The Curse - Red Apple escrita por Miss Stilinski


Capítulo 29
capítulo vinte e oito


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Um capítulo meio.. quente para vocês ;)



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— Tiago Sirius Potter —

Mais um dia. E, a cada dia que passava, era mais dias sem pistas do paradeiro da minha Angelina. Rosa, Lily, Alvo e todos os meus amigos estavam me ajudando. Meu pai e meu tio continuavam em Hogwarts junto com os outros aurores, por isso Dare ainda não havia posto as garras para fora.

Tinha jogo de quadribol naquela manhã, mas eu havia posto Marcus como capitão; eu sabia que ele também não estava mais disposto do que eu. Eu simplesmente não conseguia me concentrar nas minhas atividades escolares, o que não era do meu feitio — mesmo que sempre eu tenha fingido que não fazia nada.

Eu assistiria ao jogo, nem Rosa e Rachel. Grifinória jogaria contra Corvinal, onde Roxi jogaria como apanhadora e era a capitã. Jared ia amar jogar com a namorada — pelo menos alguém estava feliz. Suspirei e tentei me concentrar no meu trabalho de Feitiços, quando ouvi passos de alguém descendo as escadas. Olhei para trás e vi Rosa, esfregando as têmporas.

— Está bem, Rosa? — perguntei, tentando parecer normal. Mas eu sabia que minha voz soava distante, desinteressada.

— Não. Tive pesadelos, mas já vai passar — disse ela. — O que está fazendo? — Rosa olhou para minha pena e meu pergaminho em cima da mesa.

Hã... estou tentando fazer esse trabalho de Feitiços — respondi, olhando para os materiais em minha frente. — Mas não estou conseguindo pensar.

Ela caminhou até a mim, puxando os cabelos num rabo de cavalo. Rosa também não estava muito bem; ela e Escórpio (que eu começara a gostar depois de um tempo) ainda estavam juntos, mas tio Rony descobriu e não ficou nada feliz. Contudo, ele sabia que Alo era amigo do louro e meu pai foi em ajuda de Escórpio, dizendo que aquilo não tinha nada a ver, que deixasse os dois juntos e em paz. Meu pai tinha razão; essa rixa entre Malfoy e Weasley já estava ultrapassada. Então, eles dois estavam juntos, mas não tão felizes. Angelina também era amiga deles.

Lily era outra. Ela se sentia mais culpada do que os outros, pois “obrigara” Angelina ir ao baile. Mas eu sabia que aquilo ia acontecer de um jeito ou de outro. Lily ainda estava com Teddy; meu pai quase teve outro filho, porém tio Rony falou que meu pai não deveria ficar bravo. Acho que meu tio queria penas se vingar do meu pai por causa de Escórpio. Mas, antes Teddy do que qualquer outro. Pelo menos ele cuidava das pessoas que amava.

Rosa sentou-se ao meu lado e começou a fazer anotações em minha redação sobre o Feitiço da Desilusão. Aquela matéria era de sexto ano, como Rosa conseguia corrigir o que estava errado se estava no quinto ano? Apesar que ela puxaria a inteligência da tia Mione, afora que tinha memória fotográfica. Ficamos em silêncio enquanto eu a observava dar um jeito em meu trabalho.

Depois que ela terminou, eu fiz outra redação muito melhor do que a primeira. Ela olhava para janela, pensativa. Já dava para ouvir o barulho e as ovações das Casas indo para o campo de quadribol. Sinceramente, no fundo, eu queria estar lá com meus amigos. Mas, com Angelina desaparecida, não dava.

Outra vez, ouvi passos descendo as escadas em espirais: era Rachel. Voltei para o meu trabalho e o finalizei. Rachel sentou-se na poltrona em frente a janela, olhando para o campo, que ia enchendo cada vez mais. Todos da Grifinória já haviam descido há muito tempo.

Tomara que a Grifinória vença — comentou Rachel e Rosa concordou com a cabeça. — Pelo menos isso. — Ela nos olhou. — O que vamos fazer aqui?

Eu não sabia. E essa era uma boa pergunta.

•••

— Vamos, Tiago! — Lily puxava a manga da minha camisa. Eu estava deitado em meu dormitório, estudando. Sim, eu estava no fundo do poço. — Você tem de comer e comemorar a vitória de seu time! — Nosso time ganhara e eu, Rosa e Rachel passamos o dia inteiro ajudando um ao outro a estudar. Como eu já havia feito o quinto ano, eu as ajudei com algumas coisas.

— Eu estou comemorando... no meu quarto — dei um meio sorriso. Lily revirou os olhos. — E, depois, Jared, Marcus e o resto da equipe vieram aqui para comemorar — e apontei para a bagunça que os meus amigos fizeram em nosso quarto.

— Por mim e por Alvo, Tiago — implorou Lily, seus olhos enchendo-se de lágrimas. Lily era uma ótima atriz, mas nós nunca conseguimos resistir. — Você não pode ficar sem comer! Se você não for, eu vou fazer o papai vir aqui te buscar.

Eu bufei e revirei os olhos, mas me levantei. Mas que garota irritante. Quero dizer, eu sabia que tinha ficado esses últimos meses sem querer fazer muita coisa (e ainda não queria), porém, não conseguia voltar a ser quem eu era antes de Angelina.

— Você é a garota mais chata que eu conheço — disse eu e desci para o Salão Principal para almoçar, não muito animado.

Lily ia na frente, parecendo muito animada do que nos últimos dias. Perguntei por que ela estava daquele jeito e Lily respondeu que estava pressentindo algo bom. O que eu duvidava.

Sentamos à mesa da Grifinória (Alvo e Escórpio já estavam lá, como de praxe), onde todos ainda estavam comemorando, alheios à minha perda. Dei meus parabéns ao nosso time mais uma vez e olhei para onde os professores estavam. Meu pai se encontrava atrás de Dare e meu tio estava um pouco mais para a ponta da mesa. Quando meu pai me viu olhando, piscou.

Antes de a comida aparecer, a diretora McGonagall olhou para o meu pai e se levantou. Era mais daqueles avisos que ela sempre dava e que eu não prestaria atenção.

— Os N.O.M's serão cancelados, devido ao sumiço de Angelina White. — Começou ela, fazendo o meu coração dar uma guinada dolorosa. Não olhei para ninguém, apesar de ouvir alguns murmúrios pelo salão. — Já fez mais de cinco meses que a aluna está desaparecida. As buscas continuarão, mas, se alguém tiver alguma pista da senhorita White, por favor, vá até a direção.

O Salão Principal ficou em silêncio; até os meus amigos pararam de comemorar, parecendo lembrar-se de que algo terrível tinha acontecido, que, aquela vitória, fora apenas um momento de ilusão. Então, algo que eu não esperava, aconteceu.

— Não será preciso, diretora — disse a voz de Angelina, me fazendo olhar para a porta do Salão Principal para me certificar de que não era uma miragem. Vários de meus amigos chamaram a murmurar, mas eu só conseguia olhá-la, temendo desviar o olhar e ela desaparecer. — Eu estou bem aqui.

A primeira a ter alguma reação foi Lily. Minha irmã saiu correndo e se chocou contra minha namorada. Angelina pareceu suspirar e alisou os cabelos de Lily. Parecendo perceber que ela era real, todos que a conheciam levantaram-s enquanto e continuava estático no mesmo lugar. Eu queria me levantar, mas não conseguia me me mover. Será que eu estava em estado de choque?

Eles a abraçaram e eu consegui, pelo menos, me levantar. Eu fiquei a olhando, lembrando de seu rosto fino, olhos cor de mel, boca vermelha e macia (acredite, era mesmo) e cabelos longos e negros. Então, eu a olhei de verdade. Seus cabelos pretos e grandes estavam presos em um rabo de cavalo no alto, porém, estava todo bagunçado, saindo do elástico que os prendia; havia arranhões em seu rosto e sua expressão estava cansada. Estava diferente. Estava mais... madura e mais determinada. Estava linda.

Meus amigos a soltaram, parecendo se tocar que eu ainda não estava ali. Eles abriram espaço e ela me olhou. Meus olhos encheram-se de lágrimas e os seus já soltavam algumas. Então — mesmo mancando um pouco — Angelina correu até a mim e eu pude reparar em suas roupas rasgadas (uma legging estranha verde e uma blusa que um dia fora branca). Meu corpo perdeu toda a tensão que estava acumulada em meu corpo assim que Angelina envolveu seus braços em meu pescoço e meus braços em sua cintura.

Afastei-a de mim, para poder olhá-la. Quanta saudade que senti! Peguei seu rosto nas mãos, olhando bem em seus olhos perfeitos e brilhantes por causa das lágrimas.

— Angelina... — sussurrei ao mesmo tempo que ela dizia:

— Tiago...

E eu a beijei. Meus lábios capturaram os dela com avidez, enquanto uma de suas mãos iam para minha nuca e a outra agarravam a minha cintura, como se não quisesse me largar nunca mais. Ouvimos aplausos percorrerem todo o salão, mas eu não ligava. Estava concentrado em memorizar o gosto do beijo de Angelina, em decorar seu corpo, em aproveitar o momento.

Passos apressados vieram até nós e percebemos que deveríamos nos separar. Eu tinha certeza que era a diretora. Antes de me virar, sussurrei que eu a amava. Ela sorriu e disse que me amava também.

— Senhorita White — disse e diretora em tom de censura, porém, com alívio na voz. — Nos deve uma explicação.

— Hã... — Ela olhou além da diretora, para a mesa dos professores. — Podemos falar sobre isso em outro lugar? Um amigo meu está na ala hospitalar.

Eu a olhei, franzindo a testa. Olhei em volta e vi Rosa observar, boquiaberta, para uns sete anões e uma menina, da minha idade mais ou menos, de cabelos castanhos claros e uma roupa vermelha por cima da armadura. Ok, aquilo era muito estranho. Voltei a olhar para Angelina.

— Claro — disse Mcgonagall. Olhou para mim, sabendo que eu não ia deixá-la nem tão cedo e depois para meus amigos. — Por favor, senhores e senhorita Potter, senhor Malfoy, Weasley e todos aqueles que estiveram na presença de todos os acontecimentos, me acompanhem. — Ela olhou para a visita. — Os... os senhores também.

Agarei a mão de Angelina e ela a minha. Eu não ia soltá-la nem tão cedo.

•••

Nosso grupo estava parado em frente a porta da ala hospitalar, encarando a diretora. A garota desconhecida havia adentrado a ala e não tinha saído até agora. Mas os anões estavam em volta da gente, me encarando de forma constrangedora.

— Explique-se, senhora White — exigiu a diretora McGonagall.

— Na verdade, — ela olhou para mim, com um sorriso — meu nome é... Branca de Neve.

— Eu sabia! — exclamou Rosa, excitada. Todos nós a olhamo e minha prima encolheu os ombros. — Assim que eu vi os anões, eu percebi.

— O que quer dizer, A-Angelina? — perguntou Alvo meio incerto. Ele tirou as palavras da minha boca.

— Eu sei que é loucura, mas eu sou uma Princesa... Eu sei o que a senhora vai falar, diretora — acrescentou Angelina, Branca de Neve. — Que nunca existiu um bruxo ou bruxa da realeza. Mas, o caso é que eu não sou daqui. É incrível, mas eu sou um conto de fadas. Sei o que estão pensando. Mas, eu juro, que não sou louca.

A diretora McGonagall parecia que ia argumentar, mas a porta da enfermaria foi aberta pela Madame Pomfrey. Ela olhou para nós, com o olhar cheio de reprovações.

— Só duas pessoas, diretora — disse a mulher. Angelina me olhou.

— Quero que conheça uma pessoa— ela sorriu de sua forma angelical. Eu sorri também, apesar de estar muito confuso. Quero dizer, minha namorada, tecnicamente, não existe! Eu a acompanhei até a enfermaria, deixando sete anões sendo interrogados por Rosa.

A ala hospitalar estava vazia, exceto por uma cama no final da enorme sala, com a menina de roupa vermelha — agora sem a armadura — sentada ao lado de um homem ferido. Ele tinha a mesma capa que um Caçador usava; só não entendia por que de Angelina (ou Branca de Neve, eu ainda estava confuso) e aquela garota estarem tão preocupadas. Ora, ele era mau! Com cautela, segurando a mão de Angelina, me aproximei do ferido.

Madame Pomfrey vinha logo atrás, dizendo que ele ficaria bem. Só precisava de repouso e foi para sua salinha no início da sala. Angelina soltou minha mão assim que ficou próxima da menina de vermelho; ela não parecia ter mais do que dezesseis anos ela tinha minha idade e parecia sofrer como uma pessoa adulta.

— Aquele homem foi muito gentil — disse a desconhecida. — Serei eternamente agradecida. — Enxugou uma lágrima dos olhos enquanto Angelina colocava o braços em volta dela.

— O Hagrid é muito bom — falou Angelina. — Ele sempre vai te ajudar quando precisar... — Ela olhou para mim. — Clara, esse é o meu Tiago.

Clara virou-se para me olhar. Ela estava vermelha de tanto chorar, por isso me limitei a acenar com a cabeça. Ela me abriu um sorriso fraco — a dor que e vira em seu olhar antes, parecia amenizada — e se levantou da cama. Ela tinha um capuz... por que isso me soava familiar?

— É um prazer finalmente conhecê-lo, Tiago Potter — ela estendeu a mão e eu tirei a minha do bolso para apertá-la. — Branca lutou bravamente para chegar aqui novamente. Ela realmente te ama.

Eu fiquei lisonjeado, mesmo sem saber a história toda. Eu olhei para Angelina, que sorria, como se eu fosse a melhor coisa que ela já vira. E eu imaginava o quanto ela devia ter passado, aonde quer que ela estivesse. Mas, tudo o que consegui dizer foi:

— Ele é um Caçador.

Clara fez uma careta e Angelina veio para perto de mim; sua expressão era amistosa, para evitar em colapso. O que era bem capaz de acontecer.

— Eu tive essa mesma reação — afirmou Angelina. — Mas ele arriscou a própria vida para me trazer de volta... Meu Deus! — Angelina sussurrou.

— O que foi? — perguntei ao mesmo tempo que Clara.

— A Marisa nem pode sonhar que ele nos ajudou a vir para cá — disse Angelina, com medo na voz. — Ela vai matá-lo! Temos de escondê-lo.

— Não... — O homem na maca falou. — Ela não... não vai fazer nada comigo.

— Jason! — Clara correu até o amado e o cobriu de beijos. — Ah, meu Deus, você está bem. Graças a Deus!

— Clara... — disse o tal de Jason. — Você deve ser o famoso Tiago. — Assenti, desconfiado. — Conheço essa expressão, senhor Potter... mas eu nunca machuquei sua amada, Vossa Majestade. Saiba que ela enfrentou a maior fada que exite por lealdade a você e seus amigos. Ela não estava feliz.

Eu continuei a encará-lo. De alguma forma, eu sabia que ele estava dizendo a verdade. Eu não devia confiar nele, mas, se ele estava dizendo que Angelina realmente queria voltar, eu tinha de dar uma chance.

— Ok, você precisa se transfigurar — falei depressa. Angelina me olhava curiosa. — A Dare não pode saber que você a traiu, certo? — Ele assentiu. — Preciso transfigurá-lo.

— Isso é perigoso, Tiago. Se sair errado... — Angelina balançou a cabeça.

— Rosa é uma ótima professora — sorri e ela sorriu comigo.

— Mas não dá agora — disse Clara. — Ele está fraco demais.

— Falaremos com a Madame Pomfrey para ficar vigilante. E você vai ficar aqui, com ele. — Respondi rapidamente. — Enfeitiçamos o local — dei de ombros.

— Não precisa fazer isso por mim, senhor Potter — disse Jason. — De um jeito ou de outro, Marisa vai descobrir que eu sou um traidor.

— Eu não vou deixar você morrer! — exclamou Angelina. Sabia que não era para me sentir daquele jeito, mas não pude evitar de ficar com ciúmes. Mesmo vendo que Clara o amava com todas as suas forças. Por isso, decidi ficar quieto.

— Agradeço sua preocupação, Branca — disse Jason sorrindo um pouco. — Mas...

— Sem mas, Jason — interrompeu Angelina. — Nós vamos escondê-lo e, quando se recuperar, vamos ver o que faremos.

•••

Eu estava muito feliz que Angelina tinha voltado. Nunca estive tão bem, tão aliviado, tão amado, como agora. Mas ela ainda não tinha me dito quase nada; quero dizer, ela tentou dizer, porém todos — Angelina também tinha amigos — que sentiram saudades dela ou pensaram que estava morta, haviam a engolfado em perguntas, abraços e choro, enquanto eu fiquei observando-a sorrir e tentar explicar o que tinha acontecido com ela. Mesmo que não estivesse dizendo toda a verdade.

A sala comunal estava cheia. Alvo e Escórpio conseguira uma ajudinha de Rosa — que não achava aquela atitude digna, mas que abrira uma exceção por causa de Angelina — e entraram na nossa sala comunal. Eu queria um tempo sós com a minha namorada, contudo, meus amigos e parentes não pareciam que iam largá-la.

Eu não queria ficar num canto, emburrado e isolado, olhando para os outros aproveitarem um momento que eu também deveria estar aproveitando. Mas havia muitas perguntas, eu estava confuso, eu estava perdido. Sim, eu me sentia completo, porém longe de minha amada. Eu queria saber de tudo e, ao mesmo tempo, eu temia saber. Saber demais nunca era bom.

Não sei dizer quando foi que Angelina se desvencilhou da multidão que a cercava, mas, quando eu olhei para frente, ela estava ali, sorrindo timidamente. Não tinha como ficar com raiva ou ressentido com ela me olhando daquele jeito. Como eu havia sentido falta daquele olhar!

— Sinto que não ficamos juntos o suficiente hoje. Rosa me encheu de perguntas — disse ela, ajeitando o uniforme da escola, desviando o olhar do meu. — Mas...é a você que eu devo respondê-las primeiro. Quer ir para outro lugar? — Ela voltou a me olhar. — Mais sossegado, onde eu e você possamos ficar sozinhos. Quero dizer, você sabe se tem um lugar assim...

— Hã... vamos para a Sala Precisa — falei. Era o único lugar que eu pensava que seria silencioso. E quieto. Angelina assentiu e pegou a minha mãe e fomos para o inverso do retrato da Mulher Gorda.

Graças a Merlin, não havia passado da hora de recolher e ainda tinha alguns alunos passeando pelo castelo. A luz da lua iluminava os corredores de refletia nos cabelos de Angelina; ela era tão bonita! A pele branca, os cabelos pretos e longos, os olhos cor de mel... Em pensar que eu já a chamara de louca. Parecia que eu era outra pessoa. Uma pessoa melhor do que eu era antes.

Angelina ia seguir para o outro lado, mas eu a puxei de volta, balançando a cabeça. Eu tinha o Mapa do Maroto desde o primeiro ano (meu pai poderia ter surtado, mas preferiu fingir que o mapa tinha sumido), portanto, eu já sabia de alguns atalhos de cor. Era mais fácil para fazer marotices.

Nós seguimos para o sétimo andar em silêncio. Eu não sabia o que ela estava pensando, mas, com certeza, ela sabia o que eu pensava. Queria que ela soubesse o quão confuso, porém feliz por ela estar aqui comigo. Eu sabia que ela não estava morta, mas Angelina havia desaparecido por cinco meses e todos ficamos bem preocupados. Eu a olhei; ela parecia nervosa, com medo do que teria de explicar, como se estivesse com medo de eu não aceitar.

— De não acreditar — corrigiu ela, baixinho. Não falei nada, sabendo que era melhor assim.

Chegamos ao local que escondia a passagem para a Sala Precisa. Ficamos parados ali por algum tempo, apenas olhando.

— Meu pai e meu tios — comentei e ela me olhou — destruíram uma parte da Sala Precisa. — Angelina ainda continuava a me olhar atentamente. — Mas, por incrível que pareça, a magia dela permaneceu. Portanto... — comecei a andar de um lado para o outro, repetindo em minha cabeça “Preciso de um lugar sossegado em que eu possa ficar sozinho com a minha namorada, sem que ninguém nos encontre” três vezes, até que uma porta de madeira materializou-se bem à nossa frente. Eu olhei-a novamente. — Nós estaremos seguros.

Ela sorriu e eu a conduz pela mão para dentro da sala. E, pelo o que eu via, consegui surpreendê-la. A Sala Precisa transformou-se em uma sala grande e aconchegante; havia um sofá vermelho, que mais parecia com uma um sofá-cama, superespaçoso, havia um tapete grande e felpudo com um enorme leão estampado; uma lareira, onde as chamas queimava com força, parecendo estar vivas e havia várias velas flutuantes iluminavam o resto o local escuro. Era como se fosse uma sala bem confortável no meio de uma escuridão relaxante. Era perfeito; eu sou demais mesmo.

Angelina olhava tudo com admiração e eu a observava com um meio sorriso, com as mãos nos bolsos. Ela virou-se para mim, com um sorriso deslumbrante e eu não consegui me segurar: peguei sua mão e a guiei para o sofá-cama. Angelina se aconchegou em meu peito e ficamos por um tempo em silêncio.

Eu não me incomodava em ficar apenas a abraçando, mas havia assuntos pendentes. Eu queria saber tudo e, do que jeito que eu era, não deixaria isso passar. Algumas qualidades de um grifinório.

Angelina riu.

— Desculpe — disse ela e me olhou séria. — O que quer saber?

— Quem te sequestrou?

— Taylor Chase. Ele é um Caçador — respondeu Angelina. Tinha ido ele?! Eu a olhei. Ela não parecia estar com raiva. — Mas, no fim, ele me ajudou a escapar... preciso agradecê-lo.

— Não vai dar... Ele morreu. — Falei, um pouco indiferente. Angelina colocou a mão na boca, ao ver a imagem do copo sem vida (e sem coração) do professor Chase. Era deprimente e eu ainda tinha pesadelos com aquilo. — Foi a Dare que fez isso. — Olhei para Angelina e a vi assentir. — Para onde você foi?

Angelina desvirou o olhar para as chamas que ardiam na lareira. Parecia estar receosa em continuar aquele assunto, mas ela sabia que não poderia adiar.

— Lembra de sua detenção com Marisa? — indagou ela ainda sem olhar para mim.

— Como eu poderia esquecer? — respondi, me recordando da meia-calça azul, apertada e pinicante.

— Mas lembra-se da matéria? Sobre o que ela falava?

— Vagamente. Por quê?

Angelina suspirou e girou o corpo para poder ficar de frente a mim; eu fiz o mesmo e ficamos nos encarando por algum tempo.

— Eu fui para a Floresta Encantada. — Disse ela por fim e eu continuei a fitá-la. — Viu aqueles anões? — Assim, por mais que eles fossem pequenos, chamavam bastante atenção. — Eles não te lembram algo? Uma das histórias?

Pensei por alguns minutos, tentando decifrar a pergunta dela. Era mesmo estranho, mas parecia que eu realmente já os tinha visto em algum lugar. Só não conseguia lembrar de onde. Mas isso não impediu que eu me recordasse de um dos contos de fadas que a bruxa da Dare falou.

— Branca de... Angelina? —Ela ainda me olhava, seus olhos brilhavam de uma maneira esperançosa, como se não quisesse terminar de dizer. — Você disse.. disse que seu nome verdadeiro é Branca de Neve. — Angelina assentiu. — O que aconteceu?

— É tão complicado! — Ela colocou as mãos no rosto, cobrindo-o. — E sou um personagem de um conto de fadas. Tiago, Clara é a Chapeuzinho Vermelho. Eu dormi no castelo da Bela Adormecida. Eu tenho o espelho da Bela, de A Bela e a Fera — ela descobriu o rosto e uma das mão foram até o bolso, retirando um espelho de aparência velha. — Eu... eu sou a Branca de Neve. E você é o meu... Príncipe.

Eu fiquei a olhando por algum tempo, sem acreditar naquilo.

— Isso é... loucura! — disse eu por fim, passando as mãos em meu cabelo. Um gesto que eu fazia quando estava nervoso ou flertando. Mas, dessa vez, eu estava realmente tremendo.

— E eu ler pensamentos faz sentido? De eu ver gente morta e ver o futuro? — Os olhos dela tinham lágrimas. Angelina ficou de joelhos no sofá para ficar na minha altura e colocou as mãos em meu rosto. — Acredite, Tiago, eu também achava que era loucura, impossível. Até eu conhecer Clara, até eu ter visões do passado... do nosso passado!

— Como eu... Angelina — minha voz saiu suplicante. Eu queria acreditar, eu queria mesmo. Mas como?

— Lembra da primeira vez que você me tocou? No dia em que eu estava descendo as escadas? — Angelina parecia desesperada.

— Lembro. — Eu tinha visto algo muito esquisito, uma floresta viva. De vez em quando eu pensava naquela visão. E eu pensava que ela era louca.

— Mundo Encantado era aquele jeito. Você também sente que sempre me conheceu, que sempre foi eu. Não importava com quem você estivesse, quando me visse, seria eu. E mais ninguém?

— Por quê? — perguntei. — Por quê eu sinto isso?

— Muito tempo atrás, Marisa lançou-nos uma maldição — começou ela, ainda se joelhos, sua perna tocando a minha. — Não me pergunte o por quê que ela fez isso, eu ainda não sei. Mas, essa maldição fez com que eu morresse. — Meu coração deu uma batida dolorosa. — Eu morri, ou morro, e voltei quinze anos depois. É assim durante séculos, talvez mais. É por isso que você sente que sempre me amou.

Eu engoli em seco.

— Você não vai morrer. — Garanti, mesmo que eu ainda não tivesse muita certeza do que eu sentia. Mas eu tinha essa certeza. Angelina deu um sorriso triste, como se escondesse algo.

Eu a abracei e ela caiu sobre meu corpo, me fazendo sentir seu coração bater freneticamente em seu peito. Seu perfume era floral, porém, diferente; ela era quente e tinha uma pele macia. Eu a amava tão incondicionalmente, que eu podia, sim, acreditar em cada palavra que ela dissera. Até porque eu vi seus machucados e que ela nunca mentiria para ninguém, muito menos para mim.

— Eu não sei o que vai acontecer, Tiago. Não sei... — sua voz era abafada, pois seu rosto estava em meu peito. Eu a abracei mais força. — Mas — Angelina levantou a cabeça para me olhar —, sei de uma coisa. Uma coisa que eu venho pensando já tem um tempo. A minha, a nossa, chance é agora.

Eu a olhei, confuso.

— O que quer dizer, Angel?

— A maldição não foi quebrada. Nem sei se um dia será — disse ela. — Eu volto a cada quinze anos e não me lembro de nada. Se alguma coisa acontecer, pelo menos, quero me lembrar desse momento.

— Eu ainda não entendi — franzi a testa.

Ela levantou-se, de repente, e voltou a ficar de joelhos enquanto eu a olhava com curiosidade. Angelina levou as mãos à blusa que vestia e começou a desabotoar os botoes em minha frente, e eu não conseguia falar. Estava hipnotizado. Quando ela terminou, blusa deslizou para fora do sofá, mas eu prestava atenção em seu busto coberto por um sutiã de renda preto. Sua pele era branca e as curva eram totalmente perfeitas, como se ela não tivesse nenhum defeito; seus cabelos negros estavam de lado, escorrendo longos pela cintura.

Angelina me olhava de uma forma envergonhada e faminta enquanto vinha para cima de mim, tirando minha gravata vermelha e dourada, depois desabotoando a minha blusa. Eu a ajudei a me livrar dela e eu afastei seus cabelos de seu ombro, enquanto ela deitava sobre mim. Eu tinha consciência das chamas crepitando ainda mais fortes na lareira, mas seu beijo me fez esquecer de tudo.

Então seus lábios sugaram os meus de leve, fazendo com que um arrepio percorresse meu corpo de um jeito absurdo. Minhas mãos desceram até seu quadril, apertando-a contra mim de um modo possessivo. Ela gemeu quando minhas mãos fizeram o caminho de volta de leve, e parei no fecho de seu sutiã. Eu já havia namorado e ficado com várias, mas nunca chegara aos finalmente com nenhuma delas. Sim, muitos diziam que eu não tinha educação; mas meu pai me dera e eu soube muito bem como usá-la, mesmo eu sendo um galinha de primeira.

Soltei o fecho e, para tirar, Angelina sentou-se sobre mim. Nem reparei quando o sutiã havia caído ao chão; apenas observava aquela pessoa perfeita com os seios à mostra. Ela sorriu timidamente e pegou uma das minhas mãos, levando até seus seios redondos e rijos. Meu corpo todo estremeceu com o contato e parecia que Angelina sentira o mesmo, pois fechou os olhos enquanto eu massageava-os. Agora, ela estava apenas de saia — eu teria de agradecer a pessoa que fizera o uniforme feminino. Ela riu e voltou a me beijar com paixão.

Seus seios tocaram minha pele exposta, me fazendo ficar mais excitado do que eu já estava. Minha língua explorava a sua boca, como se eu pudesse decorá-la apenas daquele jeito. As mãos de Angelina arranharam minha barriga enquanto faziam caminho até a barra da minha calça. Ela sorriu por entre meus lábios e desabotoou minha calça; eu mordi seu lábio inferior, sentindo minha calça afrouxar em meu quadril, e inverti as posições.

Eu estava feliz. Na verdade, quase explodindo de felicidade e não pensei em mais nada — em mortes, em dúvidas, em Marisa Dare. Apenas naquele momento perfeito em que eu a ajudei a tirar sua saia e ela minha calça; seu corpo era esbelto e bonito, algo que nem as revistas trouxas conseguiam capturar com aquelas modelos magras e cheias de maquiagem. Angelina arqueou as costas e eu senti que fogo na lareira parecia queimar com mais intensidade, com mais luxúria, com mais fervor. Eu a queria. Eu a amava. E estava pronto para amá-la de verdade.

Então, eu consumei o ato. Angelina gemeu de dor, mas eu consegui fazer com que tudo ficasse o mais prazeroso o possível. Fiz com que ela voltasse a ficar por cima de mim, seus cabelos negros jogados para todos os lados, cobrindo-lhe as costas. Sentei de modo que Angelina também que ficasse sentada e a guiei com as mãos em seu quadril. Não precisava de nada. Ela era perfeita. Eu não conseguia pensar em outra pessoa; Angelina parecia saber o que fazer mesmo sem saber.

Sentia seus seios tocarem minha pele conforme nós íamos nos amando. Afastei seus cabelos dos ombros para poder beijá-los enquanto Angelina gemia meu nome, pedindo por mais. Eu nunca havia feito nada parecido com aquilo. Se antes nós nos amávamos, depois dessa noite, passaríamos a nos amar mais ainda, pois estávamos ligados.

Nós fizemos amor mais uma vez. E outra. E mais outra. Aquela noite fora a melhor da minha vida. Nós adormecemos ali mesmo, e eu ainda podia ouvir Angelina sussurrando que me amava.

••• 

No dia seguinte, eu acordei com o rosto de Angelina em meu peito nu. Ela dormia tão tranquilamente, que eu tive pena de acordá-la; seu rosto estava sereno, seus lábios estavam repuxados em um sorriso e seus cabelos faziam um leque negro à minha volta, cobrindo metade de suas costas desnudas.

Mas eu sabia que não podíamos ficar ali para sempre — por mais que eu quisesse. Então eu a acordei-a maneira mais carinhosa que eu pude. Ela abriu os olhos e me fitou com carinho e amor e eu não conseguir não sorrir.

— Temos de ir, Bela Adormecida — disse eu, tirando uma mecha de cabelos de seu rosto. Angelina riu.

— Isso é muito irônico — ela se levantou sorrindo. Eu tentava, à muito custo, desviar o olhar de seu corpo nu. — Será que essa sala nos arranjar um banheiro?

Dei de ombros. Peça, falei em pensamento. Angelina sorriu e fechou os olhos. Uma porta se materializou no canto à direita à lareira e lá Angelina entrou. Fiquei esperando, sentado, ainda nu. Ao mesmo tempo que eu pensava na noite maravilhosa que eu tivera, eu pensava no que ela disse. Talvez existisse uma maldição; se não, como poderia eu eu amar Angelina tão inexplicavelmente? Como poderia eu saber em meu âmago que Marisa Dare a causadora de tudo aquilo? E Angelina jamais mentiria para mim.

Pensei nos anões — que e nem sabia onde haviam parado — e pensei em Clara. Se Angelina era Branca de Neve e os anões eram os sete do conto, quem eram Jason e Clara? Eles não pareciam ser daqui e chamavam Angelina de Majestade entre outros adjetivos que ninguém usava há anos. Por Merlin, eu era personagem de um conto de fadas! E tinha uma ligeira impressão de que Dare sempre soubera quem eu e Angelina éramos. Aquilo era bem sinistro.

Angelina saiu do banheiro com os cabelos molhados e já de uniforme limpo. Ela dissera que tinha tudo lá — desde remédios (que eu não preferia não saber quais eram) até toalhas e uniformes da Grifinória. Aproveitei e tomei um banho também.

Quando saímos da Sala Precisa e pegamos o caminho normal para o Salão Principal, encontramos meu pai e meu tio parados no início da escadaria de mármore que dava para o salão. Eles estavam absortos em algum assunto, que eu pensei que eles não nos notariam — afinal, eu não passara a noite no dormitório masculino. Mas, ao olhar para a careta que se formara no rosto de Angelina, nós — eu — não escaparíamos tão fácil assim. Percebendo nossa presença ilustre, eles nos olharam.

— Senhorita White — disse meu pai com estranha formalidade. Angelina enrubesceu, mas continuou ao meu lado, com sua mão atada à minha.

— Por favor, Branca de Neve — corrigiu Angelina. Eu a olhei, sério. — Imagino que tenha muitas perguntas para me fazer. Sei que dei um trabalho imenso ao sumir.

— Sim, eu tenho. — Disse meu pai, a observando atentamente minha namorada. Depois, ele sorriu. — Mas, nesse momento, eu sou o pai de Tiago — Harry Potter me olhou significativamente.

— Pai, essa é, hã... — Eu a olhei, pois não sabia se ela ia querer que eu a chamasse de Angelina. Mas ela assentiu. — Angelina, minha namorada.

Ao lado do meu pai, tio Rony riu.

— Por um segundo, pensei que havia esquecido o nome da própria namorada. — Comentou ele, ainda rindo. Eu apenas revirei os olhos; já estava acostumado com o jeito do meu tio.

Angelina sorriu e terminou de descer as escadas, me arrastando junto. Ela parou em frente ao meu pai, que a abraçou como a vovó Weasley. Depois, meu tio a abraçou.

— Meu filho gosta muito de você — meu pai sorriu, seus olhos verdes eram penetrantes. — Vejo o por quê. Deve ser muito especial.

— E ela é — eu a abracei e ela deu um sorriso tímido. Meu pai e meu tio sorriram.

— Gina adorará tê-la conosco nessas férias. Mas, temos muitas perguntas não respondidas.

— Branca — disse meu tio e Angelina o olhou. — Quem é você?

— Sou alguém que não deveria ser real — respondeu. Meu pai a olhou.

— Para onde você foi?

— Floresta Encantada — Angelina estava dividindo sua atenção entre meu pai e meu tio.

— Alguém a sequestrou? — Meu tio perguntou. Ambo estavam sérios, assumindo suas posições de aurores.

— Taylor Chase. Mas ele era bom, me levou para o Mundo Encantado. Ele me salvou — disse Angelina.

— Alguém estava por trás deste sequestro? — perguntou meu pai.

— Sim. Marisa Dare— Angelina respondia com uma segurança que eu nunca havia visto. Meu pai e meu tio trocaram olhares.

— Como sabe?

— Sou um personagem de contos de fadas, sei que o senhor conhece bem todos eles — começou ela. — Eu vi meu povo sofrer e conheci o pai dela.

— Se você é um conto de fadas, por que está aqui? — Meu tio tentava não parecer confuso, enquanto meu pai me olhava com curiosidade.

— Tiago está aqui. Eu estou aqui. Estamos sob uma... Maldição.

— Maldição? Você e meu filho? — Meu pai agora a olhava com atenção.

— Juro aos senhores que eu também não acreditava — segurou a minha mão com mais força. — Mas eu ainda posso morrer. Tem muita coisa que ainda não aconteceu e eu tenho um pressentimento que vai acontecer. O senhor conhece a minha história.

Se meu pai conhecia ou não aquela histórias, não pude aber naquela hora. Ouvimos vozes vindas do Salão Principal e cadeiras serem arrastadas: o café da manhã havia chegado ao fim, o que queria dizer que uma onda de alunos invadiriam as escadas para irem à suas salas comunais.

— Continuaremos mais tarde — disse meu pai e depois sorriu. — Não vejo a hora de conhecê-la melhor, Branca de Neve. É a primeira vez, em muitos anos, que eu me sinto curioso novamente. Estaremos de olho.

Eles se afastaram e meu tio virou-se para nós dois, fazendo um gesto com os dedos, como se tivesse nos observando. Eu olhei para Angelina, que olhava fixamente para meu pai.

— Como eu devo lhe chamar?

— Angelina. — Ela me beijou e eu esqueci todo o resto.

Fomos para o Salão Principal mesmo assim, encontrando os sete anões, meus primos, amigos e irmãos junto a eles, enquanto encenavam algo que eu não sabia. Angelina sorriu, parecendo aber exatamente o contrário. Subitamente, me senti deslocado.

— Então, ela entrou no cerco... — dizia um dos anões.

— E, com um aceno de varinha... — outro anão interrompeu, muito feliz.

— ... gritou o feitiço! — um de expressão dengosa completou com animação. Eu observava-os e Angelina corava por alguma coisa.

— E eles fora, embora. — Outro anão falou de forma rude. — Sinceramente, naquele momento, eu realmente cogitei em ser feliz como Feliz, se eu saísse vivo daquela.

Alvo e Escórpio fizeram caretas imperceptíveis para o anão marrento; pareci que eles dois aturaram aquele humor esquisito por um tempo suficiente para detestar a atitude do anão. E eu que achava que Escórpio fosse irritante. Angelina riu, me dando um empurrão de leve. Eu sorri, sabendo que ela havia lido meus pensamentos.

Nós chegamos bem a tempo de ouvir o final da empolgante história que os sete anões contavam. Pelas expressões de patéis que meus amigos tinham, a história era realmente muito boa.

— Uma coruja prateada e imensa voou da varinha — um dos anões abriu os braços, como se imitasse asas. Roa sorriu.

— Isso é... Incrível! — exclamou ela e pareceu nos perceber ali, olhando para Angelina. — Você conjurou Patrono daquele padrão? Você tem que me mostrar!

— Relaxa aí, Rosinha — intervim e ela ergueu uma das sobrancelhas, porém sorria. — Deve ter sido muito difícil para Angelina.

— E foi. Se não fosse por... — Angelina se calou, hesitando. Sabia que ela estava escondendo algo. — Eu tive ajuda para me concentrar. Vocês — ela olhou para todos nós, inclusive os anões — foram meu pensamento feliz.

Todos a olharam sem saber o que dizer. Eu corri e a puxei para perto, minhas mãos agarrando sua cintura e seu corpo se encaixou perfeitamente ao meu, como na noite anterior. Tinha certeza que Angelina corara e que Rosa percebera que algo entre eu e Angelina havia mudado. Lily também havia percebido a mudança; aquela lá nunca mudaria.

Sentamos à mesa da Grifinória, vendo que nossos amigos haviam guardado comida para nós dois. Agradecemos e começamos a comer em paz, até que Jared abriu a boca.

— Então, pombinhos, onde passaram a noite? — perguntou meu amigo idiota. Ao meu lado, Angelina enrubesceu e se engasgou com a torrada que comia. Lily bateu de leve nas costas da amiga, que ficava inda mais vermelha.

— Jared! — Roxanne o advertiu. — Você é super insensível. — Jared deu de ombros e me lançou um olhar malicioso. Revirei os olhos e voltei a comer.

— Agora que eu estou bem, eu posso falar — falei, descansando o grafo e olhando para Rosa e Escórpio, Lily e Teddy. — Que. História. É. Essa?

— Não nos faça perguntas, que não fazemos as nossas — disse Teddy com um sorriso maroto.

— Muito esperto — falei, sorrindo. — Mas saibam que ainda atormentarei vocês pelo resto da vida.

Você é um pé no saco, Tiago — Angelina deu um tapa de leve em minha mão.

— Te amo.

— Eu sei — respondeu ela, sorrindo. Olhei para os anões, pois estes estavam muito quietos. Eles me observavam com atenção e eu estava começando a ficar incomodado.

— Têm alguma coisa que queiram me perguntar? — Eu os encarei.

— O senhor está... — começou, eu acho, Dunga.

— ... igual ao primeiro Príncipe — completou um anão de aparência sábia. Eu voltei o meu olhar para Angelina, sem entender nada.

Ela deu de ombros e disfarçou, voltando a comer. Olhei-os novamente, desconfiado até o último fio de cabelo... Mas nada importava agora. Angelina voltara para mim e eu estava feliz. Eu havia tido a minha melhor noite com Angelina e esperava ter outras tão boas quanto a anterior. Nada poderia dar errado... Poderia?


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e...
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