Polícia - O Início escrita por judy harrison


Capítulo 16
Sangue Frio


Notas iniciais do capítulo

O destino entregou de volta a Bruce o passado do qual ele sempre tentou fugir.



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“Grace Wayne, 23 anos, assassina os pais, o magnata Steve Wayne e sua esposa Sheila Mary Wayne, uma semana depois de sair da cadeia.”

Bruce quase caiu, sentou-se novamente e ficou pálido. Seus amigos perceberam, e dois deles se aproximaram.

_ Bruce, sente-se bem?

Ele ainda olhava para o jornal. Apontou para a notícia, estarrecido.

_ Eu... Eu conhecia esse casal!

_ Puxa, Bruce, que chato. – pegou o papel e leu rapidamente – Eles foram assassinados pela filha, com mais um comparsa. A “cadela” está foragida, mas o homem foi morto pela polícia de São Francisco. Você morava lá, não é, Bruce?

Bruce apenas assentiu, tinha os olhos decepcionados e sua cabeça rodava em pensamentos.

_ De onde você os conhece? – o outro colega perguntou.

_ Eram... meus vizinhos.

_ Que barra!

Já passava das cinco da tarde, Bruce precisava correr para alcançar um homem que sairia de sua residência, um suspeito de roubo e venda de produtos eletrônicos, e tinha que se concentrar no esquema que ele armou para pegar a quadrilha. Depois das coordenadas dadas ao pessoal ele saiu.

Chegou a uma praça de alimentação, estava com um colega, e havia se disfarçado, tinha bigodes e peruca, além de um óculos “garrafão” no rosto. Seu carro era simples e velho, fazia parte do disfarce.

Bruce gostava de pegar seus suspeitos à traição, e olhar em seus olhos ao dizer: “Você está preso!”. Era sua frase preferida desde o começo de sua carreira, uma frase simples, mas era o ponto final d

tudo.

Ele viu o suspeito que saia de casa com uma mala, provavelmente cheia de aparelhos de som, walkmans e rádios de pilha.

_ Vamos segui-lo de longe. Assim que ele entrar na Perua nós abordaremos a todos de uma vez.

Seu colega avisou pelo radio as outras viaturas.

Fiquem a postos, nós estamos nos aproximando deles.

Quando o homem entrou no veículo Bruce correu na direção deles e ao mesmo tempo dois carros da polícia os interceptaram.

Automaticamente os policiais saíram das viaturas com as armas em punho, enquanto Bruce se aproximou sutilmente do veículo e apontou sua arma para o rosto do motorista.

_ Saia!

O homem quase não conseguia, Bruce mantinha sua Magnum quase presa no rosto dele.

Seus colegas renderam os outros que estavam no interior da perua, e com eles havia uma grande quantidade de produtos roubados que seriam trocados por drogas e afins.

Os bandidos foram levados e Bruce conduziu a perua até o distrito policial.

Lá, enquanto conversava com o delegado, ouviu de uma pequena T.V. que ficava na recepção a notícia sobre Grace.

Ele correu para ver. Desde que soube daquela tragédia, não parava de pensar, teve medo de atirar no bandido da perua, pois sua tensão era grande e ele temia descarregá-la em alguém.

“Grace Wayne, filha de Steve Wayne, está foragida desde ontem à tarde. Ela é suspeita de matar seus próprios pais e fugir em seguida. Única filha do casal Steve e Sheila Mary, Grace havia sido presa há 5 anos por porte, uso e tráfico de drogas, ameaça de morte e invasão domiciliar. Há 10 dias ela foi solta por bom comportamento, mas segundo relato das detentas que a conheciam, ela pretendia, quando saísse da cadeia se vingar de todos que contribuíram para sua prisão, a começar por seus pais, porém não fora levada a sério. As autoridades de São Francisco estão em alerta e pedem a colaboração da população, quem tiver notícias sobre ela devem ligar para 911. Grace Wayne é considerada perigosa.”

Enquanto aquela notícia era dada, as fotos de Grace mais jovem eram exibidas, assim como a casa dos Wayne e uma foto recente de Grace, com a qual a notícia acabou. Apenas as fotos dos pais não foram exibidas. Bruce olhava e não acreditava, tinha o semblante abatido.

_ Está impressionado, Bruce? – disse a recepcionista sorrindo – Parece que nunca viu isso acontecer!

_ É diferente quando acontece com quem você conhece.

O rosto de Grace bem jovem, mostrado na tela cheia o fez sentir tristeza. Durante todo aquele tempo nunca mais pensou nela ou no amor que sentiu um dia. Em seu coração atualmente não tinha espaço para o amor, e menos ainda um amor maltratado do passado.

Mas, afinal, por que aquilo devia ser importante? Era só mais uma notícia triste e nem era de sua jurisdição.

Havia algo que o ligou àquela notícia: Vingança. Grace se vingou de seus pais, ou era o que dizia, e certamente viria atrás dele, pois tudo indicava que ela era uma pessoa astuta, já que fugiu sem deixar pistas.

Mas ele estava preparado. Entrou em contato naquela mesma hora com o delegado Pontes.

Oh, olá, Bruce! Há quanto tempo, garoto!

_ Como está, Pontes? – ele se lembrava de seu antigo chefe, era um negro simpático de 55 anos com um imenso bigode, alto e com uma ligeira gordura em seu abdômen, devido à flacidez do corpo musculoso que teve nos anos dourados. Pontes o ajudou muito em sua ascensão na carreira.

_ Bem, bem! Ontem mesmo Laurence e eu falávamos de você. Estamos com saudades de suas burradas! – eles riram – A que se deve a ligação?

_ É sobre os Wayne.

_ Ah, sei, eu imaginava que você ligaria. Bruce, a coisa está feia mesmo. o governador está me pressionando para encontrar essa menina. O desgraçado comparsa dela que podia nos ajudar quase meteu uma bala eu um dos meus homens, teve que ser alvejado.

_ Eu entendo. - suspirou– Pontes, eu acho que ela virá atrás de mim.

Seguiram-se uns segundos de silêncio.

_ É, nós falávamos justamente sobre isso. Não preciso dizer que pode contar conosco.

_ Não estou com medo dela, só preciso saber como ela vai agir, então pensei em lhe pedir que você passe pra mim o inquérito. Pode mandar por fax.

_ Eu não sei, Bruce. Sabe que isso é proibido.

_ Eu tenho certeza que ela virá. Preciso ler o inquérito, Pontes. Ninguém precisa saber o que você fez. Além disso, quantas leis nós infringimos antes? Lembra-se de quantas vezes me ajudou? E quantas vezes você se arrependeu?

_ Todas! Olha o que eu fiz! Você saiu daqui! – as risadas eram de saudade – Você tem razão, pirralho! Eu darei um jeito!

_ Obrigado, Pontes. Dê lembranças a Laurence e minha mãe por mim. Estou aguardando aqui.

Bruce esperou um pouco, ali mesmo na delegacia, e em minutos recebeu o fax do inquerido do caso Wayne.

Ele voltou para sua casa. Morava em um hotel, por conveniência do dono, e dele mesmo, pois lá ele tinha serviço de quarto e cozinha, além de lhe sair tudo de graça, exceto a comida. Uma vez ou outra realizava favores ao proprietário, nada que infringisse a lei, apenas atalhos que o favorecesse de algum jeito. Havia aprendido isso com Pontes e Laurence, usar sua autoridade para acelerar processos e se livrar de inconveniências e burocracias.

Enquanto ele lia os papeis, recordava sua vida em São Francisco onde nasceu, na casa que só deixou para morar em New York e onde Betsy e Laurence estavam agora, em sua mãe que não via havia cinco anos.

O que Grace tinha a ver com aquilo tudo? Por que ela ainda mexia com ele? Por que aquele frio na barriga ao pensar nela, em sua voz, nos lábios que um dia beijou, bem ou mal, no gosto que nunca esqueceu...

Ele a odiava, essa era a única verdade, e estava preparado para quando a encontrasse. Não sabia, porém, quão preparado estaria quando esse dia chegasse.

Depois de ler tudo que precisava, ele constatou uma única coisa, que Grace era fria e calculista, nenhuma novidade para quem teve coragem de matar os pais com suas próprias mãos, a sangue frio, e depois sumir daquele jeito, enganando toda a polícia da Califórnia. A única coisa que a diferia de outros assassinos era que ela provavelmente pensava em matar o homem que não conseguiu enganar, por despeito.

Mas havia outra história de Bruce que viria à tona também e viraria seu pesadelo.

Grace estava em New York. Seu cabelo estava preto e curto, e ela vestia roupas de homem, aparentando um moleque, com uma blusa de napa e um gorro grande na cabeça.

Era a aparência que ela usava para andar nas ruas da cidade durante o dia, à procura de informações a respeito do homem que aprendeu a odiar como uma obsessão. Até que o viu na televisão.

_ Bruce Warwick! Seu desgraçado!

Ela disse baixo e sorrindo, enquanto olhava a vitrine de uma loja de eletrodomésticos com pelo menos dez TVs ligadas e Bruce em todas elas, no mesmo canal. Ele fitava a imagem com um olhar sádico, repudiando a pose de autoridade que ele tinha ao falar de um magnata morto por asfixia em seu próprio veículo. Ele era lindo, era um sonho! Seus olhos verdes azulados deixavam as mulheres eufóricas, no interior da loja, suspiravam por ele e mandavam beijos para a TV, como insanas. Grace apenas as observava.

_ Eu vou entrega-lo a vocês, mas fatiado! – disse ainda baixo e sorrindo, no mesmo tom sádico que quando ria para ele, um riso sempre de ódio e desejo de matar. Agora estava decidida pro tudo, não importava para onde ia depois.

Era de manhã quando Bruce chegou ao escritório.

_ Alguém viu o capitão? – ele disse ao ver seus amigos reunidos perto de sua mesa, mas eles o encaravam com preocupação, o que o impressionou, pois sempre eram alegres e brincalhões pela manhã – O que eu perdi?

_ Bruce, - disse o mais velho deles – você tem uma visita.

_ Visita? - ele o encarou e ficou preocupado também.


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Notas finais do capítulo

Agradeço as leitoras Fraan e Solemn Hipnotic pelo apreço!
Faça como elas e deixe seus reviews!



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