The Curse - Red Apple escrita por Miss Stilinski


Capítulo 11
capítulo dez


Notas iniciais do capítulo

Valeu por ler, Laís!



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— Narrador —

 

Os passos de Angelina eram os únicos que se ouviam. Todos estavam em suas salas comunais lendo algum livro, fazendo algum dever ou, talvez, até mesmo dormindo. Era oito horas. O jantar já havido sido servido e a garota reparara na ausência de Marisa na mesa dos professores. Angelina não sabia o por que, mas aquilo não era uma coisa boa.

A menina passava por quadros que a seguiam, que falavam com ela, que a insultavam, só para chegar até a gárgula que guardava o gabinete do diretor. Ou melhor: diretora. Ela havia recebido um bilhete para apresentar-se ao gabinete. Chegou na frente da gárgula e disse a senha que estava no pergaminho. A gárgula girou, mostrando escadas em espirais. As escadas a levaram para cima e a gárgula voltou-se para o lado de fora, escondendo a passagem.

Ela parou em frente a uma porta em forma de arco, com madeira ornamentada. Angelina bateu na porta que abriu-se logo em seguida, revelando uma diretora apressada. Minerva McGonagall apareceu surpresa ao vê-la ali.

— Ah, senhorita White — disse a diretora, ajeitando seus óculos quadrados no rosto. — Espere um minuto aqui, por favor. Já venho falar com a senhorita. — A professora deu passagem para a garota. Quando McGonagall estava pisando no primeiro degrau, voltou-se para Angelina: — Peço que não mexa em... nada, senhorita White. — Angelina assentiu e entrou no gabinete da diretora. Ela sabia o por que da professora não queria que esta não mexesse em nada. Tudo aquilo era uma lembrança. A professora não gostava dele, mas ele era o seu melhor amigo, uma grande perda.

Angelina andou por entre as bugigangas que não sabia identificar. Tudo indicara que as coisas que estavam ali fora trocada de lugar várias vezes, até que ficassem bem arrumados no canto da sala. Ela observou tudo, desde a mesinha com vários aparelhos estranhos até os quadros acima da mesa da diretora.

Sentou-se em uma cadeira em frente a mesa da diretora e olhou mais uma vez o que estava a sua volta. Seu olhar caiu sobre o Chapéu Seletor, sua curiosidade a vencendo, fazendo-a se levantar, porém, uma voz — que não pertencia à diretora — a sobressaltou:

— Senhorita White, o último que o colocou na cabeça, ficou com raiva e foi embora. — O quadro de um senhor de idade, barba comprida e prateada, óculos meia lua e olhos azuis penetrantes a olhava. Angelina ficou surpresa. O quadro. O quadro estava falando com ela. E sabia seu nome! Por que ela ainda se surpreendia?

— Me desculpe, senhor — pediu Angelina. O senhor sorriu levemente enquanto o do lado a olhava atentamente.

— Tudo bem, senhorita White. Ser curioso faz parte da vida — disse o velho. — Suponho que a senhorita queria saber o que o chapeu quis dizer sobre você. — Angelina arregalou os olhos.

— Como... como sabe, senhor... Desculpe, mas não sei o seu nome — falou Angelina corando.

— Achei que soubesse — disse o outro, de nariz comprido e cabelos pretos e um tanto oleosos.

— Tudo ao seu tempo, Severo. Contudo — ele olhou para Angelina —, eu esperava que soubesse. Meu nome é Alvo Dumbledore.

— Ah! — disse Angelina. Como pôde esquecer dele? O havia visto inúmeras vezes na mente da professora McGonagall e no Sapo de Chocolate, no cartãozinho na vinda para Hogwarts! A última vez que o vira, foi quando a diretora desceu as escadas. E, é claro, o nome do irmão da Lily. — Os senhores são Alvo e Severo! O mesmo nome de um dos Potter!

— Ah, a senhorita se lembrou — sorriu Dumbledore, embora estivesse ligeiramente corado, enquanto Severo olhava para o outro lado. Dumbledore olhou para o colega. — Ora, Severo! Harry já o perdoou por tudo.

— Depois de tudo o que eu fiz — disse Severo Snape, carrancudo —, ele ainda colocou o meu nome no próprio filho. E eu sempre o detestei.

— Isso só prova que ele era Lílian em pessoa, meu caro amigo. — Consolo-o Dumbledore, mas Snape não quis ouvir. — E você sempre...

— Professor Dumbledore — interrompeu Angelina, sem graça, e o velho diretor a olhou. — Como... como o senhor sabia que eu...?

— Senhorita White, só porque eu sou um quadro, não quer dizer que eu não saiba quem você é — respondeu Dumbledore, sorrindo para Angelina.

— E... quem eu sou, professor? — indagou Angelina. — Porque nem mesma sei.

Dumbledore trocou um olhar significativo com o quadro ao lado, Snape.

— Infelizmente, senhorita White, terá de descobrir sozinha — disse o quadro de Dumbledore. — Mas, não tenha medo de seus poderes, Angelina — era a primeira vez que ele falava o primeiro nome dela. — Você é especial.

— Espere um momento. Como sabe dos meus poderes? — perguntou Angelina, com medo. Os únicos que sabiam de seus poderes — e isso não era algo para se aliviar — eram os Caçadores. Angelina, porém, nunca soube a resposta. Pois a diretora entrou no gabinete naquele exato momento.

•••

— Onde você estava, Angel? — perguntou Lily, fazendo Angelina sentar-se ao seu lado.

— Minha primeira aula de Transfiguração com a McGonagall, Poções e Defesa Contra as Artes das Trevas — respondeu Angelina, cansada. As aulas exigiram bastante dela, mas não fora difícil. Era a conversa com Dumbledore que a deixara inquieta o resto da noite. Agora, a única pessoa com quem ela poderia desabafar, estava dentro de um quadro no gabinete da diretora. O único que a entenderia e não a julgaria mal. O único que podia dizer a verdade. Como ela faria para vê-lo de novo?

Angelina sentiu-se ser empurrada por alguém. Olhou para os lados, à procura da pessoa que havia tirado de seus devaneios e encontrou Lílian a encarando.

— O que deu em você? — exclamou a garota. Angelina suspirou e olhou em volta. — Comeu alguma coisa lá? Porque, por via das dúvidas, pegamos comida para você.

A sala comunal estava vazia, exceto por Angelina, Lílian e Rosa, que estavam sentadas nas melhores poltronas em frente à lareira, esperando por Angelina.

— Não comi nada — respondeu Angelina, percebendo que estava com fome por conta de tanto esforço.

— Por quê? — perguntou Rosa, empurrando um copo, uma jarra e um prato cheios de sanduíches para Angelina. A garota pegou um sanduíche e olhou em volta mais uma vez.

— Eu... eu falei com um quadro. — E olhou para as amigas, que trocaram olhares. As duas pensavam a mesma coisa: que Angelina batera a cabeça com força. É claro que ela falara com um quadro. Todos os quadros da escola falavam. — Mas foi com um diretor. Não era um quadro qualquer — justificou Angelina, um pouco aborrecida. Os olhos de Rosa se iluminaram.

— Qual dele? — Rosa perguntou animada.

— Alvo Dumbledore — disse Angelina.

— E o que ele disse?

— Que... que sabe quem eu sou — Angelina olhou para o fogo, que ainda crepitava na lareira. — Que eu sou especial. — E se virou para as amigas com os olhos cheios de lágrimas. — Sabe quanto tempo da minha vida eu passei procurando alguém que soubesse quem eu sou? O que eu sou? — Ela balançou a cabeça. — Quase minha vida inteira me escondendo de pessoas que queriam me matar e, agora, eu encontro alguém que conhece a mim mais do que eu mesma. — Angelina enxugou os olhos nas vestes.

Lílian afagou o braço de Angelina.

— Se quiser, pode se abrir conosco. Somos suas amigas — disse Lily. Mas Angelina balançou a cabeça negativamente.

— Não... Não posso. Vocês não entenderiam, não aceitariam. Vocês serem minhas amigas, já basta. Eles podem vir atrás de você e... e eu nunca iria me perdoar se algo acontecesse a vocês — e colocou as mãos nos rosto.

Elas ficaram em silêncio. Rosa postou-se ao lado de Angelina e abaixou-se para ficar na altura da amiga; passou as mãos nas madeixas negras e lisas de Angelina. E lago aconteceu ao receber o toque: ela estava parada. Aquela era Rosa lembrando-se de Angelina sorrindo. Ainda usava as vestes negras de Hogwarts. Mas algo acontecera. Ela não estava feliz; era uma lembrança triste. Por que ela estava assim? Então, a realidade caiu sobre Angelina: ela não viveria. Ela ia morrer! As lágrimas caíram dos olhos de Angelina. Toda a sua vida ela passara fugindo para sobreviver e agora tudo pelo qual lutara poderia não acontecer.

Rosa acariciou mais uma vez os cabelos de Angelina, ao ver que esta chorava.

— Você não confia em nós? — indagou Rosa.

— É... cl-claro que eu confio — respondeu Angelina, soluçando. — Eu não confio neles.

Quem são eles, Angelina? — Era a primeira vez que Lily falava o nome de Angelina em semanas. — Nós queremos ajudar. Nós podemos ajudar. Mas você não deixa!

— Vocês não entendem...

— Não, não entendemos. — Interrompeu Rosa, rudemente. — Então nos ajude a entender.

Angelina a olhou. Era evidente que estavam preocupadas com ela. Não era necessário ler a mente das duas. Mas... como contar o seu maior segredo? Ela nunca contara a ninguém, a não ser David. Mas este era igual a Angelina e morrera tentando salvá-la.

Ninguém poderia salvá-la.

— Nós queremos ajudá-la. Por favor — pediu Lily e Angelina engoliu em seco.

— O que querem saber? — decidiu Angelina por fim. Rosa e Lily trocaram olhares antes de perguntar.

— Por que esses... Caçadores quem você? — indagou Lílian.

— Eles me querem porque... — Ela fechou os olhos. — Porque eu tenho poderes.

— Poderes? — Rosa inclinou a cabeça. — Todos nós aqui tempo, Angel. Somos bruxos.

Angelina lhe dirigiu um sorriso tímido.

— Eu sei — respondeu Angelina. — Só que sou diferente dos outros bruxos. Eu posso ler a mente de cada um de vocês — disse apontando para as amigas —, posso ver, um pouco, o futuro, posso ver fantasmas. — E lendo os pensamentos de Lily, acrescentou: — Eu sei, Lily, que todos podemos ver fantasmas. Mas é só aqui. Eu vejo aqueles que não decidiram nem ficar nem seguir em frente o tempo todo — Angelina avaliou o estado de Lily quando ela disse o que a mesma estava pensando. — Eles acenam para mim. Querem a minha ajuda. Porém, eu não posso ajudá-los a achar o caminho. Eles têm de decidir sozinhos.

— Então... você lê pensamentos? — indagou, espantada, Lily. Angelina assentiu. — Você já leu meus pensamentos?

— Infelizmente, várias vezes — respondeu Angelina, séria. Mas Lílian tinha os olhos brilhantes. — Não pode contar a ninguém, Lily, Por favor. — Suplicou a garota.

— Tudo bem, Angel. Não contaremos a ninguém que você é especial — garantiu Rosa. Angelina suspirou. — O quê?

— Você é a terceira pessoa a me chamar de especial — disse Angelina. — Não sei o que eu tenho de tão especial — e olhou para Rosa. — Não, Rosa. Não é só porque leio pensamentos. É outra coisa. E não sei o que é — Angelina disse, frustrada. — Eu só queria ser normal. Eu queria ter uma família — ela sorriu para Rosa e Lílian — ter irmãos que me perturbassem. São coisas que eu nunca tive.

Um barulho de algo caindo chamou a atenção das três. Elas olharam para as escadas, assustadas. Será que alguém as ouvira? Olharam de uma para a outra e depois novamente para as escadas.

— Será que...?

— Não. — Respondeu Angelina à pergunta inacabada de Lily. — Mas é melhor irmos dormir. Sei que você não gosta de se atrasar, Rosa. — Sorriu Angelina para a amiga, que lhe devolveu um sorriso tímido. Lily deu de ombros.

— Já eu, quero ir para casa.

— Lílian! — exclamou Rosa, fazendo Lily encolher-se.

— Que foi? — E olhou para as escadas. — Vamos subir, antes que algum fofoqueiro escute a nossa conversa.

Elas subiram para o dormitório feminino. Angelina não sabia por que, mas achava que alguém as estava escudando de fato. E, esse alguém — suspeitava Angelina —, era Tiago Potter.

 


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Notas finais do capítulo

Capítulo grande. Eu sei. Espero que gostem e...
Comentem!



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