The Curse - Red Apple escrita por Miss Stilinski


Capítulo 28
capítulo vinte e sete


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! Estou aqui a postar mais um capítulo - gigantesco, na minha opinião - e dizer que a fic está quase ao fim. Tenho ideia para uma outra fic, baseada em outro conto de fadas, só que de um jeito diferente. Quero saber a opinião de vocês sobre isso :D

Well, enjoy it!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/273493/chapter/28

— Narrador —

Tiago acordou com a luz fraca do sol entrando pelas cortinas entreabertas da sala comunal. Ele levantou a cabeça, sentindo a pele macia de alguém; acabara dormindo com a cabeça pousada no colo de Rosa, sua prima, que dormia profundamente numa posição desconfortável. Olhou para o chão e viu que havia um livro aberto ali. Provavelmente ela havia dormido estudando para as N.O.M's. Imediatamente, Tiago se sentiu culpado; Rosa estava se sacrificando para mantê-lolo são e não tão infeliz, que ele acabara esquecendo que a garota estava no quinto ano.

Ele se levantou com cuidado para não acordá-la, deitando-a com cautela no sofá da sala comunal que, por sinal, estava vazia. Tiago acordara muito cedo. Num canto mais adiante, perto da janela, Rachel Humphrey olhava para o céu branco. O Natal havia passado, mas ainda nevava bastante. Fazia muito tempo que ele não conversava com Rachel. Sabia que devia desculpas a ela; Angelina tinha razão: ele não devia ter terminado com Rachel daquele jeito e na frente de todos da Grifinória. Não se arrependia de ter terminado. Se arrependia por tê-la humilhado.

Caminhou com as mãos nos bolsos até a garota que, um dia, gostara e sentou-se ao seu lado, em silêncio. Por alguns minutos, nenhum dos dois disseram nada, apenas ficaram ali, olhando para a janela e escutando a lareira crepitar fracamente e a quietude preencher a sala.

— Está acordada há muito tempo? — sussurrou Tiago para que não acordasse a prima. Rachel o olhou.

— Não muito tempo... um pouco antes de você acordar. — Respondeu ela no mesmo tom.

Eles ficaram em silêncio novamente, observando Rosa mover-se no sofá, mas sem acordar. Depois se olharam.

— Rosa é uma ótima pessoa — comentou Rachel. — Pena que eu não ligava para o que ela dizia... Quer dizer, ela é um livro ambulante! Mas aprendi a enxergar melhor, e vi que ela é mais do que... inteligência.

Tiago olhou para a prima mais uma vez.

— As pessoas que falam mal dela sentem inveja... — disse simplesmente e Rachel concordou com a cabeça. — Rachel?

— Sim?

— Desculpe-me — falou Tiago, fazendo Rachel inclinar a cabeça, sem entender. — Desculpe-me por... por terminar com você daquele jeito — os olhos da garota endureceram. — Eu me arrependo de tê-la feito passar vergonha. Realmente lamento.

Rachel o encarou, depois respirou fundo, soltando o ar logo em seguida, voltando a olhar a neve que caía ao chão. A sala comunal nunca esteve tão fria.

— Tudo bem — respondeu ela por fim. — Não era para ser. Eu te desculpo... não estou mais chateada. Você nunca gostou de mim de verdade.

— Gostei, sim! — exclamou Tiago tentando não gritar. — Eu só não a amava da forma que queria. Mas... às vezes é legal ter uma amiga e, na maioria das vezes, você foi. Ainda é. — Ele olhou para Rosa dormindo. — E você estar apoiando a mim e a Alvo nesse momento, prova o quão leal você é.

Rachel o observou por um bom tempo.

— Você, quando quer, vê a bondade nas pessoas. É tão fiel aos seus amigos e família que nem se dá conta. E você sabe que nem sempre eu fui tão leal assim. — Ela balançou a cabeça. — Nunca fui leal à sua prima, nem com Lily, eu nem sabia que Alvo existia. Eu não tive amigos! Eu não sei como nós dois namoramos...

— Está errada... acho que nem eu prestava naquela época. — Ponderou Tiago. — Combinávamos.

— Sempre foi assim, você é que não via... e ainda assim eu... — Rachel fungou. — Você sabe tudo o que eu passei e, mesmo assim, nada justifica minha atitude.

Tiago cutucou o braço dela, dando um sorriso fraco. Rachel observou o que ele queria dizer com aquele gesto.

— Estamos tendo a nossa chance de melhorar agora — disse ele e Rachel sorriu. — Você gosta mesmo do Alvo? — Rachel assentiu veemente. — Que bom. Ele também gosta de você.

— Nós vamos achar Angelina, Tiago. — Garantiu Rachel. — Ou ela vai nos achar. Tenho certeza disso.

— Obrigado.

E voltaram a ficar em silêncio.

•••

 

 

— O dia está se aproximando, Princesa. — Disse um dos camponeses corajosos a Angelina. Ela protestou quando vários dos aldeões quiseram juntar-se à causa, mas Jason afirmou que precisavam deles. Eles não entrariam no cerco dos dementadores, apenas distrairiam os Caçadores para que ela pudesse passar. — Prepare-se.

Angelina sentiu e o homem se foi. Clara ofereceu a própria casa para que Angelina ficasse; desde então, o pequeno lugar tornou-se uma espécie de quartel general. E ela só tinha apenas um dia até que Jason voltasse a Hogwarts e Angelina pegaria uma “carona” com ele. E ela teria que tomar o próprio castelo nesse meio-tempo.

Ela vinha tentando falar com Danica ultimamente. Angelina precisava de ajuda, mas estava difícil convocá-la. Será que, naquele mundo, não existia fantasmas e por isso Danica não podia aparecer lá? Ou era apenas difícil chegar naquele mundo paralelo? Afinal, Danica não podia voltar dos mortos, mas podia aparecer em outros lugares. Talvez o caminho para o Mundo Encantado fosse muito longe. Mas Angelina continuaria tentando.

Suspirou e tentou fazer seu coração parar de bater tão forte contra o peito. Ela estava nervosa; lideraria um exército de trouxas (por assim dizer) para, talvez, a morte. E Angelina morria de medo que algum deles realmente falecesse. Ela sentiria culpada para o resto da vida... Até porque ela nunca havia liderado algo na sua vida inteira. Fechou os olhos. Só de pensar naquilo, seu estômago dava voltas. Ela tinha de se acalmar. Se ela enfrentar os dementadores, teria de esquecer seus medos.

— Angelina! — Uma voz conhecida a sobressaltou. Era a primeira vez em semanas que a garota ouvia aquela voz. Angelina virou-se para ver a fantasma de Danica tremeluzir. As feições da menina fantasma eram de preocupação e esforço por tentar se materializar ali.

— Danica! — arfou Angelina. — Meu Deus, Danica. Como... como conseguiu chegar aqui?

— A questão é: você precisava de ajuda — replicou Danica, mas Angelina balançou a cabeça.

— Danica, eu estou preocupada. Você tem certeza de que poderá ficar aqui? Eu não quero que...

— Angelina. — Interrompeu a fantasma. — Eu estou aqui e vou ajudar. Eu aguento qualquer coisa, você é minha... amiga. E, de qualquer maneira, estou morta.

Os olhos de Angelina ficaram úmidos e, se desse, poderia ter abraçado Danica, que era a prova de que Hogwarts ainda existia, que Tiago ainda esperava por ela lá.

— Danica... você... você viu o — Angelina respirou fundo — Tiago?

— Vi, sim, Angel... e ele não está muito bem. Nessas últimas semanas, vi Hogwarts ficar cheio de aurores à espera de alguma novidade sua. Os próprios Harry Potter e Rony Weasley lideram as investigações. — Disse Danica. — Nunca vi a Marisa tão furiosa.

— Mas nada de ela fazer alguma coisa — afirmou Angelina, assentindo.

Danica concordou com a cabeça.

— Então... o que eu tenho de fazer? — perguntou ela. Angelina olhou para a grama verde que crescia do lado de fora, um feito que a própria garota causara.

Angelina, então, começou a explicar o plano. Danica deveria entrar no castelo e descobrir onde o guardião ficava, alertando quais perigos uma vez dentro do castelo. Angelina e os outros iriam entrar assim que afastasse os dementadores; Danica os guiaria pelos corredores até onde a pessoa que Dare deixara no comando o tirariam do poder. Logo depois, Angelina voltaria para Hogwarts junto com Jason, Clara e os anões — que não queriam deixar Angelina voltar sozinha.

O único problema era como Angelina tiraria forças para ter uma lembrança feliz para enfrentar os dementadores. Ela olhou para Danica, que olhava os mapas do castelo que Jason e os outros fizeram e os planos que um dos ex-comandantes do castelo fizera. Danica era uma das esperanças que Angelina tinha.

•••

 

 

— Angelina — chamou Danica. — Angelina, acorde.

A garota abriu os olhos para a fantasma, que apontava para o final do quarto. Ouvia batidas na porta; deveria ser Clara, para lhe dizer que se levantasse. Estava na hora e o sol nem havia nascido ainda. Suspirou e levantou-se para se arrumar.

Quando abriu a porta, viu que, de fato, era Clara, com a notícia de que todos já estavam prontos para o que viesse. Angelina assentiu e olhou para a janela. Tudo ali era diferentes e precário. Seria preciso muitos anos até que tudo aquilo voltasse ao que era. As casinhas eram feitas de madeira e tijolos, palhas cobriam os tetos da maioria delas; havia uma taverna, que cheirava a cerveja, homens suados e sujos; haviam crianças e mulheres do lado de fora de suas casas para observar os homens de armaduras e espadas, adolescentes também estavam vestidos para a batalha, apesar de Angelina não gostar disso;cavalos, que também usavam armaduras apropriados, pastavam a grama recém-feita, mal sabendo o destino deles; e uma estrada de terra negra e lama se estendia, cujo o caminho levava para o castelo que um dia fora de Angelina. Mesmo dali, a garota podia ver a silhueta negra de sua primeira casa.

Ela virou-se para Clara e a acompanhou até a sala, onde Jeremy Bleinder revisava os planos de ataque, mais para ocupar sua mente mesmo. Ele era o ex-comandante da primeira Guarda Real do pai de Angelina e jamais aceitara trabalhar para Marisa. Por eles estarem sob uma maldição antiga, Jeremy não havia envelhecido. Era um homem adulto — cabelos castanhos claros e olhos azuis —, porém tinha o ar de um jovem que há muito não fazia algo excitante.

Ao perceber a presença das duas, Jaremy levantou o rosto para encará-las e sorriu; era um sorriso cansado, de expectativa e ansiedade. Algumas rugas de expressão tomavam-lhe algumas partes de seu rosto forte. Jeremy, por muitos séculos, vivera nas tavernas se embebedando e cheirando a álcool. Assim que soubera da volta da Princesa, foi um dos primeiros a se oferecer para o combate. Largou o vício e voltou a ser o homem corajoso de liderança e cheio de esperanças que sua mulher sempre soube que ele era.

— Princesa. — Disse num tom de voz grave. Angelina assentiu e Jeremy olhou para Clara. — Chapeuzinho Vermelho.

— Jeremy. — Clara fez uma mesura.

Ele olhou para a mesma janela que Angelina olhara segundos antes. Agora, dava para ver o sol lançando raios laranjas por sobre as copas das árvores, mas era o som das armaduras tilintando do lado de fora da casa que chamava atenção. A magia de Angelina era tão poderosa perto de sua orgiem, que a natureza parecia resplandecer ao saber de sua volta.

Jeremy as encarou novamente.

— Seria um momento inapropriado para dizer que eu não me sinto tão vivo como em muito tempo eu não sentia? — perguntou ele.

— Não sente medo? — Angelina tremia só de pensar que seria a única a poder enfrentar os dementadores.

— Não — respondeu Jeremy. — A magia que Vossa Majestade emana pode ser sentida de longe. Sinto esperança. Vou poder viver de novo com a minha família, Princesa. E o nosso povo será próspero outra vez.

— O senhor me parece muito confiante — observou a garota e Jeremy sorriu mais uma vez.

— Eu confio em Vossa Majestade. Saberás o que fazer quando chegar o momento — ele olhou para Clara e fez Angelina lembrar-se subitamente do Chapéu Seletor. — Está na hora, minha querida.

Clara assentiu e conduziu Angelina — que olhou para Danica, concordando com a cabeça e a fantasma desapareceu — para o banheiro. Angelina se esquecera que estava em um mundo onde o tempo ainda era medieval, por isso espantou-se ao ver o recinto com uma tina imensa para o banho, esponjas de aparência esquisita e sabonete de glicerina. Havia um pequeno buraco no canto mais distante e Angelina preferiu não pensar para o que servia. Tiago morreria se visse aquilo.

Uma cadeira estava disposta a frente das garotas, com uma armadura de cor prata, mas feita de aço, em cima desta, parecendo esperar que Angelina a usasse. Clara andou até a armadura e ajudou Angelina a vesti-la, prendendo o que tinha que prender e amarrar o que tinha que amarrar. Depois, Clara prendeu os longos de Angelina num alto rabo de cavalo. No fim, Angelina pensou que estava carregando mais de dez quilos. E aquela armadura não a ajudava em se mover, mas Clara lhe assegurou que ela iria se acostumar.

Elas saíram do banheiro e encontraram os anões à espera ao lado de Jeremy. Todos — até mesmo Clara, que abandonara seu capuz vermelho — estavam preparados para uma batalha. Embora Clara lhe dissesse que tudo iria dar certo, os pensamentos dela não ajudavam tanto assim Angelina. Os anões usavam armaduras feitas para eles e carregavam foices, martelos em machados nas mãos. Jeremy levava consigo uma grande espada e Clara um arco e flechas às costas. Ofereceram uma espada a Angelina, que recusou veemente, dizendo que tinha uma arma menor, porém muito eficaz, do que uma espada grande e pesada. A varinha seria sua melhor defesa.

— Lindo dia para acabar com alguns Caçadores, não? — comentou Feliz assim que viu Angelina. Jeremy ignorou o anão.

— Estamos prontos, Vossa Majestade — não era uma pergunta. Angelina não sabia se tremia ou se seguia para frente.

Vendo que não havia outra saída, Angelina assentiu com a cabeça e saiu para o início da manhã gélida. Todos, imediatamente, ficaram em silêncio enquanto Angelina andava até a égua que Aurora havia lhe dado. Ela suava frio por baixo da armadura, mas, mesmo assim, Angelina andava a passos firmes. Jeremy a ajudou a subir na égua; dali, Angelina pôde ver o pequeno exército que conseguira reunir. Alguns tinham espadas embainhadas e outros tinham arco e flechas.

Eles a olharam com expectativa; como se esperassem que Angelina os motivassem a ir um destino pior do que a morte. Ela olhou desesperada para os anões e viu Feliz — sorrindo — e Mestre assentirem; depois, seu olhar encontrou o de Clara, que tentou sorrir. Por último, olhou para Jeremy, que se limitou a concordar com a cabeça. Angelina engoliu em seco.

Ela olhou para os aldeões corajosos que insistiam em acompanhá-la nessa missão perigosa. Angelina temia pela vida daquelas pessoas inocentes.

— Hoje... — começou a garota, mas com a voz rouca. Pigarreou e voltou a falar com firmeza. — Hoje, iremos começar um novo dia! Onde as trevas deixará de comandar suas vidas, onde as crianças poderão brincar sem temer — ela fez uma pausa enquanto os outros gritavam. — Vou libertá-los dessa prisão sem grades, vou fazer com que ninguém mais sofra com esta maldição! — Mais uma vez, o povo gritou. — Porque eu, BRANCA DE NEVE, assumo meu posto como Princesa do Mundo Encantado! As terras voltarão a ser férteis; dementadores serão banidos — aqui, o povo gritou novamente —, Caçadores serão livres dos feitiços e Marisa Dare eu derrubarei! Preciso da ajuda de vocês. Quem está comigo?!

Os aldeões berraram mais alto — se é que era possível — e seguiram a Princesa pela terra preta e lamacenta. Agora, Angelina, era Branca de Neve; deixaria que seus amigos e chamassem Angelina, Branca de Neve, Angel... mas seu nome deveria ser reconhecido por ela. Não tinha mais temor em pensar que fazia parte de um conto de fadas. Ela era e ponto.

Alguns trotavam em seus cavalos, outros — como os anões — preferiam ir a pé. Branca de Neve tinha em seus flancos Jeremy e Clara — que insistira em ir com eles. Mas a garota sabia que Clara estava indo por Jason, também. Não se incomodou; se fosse Tiago, Branca faria a mesma coisa.

O caminho ficou mais sinuoso e, bem ao fim da estrada — porém estranhamente perto —, estava o castelo Mesitis, de Arcadia; ele era de pedras totalmente negras, com torres altas, vidraças de um vidro vermelho sangue sombrio e, mesmo de longe, dementadores “guardavam” — acredite, ela tentou argumentar, mas os soldados disseram que os enfrentaria juntos — a entrada. Jeremy havia dito que antigamente o nome do castelo era Blancus, em homenagem à Princesa. Branca preferia o segundo.

Conforme iam se aproximando, obstáculos iam surgindo. Um Caçador arqueiro, que estava pendurado em um dos galhos das muitas árvores, atirou uma saraivada de flechas sobre eles. Ele fora nocauteado por uma outra flecha de um dos arqueiros do lado da Princesa, mas foram protegidos pelo imenso escudo que Branca projetara com sua varinha. Muitos ficaram impressionados, mas aceitaram de bom grado a ajudinha de Branca de Neve.

Outros Caçadores armados iam surgindo enquanto avançavam. Uns lutavam com espadas e outros com arcos e flechas. Sorrateiramente, um dos Caçadores mirou uma flecha em Clara, que estava usando a espada com destreza contra outro Caçador, mas, com o feitiço Vingardium Leviosa,tanto o arco como as flechas voaram para as mãos de um dos arqueiros de Branca. Na maioria das vezes, os Caçadores eram abatidos por Branca. Contudo, ela não podia estar em vários lugares ao mesmo tempo. Então, em alguns pontos, algumas pessoas tratavam batalha contra os Caçadores.

Andar a cavalo já não dava mais. Todos que estavam montados em um, foram obrigados a descer e deixar que os animais partissem. Branca de Neve desmontou de sua égua e lhe deu uma bênção; a Princesa podia sentir o poder da natureza se curvar para ela, ainda de que um modo estranho.

Assim que a garota pisou no chão, sentiu que tudo iria mudar. Ainda sentia aquele pavor irracional — de que nunca ia ser feliz com Tiago, que nunca iria rever seus amigos, que nunca agradeceria Sam e Maria — que só os dementadores podiam causar. Eles avançaram com mais com mais acutela e Branca de Neve já não conseguia mais ver sentido em sua vida. O poder das trevas dos dementadores era tão poderoso, que ela não via como iria salvar o reino mágico. Ela mal conseguia andar. E lágrimas ameaçaram a cair do rosto da Princesa.

Tudo, então, ficou pior. Branca via todos os seus medos passarem diante de seus olhos. Nunca mais ver Tiago e seus amigos; nunca ver Maria e Sam felizes ao olhá-la; nunca poder salvar seus dois mundos; morrer nas mãos de Marisa sem poder se defender... Ela via, agora, os vultos encapuzados e sem rosto, as mãos esqueléticas e podres se esticando para alcançá-la. Naquela hora, ela soube que nunca mais poderia ser feliz. Naquela hora, Branca de esqueceu-se que era uma bruxa e tinha como enfrentá-los. Pois isso não importava mais; ela sabia que jamais conseguiria.

De repente, o ar à volta deles se tornou mais denso e mais difícil de respirar. Os cavalos ficaram tensos demais para seguirem caminho e relinchavam, empinando-se nas patas traseiras. Por duas vezes, Branca de Neve quase caíra. Quanto mais eles se aproximavam do castelo, mais a sensação de desesperança os invadiam, mais os cavalos relutavam sem seguir em frente. Esse era o sinal de que os dementadores estavam fazendo seu trabalho: sugar tudo de bom que há em uma pessoa. Estavam chegando a hora de agir.

Mas algo aconteceu. Enquanto os dementadores avançavam para Branca de Neve e seu pequeno exército, uma voz muito conhecia e mandona chegou aos ouvidos da Princesa. Ela sabia muito bem quem era, porém, não conseguia se concentrar nela.

— Nem vem Angelina White. — Disse a voz. — Ou Branca de Neve. Tanto faz! Mas você não vai desistir agora.

Branca de Neve tentou falar, mas não conseguiu emitir nenhum som. Os dementadores notar a fantasma parada ao lado da Princesa, com as mãos na cintura.

— Que droga, Branca de Neve! — exclamou Danica. — Você sabe o feitiço! Pense em coisas felizes.

Não dá, Branca queria responder. Mas os dementadores já estavam próximos demais de dar o fatal beijo. Será que os outros já haviam perdido sua alma?

— Pense em Tiago, Alvo, Rosa, Escórpio — mandou Danica. — Pense em mim! Você vai voltar vê-los, você tem a minha ajuda. Esse é o seu pensamento feliz. Você não vai morrer! Se concentre, você consegue dizer o feitiço! Por favor, Angel...

Branca ouviu com mais clareza a voz de Danica. Seu olhar encontrou com o da fantasma, que tinha um brilho no olhar: lágrimas.ela ia voltar a ver Tiago. Ela ia ver Rosa e os outros. Pensou nas coisas que a fizeram mais feliz, nas lembranças mais importantes de sua vida: o primeiro beijo que Tiago lhe dera; o abraço e a aceitação de Lily e Rosa;o dia em que Maria e Sam salvaram a sua vida; na volta de Danica e da amizade leal dela.

A Princesa sacou a varinha com dificuldade, mas as lembranças felizes brilhavam em sua mente mais fortes do que nunca. Ela não ia se deixar vencer. Ela tinha que proteger a vida daqueles que decidiram vir.

EXPECTO PATRONUM! — gritou Branca de Neve. Uma enorme coruja feita da mais pura luz prateada saltou da varinha dela, sobrevoando por todos os que eram atacados pelos dementadores, que eram dispersados conforme a coruja prateada abanava as imensas asas nos rostos sem face dos dementadores.

Eles recuaram com brutalidade para os lugares mais escuros e distantes do Mundo Encantado, abrindo caminho para a luz da manhã perfeita que fazia. Quando o último dementador deixou o local, a grande coruja voltou calmamente para a varinha de Branca de Neve, que ficou olhando para o objeto por algum tempo, abobalhada. Assim que esse momento de assombro passou, ela olhou para Danica, que flutuava perto do riacho — Branca percebeu que havia um só naquele momento —, com o olhar cheio de gratidão.

— Obrigada, Danica. Sem você, eu jamais conseguiria — Branca de Neve quase chorou de alegria.

— Não tem de quê. — Ela deu de ombros, mas a sua voz ardia de alívio. — Vou voltar para dentro do castelo. — Danica apontou para o arbustos e para um imenso portão de madeira, que só abria por dentro. — Há Caçadores escondidos ali e do outro lado. Vão precisar que alguns homens fiquem aqui do lado de fora, porque eles são muitos. Do lado de dentro, não precisará de tanta gente, pois eles estão se concentrando na parte interna do castelo. Ah!, vi aquele amigo seu — Danica revirou os olhos, com ciúmes. — Ele está dispersando ainda mais os Caçadores pelo castelo. Será mais uma brecha nessa segurança de quinta.

— Obrigada mais uma vez, Danica — disse Branca de Neve. — Boa sorte.

Danica riu.

Você que precisa de sorte — retrucou a fantasma. — Vejo vocês lá dentro — e desapareceu. Branca virou-se para verificar os danos de seus homens.

— Estão todos bem? — perguntou em voz alta. Quase todos assentiram. — Muito bem, precisarei que homens lutem aqui do lado de fora. Há Caçadores escondidos naqueles arbustos e são muitos.

— Senhora, como sabeis disto? — indagou um dos homens, ajudando um amigo a se levantar.

— Vejo fantasmas — respondeu Branca de Neve. O homem a olhou, sem piscar. Obviamente (e Branca não podia culpá-lo), ele estava incrédulo demais para acreditar.

— Ah, sim. Claro. — Falou e depois olhou para a metade do pequeno exército. — Para os arbustos! — gritou e a metade dos homens realmente o seguiu.

Branca olhou para Jeremy, Clara e os anões, preocupada. Tinha certeza de que não estava muito melhor do que eles, mas precisava transparecer liderança. Estava nervosa, sim. Mas não mais com medo. Os dementadores serviram para deixá-la ainda mais determinada do que antes.

A pequena batalha era travada ao longo da ponte, perto dos arbustos. O resto do exército estava atrás de Branca de Neve, esperando por algum comando. Ela esperava só uma brecha para poder entrar; cogitou a possibilidade de fazer o feitiço da desilusão, mas eles eram muitos e, para todos os efeitos, trouxas. E Branca de Neve sabia que não devia enfeitiçar pessoas não-bruxas, a menos em casos extremamente graves. Bem, aquela era uma situação grave, mas, ainda assim, não podia arriscar.

Ela tomou coragem.

— Vamos.

E eles partiram por entre a batalha, ajudando com o que podia. Quando chegaram aos portões, pararam, pois não haviam como entrar. A luta entre os Caçadores e os soldados de Branca estava mais perto. E ainda havia os que estava do outro lado do portão. Como eles iam entrar?

— Como nós vamos entrar? — Clara olhou desesperada para os lados, como se a resposta estivesse por entre as árvores.

Branca desviou uma flecha com um aceno de varinha. Ela, então, olhou para o objeto fino de madeira em suas mãos, como se o visse pela primeira vez. Como ela pôde ser tão obtusa?

— Para trás! — mandou e todos obedeceram. — Alohomora! — gritou ela e os portões de abriram rapidamente. Branca havia pensando em Bombarda, mas poderia arruinar algo que era seu.

Não esperaram nem mais um segundo e, os que não estavam lutando do lado de fora, ficaram para combater os Caçadores que estavam do lado de dentro. Então, restara apenas quinze de seus soldados, os sete anões, Clara e Jeremy para ir junto com Branca para o lado interno do castelo. Branca de Neve corria, como se sua vida dependesse disso. E, por ironia, ela dependia mesmo. Aquilo era um estranho déjà-vu, mas, mesmo assim, ela continuou a avançar com seus amigos em seu encalço.

Se não estivessem em situação de vida ou morte, Branca teria aproveitado para admirar a beleza que castelo, agora, tinha. Nada tinha vida: as árvores não davam frutos, os jardins não tinham cores, as paredes eram negras. Apenas uma árvore, uma única árvore, permanecia intacta. Com suas folhas verdes intensas e seus frutos tremendamente vermelhos. Maçãs. Se Branca soubesse de seu passado inteiro, teria consciência de que a macieira era a favorita de sua mãe. E a favorita de Marisa. A própria bruxa havia levado um pedaço do tronco para o mundo bruxo, a fim de pesquisar a magia que a árvore emanava. Mas Marisa não se preocupou em receber as respostas da pesquisa e o senhor Olivaras fez uma varinha. A varinha que Branca de Neve usava.

Eles seguiram em frente, com Branca de Neve na liderança, interceptando a maioria dos ataques dos Caçadores. Ela não os matava; apenas os amarrava com feitiços e eles tombavam, sem nada poder fazer. Eles atravessaram outras portas em forma de arco e adentraram o castelo. Ali, era tudo escuro. Havia algumas tochas acesas, mas suas luzes eram fracas e iluminavam o local precariamente. Por mais que Branca sentisse a magia de seu castelo curvando-se para ela, não pôde deixar de ver como ele estava sombrio e desleixado. Era triste que, um pedaço de seu eu, estivesse quase morto... se fosse para comparar com Hogwarts.

Ela não podia ficar e observar o que Marisa Dare fizera com seu reino, então seguiu pelos corredores, sem saber por onde ir. De repente, uma figura de uma garota de treze anos, cabelos castanhos e olhos azuis, apareceu flutuando à frente de Branca de Neve, que derrapou no chão de pedra, quase derrubando seus amigos no processo.

— Caramba, Angelina. — Reclamou, revirando os olhos. — Deveria ter esperado por mim! — Danica a olhou atentamente. — Devo chamá-la de Branca de Neve, Vossa Majestade...?

— Angelina está bom — falou Branca, dando de ombros. — Descobriu alguma coisa?

Atrás dela, os soldados, os sete anões, Clara e Jeremy trocaram olhares confusos uns com os outros.

— Com quem ela está falando? — perguntou um dos soldados, franzindo a testa. O som da batalha acontecia do lado de fora ecoava pelo castelo.

— Ela vê fantasmas. — Respondeu Clara, como se aquilo fosse óbvio. Ninguém a contestou, mesmo que achassem maluquice. Enquanto isso, Branca de Neve continuou a falar com Danica.

— Claro que descobri — falou Danica, como se Branca tivesse insultado a inteligência dela. — Sou da Corvinal, a inteligência faz parte de mim.

— Está me chamando de burra? — perguntou Branca. Não estava ofendida, mas ainda assim, não era legal ser insinuada de burra. Danica revirou os olhos.

— A questão é — a fantasma ignorou a pergunta de Angelina — que Jason (esse é o nome dele, não é?) despistou os Caçadores do andar de onde um tal de Milo está. A parte ruim, é que eles estarão vindo para cá daqui a pouco, ainda não sabem que o castelo está sendo “invadido”.

— E tem parte boa? — Branca ergueu uma das sobrancelhas. Danica sorriu abertamente.

— Deixei o melhor para o final. — Danica estufou o peito. — Enquanto você estava dormindo, eu vim para cá, ver qual era a minha posição, e —ela enfatizou o “e” — descobri muitas passagens secretas. Além de outras coisas que você não vai querer saber agora.

— Não é sobre cachorrinhos indefesos, é? — perguntou Branca ansiosa.

— Eu falei que isso é para depois — replicou Danica. — Foque-se em uma coisa de cada vez, por favor. A sala que vocês procuram fica no último andar. Claro que tinha de ficar no lugar mais alto e blá, blá, blá — continuou Danica, revirando os olhos. — Para chegar lá, há três passagens secretas.

— E como chegamos a essas passagens?

Danica abriu a boca para falar, mas fechou, quando ouviu Caçadores correndo e gritando. Olhou para Branca e ambas arregalaram os olhos. Eles estavam vindo.

— É melhor mostrando do que falando! — Danica flutuou rapidamente para uma tapeçaria macabra, que Branca preferiu não parara para apreciar. — Alguns deles vão ter de ficar — ela apontou para os que a seguiam.

— Não posso levar todos — Branca virou-se para seus soldados e amigos.

— Sem problemas, Majestade — falou um dos soldados. Nós cobrimos sua retaguarda.

— Obrigada, soldado... — disse Branca. O soldado sorriu.

— Frederic Goteau, Majestade — replicou o garoto. — Em formação! V E os os outros obedeceram, formando uma barreira onde os Caçadores não conseguiriam ver Branca de Neve e seus amigos.

Eles correram até a grande tapeçaria. Danica disse que havia um tipo de tijolo com uma marca estranha. Assim que Branca achou a marca e a apertou, uma porta se abriu e ela, os sete anões, Clara e Jeremy dispararam para dentro, correndo sem olhar para trás.

— Eu ainda sou burra, Danica? — perguntou Branca, ofegante. Danica sorriu.

— Vamos ver se você saí dessa, e aí eu respondo a sua pergunta.

•••

Eles tiveram de pegar atalhos e passagens secretas umas quatro vezes antes de chegarem ao destino. Assim que eles pisaram no último andar — Branca já estava cansada, suada com aquela armadura, arranhada e com a cabeça latejando —, viram um Caçador de costas para eles, andando de um lado para o outro. Os anões avançaram com suas armas , mas Branca e Clara os impediram.

— Não! — gritaram as duas um uníssono, assustando o Caçador que era, na verdade, Jason. Clara foi a primeira a correr até o homem e o abraçou.

Branca ficou para trás, para falar com Danica.

— O cara que vocês querem, está ali dentro. — Informou Danica, olhando para a porta que Jason estava guardando. — Não sei quem ele é ou o que ele faz, mas não tem nenhum poder mágico. — Branca assentiu. — Tome cuidado, mesmo assim. Ele é bom de luta. Eu ficarei aqui fora de vigia, vou saber o que aconteceu com você.

— Como?

— Apenas vou saber — replicou Danica. — Agora, vá!

Branca correu até seus amigos, que se encontravam em volta de um Jason meio tenso. Quando ele viu Branca, lançou-lhe um olhar preocupado.

— Branca, precisamos agir agora — disse. — Eu não controlo a magia de Marisa, eu sou... uma espécie de chave de portal, sou teletransportado sozinho e eu estou sentindo que está quase chegando a hora. Posso levar vocês, mas tem de ser rápido.

— Ele é um mago? — perguntou Jeremy, girando sua espada nas mãos, Jason negou com a cabeça. — Ótimo. Eu fico com ele.

Branca de Neve virou-se para Jeremy.

— Preciso que fique enquanto eu volto para o mundo bruxo — falou a garota. — Ninguém melhor do que você poderá proteger esse castelo. Vou protegê-lo, se der, antes de ir. Mas preciso que alguém fique aqui.

— Pode contar comigo, Princesa. Isso será uma honra — e fez uma reverência.

— Então está na hora. — Disse Branca e abriu a imensa porta de madeira (uma das coisas que ainda permaneciam originais no castelo). Jason e Clara empunharam a espada, os nãos, seus machados e Branca, sua varinha. Havia um homem no final no grande aposento, de frente para a janela.

Eles entraram com cautela, olhando para a sala. Uma mesa estavam no centro do local, repleta de papéis, penas e tinteiros; uma cadeira feita de couro, mas, em um ponto distante do aposento, tinha uma réplica do trono que ficava no térreo, onde o Rei ou a Rainha costumavam atender o povo. O homem de cabelos brancos ainda estava parado no mesmo lugar, sem se mover.

— Eu falei para ela que esse dia ia chegar — comentou o homem. — Mas Marisa não escuta ninguém há séculos.

— Então sabe que não estamos aqui para brincar — disse Branca, hesitando em chegar perto do homem, Milo. Branca descobriu ao ler, surpresa, os pensamentos dele.

— Eu poderia lutar — continuou Milo e Branca acreditava nisso. — Mas não vou — e virou-se. Os outros arfaram, mas, Branca, não. Ele tinha o rosto extremamente parecido com o de Marisa, o que era assustador. — Minha Marisa não me escuta mais. Cansei de lutar.

— Não entendemos, senhor — disse Clara, confusa.

— Pergunte a esse traidor. Ele lhe dirá quem sou.

— Esse é o pai... o pai de Marisa — respondeu Jason, sem se importar com o fato de ter sido chamado de traidor. Clara o olhou, pasmada.

Jason olhou para o velho, sentindo seu corpo começar a formigar. Milo tinha expressão indecifrável, como se tivesse vivido muitas vidas, olhando diretamente para Branca.

— Acho que o amigo de vocês já está sentindo os poderes do teletransporte de minha filha — Milo fitou Jason. — É melhor irem andando.

Branca olhou para Jason, preocupada. Jason assentiu minimamente. Ela voltou seu olhar para Milo, que ainda estava imóvel em seu lugar.

— Não posso confiar no senhor — disse Branca, sentindo o peito afundar. — Me desculpe por isso... Petrificus Totalus!

E Milo caiu com um baque. Ele podia ver e ouvir tudo, apenas não conseguia mover nada de seu corpo. Branca correu até a janela e não quis ver quem de seu grupo jazia ao chão dos jardins, expulsando todos os intrusos com um feitiço (ou seja, os Caçadores). Logo depois, criou uma bolha de proteção em volta do castelo, para que ninguém mais entrasse ou invadisse. Voltou para seus amigos, e viu que Jason realmente estava começando a emitir um brilho estranho, como o daquele Caçador — ela soube que fora o professor Chase —, que abriu um portal no dia em que Tiago a beijara pela primeira vez.

— Jeremy, leve-o para as masmorras e o mantenha lá. Certifique-se de que há soldados do nosso lado vivos e os faça patrulhar o local — Branca ia dizendo com pressa. — Cuide de tudo para mim, ok? Meus feitiços permanecerão. Obrigada, Jeremy.

Branca encostou em Jason com força, como se largá-lo fosse fosse sua última chance. Clara e os anões também se agarraram em Jason e, quando eles já estavam quase desaparecendo, uma flecha atingiu Jason nas costelas. Clara gritou e, antes de desaparecerem completamente, Branca viu Jeremy enfiar a espada no peito do Caçador, matando-o.

•••

— NÃÃO! — Clara ainda gritava quando caíram num gramado diferente. Branca reconheceu o lugar quase que imediatamente.

Eles estavam no chão. Clara havia ido para cima de Jason e chorava por sobre o corpo trêmulo dele. Branca teria ficado feliz em estar de volta em Hogwarts, mas começou a ficar desesperada ao ver Jason ficar pálido. Não era assim que ela havia imaginado sua volta. Ela tirou a armadura; estava ferida em vários pontos, mas não estavam doendo. Jason importava mais.

Os anões procuravam algo para poder estancar o sangue de Jason, porém nada conseguiram achar. Branca não sabia o que fazer e Clara não estava em condições de pensar. Então, uma voz fez o corpo de Branca amolecer de alívio. Não, não era Tiago.

— Quem está aí? — perguntou Hagrid. — Eu perguntei quem está aí? Firenze? Argo?

— Ah, Hagrid! — disse Branca. — Hagrid! — gritou ela mais alto. — Aqui, Hagrid! — Um vulto de um meio gigante apareceu por entre as árvores, hagrid vinha com Canino e com um arco nas mãos, quando viu Branca, quase chorou.

— Por Merlin, Angelina! — Ele correu até a garota, que estava ajoelhada ao lado de Jason. — O que aconteceu aqui?

— Por favor, Hagrid, meu amigo... meu amigo foi ferido. Ajude-o, por favor — implorou Branca de Neve, desesperada. — Olhe, ajude-o. Leve-o até a Madame Pomfrey.

— Acalme-se, Angelina — falou ele e se curvou para Jason, tirando Clara, gentilmente, de cima dele. — Ele vai ficar bem — garantiu e pegou Jason no colo, saindo correndo para o castelo.

Elas ficaram ali por um tempo, olhando para a floresta. Clara chorava e Branca tentava consolá-la; ela sabia que Jason ia ficar bem. Talvez, se Hagrid não tivesse aparecido, Jason não teria resistido. Ele ia ficar bem.

— Majestade — disse Majestade. — Temos de ir.

Branca ajudou Clara a se levantar e garantiu que a Madame Pomfrey ia ajudá-lo a se recuperar. Clara assentiu, mas algumas lágrimas ainda caíam do rosto da Chapeuzinho Vermelho. Eles andaram pelos jardins bem cuidados de Hogwarts, passando pela cabana de Hagrid. Dali, Branca podia ver o campo de quadribol e se perguntava que horas eram, pois não havia ninguém ali fora. Ela não sabia nem que dia era.

Seguiram para dentro do castelo, um silêncio horrível podia ser ouvido. Branca de Neve conduziu Clara e os anões até o Salão Principal, de onde se ouvia a voz da diretora Minerva McGonagall. Era um alívio ouvir novamente vozes conhecidas! Eles continuaram o caminho, até que conseguiram distinguir as palavras da diretora.

— Os N.O.M's serão cancelados, devido ao sumiço de Angelina White. — Branca sentiu o coração em queda livre. Na porta, dava para ver a mesa da Grifinória e o estado deplorável de seus amigos. — Já fez mais de cinco meses que a aluna está desaparecida. As buscas continuarão, mas, se alguém tiver alguma pista da senhorita White, por favor, vá até a direção.

Branca de Neve olhou para Clara e os sete anões. Respirou fundo e apareceu no portal que dava para o Salão Principal, mas ninguém a havia percebido.

— Não será preciso, diretora — disse Branca de Neve alto o suficiente. Todos só salão arfaram e se viraram para olhá-la. Ela ouviu seu nome ser proferido das bocas de seus amigos, mas olhava para Marisa Dare, que a olhava com ódio puro. — Eu estou bem aqui.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que gostem e...
Comentem!