The Curse - Red Apple escrita por Miss Stilinski


Capítulo 3
capítulo dois




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— Narrador —

Na manhã seguinte, Sam Marks saiu para contatar a diretora de Hogwarts. Angelina ficara sem casa com Maria e observava tudo que a mulher fazia. Mas, na maior parte do tempo, ficava no quarto de Danica. Angelina queria perguntar como a filha de Maria morrera, porém ficava com receio de tocar em um assunto muito delicado.

Angelina se encontrava sentada na penteadeira, olhando-se no espelho. Sentia-se como uma intrusa, ficando em um lugar que não a pertencia. Poderia tê-la posto em algum quartinho ou até mesmo na sala. Mas Maria não aceitara e a fez ficar no quarto da filha.

Ela ainda se olhava, quando uma voz a sobressaltou:

— Eu adorava ficar aí — e suspirou. — Foi meu pai que fez.

Angelina virou-se, assustada. Ao fazer o movimento abrupto, a cadeira tombou para trás, derrubando-a ao chão. A garota olhou para a fantasma de Danica. A mesma mostrou-se surpresa com Angelina caída no chão; seus cabelos castanhos — iguais aos do pai — caíam-lhe no rosto. Angelina ainda a olhava, esperando que Danica sumisse.

Mas Danica não sumiu. Apenas observou Angelina estatelada, sem reação.

— Você está bem? — perguntou a fantasma.

Angelina não respondeu. Ficou observando Danica flutuar em sua direção, bem no momento em que Maria adentrou o quarto. Quando viu Angelina caída, olhando — agora — para o nada, foi socorrê-la. Ajudou a garota se levantar (suas pernas se embolaram com as da cadeira) e a conduziu para a cama de Danica.

A fantasma se fora. Mas, ainda assim, Angelina ficou sem fala, esperando para ver Danica voltar.

— O que aconteceu, querida? — perguntou Maria acariciando as madeixas negras de Angelina.

Angelina limitou-se a balançar a cabeça.

— Eu... eu apenas caí — disse a menina, recuperando-se do susto.

Ficaram em silêncio. Angelina pensava em como fazer aquela pergunta desde que vira Danica pela primeira vez. Angelina a olhou e, corando, disse:

— Senhora Marks... eu... eu posso lhe fazer uma pergunta?

Maria alisou os cabelos da garota.

— Claro, querida.

Angelina corou mais ainda. Não sabia como falar. Será que ela ficaria com raiva? Ou chateada? Ou não responderia?

— Maria... esse... esse quarto era da sua filha? — indagou Angelina por fim, com a voz fininha.

Maria olhou para a penteadeira, seus olhos azuis encheram-se de lágrimas e fez com que estes brilhassem mais. Angelina arrependeu-se de ter perguntado; sentia-se péssima por ter feito tal coisa. Então apressou-se a se desculpar.

— Pare de se desculpar, Angelina — dispensou Maria. — Está tudo bem, você não tem culpa. Ninguém tem. — Ela suspirou. — Sim. Este quarto era de minha filha, Danica.

— E ela mo... E o que aconteceu com ela? — Angelina mudou o rumo da frase. Seria estranho dizer (algo que era meio óbvio, mas, ainda assim, resolveu não fazer) que sabia que a filha dela estava morta e que falara com ela.

— Ela faleceu — respondeu Maria com a voz trêmula.

— Se me permite, senhora, como? — perguntou Angelina, arrancando um fio solto da colcha rosa. Angelina não precisava que Maria respondesse, viu a resposta na cabeça da própria: um castelo pegara fogo, destruído em várias partes, homens, mulheres e crianças lutavam com outros encapuzados. E a filha de Maria estava lá. Parecia estar lutando também e, então, algo aconteceu. Maria mandou a filha ir embora, porém, quando a garota estava prestes a negar, um raio verde — vindo de nada — atingiu Danica no peito. Esta caiu, morta, ao chão.

Maria não sabia que Angelina já havia visto a resposta, respondeu:

— Há bastante tempo, um bruxo das trevas queria dominar o mundo bruxo. Hogwarts, foi onde ele atacou, pois, Harry Potter estava lá. — Ela suspirou. — Bem, houve uma guerra na escola. E, eu, meu marido e minha filha, que estudava lá, estávamos lutando. Algum feitiço da morte atingiu Danica no peito e... — Maria soluçou. Angelina não havia percebido que lágrimas estavam caindo do rosto da mulher.

— Sinto muito, Maria — Angelina segurou a mão da mulher, também com lágrimas nos olhos. — Eu não devia ter perguntado.

Maria lhe deu um sorriso amarelo.

— Está tudo bem, Angelina. — Assegurou Maria. Angelina balançou a cabeça.

— Mesmo assim, eu não devia ter perguntado — falou a garota.

Um estalo veio de lá de baixo, na cozinha e as duas olharam para porta. Maria levantou-se e Angelina a imitou. Ambas desceram as escadas para ver quem era.

Ao chegarem ao térreo, Sam despia sua capa de viagem e a pendurou em um cabideira que havia ali. Maria enxugou os vestígios de lágrimas no rosto. Quando Sam virou-se para as duas, Maria já havia se recuperado e Angelina aguardava que este dissesse algo. Não sabia o porquê, mas queria ir para Hogwarts.

Sam sorriu para ambas e falou para se sentarem, pois as notícias eram boas. Elas obedeceram e foram para sala e sentaram-se no sofá pequeno enquanto Sam se acomodava em sua poltrona.

Angelina não precisou que Sam falasse, viu na mente do senhor Marks que ela fora aceita em Hogwarts. Soube de toda a conversa com a professor e diretora McGonagall. Mesmo assim, Angelina deixou que o homem falasse.

Sam sorriu, eu fórico. Ele irradiava alegria.

— Bem, conversei com Minerva. Ela disse que você irá estudar em Hogwarts.

Maria comemorou. Os dois estavam felizes; e, Angelina, não sabia ao certo como ficar. Ela sabia o que Sam ia dizer depois de comemorar.

— Mas — continuou Sam —, como você já tem idade para estar no quinto ano e não sabe controlar a magia, terá de estudar em dobro. — Ele se inclinou para frente. — Terá de fazer os anos que perdera, mais o quinto ano. Você consegue?

Angelina olhou para os dois e assentiu. Nunca havia estudado em sua vida. Nunca tivera paz ou descanso: estava sempre fugindo dos Caçadores para poder sobreviver.

— Que bom — sorriu Sam. — Nós teremos de ir ao Beco Diagonal comprar todos os livros. Demos sorte por estarmos a um mês do dia primeiro de setembro.

— Vamos, então, ao Beco Diagonal amanhã — disse Maria.

Angelina não sabia o que era Beco Diagonal. Os pensamentos dos dois eram confusos, passavam mentalmente nos nomes dos livros e das lojas. Como duas pessoas conseguiam fazer aquilo? Angelina estava ficando tonta.

Ela se levantou, mas dois estavam conversando tão absortos sobre o que fariam na manhã seguinte, que não notaram a garota saindo da sala. Angelina estava preocupada como que viria a seguir; tinha medo de sair na rua e ser descoberta. Não suportava viver outra vez na clandestinidade. Não agora, quando ela conseguira encontrar pessoas que se importavam de verdade com ela.

Foi para o quatro e sentou-se no sofá que ficava embaixo da janela. Abriu a mesma e olhou para a floresta, onde, havia algumas semanas antes, ela esteve fugindo dos Caçadores. Uma brisa fresca soprava para dentro do quarto, fazendo os cabelos negros de Angelina balançarem em sua face. Era reconfortante ficar ali, sem escutar nada, apenas seus próprios pensamentos e o som das árvores farfalhando quando o vento as agitavam.

Não sabia o que ia acontecer. Ainda não.

•••

Foi estranho o modo como eles foram para o Beco Diagonal. Maria disse que era Pó de Flu. Porém, Angelina ficou tão assustada, que não conseguiu ir sozinha.

Beco Diagonal era um lugar cheio. Sam lhe explicou que só ficava cheio quando estava na época em que os alunos iam para a escola. Angelina olhava para todos os lados, admirada e assustada ao mesmo tempo. Havia tantas coias e lojas estranhas. Algumas vendiam caldas de dragões e até mesmo chifres de unicórnio. A garota nunca imaginara existir unicórnios! Muito menos dragões.

Maria disse que passariam em Gringotes — o banco dos bruxos — e depois iriam para o Olivaras, para comprar uma varinha para Angelina. No caminho, a garota viu vários objetos esquisitos, uma loja de vassouras voadoras e uma loja gigantesca de logros e brincadeiras chamada "Gemialidades Weasley", cujo o interior estava cheio. Depois de irem ao banco — Angelina preferiu ficar do lado de fora —, foram a uma pequena loja com o nome do fabricador (Olivaras) em letras de ouro descascadas. As duas entraram na loja. Sam ficou do lado de fora.

Havia um balcão e, atrás deste, várias prateleiras com milhares de caixinhas retangulares em todo o recinto. Angelina observava o lugar fascinada; nunca vira nada igual antes. Um velho baixinho e curvado, de cabelos brancos e grandes olhos azuis, estava atrás do balcão, as olhando. Angelina e Maria se aproximaram do velho.

— Olá, senhor Olivaras — cumprimentou-o Maria sorrindo.

Olivaras sorriu para a mulher.

— Olá, Maria Sanchez. Lembro-me de você. — Disse o velho. — Fibra de dragão, salgueiro, vinte e um centímetros. Flexível.

Maria corou.

— Sim — respondeu Maria sem graça. — Hã... trouxe alguém para comprar uma varinha. Angelina White.

Angelina virou-se para o senhor Olivaras. Este a estudou com aqueles grandes olhos; Angelina sentiu-se corar. Ele parecia enxergar a alma da garota. Contornou o bacão e foi até Angelina, que ficou desconfortável com a aproximação.

— Hum... — disse Olivaras. Angelina o observava. — Hum... — repetiu ele. — Você... é diferente.

Angelina ficou ainda mais vermelha. Será que ele sabia de algo? Não.

Olivaras sorriu. Rugas apareceram nos cantos dos olhos, os pensamentos, difíceis de decifrar.

— Bem, preciso tirar as suas medidas. Você escreve com que mão?

— Direita — respondeu Angelina.

— Sim... — E tirou uma fita métrica do bolso e assim começou o seu trabalho.

Depois de tirar as medidas do braço, dos ombros e da cabeça aos pés do lado direito da garota, o senhor Olivaras se afastou, indo para trás do balcão, na direção das prateleiras do fundo, depois de testar algumas varinhas, dizendo:

— Acho que tenho a varinha para você.

Ele sumiu de vista e Angelina olhou para Maria, que assentiu, encorajando-a.

O senhor Olivaras desapareceu nos fundos da loja, falando sozinho enquanto Angelina esperava sentada em um banquinho. Ela se perguntou se o senhor Olivaras havia se perdido a meio de tantas prateleiras e caixinhas.

Angelina estava errada, afinal. O senhor Olivaras vinha com uma caixinha retangular mais branca do que as outras nãos mãos enrugadas.

— Muito curioso — disse ele e abriu a caixinha brilhante. Angelina viu uma varinha como a de Maria; só que um pouco rosa claro. — Esta varinha é especial. Tenho certo pressentimento que esta é para você: pelo de unicórnio, vinte centímetros e... e é um tanto novo, mas é para pessoas... especiais... — Ele murmurava enquanto Angelina lia seus pensamentos. A menina fechou os olhos, esperando. — E é feita de madeira da macieira. Esta varinha é, geralmente, usada por princesas. — Angelina arregalou os olhos, mas o senhor Olivaras sorriu. — Vá, experimente.

Ela sabia o que ele havia pensado, sobre princesas. Não havia nenhuma possibilidade de Angelina ser uma. Se ela fosse, não estaria fugindo pelas ruas. Com certeza estaria em um castelo, com sua mãe e seu pai. Angelina pegou a varinha.

Algo estranho aconteceu quando esta tocou a varinha. Um calor repentino percorreu o corpo da garota, uma força estranha, uma magia muito poderosa, que Angelina nunca tinha visto ou sentido antes, aqueceu os mesmo da garota. Angelina olhou para o senhor Olivaras. Um único pensamento se passava no fabricante de varinhas, que logo verbalizou:

— A varinha escolhe o bruxo, senhorita White.

Angelina assentiu, atordoada. O senhor Olivaras era curioso. Maria foi até o balcão e pagou ao senhor Olivaras e, logo depois, elas saíram; Angelina ainda estava com a varinha nas mãos. Parecia que a varinha realmente pertencia à ela.

Maria disse que ia com Sam comprar uma coruja para a garota enquanto a mesma ia até Madame Malkin experimentar as vestes. Os dois a deixaram na loja e depois foram até a loja de animais.

Angelina adentrou o recinto e ficou maravilhada ao ver uma mulher medindo as vestes de um garotinho. Só que ela não media com uma fita métrica normal; e sim com uma fita métrica que voava igual à do senhor Olivaras.

A mulher, provavelmente Madame Malkin, que olhava as vestes do garotinho, olhou para Angelina para na porta e sorriu.

— Olá, querida. Pode esperar um minuto ali, sim? Já estou quase terminando aqui — disse Madame Malkin.

Angelina assentiu e sentou-se em uma cadeira, esperando sua vez. Madame Malkin retomou o seu trabalho com o garotinho e Angelina ficou observando.

— Você não está muito velha para experimentar roupas? — Uma voz chegou aos ouvidos de Angelina. A mesma se virou, assustada, para encarar Danica que a olhava com uma expressão indagadora na face.

Angelina fechou os olhos.

— Isso não é da sua conta — sussurrou em resposta. — O que você está fazendo aqui?

Danica olhou para o garotinho, que se admirava com as novas vestes. Angelina acompanhou o olhar da fantasma. Ela o olhava com a expressão saudosa.

— Que importância tem? — perguntou Danica, amargurada, e virou-se para Angelina. — Você é a única que pode me ver. Tenho saudade de falar com alguém.

Angelina suspirou. Não sabia o que fazer. Madame Malkin retocava as bainhas das vestes do garoto, totalmente alheia de uma garota falando sozinha. Angelina olhou para Danica sem saber o que falar.

Danica ainda olhava para o menino sorridente. Havia alguma coisa em seu olhar que Angelina não conseguia decifrar.

— Você... hum... — olhou para o menino. — Você estudava em Hogwarts? — Pelo canto do olhou, Angelina viu Danica assentir. — Pode me dizer que casas são essas que todos falam? — Ou melhor: pensam.

A fantasma virou-se para Angelina, a fim de lhe explicar o que era. Mas parou, lançando um olhar malicioso à Angelina.

— Pensei que pudesse ler mentes — disse Danica.

— Como você sabe? — sussurrou Angelina, com o coração e a respiração acelerados. Danica apenas limitou-se a balançar a cabeça.

— Em todo caso — continuou Danica —, são quatro casas: Grifinória, Sonserina, Corvinal e Lufa-Lufa. Você é escolhida para ficar em uma delas, por um chapéu mágico que fala — Angelina arregalou os olhos.

— Um chapéu falante?!

— Sim — Danica assentiu. — Mas só você o ouve, quando o põe na cabeça, é claro, e depois ele diz em que casa você vai ficar.

— Ah! E de que casa você era? — perguntou Angelina, curiosa.

— Corvinal. Lá é bem legal, sabe. — Os olhos de Danica se iluminaram. — Em que casa você quer ficar?

— Eu... — Mas Angelina não completou a frase, pois Madame Malkin a chamou, distraindo-a. Angelina olhou para a mulher, que a esperava.

Antes de seguir para os espelhos, Angelina deu uma olhadela para onde estava sentada antes, só para constar o lugar vazio.

Danica não estava mais lá.


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Notas finais do capítulo

Capítulo grande, eu sei. Bem quero saber o que vocês acharam, então comente! Quero saber se estão gostando ou não, se eu devo continuar ou não :)