The Curse - Red Apple escrita por Miss Stilinski


Capítulo 18
capítulo dezessete


Notas iniciais do capítulo

Oi! Gente, não me batam, queria fazer algo diferente!



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— Narrador —

A primeira manhã de dezembro apareceu novando, com um frio que rachava os lábios e rostos dos alunos. Angelina usava uma grossa luva de lã e uma suéter tricotada para ela (a avó de Tiago havia mandado assim que sobe que o neto trocara de namorada), havia um “T” e um “A” entrelaçados e vários corações bordados, e um cachecol vermelho e amarelo em volta do pescoço da garota. Tiago usava a mesma suéter, sem demonstrar vergonha, ao lado da amada.

Os dois sentaram-se à mesa da Grifinória para almoçar. Lily chegou com as bochechas rosadas; Angelina a olhou, com uma das sobrancelhas erguidas, mas não teve tempo para dizer nada, pois Rosa vinha decidida com Escórpio em seu encalço, pedindo perdão — não era mais desculpas — pela milésima vez.

— Rosa, me escute, por favor — pediu o garoto quase desesperado.

— Já escutei. Agora pode ir? — respondeu Rosa com livros nas mãos. Não vacilou nem uma vez com o olhar suplicante de Escórpio.

Ela sentou-se ao lado da prima, sem olhá-lo. Escórpio Malfoy parou de frente com as costas de Rosa.

— Rosa... — começou ele, mas foi interrompido.

— Tchau, Malfoy.

— Argh! Não sei por que eu corro atrás de você, Rosa. Há tantas outras garotas querendo ir ao baile comigo...

— Então vá com elas — respondeu prontamente. O rosto de Escórpio ficou vermelho.

— É, talvez eu vá com uma delas. E, então, você perceba que cometeu um grande erro — disse o garoto. Só que era mentira e Angelina sabia disso.

— Erro — Rosa riu ironicamente. — Já tenho par, Malfoy. Agora dá o fora.

Escórpio, surpreso, ficou onde estava. Ele olhou suplicante para Angelina: É verdade? Quase imperceptivelmente, Angelina negou com a cabeça. Com esse gesto, Escórpio pareceu recobrar a confiança.

— Quanta mentira, Weasley — sussurrou ele. — Você ainda será minha, não vou desistir. — E, dizendo isso, saiu marchando para a mesa da Sonserina.

Todos ficaram em silêncio. Tiago vibrava por sua prima não querer nada com Escórpio. Angelina começou a comer e, instintivamente, olhou para a mesa dos professores e notando que a professora Marisa e o professor Chase não estavam à mesa. A garota sentiu um tremor que nada tinha a ver com o frio.

Os amigos de Tiago se juntaram a eles alguns minutos depois, reclamando do professor Bins (o único fantasma que ensinava uma matéria terrivelmente chata, com ele, pelo menos) que os deixara na sala por tacarem pedacinhos de giz no professor (“— Mas era para acertar o lixo, professor — alegara Jared.”). Tiago riu gostosamente. Mas Angelina prestava atenção em outra pessoa.

Teddy, que chegara junto com Marcus e Jared, estava calado, perdido em pensamentos. Pensamentos que Angelina conseguia ler facilmente. Agora ela sabia por que Lílian chegara corada.

— Com quem vocês vão ao baile? — perguntou uma voz animada. Todos levaram um susto e olharam para a irmã mais velha de Fred, Roxanne Weasley. Uma garota de cabelos escuros e pele da mesma cor lustrosa, e de sorriso animado. Outra que não havia ido para Grifinória (ela era da Corvinal).

— Hã... eu vou com Angelina — respondeu Tiago na mesma hora, todo orgulhoso.

— Eu vou com uma colega sua, Rox — disse Marcus. — Emily O'Donell.

— Ah, sim. Sei quem é. — Assentiu a garota. — E você, Teddy?

— Quê? — perguntou o garoto, surpreso. — Ah, eu estou esperando uma resposta — pelo canto dos olhos, olhou para Lily.

— Ah! E você, Rosa? Lily? — Roxanne olhou para as garotas.

— Não tenho par ainda — respondeu Rosa indiferente. — Estou pensando com quem eu vou. — Tradução, pensou Angelina, Escórpio Malfoy.

— Eu tenho que dar uma resposta a alguém — Lily corou. Tradução, pensou Angelina novamente, Teddy Lupin.

— E você, Jared? — indagou Roxanne. Jared, um garoto bonito e forte, de cabelos pretos e olhos azuis, sorriu para a garota.

— Com você — disse ele com firmeza. Roxanne corou levemente. — Alguma objeção?

— Não — respondeu Roxanne. — E o Alvo? — tornou ela, olhando para os lados. Tiago deu uma risadinha.

— Com Rachel Humphrey — respondeu Teddu distante. Roxanne pareceu surpresa.

— Mas... mas ela não estava com você, Tiago?

— Terminamos já tem tempo... — respondeu o garoto, olhando para Teddy. — Teddy, você disse que estava esperando uma resposta. Achei que você ia com Victoire.

— Ah, não — Teddy voltou sua atenção para os colegas, enquanto Roxanne se espremia entre Angelina e Rosa. — Ela vai com alguém melhor do que eu — ele não pareceu muito contente.

— É, ouvi uma menina do quarto ano dizer que ela vai com Daniel Davis, o monitor chefe da Corvinal — confirmou Roxanne, roubando uma batata do prato de Rosa. — Sinto muito, Ted.

— Não tem problema. Não é por ela que eu estou assim — e indicou seu rosto apático.

Angelina olhou para Lily, cujo os olhos estavam fixos em seu próprio prato. Então, ouvi uma exclamação e viu Alvo entrando de mãos dadas com Rachel, rindo.

Eles ficaram em silêncio, olhando para os dois. Alvo sorriu para Angelina, agradecendo-a; a garota retribuiu o sorriso e encarou Tiago. Este sorria para o irmão, que sentou-se logo depois com Rachel à mesa da Grifinória. Nem parecia que Rachel havia, um dia, namorado com Tiago.

— Severo, está começando a ganhar o meu respeito — disse Tiago cheio de admiração.

— Larga do meu pé, Sirius — resmungou Alvo, mas sorrindo.

Rosa riu e todos a olharam; esta corou.

— O quê? Eu acho engraçado que vocês sem chamem pelo segundo nome — justificou Rosa, corada, encolhendo os ombros.

Voltaram a comer, interrompendo apenas para rir com alguma piada que Jared e Marcus contavam. Angelina escutava apenas o que queria; estava se sentindo meio enjoada, alguém a estava observando e, por algum motivo desconhecido, as vozes em sua cabeça pareceu chegar ao volume máximo. Já havia algum tempo — desde que começara a namorar Tiago — que os pensamentos dos outros não a incomodava.

Sentindo que, se comece mais um pedaço de sua torta de maçã, vomitaria, Angelina largou o garfo no prato e reprimiu a vontade de apertar a cabeça. Engoliu em seco e se levantou. Tiago a olhou, franzindo a testa.

— Tenho que ir à biblioteca — respondeu à pergunta não verbalizada de Tiago.

— Mas deram uma pausa nos deveres de casa — reclamou o garoto.

— Só porque você prestou seus N.O.M's, não quer dizer que eu tenha de ficar de bobeira, também — Angelina tentou sorrir. — Tem matérias novas, embora não tenha aquela tonelada de deveres. Afora os quatro anos que tenho de aprender. Depois a gente se vê, está bem?

— Claro — Tiago sorriu e a beijou.

Angelina afastou-se do Salão Principal, ainda com a sensação de que estava sendo observada. Subiu as escadarias de mármore em direção à biblioteca. Desviando-se da gata do zelador Filch, Madame Nora.

Sentou-se à uma das mesas e escolheu um livro aleatório, embora não sentisse a mínima vontade de estudar. Era só para a bibliotecária, Madame Pince, não reclamar.

Abriu o livro a esmo, sem realmente ler alguma palavra enquanto, aos poucos a dor de cabeça ia diminuindo, pois, o silêncio da biblioteca ajudava. Todos estavam almoçando e teriam aula dali a pouco.

Ainda fingindo ler, Angelina escutou uma voz muito conhecia à suas costas:

— Que livro podre para se ler!

Angelina quase deu um grito que, por sorte, não escapou. Danica flutuava com uma expressão enojada. Angelina não sabia se sentia medo ou surpresa ou saudades. Mas, no fim, acabou sorrindo.

— Danica! — sussurrou. — Você está sumida! Por onde andou?

Danica sorriu.

— Fico feliz. Sentiu tanta a minha falta assim? — Danica, porém, respondeu com o tom de voz normal. Ninguém podia ouvi-la.

— Você sabe — Angelina deu de ombros —, quem mais me daria susto? — Danica riu e flutuou para perto de Angelina. — Então, onde esteve? — Angelina deixou de lado o livro não lido, para olhar Danica melhor.

Danica parecia mais transparente do que a última vez que Angelina a vira. Ficou imaginando o que a fantasma estaria fazendo, uma vez que não se podia ler a mente de um fantasma. Portanto, só restava imaginar o que a fantasma estaria fazendo, pois parecia mais estranha do que o normal — se é que ver fantasmas era uma coisa normal.

A menina fantama ficou em silêncio, ponderando se dizia a verdade ou não. Angelina a viu tremeluzir e desaparecer por dois segundos, antes que Danica respondesse:

— Eu estive na casa dos meus pais. E fazendo outras... outras coisas. Mas, na maior parte, eu fiquei em casa.

— E como eles estão? — sussurrou Angelina, ao ver um garoto da Lufa-Lufa passou por eles.

— Bem... Eles gostam de você, sabia? — pareceu que Danica estava triste ao dizer aquilo em voz alta. — Falam muito de você.

Deduzindo o que Danica quis dizer, Angelina falou com a voz tão baixa que Danica precisou se concentrar no que a garota dizia.

— Eles podem gostar de mim, Danica. Mas amam você; nunca a deixaram partir. Você está em cada pensamento mais profundo deles. Você morreu jovem, e eles têm medo de dizer algo em relação à você, pois foi doloroso perdê-la. — Angelina a olhou. — Por favor, não pense que eles a deixaram de lado só porque eu apareci. Eu desejaria saber se meus pais pensam em mim, como eu penso neles.

Danica deixou uma lágrima transparente cair, que nunca molharia o chão ao sair de seus olhos.

— Desculpe, eu não...

— Deixa isso para lá — disse Angelina. — Vai me contar o que esteve fazendo?

Danica abriu a boca para responder, mas foi interrompida por uma voz que Angelina bem conhecia:

— Fazendo o quê?

— Danica... — Angelina olhou desesperada para a fantasma, que sorriu e sussurrou um”Eu volto mais tarde” e desapareceu como sem pre fazia.

Lily foi ao encontro de Angelina, que a esperava ainda sentida. Sentia-se irritada por sua amiga tê-la procurado. Não podia ter esperado só mai um pouquinho?, iria saber o que um fantasma andava fazendo quando ela não os via.

Mas, ao ver a expressão da amiga, parou no ato. Lílian parecia estranha, seus cabelos vermelhos estava sem vida e, a expressão, cansada. Angelina lembrou-se de Teddy e sabia que era sobre ele que Lily queria falar.

A garota sentou-se ao lado de Angelina e apoiou os cotovelos na mesa, onde colocou a cabeça nas mãos.

— Rosa está furiosa com a gente — Lily riu sem humor. — Porque estamos matando aula. — Acrescentou. Ao olhar para Lílian, percebeu que a amiga parecia mais velha do que era.

— Por que você está assim? — quis saber Angelina, embora soubesse a resposta. Mas, preferia perguntar, parecia mais normal.

— Pensei que soubesse — respondeu Lily.

— E sei. Quer falar sobre isso?

Lily suspirou e entrelaçou os dedos.

— Sim. — Disse a amiga por fim.

Angelina, então, esperou que Lily falasse. Sabia o que a amiga estava pensando; ela mesma enfrentara aquele impasse com Tiago.

— Sabe, o Teddy terminou com a Victoire — começou Lílian. — Mas foi por mim. E depois ele me convidou para ir ao baile... eu não sei o que fazer.

— Você gosta dele — não era uma pergunta. Lily assentiu timidamente.

— Sei que ele é meu... primo. E Tiago o mataria, ele consegue ser mais ciumento que meu tio Rony e meu pai juntos — reclamou Lily ressentida. — São três bobões.

Angelina riu baixinho, pois madame Pince acabara de passar por elas.

— Lily, quando eu te conheci — sussurrou Angelina —, você era decidida e, bem, maluquinha. Por que está assim agora?

— Eu nunca namorei, entende? E, mais uma vez a minha vida volta para ele, Tiago não largaria do meu pé! — sussurrou em resposta Lily.

— Com Tiago eu resolvo. Mas, se ele quer ficar com você, aceite. Não se culpe nem nada, Lily. Se é amor verdadeiro, não fique sentada só calculando os contras — disse Angelina. — Vá com ele ao baile. Faça uma surpresa.

— Surpresa desagradável — resmungou a outra — para Tiago e...

— Deixa o Tiago para lá! É a sua felicidade, Lly — Angelina falou impaciente. — Aceite o convite e vá com Teddy.

A voz de Angelina ecoou pela biblioteca, mas valeu a pena ao ver o sorriso no rosto da amiga, que logo desapareceu quando madame Pince veio marchando na direção das duas, com a expressão furiosa.

— O que vocês estão fazendo? — perguntou madame Pince, com a expressão colérica. — Gritando na biblioteca? Fora as duas! Agora, agora!

Angelina e Lily pegaram suas coisas e correram para fora da biblioteca, rindo.

— Que louca! — riu-se Angelina e Lílian a acompanhou.

— Não — corrigiu Lily ainda rindo. — É mal amada mesmo! — E as duas riram mais.

•••

— Pare de reclamar, Rosa, que coisa — Lily desviou os olhos de O Pasquim, para olhar a prima, que a olhou de um jeito maníaco, fazendo-a ficar parecia com a mãe. — E pare de me olhar desse jeito; parece a tia Mione.

— Não, não paro não, Lílian Luna! — gritou Rosa assustando umas garotinhas do primeiro ano que iam passando. — Você tem que ter responsabilidade; tem que cumprir suas tarefas...

— Dá um tempo, Hermione Dois — protestou Hugo, irmão de Rosa. Esta lançou-lhe um olhar fulminante e se dirigiu para Angelina, com cara de quem chupou limão azedo.

— E você, Angelina? — perguntou de braços cruzados.

— Na biblioteca. A Lily me encontrou lá. — Respondeu Angelina com calma, desenhando círculos nas costas da mão de Tiago.

O rosto de Rosa se anuviou depois dessa confirmação e sentou-se em uma das poltronas, calada. A sala comunal estava cheia e por isso havia muito barulho. O estômago de Angelina revirou mais uma vez, a cabeça latejava mais do que nunca. Por que aquilo estava acontecendo?

— Rosa — conseguiu proferir Angelina. Rosa a olhou e logo se assustou ao ver a palidez da amiga.

— Angelina! — gritou Rosa, fazendo todos a olharem. — O que...?

— Um... um balde! — pediu a garota sem fôlego, largando a mão de Tiago.

— Ah... tá — disse Rosa desesperada e falou o feitiço. Na mesma hora, um balde cinza apareceu e Rosa o entregou a Angelina. Esta o pegou e enfiou os rosto dentro do objeto.

Ela vomitou enquanto todos a olhavam preocupados. Tiago segurava os cabelos negros da garota, para que não sujasse; Lílian, Rosa e os outros a observavam calados.

Quando Angelina emergiu, viu quatro pares de olhos a olhando. Só que ela sabia que não havia acabado; seus olhos saíram de foco e logo estavam no Salão Principal abarrotado de estudantes trajando vestes a rigor. Algo, porém, estava errado. Enquanto os outros dançavam, uns homens de capas pretas se postaram, cada um, a uma distância de seus amigos e pares... Os olhos de Angelina voltaram ao normal. Ela engoliu em seco e se recostou na poltrona, ainda pálida, com os braços de Tiago a envolvendo.

— Angel? Amor? — chamou Tiago. A garota o olhou. — Quer ir à ala hospitalar? A madame Pomfrey cuidará de você.

— Não — respondeu Angelina, fazendo esforço para não balançar a cabeça ao dizer aquilo.

— Mas você está mal — rebateu ele, preocupado.

Angelina o olhou e depois olhou em volta; então, sussurrou no ouvido de Tiago:

— Ela vai perguntar por que eu estou assim e eu não posso dizer que foi por conta de minha habilidade de ler pensamentos, Tiago. Eu só preciso de um pouco de silêncio.

— Está bem, está bem — rendeu-se ele, bem na hora em que uma garota do sétimo ano parou em frente dos dois.

— Angelina White? — indagou a garota, olhando enojada para o balde. Rosa percebeu e tratou de limpar o balde e sumir com ele logo em seguida.

Angelina olhou para a garota e assentiu. A menina, então, estendeu um pergaminho para Angelina, que o pegou.

— Mandaram lhe entregar isto — e se virou, sorrindo, para Tiago. — Oi, Tiago.

— E aí, Cinthya? — Ele deu um sorriso sem graça, o que fez Cinthya corar.

— Vai ao baile? — perguntou Cinthya esperançosa.

— Vou — respondeu Tiago, cauteloso.

— E com...?

— Comigo — disse Angelina. Cinthya recuou, parecendo desconsertada. Mas Angelina sabia que seus pensamento para com ela, não eram muito amistosos.

— Ah, sim — e saiu balançando os cabelos cacheados até suas amigas. Angelina ainda a olhava com as sobrancelhas erguidas.

— Isso é incrível — reclamou Angelina. — Para os garotos, eu estou solteira. E para as garotas, eu sou invisível, a ponto delas não se tocarem que você está comigo.

Tiago riu e a beijou, fazendo as outras garotas ficarem de cara fechada.

— O que está escrito nessa carta? — indagou Lily, curiosa.

— Não sei — respondeu Angelina.

— Então abra!

Angelina revirou os olhos, mas abriu a carta. Ela leu e depois pegou o braço de Hugo e olhou para o relógio de pulso que ele tinha e olhou novamente o pergaminho. Pôs-se de pé, sobressaltando os amigos.

Ela correu para o dormitório feminino, pegou o seu material e voltou às pressas a sala comunal, indo na direção do retrato da Mulher Gorda. Gritou por cima do ombro que estava atrasada para as aulas extras. Quando passou correndo pelo buraco.

As aulas correram bem. A todo minuto, Angelina olhava para o retrato de Dumbledore e Snape, esperando uma resposta que não viera. De nenhum dos dois. A professora e diretora McGonagall era exigente, ela sabia; mas com Angelina, ela não era tão rigorosa. Afinal, a garota era ótima em todas as matérias — tanto no quinto ano, quanto nos anos que perdera.

Contudo, não era nisso que Angelina pensava. Pensava no baile iminente e nos Caçadores de sua visão; pensou, também, no vestido que lhe mandaram anonimamente. Quem conhecera sua mãe? Será que estavam mentindo? E o que aconteceria aos seus amigos no dia do baile? Aquela visão não era realmente boa.

Enquanto andava pelos corredores vazios e gélidos de Hogwarts, sua mente não parava de elaborar umas respostas para se encaixar às suas perguntas. Mas nenhuma delas pareciam coincidir.

O coração de Angelina deu um pulo uma porta se abrindo à sua frente. Reprimindo um grito, Angelina continuou a andar em direção à sala comunal da Grifinória. Mas uma voz que a fez ficar arrepiada da cabeça aos pés e o estômago dar uma volta completar, a chamou.

— Andando a essa hora pelos corredores, senhorita White? — perguntou a professora Marisa Dare à porta da sala.

— Eu estivesse fazendo aulas extras, professora — justificou Angelina ainda enjoada. — Pode perguntar para a diretora, se a senhora quiser verificar.

— Por mais que eu não goste, senhorita White, sei que não estás mentindo. — Estás?, registrou Angelina. — Mas a senhorita não deveria andar sozinha por aí.

— Eu sei, professora.

— A senhorita é muito boa, não só em minha matéria, mas nas outras também — comentou Dare. — Como consegue?

— Eu estudo bastante, senhora — explicou a garota desconfiada. — Eu não me importo.

Marisa deu-lhe um sorriso que não chegava aos olhos. Tão frios e calculistas, que Angelina sentiu vontade de vomitar de novo. Engoliu o enjoo, mas sem romper o contato com os olhos da professora.

— Que gracinha — Dare afinou a voz. — Você gosta de estudar! Sinceramente — ela voltou com seu tom de voz normal —, sua redação sobre os contos de fadas me intrigou bastante. A senhorita é tão esperta e tão poderosa! Parece até que sabe de algo.

— Desculpe, professora, mas não sei aonde a senhora quer chegar.

E era verdade. Angelina não conseguia entender o que a professora queria dizer com aquilo. E como Angelina não podia ler a mente de Dare, ficava mais difícil decifrar as palavras da outra.

Marisa Dare a olhava de um jeito que beirava a ódio e curiosidade. Depois de algum tempo, a procurando voltou a falar.

— Só estou querendo dizer que você é inteligente. — Por que Angelina não acreditava nela? — Sua redação foi a melhor. Por incrível que pareça, melhor do que a da senhorita Weasley... não sei por que, mas eu gosto de você.

— A senhora está mentindo — disse Angelina com calma.

Dare piscou, parecendo surpresa.

— Como disse?

— Eu disse que a senhora está mentindo. Eu sei que não gosta de mim. — Repetiu Angelina sem levantar a voz.

— Como a senhorita sabe disso? — Dare levantou uma das sobrancelhas.

— Não sei... — a garota encolheu os ombros. — Apenas sinto que a senhora não fala a verdade.

Ambas se encararam. Angelina tentava decodificar os pensamentos da professora enquanto Dare não a deixava penetrar em seu escudo. Decorrido alguns minutos, a duas saíram daquela pequena batalha silenciosa.

Dare fingiu tristeza.

— Que pena que não acredite em mim, Angelina — disse a professora.

— Eu sei que a senhora continua a menir, professora. Então, deveria eu sentir pena da senhora, não acha? Fale a verdade, professora... Pelo menos uma vez. — Angelina esperou uma resposta, que ela sabia que Dare não daria. Angelina demonstrou-se verdadeiramente triste. — Que pena, professora — disse Angelina. — É uma pena que a senhora não fale a verdade. Bem, como a senhora disse, está tarde. Boa noite, professora.

Angelina estava no fim do corredor, mas conseguiu ouvir o que a professora de Estudos dos Trouxas falou.

— A senhorita ainda vai cair do seu pedestal. Tome cuidado, Angelina. Não se mexe com Marisa Dare.

E aquele foi o boa noite da professora.




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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e...
Comentem!