The Curse - Red Apple escrita por Miss Stilinski


Capítulo 19
capítulo dezoito


Notas iniciais do capítulo

Oii!



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— Narrador—

O dia que todos esperavam finalmente estava chegando. Faltava apenas uma noite para o tão aguardado baile de inverno. Todos estavam animados e não comentavam sobre outra coisa, a não ser o baile. Angelina era a única que não estava tão empolgada assim; não depois da visão que tivera e daquela conversa estranha entre a professora Dare e o Caçador.

Ela havia comentado que não queria mais ir, mas Lily quase surtara à simples menção de a amiga não ir.

— O quê?! — gritara Lílian na quinta-feira, duas boites antes do evento. — Enlouqueceu? Não, você vai ter que ir. Tiago está... vibrando porque está indo com você, Rosa tem um plano e eu... eu aceitei o convite de Teddy, que você falou para eu aceitar. Agora tire essa ideia da cabeça e vai pensando no que vai fazer no seu cabelo.

Angelina, então, não teve escolha a não ser ir ao baile. Ela, também, pensou em Tiago, que realmente estava empolgado de estar indo ao baile com a garota; embora tentasse não demonstrar, mas os pensamentos dele pareciam estar gritando. Alvo estava feliz com Rachel (Tiago passava pelos dois e sorria para o irmão marotamente) e ia ao baile com ela; Rosa ia com Escórpio ( porém, ele ainda não sabia) e Lily estava namorando (escondido, por enquanto) com Teddy, e este parecia ter voltado ao normal depois que a garota aceitara ir ao baile com ele.

O castelo todo estava agitado; professores iam de um lado para o outro — tinham liberado os alunos depois do almoço —; Hagrid carregava objetos que era impossíveis de carregar por uma pessoa normal e os alunos aguardavam, com ansiedade, pela noite de sábado.

Angelina estava cansada de ouvir todos aqueles pensamentos direcionados a um evento que Angelina temia com todas as suas forças. Poderia ser divertido, se ela não tivesse ouvido Marisa Dare naquele dia. Ela só não contava a Tiago o seu temor, pois ele estava animado por levá-la para o maldito baile.

Agora, toda vez que Angelina passava, Marisa Dare a olhava com um sorrisinho debochado, quase triunfante. Aquilo não era um bom sinal. Angelina sabia que Dare estava tramando alguma coisa contra ela; só não sabia o que tinha feito para Dare querer o seu mal.

Ela encontrava nos jardins, sozinha, andando em companhia do passarinho azul, que encrava a neve bravamente. Não queria ficar ouvindo os outros falaram do baile. Mais a frente, Angelina viu um fantasma mais sólido do que os do castelo e mudou seu rumo sua caminhada, ainda seguida pelo pássaro azul. Havia muitos fantasmas “sobreviventes” da batalha perambulando por Hogwarts; Angelina só os evitava, procurando fingir que eles não existiam. O único fantasma que Angelina falava era Danica.

O passarinho era um ponto azul no meio do branco da neve, misturado com o preto das vestes de Angelina. Só havia os dois naquela manhã gelada, exceto pelo fantasma e...

— Danica! — chamou-a Angelina.

Danica virou-se para a garota e sorriu. Ela flutuou até Angelina, que estava feliz em ver alguém cujo não conseguia ler os pensamentos.

— E aí, Angelina?

— Você está diferente — disse Angelina inclinando a cabeça. Danica parecia mais translúcida do que a primeira e última vez que Angelina a vira; os cabelos já não estavam tão castanhos, a pele não parecia mais pálida e ela já não tinha aquela cara de sabe-tudo.

— Eu? — perguntou Danica. — Ah!, sim — ela parecia perdida em pensamentos.

— O que houve? O que... o que você fez quando não está aqui e nem em casa? — quis saber Angelina; não estava gostando da aparência da fantasma.

— Nada, Angelina — respondeu Danica. — Eu só estive pensando. — Ela olhou em volta e soltou um suspiro. — Sinto falta daqui. De tudo. Até da professora McGonagall.

Angelina ficou em silêncio, prestando atenção nas palavras de Danica. Quando Danica falava da saudade de estar viva, fazia com que Angelina ficasse calada.

— Eu ouvi o que você disse — Danica mudou de assunto de repente, fazendo Angelina ficar assustada.

— O que eu disse? Eu já disse tantas coisas...

Danica riu.

— No dia que você desabafou seus dons para suas amigas — explicou Danica com simplicidade. — Eu ouvi tudo.

— Ei, você estava lá?! Por que não apareceu? — perguntou Angelina indignada. — E o que você quis dizer com “Eu ouvi tudo”?

— Quantas perguntas, Angelina — riu-se Danica. — Bem, sim, eu estava lá. Eu não apareci porque iam achar você louca por me olhar amedrontada — ela deu uma risadinha. — O que eu quis dizer é que você tem razão. Você não pode me ajudar, eu tenho de decidir sozinha.

Naquele momento, Angelina parecia louca falando supostamente sozinha. Mas ela não se importava, Danica estava pensando mesmo em partir?

— Ainda não sei o que você está querendo dizer — Angelina não queria acreditar que Danica queria ir embora.

— Acho que sabe, sim. Não fique assim, Angelina — acrescentou Danica ao ver a expressão da garota. — Eu ainda não decidi, embora eu esteja quase lá. Mas, quando eu voltei para a casa naquele dia em que conversamos na biblioteca, eu vi que tinha razão. Eu vi que não posso ficar aqui para sempre. Eu tenho que seguir em frente, se eu quiser ver meus pais novamente, sei que eles esperam que eu tenha ido para um lugar melhor, que eu tinha seguido em frente. Preciso parar de me prender ao plano terreno. Eu não sou mais... humana.

— Não diga isso, Danica disse Angelina, tinha lágrimas nos olhos. Danica sorriu fracamente; ao fazer isso, ela tremeluziu, ficando totalmente transparente. Angelina soltou um soluço.

— Ah, Angelina. Achei que não gostasse de mim — brincou Danica. — De qualquer modo, você tem razão. Você nunca poderia dizer o que eu tenho de fazer: seguir em frente ou não. Contudo, de certa forma, você me ajudou a ver o que eu não tinha visto.

— Por que você ficou? Por que quis ficar? Você nunca me respondeu — lembrou-se Angelina.

— Eu não queria deixar meus pais. — Ela riu sem humor. — Eu não estava pronta para morrer. Eu vi o garoto que eu gostava crescer e se casar com outra, mesmo que ele guarde em segredo uma foto minha, e ter filhos — Danica suspirou. Parecia que Angelina podia sentir a dor da fantasma. — Mas o caso é que ninguém nunca está pronto para morrer. Mas, o que todos esquecem, e que eu entendo somente agora, é que a sua hora sempre chega. Não há como evitá-la. Ou ela vem cedo demais ou ela vem na velhice. Eu entendo agora, que tudo tem um propósito e a minha hora chegou naquela noite. Isso — ela apontou para si mesma — não é natural. E eu não me arrependo de ter lutado por Hogwarts, por Harry Potter... Não me arrependo de ter morrido. Não mais.

Angelina estava absorvendo as palavras de Danica, as lágrimas escorriam pelo rosto mármore da garota. Nunca pensara na vida de Danica, nunca pensara no que Danica vivera.

— E você está indo agora? — perguntou Angelina com a voz fininha.

— Não. Mesmo que eu quisesse, não poderia — respondeu Danica.

— Por quê?

— Não posso lhe dizer — ela parecia relutante. — Só posso falar que eu não vou deixá-la. Não posso.

— Danica, o que houve? — indagou Angelina, ainda com lágrimas nos olhos. — Danica?

Mas Danica olhava além dela e nada respondeu. Lançou um olhar com pesar e desapareceu.

— Danica! — gritou Angelina, bem na hora que Tiago chegava por trás dela.

— Quem é Danica? — perguntou Tiago franzindo o cenho.

Angelina virou-se e jogou-se nos braços do amado, chorando. Este, confuso, envolveu a cintura da garota. Em seu peito, Angelina chorava, manchando a blusa dele de lágrimas. Ele não fazia ideia do que estava provocando o choro, mas ficou ali, a consolando como podia.

Tiago acariciou os cabelos negros da garota, afastando os flocos de neve do topo da cabeça dela enquanto a outra mão envolvia firmemente a cintura de Angelina.

— Vamos para sala comunal. Lá você vai se aquecer — disse Tiago. Angelina assentiu. — E me explicar o que aconteceu.

O belo pássaro azul piou solenemente, rodopiou em volta dos dois e, logo depois, se embrenhou na Floresta Proibida. Tiago o observou voar para longe, hipnotizado. Balançou a cabeça e conduziu Angelina para o castelo. Que pássaro era aquele?

Esse pensamento pareceu despertar um pouco Angelina, gerando dúvidas que, com certeza, ela não sabia as respostas. Pensou no vestido em seu dormitório e em quem o mandara; como essa pessoa sabia sobre sua mãe. E esse pássaro azul incomum? O que ele era? Porque, toda vez que Angelina estava nos jardins ou nas partes externas do castelo, esse passarinho aparecia? Por que Danica disse que não poderia deixá-la?

Angelina mal percebeu que Tiago a ajudava a atravessar o retrato da Mulher Gorda. Ele sentou-se na melhor poltrona e ajudou Angelina deitar no colo dele. Ela ainda estava atordoada e triste com Danica; ela sabia que nunca passara muito tempo com a fantasma, mas gostava dela.

Eles ficaram em silêncio, embora a sala comunal estivesse apinhada de alunos. Tiago não sabia por onde começar, pensava em várias perguntas, mas mudava de rumo e não dizia nada. Angelina suspirou e, olhando para a lareira, respondeu:

— Danica é... uma fantasma.

— Ah! — Tiago estava surpreso.

— Você não pode vê-la pois ela não decidiu nem ficar nem seguir em frente — disse Angelina ao ler a pergunta na mente do garoto.

— E por que estava chorando?

— Porque ela vai embora — fungou Angelina. — Ela vai seguir em frente.

Tiago suspirou e passou a mão nos cabelos de Angelina, tentando fazê-la se sentir melhor.

— Mas é o certo, Angelina. Não é... natural permanecer aqui.

— Eu sei. É por isso que eu estava chorando — disse Angelina, olhando para Tiago, que exibia seu sorriso maroto.

— Não se preocupe, princesa. Vai ficar tudo bem — falou Tiago ainda sorrindo.

•••

O sol fraco mal acabara de invadir as pálpebras de Angelina e já estava sendo acordada por três pessoas diferentes: Rosa, Lílian e, para a surpresa dela, Rachel. As três diziam coisas incoerentes aos ouvidos de Angelina, que tentava, de qualquer forma, protelar na cama e ver se conseguia dormir mais um pouco. Não queria de jeito nenhum se lembrara que o dia mais esperado pelas garotas do castelo e temido por ela.

Cada uma gritava algo diferente, fazendo a cabeça de Angelina doer já de manhã. E ela não entendia nada.

— Levanta, Angel!

— Temos muita coisa para fazer!

— Acorda!

Angelina não queria abrir os olhos, mesmo estando acordada. Ela achava que, se ficasse quieta, talvez elas fossem embora. Mas isso não aconteceu e ela foi sacudida até abrir os olhos e seu obrigada a resmungar:

— Está bem — sacudiram mais uma vez. — Está bem. — A sacudiram tanto que ela teve de se levantar. — JÁ ESTOU ACORDADA! — E jogou o travesseiro a esmo, acertando em cheio o rosto de Rachel, arrancando risadas de Rosa e Lily. — Desculpe — pediu Angelina, tampando a boca para reprimir o riso.

Rachel ergueu uma das sobrancelhas e Angelina não precisou ler os pensamentos da outra para saber o que ela ia fazer. Correu até Lily e a usou como escudo bem no momento em que Rachel jogava o travesseiro e acertava Lily no peito. Rosa e Angelina caíram na gargalhada. Lily revidou acertando Rosa no rosto. E logo tudo aquilo virou uma guerra de travesseiros.

As quatros riam e jogavam travesseiros uma nas outras. A essa altura, o quarto já estava cheio de penas e fronhas sem enchimentos; todos na sala comunal escutavam os gritos e as risadas das garotas, se perguntando o que estaria acontecendo no dormitório feminino do quinto ano.

Tiago, Teddy e Hugo estavam entre esses alunos que olhavam para o dormitório das garotas. Os três imaginavam o que estaria acontecendo na guerra de travesseiros, com expressão sonhadoras nos rostos,já que não se podia subir as escadas para o dormitório das meninas. Então a imaginação — não só dos três — deles falavam mais alto.

Quando, enfim, as quatro se cansaram, desceram para a sala comunal quase vazia. Rosa restaurara, com ajuda de Angelina, os travesseiros e as camas; porém, ainda tinham vestígios nos cabelos e riam quando viam as penas nas vestes ou no topo das cabeças. Tiago — e mais dois garotos que estavam sentados em uma das poltronas — observou Angelina olhar para o decote da blusa e tirar uma pena dali, depois olhar para as garotas, que riam com ela. Ele engoliu em seco.

Angelina o olhou e sorriu; um sorriso que fez o coração de Tiago se acelerar e sentir outras sensações que não eram tão novas assim. Queria tê-la semente para se e havia conseguido.

— O que foi, Tiago? — indagou Rosa entre risos, arrancando-o de seus devaneios.

— O quê? — Ele olhou para a prima, que ria da cara dele. Aborrecido, ele cruzou os braços. — Você é muito engraçadinha, Roselindinha — a garota fez uma careta ao ouvir o apelido que o pai lhe dera. — Não tem coisa melhor para fazer, não?

— Para sua informação, Tiagolícia, tenho sim — respondeu a prima mau humorada. — E você vai mara a surpresa— completou com sarcasmo.

Tiago descruzou os braços e encarou Rosa. Sabia que não vinha coisa boa quando ela falava assim; só Deus sabia o que ele já havia passado ao ouvir aquele tom de voz da prima. Ela provavelmente aprendera com Lílian ser assim.

— Que surpresa, Rosa Jean Weasley Granger? Pode me dizer? — quis saber Tiago com seu jeito mandão. Mas Rosa passou por ele, de queixo erguido.

Rachel deu uma desculpa de que tinha ver Alvo e Lily conversava animadamente com Teddy. Olhou para Hugo, que deu de ombros e disse “Não olha para mim.” e, por último, olhou para Angelina, que lhe dava um sorriso travesso.

Ele foi até ela, que o esperava no mesmo lugar. Assim que se deram as mãos, uma corrente elétrica passou pelos dois, ambos sentindo uma ligação tão forte que Tiago desejou ter a sala comunal só para eles, para beijá-la como nunca beijara uma garota antes.

Angelina sentira a mesma coisa. Olhou-o com os olhos desejosos e calorosos, sua pele formigando mais intensamente ao segurar a mão do garoto, vendo seus pensamentos.

— Hum... — disse ela.

— O quê? — sussurrou Tiago no ouvido da garota, roçando o nariz em seu pescoço.

— Seus pensamentos são... intensos, sabe — comentou Angelina, sentindo sua nuca pegar fogo ao toque de Tiago. — E como você consegue mudar de pensamento tão rápido?

— Não sei — respondeu ele, agora com os lábios nos dela, sem se importar com as pessoas os olhando. — Você entorpece os meus sentidos.

— Não sente vergonha por pensar essas coisas? — perguntou Angelina corando ao ver o que Tiago imaginava.

— Não — disse ele olhando nos olhos de Angelina.

— Não? — exclamou Angelina surpresa. Ele balançou a cabeça, sem demonstrar vergonha; apenas sorria maliciosamente.

— Quero que saiba que eu a desejo tando quanto eu te amo — Tiago, então, a beijou.

— Ei, vão para um quarto! — gritou Teddy de uma poltrona atrás deles. Angelina riu nos lábios de Tiago, que atirou um objeto desconhecido no amigo. De onde ele arranjara aquilo, Angelina não sabia; apenas que acertara o alvo, pois Teddy exclamou: — Ai!

— Quer sair daqui? — indagou Tiago.

— Espero que não seja para um quarto — brincou Angelina.

— Não... eu não sou esse tipo de garoto — disse ele, sério. — Mas, se um dia quiser...

— Agora não, Tiago — riu-se Angelina.

— Um dia? — insistiu Tiago, esperançoso.

— Um dia — concordou a garota.

•••

Angelina se encontrava no dormitório, que agora estava cheio: Lílian, Rosa, Rachel e as outras garotas se arrumavam para o baile. Angelina tentou protelar, porém, Lily a apressou dizendo que Tiago a aguardava. Angelina suspirou e deixou que Rachel a maquiasse com habilidade.

Rosa ajeitava os cabelos que, na realidade, eram armados iguais aos da mãe. Lily disse à Angelina que a prima fazia o cabelo ficar liso toda manhã. Por isso que Rosa acordava mais cedo do que os demais.

— Angel, vai usar qual vestido? — perguntou Rosa, pois Angelina recebera um traje a rigor de Maria e Sam dois dias depois que lhe mandaram o vestido da mãe. Maria se desculpara seis vezes numa mesma frase.

Angelina suspirou.

— Eu quero usar o da minha mãe, mas não sei como usar sem magoar Maria. Ela me ajudou tanto — disse Angelina pesarosa.

— Ah. Ambos são lindos — comentou Rosa.

— Eu sei. Se houvesse um jeito de unir os dois em um só...

— Na verdade... eu posso dar um jeito — ofereceu Rachel timidamente.

— Sério?! — Lílian exclamou surpresa.

— Claro — sorriu Rachel. — Faço isso o tempo todo com roupas que eu julgo feias.

— E o que está esperando? — perguntou Lily com seu jeito de sempre.

— Os vestidos, oras — respondeu Rachel revirando os olhos.

Angelina pediu para Rosa, que já estava com os cabelos trançados e lisos, para pegar os vestidos. Rachel elogiou os vestidos, totalmente admirada e, logo depois, pôs-se a trabalhar. Lily com os cabelos ruivos soltos e ondulados com uma presilha prateada unindo os mesmos, começou a fazer o cabelo de Angelina.

Rosa já se vestira; usava um vestido verde água colado e na penas se abria em rabo de seria e, no decote, havia um broche com um leão ornamentado em dourado. Os cabelos estavam presos em uma trança embutida e a franja solta que caía-lhe um poco abaixo dos olhos. Ela esperava as garotas enquanto observava Rachel fazer, literalmente, um milagre de Natal.

Rachel, que fizera um meio rabo de cavalo, ainda estava unindo os dois vestidos. Pelo o que mostrava, parecia estar fazendo um belo trabalho.

Lílian olhou para Angelina e depois sorriu.

— Espere aí — disse e saiu do quarto.

— E para onde mais eu iria? — resmungou Angelina revirando os olhos.

— Terminei! — exclamou Rachel animada, quando duas garotas saíram já arrumadas.

Angelina virou-se na cadeira e Rosa havia se aproximado de Rachel. Esta tocou o vestido com a varinha para finalizar e estendeu-o para que ambas vissem o resultado.

As duas fizeram cara de assombro, bem na hora em que Lily adentrava novamente o quarto.

— Parabéns, Rachel — aprovou Lílian. — A cada dia que passa você tem se provado não ser a vadia que eu pensava que fosse.

— Hã, obrigada... acho — respondeu Rachel vermelha.

— Ficou lindo! — disse Rosa. — Angelina vai ficar perfeita nele.

— Não exagera, Rosa — Angelina balançou a cabeça. — Obrigada, Rachel. Está lindo mesmo;

— De nada — sorriu a garota. — Tenho que me vestir. O que é isso na sua mãe, Lílian?

— Me chame de Lily — pediu Lílian. — É algo para Angelina. Nunca usei, mas não me importo que você use primeiro, Angel.

— Não precisava...

— Pare com suas modéstias, Angel. Parece meu pai, eu hein — cortou Lily. — Se veste primeiro.

Angelina levantou-se e foi até Rachel, pegou o vestido e o colocou. Ela não acreditava que estava usando um pedaço de sua mãe. Rosa a ajudou a fechar o vestido e olhou para as amigas.

— Como eu estou? — indagou, insegura, Angelina.

Rachel, que já calçava os sapatos, sorriu.

— Por que não se olha no espelho? — sugeriu Rachel. — Modéstia à parte, foi o melhor vestido que eu já fiz.

Angelina tentou ir até o espelho, ignorando os pensamentos da amiga que a segurou pelo braço.

— Não, não — impediu Lily. — Só depois que eu terminar o seu cabelo.

Lily a fez sentar-se longe do espelho e começou a trabalhar com o cabelo de Angelina, que via Rachel endireitar a maquiagem. Ela usava um vestido branco com manga três quartos, com pregas acima do joelho, um cinto fino dourado envolvia a cintura da garota, combinando com os sapatos pretos.

Ao terminar, Lílian colocou a presilha com pedras vermelhas no cabelo de Angelina, de forma que todas as madeixas negras dela ficassem em um falso rabo de cavalo de lado.

— Agora sim, pode se olhar no espelho. — Disse Lílian, arrastando a garota até o espelho.

Foi como no dia em que Tiago lhe mostrara o espelho. A maquiagem estava leve, apenas um batom vermelho que marcava mais seus lábios; o vestido era uma mistura de azul com branco, era colado e marcava as curvas perfeitas do corpo dela, uma abertura (que não havia nos outros vestidos) ia até a coxa de Angelina; havia um decote nas costas, trançado com as duas cores, mas que mostrava a pele alva da garota. Ela nunca se achara tão bonita quanto agora.

— Gente — disse Lílian, já vestida (usava um vestido vermelho tomara que caía tão sexy, que Tiago morreria, e mudara o penteado para um coque mal feito e um simples colar dourado pousava no pescoço), fazendo Angelina a olhar —, os garotos mandaram avisar que vão nos esperar no Salão Principal, porque estamos demorando.

Rosa de virou para Angelina, que soube imediatamente o que a amiga pensava.

— Uma boa ideia — soltou Angelina.

— O quê? — perguntou Rachel, que não conhecia o segredo de Angelina.

— Ah, nada — respondeu rapidamente Rosa, indo até a própria mala. De lá, ela tirou uma capa rosa e entregou para Angelina, que a vestiu, deixando apenas os sapatos brancos à mostra. — Legal. Vamos?

As outras concordaram e desceram para a sala comunal, que estava completamente vazio. Atravessaram o retrato da Mulher Gorda e seguiram para o Salão Principal. Angelina ainda estava temerosa pela visão.

— Já colocou seu plano em prática, Rosa? — indagou Lílian ao parar no último degrau da escadaria de mármore.

— Claro — respondeu Rosa sorrindo. — Vamos garotas, um formação.


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Notas finais do capítulo

Esse foi grande :)
Espero que gostem e...
Comentem!