The Curse - Red Apple escrita por Miss Stilinski


Capítulo 2
Capítulo um




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/273493/chapter/2

— Narrador —

Angelina corria. Corria como se sua vida dependesse disso. E, por ironia, ela dependia. A floresta escura estendia-se à sua frente; arranhões cobriam sua face e mãos, suas roupas estavam imundas, seus cabelos estavam embraçados e cobertos de neve. Ela não sabia como havia parado ali tão de repente.

Todo minuto, a garota olhava para trás e os viam correndo em sua direção, preparados para matar. Angelina rezava para achar algum lugar seguro. Os Caçadores — era como ela costumava chamá-los —, tentavam se aproximar para conseguir matá-la. As lágrimas deixavam trilhas em seu rosto, limpando apenas onde caíam.

Eles continuavam a persegui-la, cada vez mais aproximando-se da menina. Angelina chorava e se perguntava se eles não desistiriam nunca.

Angelina fugia noite à dentro, lutando pela própria vida. Os Caçadores estavam apenas a alguns metros de distância da garota e, quando esta pensava que não havia mais esperanças, todos viram o que poderia salvar a vida de Angelina: uma pequena casa com uma chaminé, onde saía um pouco de fumaça, indicando que havia pessoas lá dentro. Angelina apertou o passo e, assim que adentrou a propriedade, caiu, batendo a cabeça em uma pedra.

Meio desnorteada, Angelina olhou para a floresta. Eles estavam perto agora. Então, como sempre acontecia quando ela estava em perigo, Angelina projetou um escudo. Os Caçadores bateram no escudo e caíram, fazendo barulho.

Angelina ouviu uma porta se abrir e lutou para manter aquele escudo ali. Uma sombra saiu da casa e passou por ela. E, apertando os olhos para manter-se acordada, ouviu uma voz de mulher dizer:

Expelliarmus!

Houve mais barulho, mas logo depois, Angelina ouviu estalos e o silêncio. Deduzindo que estava a salvo, deixou-se levar para inconsciência.


•••

Ela ainda estava e olhos fechados. O silêncio predominava e Angelina sentiu que a mulher se concentrava em curá-la, pensando em nomes estranhos e que faziam efeito. Não sabia quem a mulher era, mas sabia seu nome: Maria.

Angelina decidiu abrir os olhos. Viu uma mulher de cabelos louros com alguns fios grisalhos, olhos azuis, com sardas no nariz. Parecia com uma avó; se Angelina tivesse uma, torcia para ser ela.

Maria a olhou, surpresa.

— Ah! Você acordou — disse a mulher. — Você está se sentindo bem?

Angelina assentiu. Mesmo sabendo que Maria era boa pessoa, não pôde evitar de ficar com medo. Todos queriam machucá-la, e Angelina nem ao menos sabia o motivo. Nunca fizera nada de errado, sempre ficava na dela. Mas sempre a achavam e a perseguiam. Angelina conhecera um garoto que era igual a ela. E ele morrera por causa disso.

Maria a observava, esperando algo que Angelina não conseguia decifrar. Os pensamentos da mulher eram organizados e bons, ainda assim, havia alguma coisa lá no fundo.

— Está com fome? — perguntou Maria.

Angelina a olhou.

— Eu, hã... eu... — gaguejou Angelina envergonhada. Maria sorriu.

— Não tem problema em dizer que está com fome, querida — disse Maria. — Eu sou Maria. — Apresentou-se.

— Eu sei — soltou sem querer a menina. Maria a olhou, com uma das sobrancelhas erguidas, desconfiada. Antes que a mulher pronunciasse alguma palavra, a garota acrescentou: — Meu nome é Angelina. Angelina White.

O rosto de Maria iluminou-se. Que lindo, pensou a mulher, fazendo com que Angelina corasse. Nunca haviam lhe dito que seu nome era bonito. Na verdade, ninguém havia pensado que seu nome era bonito.

Angelina sentou-se na cama e olhou para os lados. Ela se encontrava em um quarto com paredes pintadas de rosa claro, com flores pintadas à mão, uma penteadeira com um espelho ornamentado em prata e, sem cima desta, havia um pente, uma escova e alguns perfumes intocados. Uma cadeira vazia completava a penteadeira. Embaixo da janela, jazia um pequeno sofá, onde uma garota — com provavelmente doze, treze anos de idade — de cabelos castanhos e olhos azuis brilhantes —, a olhava.

Angelina assustou-se e voltou para cama. Não precisava de nada para saber o que a menina era. Só porque Angelina via fantasmas toda hora, não queria dizer que ela estivesse acostumada com aquilo.

Maria a olhou surpresa, seus pensamentos eram preocupados. Angelina observou a menininha piscar e depois desaparecer. Porém, não era motivo para Angelina ficar mais calma. Ela podia voltar.

— Você está bem? — perguntou Maria.

— Sim — respondeu Angelina, ainda com o coração disparado. Maria assentiu.

— Venha, você está com fome — disse a mulher.

Embora Angelina tivesse perdido a fome, achou mais educado concordar em comer; então a garota levantou-se e se surpreendeu ao ver que estava com roupas limpas e novas. Girou o corpo, admirando-se. Fazia tempo que Angelina não ficava tão limpa.

Maria percebeu que Angelina se olhava.

— Espero que não se importe e tenha gostado. Você estava tão suja, então... — Ela não completou a frase, pois Angelina a abraçou. Surpresa, Maria devolveu o abraço da garota.

— Obrigada — sussurrou Angelina.

— De nada, querida — e passou as mãos nos cabelos negros de Angelina, deixando-os mais lisos do que já eram.

As duas se afastaram e Maria conduziu Angelina para cozinha. Era a primeira vez em anos que alguém tratava bem a menina.

A casa era simples e pequena. Não havia muitas muitas decorações; talvez a única parte colorida era o quarto da menina. Sim, Angelina tinha certeza que aquele quarto pertencera a garota fantasma. A filha de Maria.

Quando chegaram à cozinha, um homem de cabelos castanhos e olhar sereno, estava lendo um jornal onde as fotos se mexiam.

Espere aí. As fotos se mexiam?!

O homem, cujo nome era Sam, a olhou. Angelina perdeu o fôlego. A imagem dela mesma, desmaiada no gramado em frente da casa, passava na cabeça dele. Imediatamente, Sam lembrou-se de sua filha dormir. Era por isso, também, que a salvaram. Angelina lhes lembravam a filha morta.

Sam sorriu para as duas, seus pensamentos se iluminando. Angelina já fazia parte da família. Mas Angelina desviou o olhar para o jornal, onde as fotos se moviam. Sam acompanhou o olhar da garota.

— Ah. — Foi só o que ele disse.

Maria colocou as mãos nas costas de Angelina, encorajando-a. Angelina olhou em volta e assustou-se ao ver as panelas e colheres se movendo sozinhos, um relógio com vários ponteiros pendurado a uma parede, a louça se lavava sozinha. Angelina deu um passo para trás.

A mulher acenou para os utensilhos de cozinha com um pedaço fino de uma vara e tudo parou, pousando com calma no fogão e na pia. Maria pensou em uma palavra estranha e a olhou.

— Sente-se. Eu vou explicar — disse Maria.

Angelina assentiu e sentou-se em uma das cadeiras defronte à Sam. Maria se sentou ao lado do marido. Serviu o prato de Angelina e a fez comer.

— Quando... quando a vimos na frente de nossa casa — começou Maria —, vimos o que você fez.

— Desculpe. Eu não sei o que... — Ela balançou a cabeça.

— Calma — disse Sam sorrindo. — O que você fez, eram os seus poderes de bruxa. Soubemos quando você fez aquele escudo.

Angelina ofendeu-se. Balançou a cabeça mais uma vez e começou a se levantar.

— Não. Isso já é demais — falou Angelina. — Eu já fui chamada de louca, ladra... mas bruxa? — balançou a cabeça novamente. — Isso é mais do que eu posso aguentar.

Sam e Maria estavam surpresos com a reação de Angelina, mas logo se recuperaram.

— Nós não estamos xingando você, Angelina — disse Maria pacientemente. — Nós também somos bruxos.

Sam assentiu quando a garota o olhou.

— Por isso as fotos se mexem, por isso as nossas varinhas — completou Sam. — Calma. Onde estão seus pais?

Angelina olhou para o outro lado.

— Eu não tenho pais. — Respondeu-lhe Angelina. — Nunca os conheci.

Maria e Sam se entreolharam. Já haviam gostado da menina por ser parecida com Danica e, agora, ela não tinha pais.

— Se você deixar, nós podemos ajudá-la — disse Sam. — Se você concordar em ouvir nós vamos dizer o que quiser saber.

Angelina hesitou, mas voltou a se sentar. Maria e o marido sorriram para a garota.


•••

Maria e Sam responderam à todas as perguntas de Angelina, que eram dos tipos: "Isso é varinha de verdade?", "Onde vocês aprenderam a controlar a magia? Demorou muito?" e "Existe uma escola?", entre outras. Angelina podia ser madura em alguns aspectos, mas, naquele momento, ela estava fazendo perguntas igual a uma criancinha.

Só que os Marks ficaram encantados em responder a todas as indagações da garota. Angelina era curiosa, porém inteligente. Entendia tudo e ficava fascinada em outras.

— Como vocês sabem quem é bruxo ou não? — fez mais uma pergunta; Angelina ainda não havia entendido como eles achavam que ela era bruxa.

— Muitas vezes, quando você está em perigo, você projeta, da melhor forma, algo para se proteger — respondeu Sam. — A primeira vez que que seus poderem aparecem, é quando você tem a idade, mais ou menos, nove, dez anos.

Angelina pensou a respeito. Desde que ela se entendia por gente, tinha aqueles dons (pelos quais ela tinha certeza que era perseguida), contudo, aqueles poderes começaram a surgir quando tinha uns sete anos, quando o primeiro Caçador quisera matá-la.

Ela suspirou. Será que era mesmo uma bruxa? Angelina não sabia; mas queria saber.

— Você disse que... que essa escola...

— Hogwarts - assentiu Maria.

— Sim. Vocês disseram que eles mandam uma carta, quando chega a hora. — Os dois assentiram. — Por que eu não recebi nenhuma? Eu já tenho quinze anos!

— Talvez, você não estivesse registrada na escola — respondeu Sam. — Mas daremos um jeito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!