The Curse - Red Apple escrita por Miss Stilinski


Capítulo 32
Capítulo trinta e um


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Esse capítulo é para uma amiga, pois eu fiz uma troca: um capítulo da minha fic por um capítulo da dela... Bem, aqui está. Pra vocês e para - que também está me cobrando kkkkkkk
E também quero dizer que a fic já está no final :/ (meu xodó vai acabar!) falta, talvez três capítulos, senão, apenas dois. Eu queria agredecer muuito àquelas que leram. Vocês são muuito especiais.
Ah, esse capítulo não tem nada demais, porém é importante.
Well, enjoy it ;)



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— Narrador —

Ele caiu sentado, enquanto ela se erguia da redoma de vidro, que os anões fizeram, e arfou. Toda uma vida havia durado apenas alguns segundos! Branca de Neve olhou para as pessoas que estavam ali, a olhando como se ela fosse uma fantasma diferente. Ela preferiu ignorar os pensamentos dos amigos, pois o peso daquela visão ainda esmagava suas vias respiratórias.

Tiago se levantou e Branca de Neve o olhou, como se o visse pela primeira vez. Tudo estava tão claro agora! Alguns vislumbres de suas vidas ainda passavam pela mente de Branca de Neve e, a julgar pela cara espantada de Tiago, ele também as via.

— Branca! Você... você viu? — perguntou Tiago, sem fôlego. Ela assentiu, esquecendo que ainda eram observados.

— Viu o quê? — Rosa indagou.

— Foi minha culpa... — Tiago murmurou, olhando para o chão e ignorando a pergunta da prima. Branca pegou o rosto de Tiago nas mãos.

— A culpa é do destino, Tiago. Você nunca poderia saber o que ela era de verdade — consolou-o Branca, passando as mãos nos cabelos de Tiago. Os anões tinham razão: ele estava idêntico ao primeiro Príncipe.

— Mas ela era uma bruxa, Branca! Eu devia ter visto qual era a verdadeira natureza dela — replicou Tiago, sentindo-se péssimo.

Branca de Neve suspirou. Era bom entender seu passado e saber o por quê de Marisa Dare a odiar tanto. E, principalmente, saber como Angelina começara a amar Tiago tão intensamente. Mas, por amá-lo, ambos pagaram um preço muito alto. Ela ainda tinha flashes daquela primeira vida: Marisa descobrira que ela estava com os anões e com Tiago; a fúria que Marisa sentia era palpável, então resolveu envenená-la enquanto Tiago e os anões caçavam. Aquela maçã horrível.

— Hum — disse uma voz conhecida. Branca e Tiago viraram-se para ver Alvo e a metade de seus amigos os encarando. — Estou superfeliz que o beijo do meu irmão a tenha acordado, mas estamos confusos. O que diabos está acontecendo aqui?

Branca de Neve sorriu de um jeito afável; era bom saber que suas lembranças recentes ainda faziam parte dela — assim como as visões de suas vidas passadas. Mas, como as lembranças boas, também vieram as tristes. Jared havia morrido. Outros haviam partido. Tudo porque Marisa Dare ainda guardava rancor de Angelina — ou Branca de Neve, tanto fazia. Ela trocaria tudo para que nenhum de seus amigos tivessem que sofrer. Voltou seu olhar para Tiago, que ainda matinha o olhar baixo e cheio de dor.

— Tiago — chamou e ele a olhou. — Se arrepende de me amar?

— Se não me arrependi da primeira vez, não vai ser agora que eu vou me arrepender. Já disse que eu morro por você, sem pestanejar. — Disse ele com firmeza no olhar. Branca de Neve sorriu.

•••

— Ok... Então quer dizer que você... você e a professora Dare tiveram um caso? — perguntou Escórpio, incrédulo. Tiago suspirou.

— Foi isso o que eu disse.

— Por Merlin! — Ele riu de uma maneira esquisita. — Isso é que é ser mal amada.

— Não fale assim, Escórpio — Tiago passou as mãos no rosto, ainda via imagens de vidas que ele não vivera e que, ainda assim, faziam parte dele. Como se lacunas fossem preenchidas e parte da alma dele tivesse finalmente sido encaixada em ordem. Mas, ainda assim, sentia-se culpado.

— Você a está defendendo? Depois de tudo o que ela lhe fez? — quis saber Rosa, arrancando confirmações de cabeças dos amigos. — Ainda... gosta dela? — Rose parecia enojada.

— Eu não disse isso! — exclamou Tiago. — Se não fosse pelo meu amor por ela, nada disso teria acontecido!

— Então quer dizer que você preferia amá-la do que Angelina? — Marcus, pela primeira vez, se pronunciou. — Isso é errado, Tiago. Naquela época, as bruxas eram más e perversas... a aura de delas eram ruins. Ainda não viu que ela é uma assassina?

— Eu nunca me arrependeria de amar Branca de Neve — afirmou Tiago, ofendido. — Só estou querendo deixar claro que teve alguém importante antes. Eu amo Angelina, Branca de Neve, Angel, como amei da primeira vez. Sempre foi ela.

Eles estavam discutindo em voz baixa do lado de fora da ala hospitalar. Madame Pomfrey ficara espantada com a volta de Angelina, que resolveu examiná-la, não deixando ninguém entrar lá, além de Harry Potter. Tiago sentia o peso do mundo sobre suas costas, a maior parte de Marisa era por sua culpa. Ela matara as pessoas que ele amava, porque ele não a amava mais. Era tão triste que tudo tivesse de acabar daquele jeito. Tiago sabia que Marisa teria de morrer para que todos que ele amava vivessem mais.

Mas ele não era Tiago Hensel. Ele era Tiago Sirius Potter. Tiago Hensel era o eu primeiro eu, uma alma tão diferente quanto a personalidade do Tiago atual. Eles eram a mesma pessoa, com o mesmo amor, mas não com o mesmo pensamento. As lembranças de suas vidas passadas eram lembranças; faziam parte dele, porém, não eram dele. Todos os Príncipes, caçadores¹, camponeses que ele fora jamais seriam o Tiago Potter. A culpa era de Tiago Hensel e não dele; ele poderia mudar a situação, Marisa poderia ouvi-lo.

Então por que ele não se sentia tão confiante assim?

— Eu preciso acabar com isso — murmurou Tiago, olhando para os lados.

— Tiago, o que vai fazer? — perguntou Rosa e o primo a olhou.

— Eu... eu vou ter que matá-la — respondeu ele, fazendo Rosa estremecer.

A porta da Ala Hospitalar foi aberta e de lá saiu Harry Potter; ele havia entrado para se certificar de algo que somente ele vivera. Mas, ao que parecia, não foi exatamente o que acontecera com Angelina. De acordo com o que ela dissera, Tiago também vira o que ela viu. Tiago recebeu um olhar indagador do pai e esperou. No fim, Harry apenas pediu que todos fossem para cama, pois Angelina ficaria em observação.

Tiago virou-se para seguir os amigos, mas as mãos de Harry o segurou pelos ombros. O garoto girou o corpo para encarar o pai, que tinha uma expressão indecifrável no rosto. Pela primeira vez, Tiago viu que teve mais de um pai, cada um mais diferente que o outro e Harry Potter era o melhor de todos. De certa maneira, ele era parecido com o Rei Carlus, porém, Tiago via Harry Potter como mais que um herói e mais do que um Rei. Ele era seu pai e nada mudaria aquilo; era essa a diferença: apesar dos dois irmão mais novos, Tiago tinha o pai só para si e não para todo um reino.

— Antes de ir se deitar, eu preciso falar contigo, meu filho — disse Harry e Tiago assentiu. Harry Potter suspirou. — Angelina me contou algo e eu não acreditei. Eu cresci, ainda que com muita dificuldade, ouvindo que os contos de fadas eram apenas fez de contas. Histórias que eram contada para as crianças acreditarem que, na vida, poderia ter um final feliz. Mas Angelina me disse que, quando a beijou, viu algo... viu como se fosse uma visão do passado. Isso é verdade?

— Sim, pai. É verdade — respondeu Tiago. Harry assentiu, sentindo um aperto no coração.

— O que eu não consigo entender é o que isto significa. — Disse Harry, um pouco frustrado. — Eu não sei o que pensar.

— Pai — Tiago colocou as mãos nas do pai, que ainda permaneciam em seus ombros. — Isso significa que eu sou seu filho, não importa se a minha alma é mais velha do que eu e você juntos. O propósito de tudo isso não se resume em apenas que eu sou a reencarnação de um Príncipe de um lugar que não deveria existir; tem a ver com o meu crescimento e amadurecimento. E o senhor, é meu pai. Eu não trocaria seu amor por nenhum outro.

Harry estava emocionado; puxou o filho para perto e lhe deu um abraço. Tiago fechou os olhos e retribuiu o gesto da mesma forma, sentindo-se confortado, deixando o medo, a angústia serem levados por aquele gesto de carinho.

— Eu sei o que terá de fazer, meu filho — disse o pai ao se separarem. — Sei que não será fácil.

Tiago deu uma risada sem humor.

— Pai, eu... eu amei Marisa Dare — disse o garoto. — Eu ia me casar com ela.

— Filho, lembre-se de que foi o seu passado. E não o seu presente.

— Mesmo assim... é como se uma parte de Tiago Hensel estivesse viva dentro de mim. Não somente o primeiro, mas todos que minha alma viveu e, sempre que via Marisa, todos renunciavam a própria vida porque não queriam machucá-la!

— Tiago Sirius Potter — disse Harry pausadamente. — Não é assim que Branca de Neve vê. Toda vez que o seu eu do passado morria, Branca já estava morta. Pode ser que, sim, você fique desse jeito pois uma parte de você a amou. Mas você é outra pessoa; não é Tiago Hensel nem nenhum outro. Você tem discernimento do que certo e do errado. E, Marisa, é o errado.

— Mas, pai, quando o senhor matou Voldemort, pensou que conseguiria? — perguntou Tiago, interessado. O pai nunca falava ou dava detalhes de quando enfrentara o maior bruxo das trevas; ele tinha que ouvir as versões estendidas do tio Rony.

— Quando chegou a hora certa, eu soube o que era para fazer. Porque, até então, eu estava perdidinho — respondeu. — Você vai aber o que fazer, Tiago.

— O senhor não pode me ajudar? — A verdade era que Tiago estava morrendo de medo de fracassar como os outros e deixar que Angelina e ele morressem.

— Pelo o que eu vejo, essa é uma batalha que você e Branca de Neve terão de enfrentar sozinhos — disse Harry, apertando o ombro do filho. — Mas também têm seus amigos; confie neles e, qualquer que seja o final, eu estarei aqui, para prender e fazer o pesado, pois é esse o meu trabalho.

Tiago assentiu e olhou para as portas fechadas da ala hospitalar; ele tinha estado ali, mas teve que sair para falar com os amigos. Afinal, não fora ele quem ressuscitara dos mortos ao ver de Madame Pomfrey. Harry seguiu seu olhar.

— Acho que não será problema você dormir aqui. Sei que vocês dois têm muito o que conversar — disse o pai, indo até a porta e a abrindo. — Tenha uma boa noite, Sirius.

Tiago observou o pai desaparecer pelas escadas de mármore antes de entrar na ala hospitalar. Branca de Neve estava deitada em uma das camas, mas não dormia; tinha os olhos abertos, olhando para a lua brilhante do lado de fora do castelo. Seu olhar era perdido e Tiago queria saber o que ela pensava. Tomando coragem, ele caminhou até lá.

Ela sabia que ele estava chegando mais perto dela, mas não disse nada. E quando Tiago sentou-se em uma das cadeiras — onde alguns minutos antes Harry Potter sentara-se —, permaneceram em silêncio. Tiago também olhou para a lua, pensando se Branca de Neve estava com nojo dele; pensando se ele ainda amava Marisa. Era tudo confuso, mas nada mudara o amor de séculos que Tiago sentia por Branca.

O que pareceu ter se passado horas, Branca de Neve finalmente o olhou. Tiago tentou decifrar o olhar dela, não tendo muito sucesso. Como ele queria que tudo voltasse ao normal! Ela estava, sim, com nojo dele.

— Não, não estou, Tiago — disse ela, se ajeitando nas cobertas para vê-lo melhor. — É só que... é esquisito, não é? Você tê-la amado um dia.

— Eu nunca a amei, Branca. Aquele Tiago não era eu.

— Mas era sua alma — retrucou Branca de Neve com delicadeza.

— É diferente. Minha alma é a mesma, mas não quem eu sou agora. Ele não é o meu presente.

Branca de Neve sorriu e estendeu a mão para passar no rosto de Tiago Potter. Ele fechou os olhos, apreciando o contato da parte dela. Com Marisa nunca seria assim.

— É por isso que eu não me importo, Tiago — falou Branca de Neve, com a voz suave. — Todas as vezes você me escolheu e todas as vezes você percebeu que Marisa não era seu verdadeiro amor. Prova que nós dois somos feitos um para o outro foi o seu beijo. Toda vez que eu como a maçã envenenada, é o seu beijo que me traz de volta. Então não importa se o seu eu passado a tenha amado, porque eu sei que nós somos algo como... alma gêmeas.

— Isso é muito esquisito — declarou Tiago, pegando a mão dela nas suas. — E, se nada mudou durante séculos, realmente é para ficarmos juntos. Afinal, nascemos diferentes desa vez. Somos bruxos, como Marisa.

— Mas não teremos descanso, ainda, Tiago — argumentou Branca de Neve. — Ela ainda está por aí e eu sei que ela não vai desistir tão fácil assim.

— Eu também sei disso. Contudo, acho que eu te perdi muitas vezes em um ano só. Dá para, pelo menos, esquecer isso por uma noite? Acabei de te ter de volta — ele sorriu e Branca lhe deu um triste.

— Você está bem?

— Defina estar bem — pediu Tiago, encostando-se na grade da cama da ala hospitalar e fechando os olhos em seguida.

— Jared, Rachel... — Branca olhou para a cama mais longe, onde Roxanne estava deitada, dormindo. Imediatamente, os olhos dela encheram-se de lágrimas.

Tiago abriu os olhos e Branca de Neve viu sua dor refletir nos dele. Depois, ele virou o rosto na direção da prima, que precisara ser induzida a dormir, pois a dor que sentia por perder Jared era intensa. Tiago sentiu o coração se espremer contra o peito, as lembranças do amigo invadindo sua mente. Era tão triste perceber que Jared não ia mais invadir A Toca no dia de Natal, esperando seu presente, como sempre.

— Eu não sei, Branca... Acho que entendo a Roxi — disse Tiago, com a voz embargada. — Dói tanto perder a pessoa que a gente ama. E Jared... — Ele fechou os olhos, as lágrimas escorrendo pelo seu belo rosto. — Eu vou sentir tanta falta do meu amigo. Eu o conheço desde de sempre, eu e Marcus. Agora, vai ser tudo diferente sem ele, Angel... dói tanto saber que ele não vai me perturbar nos dias comemorativos.

— Ah, Tiago! — Ela também estava chorando e Tiago ainda sentia as próprias lágrimas quentes escorrem pelo rosto. Branca de Neve se inclinou e o abraçou. Tiago se aconchegou nos braços da amada e se permitiu a chorar, sentindo a dor da percepção de que nunca mais veria o amigo, algo que ele não conseguiu sentir enquanto pensava que havia perdido Angelina para sempre.

E eles ficaram daquele jeito até que as lágrimas de ambos secassem e Tiago se acalmar. Nada tiraria o vazio que Jared deixara, mas, pelo menos, ele estava com Branca de Neve e, assim, os dois dormiram.

•••

Branca de Neve acordou assustada. Levantou-se tão depressa, que acabou acordando Tiago, que pousava a cabeça na barriga da namorada. Ele ficou em alerta e olhou para os lados; Roxanne não estava mais ali. Tiago esfregou os olhos, bocejou e olhou para Branca, que voltara a se recostar na cabeceira da cama de hospital.

— O que foi? — perguntou Tiago com a voz pastosa. Branca de Neve respirou fundo e olhou para o amado, observando o jeito do cabelo dele espetar para todos os lados, compridos, o olhar penetrante mesmo com os olhos pesados pelo sono, a expressão serena e o modo que ele ajeitava os cabelos (ou pelo menos tentava).

Mas logo voltou a realidade. Tivera um sonho estranho e ela não sabia se era uma visão ou não. Ela precisava encontrar Marisa, antes que fosse tarde demais.

— Tenho que achar um meio de falar com Jeremy — respondeu ela, preocupada. Tiago franziu a testa, pois não sabia quem Jeremy era.

Ela lhe explicou, dizendo que Jeremy era um dos primeiros soldados de seu pai, Henry White, e que agora ele estava em seu castelo, tomando conta de seu reino enquanto ela estava em Hogwarts. Tiago assentiu, um pouco atordoado em saber que os anões, Clara e esse tal de Jeremy eram pessoas que viveram desde a primeira vez que ele e Branca de Neve morreram.

Pensando em anões e Clara, ele não sabia onde seus novos amigos estavam. Até alguns dias atrás, Jason estava ferido, deitado em uma daquelas camas da ala hospitalar e agora eles não tinham nenhuma notícia dele. E Tiago ficara tão perdido achando que Angelina tinha morrido, que nem percebera o que estava acontecendo a sua volta. Mas, agora, ele estava preocupado; nas visões que ele tivera, conhecera os anões e outros personagens dos contos de fadas, e ficara amigo deles. Mesmo não os conhecendo nesta vida, sentia que ele faria qualquer coisa por eles.

Tiago ajudou Branca de Neve se levantar, ao mesmo tempo que Madame Pomfrey vinha de sua salinha. Ela olhou com reprovação para Tiago e foi examinar Angelina. Vendo que ela estava mais do que bem — estava viva! —, a liberou e eles foram para a torre da Grifinória, ela queria se trocar antes de descer para tomar café.

O que eles não esperavam, era que todos os seus amigos estavam ali — inclusive Alvo e Escórpio — os esperando. Rosa foi a primeira a abraçar Angelina, que lembrou-se da visão que tivera há muito tempo, em que Rosa chorava sobre o seu túmulo. Perguntou-se se aquela visão havia se concretizado; mas não importava. Ela estava ali, viva, junto com seus amigos.

Depois que todos tiveram sua chance de se certificar se Angelina estava viva de verdade, começou as perguntas, cujas Angelina respondera com mais exatidão do que Tiago. Ela entendia; Tiago sentia-se sujo por seu eu do passado ter amado Marisa, e os outros terem sido enganados por ela. Então, explicar o por quê de tanto ódio por parte de Tiago e Marisa, era difícil para ele.

Quando Angelina terminou de contar a história, ninguém falou. Ficaram em silêncio, meio que esperando Jared fazer alguma piada para aliviar a tensão. Mas ele não poderia fazer isso e eles perceberam que nada adiantaria ficar esperando. Ninguém falou sobre isso também.

— Sinto dizer, mas estou com fome — Alvo quebrou o silêncio. — E para quem não sabe, temos alguém fazendo aniversário hoje.

— Quem? — perguntou Marcus, franzindo a testa.

— Eu! — exclamou Alvo e, por dois segundos todos ficaram confusos. Depois, choveu parabéns de todos os lados; Tiago desculpou-se por não ter lembrado, mas Alvo recusou o pedido, pois sabia pelo o que o irmão havia passado. — Já chega, já chega. Quero bolo, pessoas.

Rindo de verdade pela primeira vez em dias, todos saíram da sala comunal da Grifinória e desceram as escadas de mármore, a fim de chegar ao Salão Principal. Angelina tentou esquecer-se por um tempo as preocupações e as mortes, para se concentrar no aniversário de Alvo e nos amigos que ali estavam presentes.

Rachel estava sentada, com a perna enfaixada, à mesa da Grifinória; tinha o olhar perdido e não comia nada que havia colocado em seu prato. Branca de Neve sentiu um aperto no coração e a inquietação dos pensamentos de Alvo. Apertou a mão dele e seguiram para lá.

— Rachel — chamou Branca de Neve. A garota virou-se e sorriu, e Branca de Neve ficou aliviada por perceber que Rachel não estava preocupada com o que aconteceria ao castelo, com Marisa Dare solta por aí (apesar de Branca ter outra teoria sobre o paradeio da ex-professora). — Você está bem?

— Sim, estou.. Que bom que está viva! — exclamou Rachel. — Sério, ninguém aguentava mais o Tiago na fossa.

Todos riram e Tiago revirou os olhos. Branca sentou-se ao lado de Tiago, ficando entre Rachel e o namorado. Alvo sentou-se do outro lado de Rachel e passou os braços em volta dos ombros dela. Rachel deu um sorriso e estendeu a mão: era uma caixinha verde e dourada.

— Chegou ontem — ela sorriu e Alvo ficou vermelho, algo que ele não fazia com frequência, e Branca sentiu-se mal por não ter dado nada ao amigo. — Feliz aniversário!

— Obrigado, Re — Alvo sorriu e abriu o presente, que era um relógio de pulso prata. Ele o colocou e depois a beijou e Branca de Neve achou que estava na hora de deixá-los a sós.

Com os olhos, procurou Clara e os anões, mas não os viu em lugar algum. Imediatamente, ficou preocupada e ansiosa. O que será que havia acontecido enquanto estava “morta”? Parecendo ler os pensamentos dela, Lily disse:

— Eles foram para a Floresta Proibida com Hagrid. Tenho certeza de que estão bem.

— Obrigada — agradeceu Branca sentindo que podia respirar melhor. Era estranho que ela morrera, mas voltara a viver. Ela se sentia um zumbi, só que pensava.

Eles, então, pediram um bolo de aniversário e cantaram parabéns. Riram mais um pouco — ainda que a realidade do pesar ainda pairava sobre o castelo — e permaneceram sentados ali, observando cada um dos alunos. Rachel havia dito que a diretora explicara a situação para todos, porém, sem entrar em muitos detalhes.

Branca ainda não acreditava que partira sem agradecer Taylor Chase — que fora substituído uma semana depois. Agora, estava faltando outro professor e isso a atormentava. Balançou a cabeça e se virou para o grande portal que dava para o Salão Principal. Lá, ela viu um fantasma quase transparente, mas que, ainda assim, era mais translúcido do que Nick Quase-Sem-Cabeça.

Branca de Neve pediu que aguardassem e foi até a fantasma que ela conhecia bem demais. Danica se escondia, apesar de ninguém poder vê-la. Branca prendeu os cabelos num coque frouxo enquanto caminhava na direção da amiga fantasma. Mas, ao vê-la mais de perto, percebeu que Danica estava mais do que preocupada. Ela estava em desespero e tão logo Banca de Neve ficou com o mesmo sentimento.

— O que houve, Danica? — perguntou Branca.

Danica a olhou e tentou sorrir.

— Fico feliz que esteja viva — começou, mas o olhar de Branca estava duro, o que fez Danica suspirou. — Estamos com um problema bem grande.

— Que tipo de problema? — perguntou Branca de Neve, mesmo tendo impressão de que já sabia.

— Eu... eu descobri que posso ir para a Floresta Encantada, sem precisar que você me chame — disse a fantasma. — E, o que eu vi, não é nada agradável. Você tem de ir imediatamente para lá.

Branca entrou em desespero. Ela não sabia como voltar sem a ajuda de Jason. Nem Clara e os anões. O que piorou a situação de Branca.

— O que... o que está acontecendo? — A voz de Branca falhou no final da frase. Danica a olhou, sentindo a dor da amiga; podia imaginar o quanto Branca de Neve queria desfrutar os últimos dias de aula com os amigos (principalmente depois de uma experiência de quase morte).

— Marisa Dare enviou um exército para o seu castelo. O poder dela é é muito mais forte lá... Em poucos dias, seu reino poderá não existir mais — respondeu Danica, tristonha.

Branca perdeu o equilíbrio e caiu no chão; ela sentia impotente sem saber como voltar à Floresta Encantada. Danica ficou ali, mas sem poder consolá-la como deveria e queria fazer. Um pouco tempo depois, Danica ouviu a comitiva dos amigos de Branca saírem do Salão Principal. Mesmo sabendo que eles estavam vindo, Danica permaneceu ao lado de Branca de Neve.

Quando Tiago a viu sentada no chão, chamou o nome dela. Branca não o ouviu, porém. Ela mantinha o olhar perdido, tentando pensar em como poderia voltar para seu lugar de origem. Tiago e todos os seus amigos correram até ela, levantando-a do chão; eles perguntavam o que acontecera e Danica ficou frustrada por não poder responder por Angelina. Então, ainda com raiva, Danica continuou parada ali.

— Angelina. Branca! — chamava Tiago, já ficando desesperado. Ele olhou para os amigos, pedindo ajuda, mas, se ele não estava conseguindo, nenhum deles conseguiriam tirá-la do torpor.

Danica chegou mais perto de Branca.

— Responda, garota. Você vai precisar deles, responda! — Danica gritou. — E vai precisar de mim; saia agora dessa transe, pelas cuecas de Merlin!

Branca olhou para o lado, realmente escutando o que a fantasma havia dito. Danica deu seu melhor sorriso presunçoso e Branca voltou a olhar para os amigos. Será que ela aguentaria pedir a ajuda de seus amigos? Arriscar a vida deles para alvar um mundo que não lhes pertencia? Ela não suportaria ver Alvo morrer no dia de seu aniversário; ou Tiago, o amor da sua vida, que lutou bravamente, impedindo de ela morrer diversas vezes; ou Lily, que era tão nova; ou Rosa, que era uma amiga leal e tão inteligente; ou qualquer um que estivesse ali. Eles já haviam perdido Jared. Branca não aguentaria a culpa.

Contudo, sem eles, ela não poderia enfrentar seus desafios. Ela ficara tantos meses longe deles, que sua força era dirigida para aqueles que ela deixara. Branca os deixaria novamente? Partiria para a Floresta Encantada e morreria de verdade lá? Pelo menos nenhum dos seus amigos iriam sofrer... o que era uma mentira, mas eles estariam vivos. Antes ela do que eles; o problema era que nenhum deles a deixaria se sacrificar. Morreriam juntos, mas não a deixariam sozinha.

— Angelina, o que houve? — tornou Tiago. Branca desviou os olhos de Danica.

— Preciso voltar — sussurrou Branca.

— Voltar para onde? — inquiriu Teddy, franzindo a testa. Ao seu lado, Rosa ofegou. Branca de Neve sabia que ela havia entendido o que aquiilo significava sem precisar ler a mente dela.

— Vamos com você — disse Rosa. Branca balançou a cabeça. — Não, Branca de Neve, não adianta dizer que não. Nós vamos com você, sabe disso.

— Ir aonde? — perguntou Tiago, frustrado. Branca o olhou.

— Vou voltar à Floresta Encantada. Marisa Dare está destruindo o meu reino — respondeu Branca, agora, sentindo a adrenalina e saber que seu reino estava mesmo sob ataque. — Não posso deixar isso acontecer. Vou voltar e sem vocês.

Eles ficaram em silêncio, mas depois a ficha caiu. Branca queria ir sem eles, e o primeiro a perceber isso foi Escórpio.

— Até parece que você não conhece a gente, Angelina White — disse ele. — Não interessa o que você quer, porque realmente não importa. Vamos com você e ponto final.

— Vocês podem morrer!

— E vamos ter sabido que foi por uma causa maior — respondeu Marcus. — Vamos saber que nada foi em vão. Estamos nessa.

Branca olhou ao redor.

— Vocês vão desistir nunca, né? — perguntou ela e Tiago riu.

— Somos egoístas, Branca. Perder você está fora de cogitação — disse ele e Branca os admirou ainda mais, ainda que, no fundo do coração, temesse pela vida deles.

Tirando Branca do transe, Alvo riu.

— Belo presente de aniversário: uma batalha — disse e olhou para Escórpio. — Bate aqui, cara — Escórpio revirou os olhos, mas bateu na mão estendida de Alvo. — Acho que eu tenho que chamar alguém que pode querer uma vingancinha... Mas, primeiro, como chegaremos à Floresta?

A resposta veio das protas do Saguão de Entrada:

— Isso, agora, é moleza — disse Clara. — Temos Angelina e Tiago.

 


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Notas finais do capítulo

N/A¹: caçadores normais, daqueles que realmente caçavam animais.
Espero que gostem e...
Comentem!