The Curse - Red Apple escrita por Miss Stilinski


Capítulo 30
Capítulo vinte e nove


Notas iniciais do capítulo

Ei, pessoas! Um capítulo meio tenso e o próximo terá revelações sobre Marisa ;)



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— Narrador —

Angelina ou Branca de Neve estava de volta a Hogwarts. Nada poderia estar mais perfeito. Jason havia melhorado e, discretamente, havia tomado sua posição como espião entre os Caçadores; Maria e Sam vieram visitá-la e ficaram um bom tempo com a garota. Ela se sentia muito feliz e agradecida. Clara e os anões conseguiram ficar em um dos milhares de aposentos de Hogwarts, mas, obviamente, não poderiam assistir às aulas como Branca e os outros alunos.

Houve mais interrogatórios na presença da diretora. Branca de Neve relatara tudo o que sabia e o que achava saber sobre tudo. Harry Potter e Rony Weasley tomaram notas do depoimento mais detalhado, mesmo que nem a diretora nem os aurores acreditassem fielmente. Eles prometeram ficar de olho em tudo.

Por algumas semanas, tudo pareca ter voltado ao seu ritmo normal ainda que Clara e os anões permanecessem no castelo. Branca tinha que mais do que o dobro de carga de deveres do que antes de ser sequestrada; os N.O.M's a preocupava e tomava todo o seu tempo praticamente. Sim, ela tinha a vantagem de ler os pensamentos, mas se esforçava para aprender. Tudo o que ela via, ficava gravado nela, mas era difícil do mesmo modo.

O tempo já havia melhorado e a brisa que soprava indicava que o clima ficaria um pouco mais quente. Ainda assim, Branca continuava a estudar como nunca. Como Tiago. Ele estava nos sexto ano, mas tinha provas, não tão complexas como as N.O.M's. Depois que ele aprendera a estudar, quando precisava, realmente se dedicava. Ele era inteligente, porém, com a ajuda Rosa e Rachel, viu que ganhava mais quando estudava. Harry ficara orgulhoso por ver as notas de Tiago aumentarem.

Ele estava sentado à mesa da biblioteca, se concentrando num trabalho de Poções, quando viu Escórpio e Alvo vinham em sua direção. Poxa, ele estava estudando! Tinham que o atrapalhar? Não que ele se queixasse ao ser procurado pelos amigos, porém, precisava ter aquele momento sem distrações. Já bastava ter Angelina e pensamento, o desconcentrando uma hora ou outra.

Eles se sentaram ao lado de Tiago, que apenas os observou pelo canto dos olhos. Por mas que Escórpio fosse um Malfoy, Tiago aprendeu a ver que ele não era uma má pessoa. Descobriu que Escórpio era um bom amigo e ouvinte; assim como Alvo. Tiago jamais pensou que isso fosse acontecer, mas agradecia por ter acontecido.

— O que querem? — perguntou Tiago em baixo tom. No mesmo nível, Alvo e Escórpio riram.

— Você anda se esquivando da gente — disse Alvo.

— E nós queremos saber de tudo — completou Escórpio.

— A maneira como vocês dois terminam a frase um do outro é fofa — exclamou Tiago com ironia, fazendo os outros dois fecharem a cara.

— E o Tiago piadista voltou — Alvo fez um gesto exagerado com as mãos, batendo sem querer em um garoto do segundo ano da Lufa-Lufa. — Desculpe aí, colega. — Mas o menino nem lhe deu atenção e ele deu de ombros.

— O que querem? — tornou Tiago, sem querer no assunto que ele sabia que os amigos queriam tocar. Era algo pessoal!

— Você não tem dormido no dormitório dos garotos e nem Angelina — disse Escórpio, como se listasse algo. — Rosa me contou.

— Tem algo para nos dizer? — Alvo ergueu uma das sobrancelhas.

— Er... Não. — Respondeu Tiago, escrevendo algumas linhas do trabalho que tinha de fazer.

Antigamente, Tiago sentiria prazer em dizer o que acontecera com as garotas que dormira como se ele tivesse dormido com elas , teria se vangloriado e tirado sarro dos amigos por ter feito sexo com uma menina. Mas, agora, ele estava mudado. Sentia que era ele mesmo, numa versão muito mais melhorada.

Contudo, era injusto com o irmão e com Escórpio. Justamente porque ele não estava dormindo no dormitório, Jared, Marcus e Teddy, lhe fizeram perguntas e ele acabara contando que se encontrava com Angelina às escondidas e faziam muito mais do que apenas beijar. Eles riram como todo bom amigo faria nessas situações e Tiago ameaçou azarar Teddy se tentasse faze qualquer coisa parecida com Lily. A mesa coisa com Jared e Roxanne.

Portanto, esconder isto do irmão e do mais novo amigo, seria desleal. Escórpio se mostrara tão leal quanto se poderia esperar de um sonserino; ele era digno de confiança e ainda namorava Rosa. Não tinha por quê esconder.

— Acho que vocês já sabem a resposta. — Disse Tiago por fim. Alvo e Escórpio riram, tentando não gargalhar alto. Tiago revirou os olhos e voltou a atenção para seu trabalho.

— Eu sabia! — cantarolou, Alvo, ainda rindo. — Eu sabia!

Tiago deu um pequeno sorriso, balançando a cabeça, porém, não falou nada.

— E como foi? — indagou Escórpio com interesse. Tiago largou a pena com a qual escrevia o trabalho e olhou para eles. Se fosse o antigo Tiago, teria tirado saro da cara deles por fazerem tal pergunta. Mas, ele não era mais assim e, se estivesse no lugar deles, também sentiria uma intensa curiosidade em saber como era.

— Ótimo — respondeu. — Muito, muito bom. — Tiago fez uma pausa e depois apontou um dedo para Escórpio. — Nada de fazer isso com a Rosa, entendeu? Senão, eu capo você.

— Se é tão bom, por que eu não posso fazer com a pessoa que eu amo? — retrucou Escórpio, fazendo Alvo rir mais uma vez.

— É realmente uma boa pergunta — disse Alvo, colocando mais agulha do palheiro. Tiago estreitou os olhos para o irmão.

— Porque vocês são muito novos — respondeu Tiago, olhando para Escórpio.

— Falou o cara que é só um ano mais velho do que a gente — replicou Escórpio. — E Angelina tem a mesma idade que eu.

— Na verdade, eu acho que eu e Angelina somos... somos mais velhos do que pensamos — Tiago girou a pena de escrever entre os dedos. Ele ainda pensava muito naquilo e Escórpio e Alvo estavam a par da situação.

Não havia segredos entre eles. Angelina ou Branca de Neve tinha dito tudo nos mínimos detalhes para eles; era tudo muito estranho e Alvo custava a creditar que seu irmão mais velho era um Príncipe de verdade. Parecia que aquela detenção que Tiago tivera com Dare era para ver se ele se tocava que era mesmo um Príncipe, como se fosse para ironizar esse fato. Já Lily estava emocionada em ter uma cunhada herdeira de um mundo mágico que só ouvira em histórias e ainda mais emocionada pelo irmão ser um Príncipe.

Com esse pensamento, Tiago terminou de fazer sua redação sobre a poção do amor, Amortentia.

•••

— Não é assim, Angelina! — disse Rachel, tentando ensinar como se fazia o movimento certo da varinha.

— Argh! Odeio essas coisas — reclamou Branca de Neve. — Não podemos descansar?

— Para os N.O.M's não se descansa — replicou Rachel, inchando o peito, numa tentativa falha de imitar Rosa.

— Está parecendo a Rosa — observou Angelina. Isso é um...

— Saco? — completou Rosa, aparecendo na escadas. — Sim,é um saco. Mas é importante. Eles farão testes práticos e não somente teóricos. E são difíceis... Minha mãe que o diga!

— Claro que não foi o caso do Harry aqui — disse Rony Weasley, que estavam olhando as duas praticarem. — Ele conseguiu passar com um Ótimo em DCAT e conjurou um Patrono poderoso na frente de Dolores Umbridge! Tinha que ver aquela cara de sapa... Bons tempos.

— Bons tempos, nada. — Replicou Harry, sentado na poltrona em frente a lareira. — Se não se lembra, eu quase morri.

Rony riu.

— Você quase morreu em todos os anos, Harry. E morreu no último ano... Já deveria estar acostumado.

— Tem razão — disse Harry, pensativo. — Bem, vejo que vocês estão com dificuldade — ele olhou para as garotas, que tentavam estudar na prática. — Eu vou ajudá-las. Mas, nada de dizer isto a alguém avisou. Eu não posso me meter por ser um auror e saber demais, porque será trapaça e essas coisas. Porém, nós estamos sozinhos na sala comunal da Grifinória, não terá nada demais.

— Ele é um ótimo professor —confirmou Rony. — Eu aprendi a conjurar um Patrono com ele.

— Mas não é o caso de Angelina. Soube que conjurou um Patrono sem ajuda —Harry disse, olhando para a garota.

— Tive ajuda, sim.

— Sei como é — Harry continuou a fitá-la. — Vamos começar, então? — Elas assentiram.

•••

Tiago juntou as mãos dele com as dela, formando um arco enquanto a beijava. Estavam novamente na Sala Precisa, onde ninguém os achariam ou interromperiam. Ambos se amavam de uma maneira intensa, como ninguém jamais sonhou em se amar. Certo, haveria homens e mulheres que amariam, mas, aqueles dois... Eles tinham sido feitos um para o outro.

O amor é uma via de mão dupla — assim como a confiança — e Tiago e Branca tinham esse elo. O dois se amavam da mesma maneira intensa e na mesma proporção.

Eles estavam deitados no sofá cama, beijando-se, acariciando-se. A pele nua de Branca de Neve tocava constantemente a de Tiago, que se arrepiava com o contato. Ele apertava-a contra si de uma maneira possessiva, que a garota se sentia mais segura e protegida. Eles estavam em sincronia, eles estavam conectados por mais de uma vida. E nada os fatia mal.

Tiago passou as mãos pelo corpo de Branca, vendo com mais clareza a pele pálida da amada.ela nunca se sentira assim e aproveitava ao máximo. Poderia, sim, ser uma besteira, mas ela era nada em Tiago. Sua vida não estaria completa sem ele... E o sentir daquela forma mais íntima possível era mais do que especial. Branca se sentia ainda mais amada.

— Angelina... — gemeu Tiago enquanto fazia (mais uma vez) com ela. Não era sempre que eles faziam isso. Todavia, Branca de Neve tinha medo de o tempo deles juntos nunca fosse o suficiente. Ela sabia que algo ia acontecer e o medo de não ter feito amor, aproveitar ainda mais o amor de Tiago, a fazia ficar com pressa.

Eles se apertavam; Tiago sentia as unhas da mada arranhar-lhe a pele. Ele sentia um prazer, um êxtase puro enquanto preenchia Branca de Neve. Ele poderia explodir a qualquer hora que nem sentiria. Ele estava com ela. O que mais ele poderia pedir?

— Eu te amo — sussurrou Tiago entre suspiros.

— Eu te amo — repetiu Angelina, sorrindo entre os lábios dele.

E nada mais importava.

Ainda deitados no sofá-cama, Tiago acariciava os cabelos lisos e soltos de Angelina. Eles estavam em silêncio; não precisavam falar, eles apenas... sentiam.

— Alvo veio perguntar o que eu ano fazendo — riu Tiago.

— E o que respondeu? — Angelina levantou a cabeça para olhá-lo; os olhos dele estavam quase se fechando.

— A verdade — ele deu de ombros.

— A verdade é bom... — ponderou a garota e Tiago a abraçou com mais força. — Tiago...

— Sim? — Ele estava quase dormindo e sua voz soava distante.

— Se alguma coisa acontecer comigo, lembre-se do meu conto — ela disse com a voz baixa. — Você sabe o que acontece, você sabe.

— Do que está falando, Angel? — Tiago tentava se manter acordado e discernir o que a garota estava falando.

— Shhh. Apenas durma — uma lágrima escorreu do rosto de Angelina.

— Só se você dormir comigo — respondeu ele com um sorriso distante.

— Sempre — disse Angelina, colocando as mãos no coração do namorado.

•••

— Isso está muito errado! — exclamou Marisa Dare com ódio. A luz fraca e azulada queria dizer que ela falava com o espelho.

A masmorra parecia mais fria com a fúria da professora. Ela andava de um lado para o outro, tentando pensar no que faria a seguir. Ela tinha sobrevivido, sim. Mas havia Caçadores demais à espreita, ela esperava que a Princesa pudesse morrer nas mãos deles. Porém, ela voltara! E com a incherida da Chapeuzinho Vermelho!

— Vossa Majestade confiou muito no poder dado aos seus Caçadores — disse Sebastian, o espelho. — Deveria ter pedido a minha ajuda, mas ficou ocupada...

— Não ouse falar sobre isso! — interrompeu Marisa com ódio. — Eu só faço promessas, mas um dia eu ainda acabo com você.

— Sim, Majestade — concordou o espelho. — Mas, se quer um conselho, deves agir o mais rápido possível. Os N.O.M'S será a oportunidade perfeita.

— Agir... — refletiu Marisa. — Sebastian, às vezes, você até que presta.

•••

Tiago levantou-se assutado. Poderia ter gritado, mas sua garganta estava fechada demais para isto. Seu peito subia e descia, os lençóis estavam enrolados aos seu pés e o suor empapava sua testa e peitoral. Ele olhou para o relógio em cima da mesa-de-cabeceira de Marcus e viu que eram três da manhã.

Suspirou. Passou as mãos no rosto e voltou a se recostar na cama, totalmente desperto. Ele não sabia exatamente qual fora o pesadelo; tentava pensar no que havia acontecido no sonho, mas não conseguia. Era como se fosse para avisá-lo que uma coisa muito ruim iria acontecer à Angelina. Tiago tentou mais uma vez forçar a mente para se lembrar, porém apenas o rosto de Marisa aparecera em sua cabeça. Tirou-a dos pensamentos balançando a cabeça... Aquilo era muito esquisito.

Enquanto tentava voltar a dormir, algo que Angelina dissera na Sala Precisa, antes de ele dormir. Algo como se lembrar do conto dela... Mas o que ela quis dizer com aquilo? Por que ele sentia que tinha a ver com o pesadelo? E como era o conto da Branca de Neve mesmo?

Balançou a cabeça novamente, virando-se para o outro lado, cobrindo-se com a coberta. Ele tentou dormir, mas tinha medo de o pesadelo voltar. De algum modo, o temor de saber o que era o sonho, vencia a curiosidade. Tiago virou-se na cama, sem achar uma posição confortável. Ou será que sua mente estava agitada demais para descansar? Tiago bufou, arrancou a coberta e saiu do dormitório masculino, talvez, se ele comece alguma coisa, melhorasse aquela apreensão.

Ao descer as escadas em espirais, encontrou Angelina sentada em uma poltrona, de frente para a lareira. Tiago ficou ali por um tempo, apenas observando se ela faria alguma coisa. Mesmo de costas, parecia que Angelina não estava bem também.

— Tiago. — Disse ela e o garoto percebeu que podia terminar de descer as ecadas. A sala comunal da Grifinória estava deserta, apenas Angelina e ele estavam ali.

— Não consegue dormir? — perguntou Tiago, contornando a poltrona e sentando-se ao lado da amada.

Angelina negou com a cabeça.

— Pesadelos? — chutou ele, pensando no próprio pesadelo.

— Visões — respondeu Angelina. Ela tentava se concentrar para não chorar; Tiago percebeu que ela estava triste e a puxou para um abraço.

— Que visões? — sussurrou Tiago. Angelina balançou a cabeça, inspirando o cheiro dele. Só agora que ela percebia que Tiago usava apenas uma calça comprida leve vermelha. Angelina sabia que fora um presente da senhora Weasley.

Angelina se aconchegou mais no peito dele. Tiago envolveu os braços, protetor, ao redor do corpo dela com mais força. Tudo estava escuro.

— Você está escondendo algo de mim — falou Tiago. Angelina fechou os olhos, que ardiam por causa das lágrimas que queriam escapar. — Pode falar, Angelina. Isso é importante.

Ela ergueu a cabeça.

— O importante é que eu te amo — replicou a garota. — Acho que é apenas a pressão dos N.O.M's... eu estou bem.

•••

— Eu vou lhe esperar aqui disse Tiago para Angelina.

O dia dos temidos N.O.M's teóricos havia chegado. E, com ele, o medo. O medo de não só de não passar, mas o medo de alguma coisa ruim acontecer. Tiago sentia algo no fundo do peito, algo que não era o coração se acelerar por causa de Angelina. Aquilo era algum tipo de agouro.

Angelina podia sentir — ler — que Tiago não estava confiante em relação aos N.O.M's. Ela mesma andava tendo visões de sua morte, mas ainda tinha esperança. Afinal, ela sabia como a história terminava. E Tiago era sua salvação.

Ela deu um beijo em Tiago e entrou no Salão Principal que havia sido mudado especialmente para caber todos os alunos do quinto ano de todas as Casas. Ela havia feito os testes práticos no dia anterior, mas os teóricos eram os piores. Estava um silêncio enquanto Angelina tentava achar um lugar para se sentar. Rosa já estava lá, assim como Rachel, Alvo e Escórpio. Rosa virou-se para Angelina, que tomara o lugar atrás de Rachel e piscou um olho. A garota sabia que Angelina usaria os poderes para fazer a prova. O que era chato. Afinal, ela ria trapacear! Mas, no entanto, fazia parte dela e Angelina teria de conviver com aquilo.

Depois de se sentar, Angelina observou os professores que ali estavam para se certificarem de que nenhum aluno colasse. Viu professores que nunca havia visto em Hogwarts, mas, apenas uma única professora chamara a atenção da princesa. Marisa Dare estava os professores que ficariam de vigilância; ela andava de um lado para o outro, olhando os alunos com desprezo. Quando o seu olhar encontrou o de Angelina, a garota quase se encolheu de medo. Ali tinha ódio, maldade e algo a mais. Angelina nunca desejou tanto ler a mente de uma pessoa quanto a de Marisa Dare.

Deram início para as provas. Angelina, por ter aqueles dons, soube as respostas imediatamente na mente de Rosa. Ela conseguia ouvir tudo todos os alunos pensando nas respostas que pareciam não vir à cabeça. Angelina não queria aqueles poderes, porém, teria de aprender a lidar com eles. Sempre os tivera, não seria naquele momento que a incomodariam. Ela escrevia tudo o que podia e com rapidez, assim como Rosa. Na maioria das vezes, elas duas estavam em sincronia.

Ouvia as penas arranhando as centenas de pergaminhos; ouvia a areia da ampulheta cair como ondas do mar quando quebrando na areia. A maioria dos alunos estavam desesperados, mas Angelina sabia de tudo. Apenas temia uma coisa: o que Marisa Dare estaria aprontando. Ela sabia que era alguma coisa ruim; temia que algo acontecesse, mesmo que soubesse o que aconteceria pelas suas visões. Mas Angelina sabia como aquela história acabava e Tiago era sua esperança. Ele só precisava se lembrar das detenções com a megera.

O tempo acabou e as provas foram recolhidas magicamente. Alguns alunos olharam com pesar e outros pareciam ter feito um bom trabalho. Mas, algo começou a acontecer. Angelina sabia que era magia de Marisa Dare. Ela olhou, atordoada, para os alunos, seus amigos e os professores caídos, como se estivessem sob o domínio de um feitiço ou poção do sono. Maria desceu os degraus do Salão Principal lentamente, o seu olhar carregado de ódio. Temerosa, Angelina esperou que a professora de Estudo dos Trouxas completasse seu caminho.

— Ora, ora... Branca de Neve — a voz de Marisa Dare era afiada, parecia escorrer veneno. Angelina permaneceu quieta. — Sinceramente, pensei que demoraria mais para descobrir quem eu era. — Marisa tocou os cabelos arruivados de Rachel, depois a pele, depois o rosto...

— Não toque nela. — Disse Angelina, encontrando a voz. Marisa a olhou, erguendo uma das sobrancelhas.

— Achei que ela fosse sua inimiga, Vossa Majestade — Marisa falou as últimas palavras com desdém.

— Pois achou errado. Tire suas mãos dela — ordenou Angelina, sua atitude de uma verdadeira Rainha.

— Ora, mas já está dando ordens? — perguntou Marisa, se virando para olhar Rachel. — Tsc, tsc, tsc... Que coisa feia. — Então abaixou-se e tocou os lábios na bochecha de Rachel. Onde seus lábios tocaram, a pele começou a tomar um tom enegrecido, como se as veria da garota tivesse sido envenenada. — Gostou do que eu fiz? Muitos séculos de prática de magia sem varinha.

Angelina levantou-se, ignorando a bruxa, desesperada e foi até a amiga, empurrando Dare para o lado. Tocou o rosto da amiga e sentiu a pele dela ficar fria e mais pálida, conforme o veneno ia tomando posse do corpo dela. Mesmo estando dormindo, os olhos e a boca de Rachel se abriram, como se estivesse sentindo dor, contudo, sem estar desperta. Horrorizada, Angelina virou-se para Marisa, que a olhava com desprezo.

— O que você fez com ela?! — gritou. Tire isso já dela! A voz de Angelina ecoou pelo Salão Principal, mas Marisa apenas a fitou. — O que você quer? Eu faço qualquer coisa.

Marisa abriu um sorriso.

— Agora, sim, Princesa. Venha comigo... senão, dê adeus aos seus amigos.

— Primeiro, tire esse veneno dela — replicou Angelina.

Revirando os olhos, Marisa encostou os dedos onde havia beijado o rosto de Rachel e a coisa escura, o veneno, voltou para o corpo de Marisa Dare e a cabeça de Rachel pendeu. Aliviada, Angelina levantou-se e foi para o lado de Marisa.

— Não adianta correr, Angelina — avisou Marisa. Como se ela fosse correr. — Todos estão sob um pequeno feitiço... Inclusive seu namorado patético, aqueles anões imundos e a idiota da Clara.

— E para onde pretende me levar? — perguntou Angelina. Ela estava morrendo de medo por dentro.

— Para onde nem eu nem você deveríamos ter saído — respondeu Marisa, mostrando o caminho para Angelina com a mão. — Sabe... por um momento, eu achei que tinha morrido. Mas, então, vejo que você retorna no inferno para me atormentar. Sempre terei de fazer as coisas do meu jeito.

Marisa guiou Angelina para fora do Salão Principal, mostrando Tiago, Clara e os anões caídos ao chão. Angelina sentiu um aperto no coração vê-los daquele jeito. Marisa percebeu que ela olhava para os amigos.

— Não se preocupe, Majestade. Assim que sairmos do castelo, eles acordarão — garantiu Marisa, empurrando com mais força Angelina. — Mas isso não impede os meus Caçadores de agirem — sussurrou a última parte.

— Eu não entendo.. por que está fazendo isso comigo? — Angelina queria explicações. — Isso é... loucura! Eu nunca fiz nada a você!

— Calada, fedelha — Marisa puxou os cabelos de Anelina, que tentou não soltar uma exclamação de dor. Marisa abriu o imenso portão e lá estava centenas de Caçadores. — Você me tirou tudo! Eu não lhe devo satisfações.

Ela arrastou Angelina pelo caminho gramado e os Caçadores abriram caminho. Ao mesmo tempo, todos no castelo começaram a acordar e irem ver o que estava acontecendo. Os Caçadores voltaram aos seus postos quando todos vieram para fora. Marisa e Angelina já estavam na orla da Floresta Proibida.

— Angelina! — Ela ouviu a voz de Tiago sobre o tumulto.

Marisa Dare riu.

— Oh, meu Deus! Um espetáculo! — Marisa forçou Angelina virar-se e encarar a batalha que estava começando. — Olhe! Veja seus amigo morrerem.

Angelina olhava aquilo com terror. Tiago lutava contra dois Caçadores; Rachel e Rosa contra três; Jared, Marcus e Teddy chegavam bem na hora em que um dos Caçadores iria acertar Alvo nas costelas. Uma reprise da Batalha de Hogwarts acontecia ali, nos gramados. E Angelina chorava.

Os aurores que estavam no castelo chegaram, acabando com cinco Caçadores de uma vez só. Harry Potter e Rony Weasley se juntaram a batalha, lançando feitiços com destreza em cima dos Caçadores. Viu Roxanne acabar com um dos Caçadores que iam para cima de Lily e logo depois ajudar a derrubar um dos Caçadores que os anões enfrentavam. Muitos estavam confusos, sem saber o que se passava ai, ma logo se juntavam a causa e ajudava os que enfrentavam Caçadores sozinhos. Por um lado, eles estavam vencendo.

Porém, os Caçadores também tinham certa vantagem. Vendo que Escórpio estava em apuros, lutando com quatro Caçadores sozinho, Jared foi ajudar. Mas, no meio do caminho, um dos Caçadores cravou a espada nas costas dele e Jared caiu, morto, no chão. Ao mesmo tempo que Tiago, Angelina gritou em agonia ao ver Jared coberto pelo próprio sangue. Ele avançou para os Caçadores que lutavam contra o amigo, e lançou um feitiço, que alcançou quatro oponentes de uma só vez. As lágrimas escorriam do rosto de Angelina, a dor invadindo-a. Era tudo tão rápido! Uma menina, da idade de Danica, foi atirada longe, batendo contra a parede de pedra do castelo. Ela não mais se levantou.

Um Caçador se aproximou de Rosa, que estava agora ocupada ajudando Teddy contra dois Caçadores, mas Rachel o interceptou, lançando um feitiço estuporante. Todavia, ela ficou distraindo demais e um dos Caçadores a atingiu nas costelas. Angelina se debateu ao ver a garota cair de joelhos no gramado. Tiago e Alvo viram aquilo e berraram em fúria. Ambos lançaram um feitiço que acertou mais três Caçadores de uma vez. Angelina chorava, mas sentiu alívio quando Marcus com uma expressão arrasada e mancando de uma perna levou Rachel para dentro do castelo.

— Por favor, por favor — implorou Angelina, as lágrimas deixando trilhas no rosto de porcelana dela. — Acabe com isso. Faça-os parar! Eu imploro. Eu faço qualquer coisa, qualquer coisa!

Marisa, então, fez com que o Caçadores parassem. Todos ficaram atordoados o verem os Caçadores parados olhando para a orla da Floresta Proibida. Tiago e os outros olharam para onde os Caçadores olhavam e viram Marisa segurando os cabelos de Angelina. Tiago fez o tio e o pai avançarem para a orla da Floresta enquanto Marisa os observava.

— Coma. — Disse Marisa, estendendo a maior maçã que Angelina já vira. Era vermelha sangue, sem nenhum defeito e parecia suculenta. Angelina sabia ue aquilo era veneno. — Coma, senão, todos, sem nenhuma exceção, morrerão.

Angelina olhou para Tiago, que já estava na metade do caminho. Tiago a olhava com temor enquanto corria, viu o pedido silencioso de perdão de Angelina, mas continuou a correr. Era tarde demais. Angelina mordeu a maçã.

Era esquisito o gosto da maçã. Inicialmente, tinha o gosto como a de qualquer outra maçã que já havia comido. Mas, ao engolir, Angelina pôde sentir o veneno que ali continha, arranhando sua garganta como ácido e indo direto para sua corrente sanguínea. Ela se debateu e Marisa a deixou cair no chão, observando-a se contrair em espasmos dolorosos, o veneno corroendo tudo na parte interna do corpo dela. Tudo doía, tudo queimava e ela sentia as lágrimas descerem sem seu consentimento...

Então, os espasmos ficaram cada vez mais fracos, até que pararam. Angelina estava no chão e a última coisa que viu, foi Tiago parar no meio do caminho e gritar com a voz mais agonizante que ela já ouvira:

— NÃÃÃÃO!

Uma luz a cegou por alguns momentos e, pela última vez, Angelina olhou para Tiago.

Seus olhos se fecharam.

•••

Aluz do feitiço iluminou a luz da manhã. Apenas Harry Potter havia presenciado alguma coisa parecida com aquela, quando sua varinha havia se virado contra o próprio Voldemort. Mas aquilo era mais poderoso. Era o poder do amor que Tiago sentia que fizera dele voltar-se contra Marisa, que se escondeu em alum lugar da Floresta Proibida. Tiago caiu no chão, sentindo que, daquela vez, a havia perdido de verdade.

Nada se comprava a dor que ele senti. Havia perdido um amigo, quase perdera uma amiga e seu amor. A dor era maior do que ele já sentir, não conseguia olhar para trás e ver se alguém havia morrido. Harry ajudou o filho a se levantar, mas Tiago foi em frente, chorando. Ele queria ir até Anelina. Ele queria sentir o corpo dela, ele queria se certificar de que ela partira para sempre, embora ele soubesse que Angelina não voltaria nunca mais.

Os Caçadores haviam se retirado. Só haviam alguns feridos do lado de dentro e alguns corpo no chão; dentre eles estava o de Jared, onde Roxanne chorava debruçada, sentindo a própria dor. Marcus não sabia se seguia Alvo e os outros para consolar Tiago, ou se ficava ali e chorava por outro amigo que havia partido para sempre. Alvo, Rosa, Teddy, Escórpio e Lily desciam correndo acada um sentindo as próprias dores e ferimentos até chegarem a Angelina, cujo o corpo Tiago segurava no colo. Lily nunca vira o irmão mais velho sofrer tanto, como naquele momento. Todos choravam, até mesmo Escórpio deixava cair lágrimas silenciosas. Eles não sabiam, mas Danica assistia a tudo com uma imensa dor.

Clara e os anões vieram até eles com cautela, esquecendo-se de que sabiam da história. Clara colocou a mão nos ombros de Tiago, ela mesma deixava cair grossas lágrima no chão e os anões sentaram-se ao redor de Tiago, todos choravam.

— Devemos dar um... um enterro decente para... para eles — disse Clara, soluçando. Tiago balançou a cabeça. — Precisa deixá-la ir, Tiago.

— Ela tem razão, meu filho — Harry tentou persuadi-lo.

— Vocês não entendem! — gritou Tiago. — Não entendem! Eu havia acabado de tê-la de volta e a tiraram de mim! De novo!

— Eu sei, mas...

— Não, não sabem, não! — interrompeu ele o pai. — Nós nos amávamos! Eu a amei de todas as maneiras possíveis e a tiraram de mim mais um vez... Dói tanto — ele enterrou o rosto nos seios de Angelina. — Eu te amo tanto, Angel. Você é a minha vida, meu anjo... volta para mim, por favor.

Todos o observavam em silêncio. Eles não sentiam nem a metade da dor que Tiago sentia. A tristeza estava na atmosfera, quando a diretora foi até eles.

— Vamos para dentro — falou, mas Tiago negou com a cabeça. — Sim, senhor Potter. Daremos um enterro digno aos nossos mortos — dava para ver que a diretora estava abalada também.

— Nós vamos ornamentar tudo — disse Mestre. — Bran... Angelina merece. Mas o senhor tem que deixá-la.

Ele não queria. Mas deixou que seu pai levantasse do chão e o levasse para o castelo. Não olhou para baixo ao passar pelo local da batalha.

•••

Os anões haviam feito um ótimo trabalho. Não eram exatamente caixões Angelina não ia querer quem fossem todos fechados. Eram redoma de vidro, com o tamanho exato dos corpos; o de Angelina estava em cima de uma mesa ornamentada em flores coloridas, que Rosa havia conjurado. Tiago e Alvo repousaram Angelina ali.

Eles estavam tristes. Haviam perdido Jared e quase perderam Rachel. Alguns outros alunos também faleceram para proteger o castelo, mesmo sem saberem o por quê e eles haviam ganhado um lugar entre Angelina. Eles, então, rodearam o corpo de Angelina continuou o mais perto da amada, sem querer enterrá-la. Sem querer acabar com a prova de que ela existira e que, um dia, ela fora dele.

— Eu amo você, Branca de Neve. Sussurrou ele, colocando as mãos nas dela. Ela estava tão fria. Eu nunca pensei que a nossa histó...

Ele se interrompeu, olhando para o nada. Todo esperavam que ele continuasse, mas Tiago não prosseguiu. Estava lembrando-se de quando Angelina dissera sobre o conto dela... Branca de Neve. Ele olhou para ela. O que acontecia no final...? Tiago olhou para o lábios sem cor de Angelina e soube. Ele sempre soubera e ele havia deixado pistas o suficiente para salvá-la.

Não era o fim.

Tiago inclinou-se, ciente de que todos o observavam, e tocou os lábios de Angelina era como beijar um boneco, a Tiago insistiu. Nada aconteceu a princípio, mas, depois, Tiago sentiu algo atingir seu estômago e, ainda assim, ele continuava a beijar o cadáver de Angelina.

Ela não acordou, contudo, outra coisa aconteceu. Algo que ele, jamais esperaria que acontecesse. Abaixo dele, o corpo de Angelina estremeceu, ainda sem acordar e ele se viu em outro lugar.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e...Comentem!