, mas Jake ainda tinha uma recomendação a fazer:

– Tome cuidado com ele! – eu sei que ele se apegou ao cão, afinal Jacob era o único que conseguia chegar perto dele e o fato do pequeno não gostar de Edward fez com que Jake se apegasse mais, sorri feliz e apertei minha mão na cintura dele perguntando:

– Ficou incomodado?

Ele fez uma careta e me apertou também falando:

– Tenho que ficar de olho nesses lobos que me cercam.

Soltei uma risada alta e ele continuou:

– Afinal eles são lindos não é? – sua expressão de deboche era muito divertida, meu coração pulsava forte ao vê-lo assim tão leve e sorridente como quero que seja sempre. Meu corpo se contorceu com a risada que tomou conta de mim e Jacob me apertou a cintura me puxando para perto e me erguendo em seus braços. Beijei seu pescoço que ficou a centímetros do meu rosto e o vi se arrepiar.

– Amo você tanto que acho que não cabe em mim tudo o que sinto! – falei baixinho.

Ele fechou os olhos e continuou o que eu comecei, me beijando de leve e falando:

– Eu sei, não cabe em você, nem em mim, sai de nós e invade quem estiver a nossa volta, já percebi isso, o clima melhorou com todos depois que nos acertamos, ou então, fui eu que passei a ver tudo diferente.

– Então não era só comigo que acontecera isso? – pensei, pois era assim que me sentia, depois que finalmente nos acertamos, tudo parece diferente, tudo está muito mais colorido, mesmo se não tiver sol, mesmo se chover, mesmo se a noite for escura, mesmo se o frio for intenso, tudo é perfeito pq tenho ele comigo.

Apertei meu braços ao redor do pescoço dele num gesto de carinho puxando-o cada vez para mais perto e vi Paul entrar esbaforido com o olhar nervoso. Jake imediatamente estremeceu e me colocou no chão.

– O que foi? – sua voz era preocupada.

– Sam está chamando a todos. – Seth entrou e largou Sunshine no chão e dando meia volta saiu, não sem antes dar uma olhada para Jacob, era algo com ele, pensei, era alguma coisa relacionada com a gente.

Meu coração disparou, os Volturi, só poderia ser, mas Carlisle não me avisara nada, o sonho voltou, claro e limpo na minha mente, o bando todo morto, estendido na grama verde, mas principalmente meu sol estendido no chão sangrando, senti uma vertigem me atingir como se tivesse tomado um soco, me agarrei a roupa de Jacob pedindo:

– Fique comigo! – ele me olhava assustado, os olhos presos aos meus, ele sabia que eu estava apavorada, mesmo assim falou baixinho:

– Bells, eu preciso ir.

Apertei mais minhas mãos nas roupas dele, meus dedos começavam a doer.

– Você prometeu. – fiz uma tentativa desesperada.

Ele tentou novamente:

– Só vou falar com Sam.

– Jake...- meus olhos já não o viam mais, estavam totalmente embaçados e turvos pelas lagrimas, toda a felicidade se transformara em dor de repente. – Juntos você falou, onde você for eu vou. – insisti.

Paul já saira e logo ouvi um lobo uivar, Jake ainda me olhava dividido, percebi sua irritação ao ouvir o chamado, de repente segurou com força minha mão e disse:

– V em!

Presa aquela mão enorme e quente me senti inteira e segura outra vez, assim que saímos da garagem, Jacob me pegou no colo e seguiu Paul até o local onde Sam esperava pelo bando. Assim que nos viu o lobo preto pareceu irritado e mostrou os dentes a Jacob que me colocou no chão e foi para outro lugar para logo depois voltar na forma do lobo avermelhado, imenso e extraordinariamente imponente, sua presença era tão forte quanto a do próprio Sam, pude perceber um ar de superioridade em Jake que até aquele momento não notara, os outros pareciam totalmente submissos e não participavam muito da conversa que acontecia entre os dois, eles se olhavam com insistência e se movimentavam, era muito estranho ver toda aquela agitação de olhares e rosnados sem saber exatamente o que acontecia.

Olhei em volta e vi Seth sentado perto de sua irmã que mais olhava para mim do que para o restante do bando ou para o que estava sendo tratado, o pequeno lobinho me parecia o único tranqüilo, se ele estava calmo era sinal de que nada grave estava acontecendo, lentamente fui relaxando.

A situação logo ficou mais calma Jake e Sam já não se olhavam como se fossem se devorar, nem rosnavam, percebi isso também ao ver Paul, o estressadinho como Jacob fala, sentar sobre as patas traseiras e se movimentar tranqüilo, logo depois Jared e Embry se foram, confirmando que tudo estava sob controle.

Aquela me parecia uma reunião normal, e cheguei a me condenar por ter obrigado Jacob a me carregar junto, provavelmente ele ouvira uma reclamação de Sam por minha causa. Acho que essa historia com os Volturi tem me deixado mais preocupada do que eu imaginava que estava, respirei fundo e me sentei no chão a espera de que o assunto entre eles terminasse.

Jacob lentamente saiu me lançando um olhar tranqüilo e eu fiquei ali, sendo vigiada de perto, por Sam, Paul, Seth e Leah, pois os outros já tinham ido embora, me sentindo alguém totalmente deslocada com quatro animais enormes diante de mim, me encarando.

Acho que Jake sabia como me sentia pois para minha tranqüilidade, voltou logo, e se aproximou, os outros então viraram as costas e se foram, ele se chegou bem perto, sorriu e pegou minha mão, calmamente começamos a caminhar e sem me conter falei:

– Desculpe minha crise. – parecia que nada que eu dissesse amenizaria o sentimento que eu tinha por provavelmente ter feito Jacob levar uma chamada – Eu deveria ter me controlado mais.

Jake passou o braço sobre o meu ombro e falou com voz serena:

– Não se preocupe, está tudo bem, Sam não ficou bravo por isso, eu e ele que temos nossas diferenças. Mas o assunto era mesmo com você.

– O que foi? – fiquei surpresa ao ouvir isso, e pela forma tranqüila que Jake falou isso.

– A baixinha está procurando por você, ela foi até a fronteira.

Alice estava me procurando? - pensei e perguntei logo ficando nervosa outra vez:

– O que ela quer?

– Quer falar com você, vou levá-la até ela.

A voz dele era tranqüila, como sempre Jacob sabia como reagir me deixando aliviada por estar perto dele e tomamos outra direção. No caminho comentei a sensação que tivera ao vê-lo se aproximar do bando sua postura, sua maneira de reagir a Sam, ele me esclareceu que estava cansado de algumas coisas que estavam acontecendo entre ele e o alfa, mas que sua amizade com os outros era muito forte e ele se mantinha dividido, foi então que ele me revelou que deveria ser ele o alfa, mas o que me deixou surpresa foi o fato disso não me parecer surpreendente , na realidade sentia isso a muito tempo, no comportamento dele, em suas decisões, sua personalidade tem muito de um líder e tenho certeza de que se Jacob decidisse assumir esse posto, seria respeitado com facilidade pelos outros, até mesmo por Sam, assim que terminou de falar ele me olhou inquisitor como se quisesse saber como eu me sentia ao saber disso, sorri tentando traquiliza-lo esse fato só me fazia admira-lo mais.

Nesse momento chegamos ao local onde Alice e Emmett estavam esperando por nós recostados no carro, fiquei feliz por ela não ter vindo com Edward e assim tinhamos evitado um clima chato entre ele e Jake.

Cruzamos o espaço que nos separava e ela veio em minha direção com um leve sorriso no rosto, o que em parte me tranqüilizou, afinal se fosse algo grave ela não estaria tão calma.

– Bella! Está difícil conversar com você ultimamente. – sua voz era recriminadora e mostrei a ela que não gostara do comentário com um olhar atravessado. Jacob respondeu com um som parecido com um rosnado e Emmett o olhou sério, mas logo que se dirigiu a mim era o mesmo de sempre e sorrindo perguntou:

– Como está Bella? – só então percebi que senti saudades desse enorme homem brincalhão e recebi um abraço carinhoso mostrando que de certa forma ele também sentira saudades.

Cumprimentei Alice e logo quis saber que assunto tão importante era esse que a trazia até ali.

– Carlisle tenta falar com você desde cedo. – falou direta.

– Eu estava com Jacob. – falei e ela me olhou como se já soubesse disso.

– Imaginei...- sua voz tinha um tom de reprovação quando continuou: - Quando não pude vê-la soube que você só poderia estar com ele.

– O que o doutor queria? – a voz de Jacob surgiu de repente, autoritária e firme.

Os olhos de Alice correram para o rosto fechado de Jake e ela continuou:

– Ele mandou avisar que parece que quase tudo está certo, mas os Volturi virão, eles querem falar com você.

– Bella não vai falar com eles! – a voz de Jacob era decidida.

– Eles não querem falar com ela, querem falar com você. – senti meu coração quase parar ao ouvir isso, - Como assim eles queriam falar com Jacob? O que eles queriam com ele? – e a voz de Alice continuou, como se estivesse longe, dentro de um cone:

– Eles querem saber sobre o bando, tudo sobre o trato de vocês conosco, enfim, querem conhecer vocês.

– Não! – desta vez fui eu quem falou, eu não permitiria isso, e continuei sentindo minha voz embargar:

– Eles não vão falar com ninguém, nenhum dos membros do bando vai conversar com esses vampiros.

– É a condição para deixar você livre. – era a voz clara e maravilhosa de Alice que agora me deixava sem ar.

Jacob apertou a mão na minha cintura e virando-se para mim falou:

– Você confia em mim?

– Que pergunta era essa? – pensei - É claro que confio nele, não confio é nesses vampiros vingativos e maus.

Não precisei responder, ele percebeu pelo meu olhar que confio em tudo o que ele me diz e olhando para Alice falou:

– Diga ao doutor que não posso dar a resposta agora, mas que logo lhe direi o que decidimos.

Alice e Emmett se foram, me deixando com o coração na mão, eu mal me despedi deles, minha atenção estava agora toda voltada para Jacob, e para essa sua subta vontade de atender a um pedido desses vampiros sanguinários, pela primeira vez tive a noção exata de como ele se sentia quando me pedia para não ir, para ficar com ele, para fugir deles.

– Ah, se eu tivesse ouvido, se tivesse atendido aos pedidos do meu coração logo, nada disse estaria acontecendo.

Eu chorava novamente, Jake me apertou em seus braços quentes e fortes me acarinhando e falou com voz suave:

– Eu prometi a você que nós ficaremos juntos, isso é o que vai acontecer, prometi que nunca te magoaria e vou cumprir, prometi servidão eterna, - ele levantou meu rosto e me encarou – e é o que você terá. – seus olhos eram diretos e firmes como sempre - Vampiro algum vai me fazer descumprir qualquer uma dessas promessas que fiz. Confie em mim.

Apertei meus braços na volta dele erguendo a cabeça para beijar seus lábios macios e quentes desejando que aquela sensação de dor passasse, que aquele medo se fosse, que meu coração ficasse inteiro outra vez como estivera a tarde, ele passou suas mãos quentes por meu rosto secando as lagrimas e sorrindo aquecendo minha alma e me fazendo certa de tudo o que ele falava.

– O que você vai fazer? – perguntei enquanto tomávamos lentamente o caminho de volta abraçados.

– Falar com o bando, e com os anciões. - essa era uma resposta que eu não esperava.

– Os anciões? – não entendi. – Pq eles Jake?

– Nós somos uma família Bella, você faz agora, parte dessa família, você é parte de mim, integralmente minha alma gêmea, minha metade. O bando é isso, um faz parte do outro, uma família, e nossa família começa com eles, com os anciões. Nós do bando precisamos tomar decisões, mas principalmente, nós nos defendemos Bella, nós estamos juntos em tudo, nos momentos de fazer festas, de conversar, de ouvir historias, até de brigar, isso tudo é uma forma de mostrar nossa ligação.

Senti tamanha força me invadir que foi como se o medo nunca tivesse habitado em mim, eu não tivera a noção exata do que eles eram, da ligação que eles tinham, mas isso estava ficando cada vez mais claro na minha mente e no meu coração, quando penso no meu sonho não sofro apenas e principalmente por Jake, sofro por todos eles, é como se eu estivesse de alguma forma ligada a todos, através de meu amor por Jacob.