POV Katniss

Na mesma manhã,só que em Panem...

Falta exatamente uma semana para a colheita e tenho que dizer que não estou nada feliz com isso,meu nome deve estar lá umas 18 vezes e daqui a uns três dias estará 19 vezes.Este é o primeiro ano que o nome de Prim vai parar naquela maldita bola de vidro.Não deixei que ela pegasse tésseras,não sei se suportaria ver minha irmã caminhar para a morte certa.

Acordei com Prim ao meu lado,dormindo como um anjinho,e encaixado em seu braço,aquela coisa feia,o Buttercup.Não quero pensar como vai ser a dor se um dia eu perder a Prim para os jogos,se um dia eu não puder evitar,ela nunca vai se candidatar a tésseras,vai ser comida a menos para nós,mas prefiro isso do que perde lá,também eu posso caçar para reconquistar o que não foi preenchido pelas tésseras que Prim não pegou.

Me troco em silencio e cuidadosamente para não acorda lá,coloco a velha jaqueta de caça de meu pai,mas botas e faço a minha trança que cai pelo ombro esquerdo.

Saio de casa e vou em direção a cerca,entro na campina,fui até o tronco onde escondo meu arco,pego-o  e vou até a pedra,que é o ponto de encontro meu e do Gale.Depois de alguns minutos,lá esta ele.

-Hey Catnip!

- Oi Gale.

- Pronta?

-Como sempre – dei de ombros

-Então,o que estamos esperando?- Disse ele posicionando a flecha no seu arco. Faço o mesmo e nós entramos na floresta.

Caçamos por duas horas e só conseguimos dois esquilos magrelos,isso nem dá um pedaço de metal enferrujado,aqui é assim,tem algo de qualidade,te oferecem algo de qualidade. Decidimos verificar as arapucas e armadilhas de Gale,são 10 espalhadas pela floresta e só três traziam alimento.Um com um coelho,outro com um esquilo um pouco mais gordinho e na outra um outro esquilo.

Como a caça não estava indo bem,resolvemos colher algumas coisas como fruta,ervas medicinais ,vegetais , entre outros.

Conseguimos meia dúzia de maçãs,algumas ervas que minha mãe e Prim usam em seus pacientes e uma dúzia de morangos.Admito que hoje o dia não foi produtivo,foi realmente fraco,já conseguimos muito mais e de melhor qualidade.

Negociei meia dúzia de maçãs e um esquilo por 200 kg de arroz,Gale negociou o coelho e um esquilo e conseguiu faixas envolventes e algumas gases.Fui até a portas do fundo da mansão do prefeito do distrito 12 e vendi todos os morangos para ele, em troca ele me deu dois jarros,uma oferta bem generosa.

Eu e Gale,no fim dividimos as mercadorias,um esquilo ,100kg de arroz e um jarro de leite para cada um.Nós íamos dividir as gases,as ervas e as faixas envolventes,mas Gale quis que eu ficasse com isso,afinal seria melhor,porque minha mãe e Prim necessitam mais disso do que ele.Nos marcamos mais uma caçada hoje,depois do almoço.Então fui para casa.

Quando cheguei,minha mãe e Prim estavam cuidando de um moço que se feriu nas minas,provavelmente,porque seu corpo estava coberto de fuligem preta.

Coloquei as gases,as faixas envolventes e as ervas em cima da mesa que elas estavam trabalhando.Prim esboçou um sorriso de orelha a orelha,os olhos de minha mãe brilharam.Realmente,acertei no que elas precisavam.Deixei o resto da caça no balcão próximo a pia,peguei algumas laranjas e as deixei lá trabalhando e fui para o prego.

Caminhei até a barraca que a velha e querida Greasy Sae e pedi uma sopa,como de costume,sentei-me encima do balcão e comecei a tomar a sopa.Fiquei reparando nas pessoas que frequentavam o prego,o chefe dos pacificadores dando encima das moças.Até que Darius veio conversar comigo.

- Oi Katniss

- Oi Darius

- Como foi a caçada hoje? – Ele pediu uma sopa e se sentou ao meu lado

- Um pouco ruim,mas vou caçar de novo depois de tomar a sopa.

- Ok, então boa sorte. – Ele se levantou e foi conversar com os amigos.

Terminei de tomar a sopa e paguei Greasy com quatro laranjas bem docinhas.Dei uma volta do prego e fui para a cerca.No meio do caminho,encontrei Gale,fomos juntos e entramos na campina silenciosamente,até que eu quebrei o silencio.

 - Como você se sente sabendo que o nome Rory vai estar lá pela primeira vez?

Ele deu de ombros e disse:

-Sinceramente,não estou tão preocupado agora,isso uma hora ou outra ia acontecer, o pior é daqui para frente que o nome dele pode estar umas 18 vezes que nem o nosso. –Ele disse e nós pegamos nossos arco e aljavas.

- É duro saber que a Prim tem chances de ser escolhida,nunca vou deixar que ela pegue tésseras,nunca.

- Mas, enquanto a você,e seu nome naquele globo de vidro? Você não pensou nisso? –  Ele disse preocupado,eu ia responder a ele,mas ouvimos um grito estridente e corremos para dentro da floresta,o som vinha da floresta,corremos em direção ao som,logo o grito fora reproduzido pelos tordos.

Acabamos chegando até onde o grito foi dado,lá na clareira que eu e meu pai costumávamos a vir.Uma garota de cabelos loiros e olhos verdes estava sendo atacada por cães selvagens,parece que um dos cães mordeu sua perna,isso explica o grito que ouvimos.Ela é diferente,não parece ser daqui nem da capital.Suas roupas são muito simples para serem da Capital e muito cheia de babados para ser dos distritos.

Eu e Gale nos entreolhamos e sabíamos o que queríamos dizer um ao outro.Flechamos os cães  e ela caiu sentada , encostada na porta de madeira da casinha que tinha na clareira.

Corremos em sua direção,a avaliamos por alguns segundo e ela também nos avaliou e pareceu nos reconhecer.Ela fez cara de espanto,tentou-se levantar mas não conseguiu , estava perdendo muito sangue.Acabei tendo um ato involuntário,a peguei no colo com todo o colo,ela é bem levinha e dá para mim carrega lá.

- Gale , leve os cães , eu levo a garota para minha casa.Prim saberá o que fazer. – ele assentiu,e eu andei rápido com a menina no colo,não podia correr,se não a mordida iria sangrar mais ainda.

Passamos com cuidado pela cerca,estava com muito medo de machucar ela mais ainda,o sangue de sua perna estava escorrendo até seus pés.Consegui chegar em casa rápido e por sorte minha irmã e minha mãe não tinham nenhum cliente.A coloquei sobre a mesa da cozinha e logo Prim veio examinar a ferida que o bicho havia feito.

Resolvi ir para o quarto para não atrapalhar o trabalho delas.Depois de algumas horas a minha irmã pediu para ir na cozinha falar com a garota.Quando entrei na cozinha ela estava sentada na cadeira,sua perna quase toda enfaixada , ela tomava um pouco de água até que deixou o copo na mesa quando reparou minha presença e sorriu, eu retribui,não sei porque,não sou de sorrir para estranhos,mas seus olhos fitavam os meus e os meu os dela.

- Qual é seu nome? – perguntei curiosa.

- Agatha.E o seu? – ela respondeu calmamente , Agatha, é um belo nome,difícil de se encontrar hoje em dia.

- Me chamo Katniss,o que você estava fazendo na floresta com essas roupas? – me sentei na cadeira ao seu lado.Ela pareceu procurar uma resposta.

- Não sei.-Ela respondeu tão naturalmente,que até me assustei.

- Como assim não sabe?-A resposta acabou escapando da minha boca e eu percebi que ela se assustou –Desculpa.

- Tudo bem – ela sorriu torto –é que,eu...eu... não me lembro.Só lembro de ser perseguida por um animal,parar em uma casinha de concreto em frente a um laguinho e aqueles cães selvagens me atacarem – Percebi que ela resumiu a sua historia.

- Você tem lugar para ficar? – Perguntei preocupada. Ela balançou a cabeça em negação. – Pode ficar com a gente,só que terá que me ajudar a conseguir comida! Acho que conseguiremos um trabalho para você no centro comercial. – Eu disse animada.

A menina levantou da cadeira devagar e se apoiando na mesa.Virou para mim e disse.

-Claro que te ajudo,Katniss,será um prazer ajudar você e sua família. – eu sorri

- Você não lembra se tem pais? Aonde mora? – Perguntei

-Não me lembro.Sei que os tenho mais,não lembro –Ela pareceu um pouco triste,resolvi mudar de assunto.

-Então teremos que te registrar – Ela virou rapidamente em minha direção.

- Me registrar?

-É,mas primeiro vamos te levar no edifício da justiça para ver se você já esta registrada – Não quis falar para ela o quanto o risco é sério,mas a ajudarei até o fim.

- Obrigado Katniss,por tudo o que tem feito por... – ouvi batidas na porta. Levante-me e falei para Agatha:

- Espera um pouco.

Abri a porta, era Gale,me trouxe meia dúzia de pães mornos,ele deve ter vendido para o padeiro os cães selvagem.Voltei para a cozinha com os pães e os coloquei na bancada.Voltei-me para a Agatha e ficamos nos encarando um pouco até Prim entrar na cozinha.

-Agatha,é melhor você se deitar no sofá e repousar sua perna.Assim sua mordida se cicatrizara mais rapidamente. – Prim se voltou para mim e disse – Kat, você pode me ajudar a levar ela para o sofá? – Assenti

Eu e Prim levamos Agatha até o sofá onde apoiou sua perna ferida em uma almofada,ela ficou fitando o fogo por um tempo até que a minha mãe foi lá trocar o curativo dela.

Preparei nosso jantar,eu , Prim e minha mãe jantamos à mesa , enquanto Agatha comia na sala.

Subi para dormir , mas antes passei pela Agatha quase caindo no sono e falei:

- Boa noite

- Boa noite , Katniss.-Ela disse sonolenta.

Deitei ao lado de Prim e organizei meus pensamentos antes de dormir.Fiquei feliz em ajudar a Agatha,pensei nos dois jovens que eu vi,correndo de um aerolizador,não tive coragem de salva-los,não poderia fazer o mesmo com a Agatha,ela parece ser uma pessoa legal.Mas , O que esta acontecendo comigo? Não sou assim com as pessoas,acho que estou ficando doida,será que não penso que ela vai ser mais uma boca para alimentar? Não,quem sabe ela possa ajudar a colocar comida na mesa,pode ser de grande ajuda para mim e para Gale,mas essas roupas,vou ter que ir amanhã no prego comprar roupas para ela, por que essas dão muito na cara que ela não é daqui.Realmente gostei dela,não costumo fazer amigos,mas vamos ver no que vai dar.