Polícia - O Início escrita por judy harrison


Capítulo 17
DRAMA MATERNO




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Bruce foi para a sala de interrogatórios e viu quem o esperava.

Era sua mãe.

_ Bruce! Oh, meu filho!

_ Mãe!

Os dois se abraçaram com força. Betsy chorava de saudades do filho, o apertava como se quisesse grudá-lo em seu corpo.

Ele também a segurava firme. Sentiu sua falta por tanto tempo, mas nunca ligou ou deu notícias, seus amigos o faziam por ele. Bruce amava sua mãe e esse era o motivo de se afastar, nunca se conformou em tê-la perdido logo para o homem que admirava, e não podia combater com ele, e por isso preferiu a ausência e o silêncio.

_ Eu vi você na televisão, meu filho! Três vezes! – ela falava com orgulho enquanto secava suas lágrimas com um lenço que já trouxe consigo, sabia que derramaria muita água de seus olhos ao rever seu amado filho.

_ Oh, mamãe! – ele também tinha seus olhos molhados – O que veio fazer em New York? Onde está Laurence?

Ele a conduziu à mesa.

_ Ele está falando com o delegado da cidade. Eu tenho uma notícia ruim, filho. – ele ficou atento – Laurence quer me deixar aqui com você, por que acha mais seguro.

_ Como assim, mãe? O que está acontecendo?

Ela respirou um pouco antes de tirar um bilhete da bolsa.

_ Eu encontrei isso ontem pela manhã na caixa do correio.

Bruce pegou o pedaço de papel. Nele tinha uma escrita com letra deturpada, mas legível. Dizia:

“Bruce, vou te seguir onde estiver e vou te encontrar.”

Para Betsy e Laurence não havia dúvidas de que era de Grace.

_ Pontes já sabia? Eu falei com ele...

_ Estávamos lá quando você ligou. Eu sinto muito, filho, não queria te preocupar. Mas Laurence achou que se eu ficar aqui será mais seguro, por que ele teme que ao estar trabalhando ela apareça.

_ Olá, Bruce! – era Laurence que chegava.

Eles se cumprimentaram.

_ Você tem alguma notícia? - Bruce perguntou.

_ Não, mas achamos que esse bilhete é dela. Sua mãe precisa de proteção, e eu sei que você tem mais poder aqui em New York, então pedi ao comissário que dê a ela três policiais para protegê-la em sua casa.

_ Bem pensado, Laurence. Mas eu moro num hotel. – se aproximou de sua mãe e segurou sua mão – Mamãe, minha casa não é nada confortável para a senhora.

_ Não me importo, filho! Estar perto de você já me acalenta.

Os dois se abraçaram, Laurence ficou feliz em vê-los daquele jeito, pois muitas vezes viu sua esposa amada chorando de saudades.

Mas havia um equívoco que só mais tarde alguém perceberia a respeito daquele bilhete.

Bruce, Laurence e Betsy foram para o carro, uma viatura que estava estacionada na frente do escritório. Antes de saírem com sua mãe, Bruce a deixou perto do carro e foi com Laurence para dentro procurar os agentes que ficariam de plantão com ela naquele dia.

Do outro lado da rua, um menino sentado tomando sorvete a observava.

Era Grace. Devido a sua estatura pequena ela se passava por menino com muita facilidade, exceto pelo rosto, mas ela o disfarçava com um gorro e manchas de sujeiras feitas com lápis de olho.

Certa de que Betsy não a reconheceria, ela se aproximou.

_ Moça, me dá um trocado?

_ Oi! – disse Betsy, sempre doce – Eu vou ver se tenho.

Mas ao tirar sua bolsa do braço, Grace a arrancou dela e correu o mais rápido que pôde para virar a esquina e se jogar dentro de um bueiro ali perto. Ela havia estudado todo o local, depois que chegou. Soube pelos viciados do centro que lá era o ponto de partida de Bruce.

Sempre pensando em pega-lo diretamente, esperou por ele todo o dia que passou, mas ele sempre estava acompanhado em diligências. Como a rua era movimentada, ninguém notava uma criança andando pra lá e pra cá com uma mochila nas costas. Mas ela não conseguiu nada antes, e voltou para lá naquela manhã. Porém, não esperava encontrar Betsy, uma mulher que ela bem conhecia, tão boa e calma.

_ Ei! Minha bolsa! Bruce! Bruce! – gritou.

Ele apareceu afobado.

_ O que foi, mãe!

_ Um menino... ou menina, eu não sei..., roubou a minha bolsa!

Bruce correu para a direção que ela apontava, mas não conseguiu ver nada.

Por nunca andar naquele pedaço de calçada, Bruce não sabia que a tampa do bueiro podia ser retirada.

Quando voltou, ele disse, desanimado.

_ Eu não vi ninguém, mãe. Parece que ele evaporou! O que tinha na bolsa?

_ Nada importante. A bolsa de documentos e dinheiro está no carro de Laurence. Aquela tinha meus lenços, alguns papeis e minha blusa... Ah, minha blusa!

_ Tudo bem, mãe. Eu compro outra pra senhora.

_ Posso passar numa loja agora...

_ Eu disse que eu vou comprar! – disse Bruce com ciúmes.

_ Ok! – Laurence disse indo para seu carro – Betsy, você vai com Bruce, eu tenho que pegar dois dos agentes em outra unidade. Estarei lá em breve.

No caminho para o hotel, Betsy olhava orgulhosa para Bruce.

_ Você está um charme, meu filho! – ele sorriu - Não sabe o rebuliço que foi quando viram você na televisão lá na rua! Na primeira vez vieram gritando... Eu quase tive um ataque!

Betsy sorria, e Bruce via seus dentes e seus olhos, ela ainda era linda, como sentiu falta dela! Mesmo achando tudo aquilo sobre a TV uma bobagem, ele fingiu gostar.

_ E eu estava bonito? - disse sorrindo.

_ Metido, - bateu levemente em sua perna – sabe que estava! Até quem eu não conhecia ia lá e me dava os parabéns! Eu fiquei tão feliz... – mas ela começou a chorar.

_ Ah, mãe! O que foi agora? – disse com carinho.

O carro chegou e ele entrou no saguão do hotel.

Eles foram para o apartamento, e Betsy não se importou se lá dentro tinha roupas por todo lado, muita poeira e utensílios de cozinha espalhados pelos móveis. Ela sentou-se no sofá depois de afastar umas roupas e ficou em silêncio.

_ O que foi, minha morena de olhos verdes? – ele disse para vê-la sorrir e conseguiu um leve e discreto sorriso, era assim que seu pai Willy a chamava e que ele guardou na mente, sempre falava isso quando queria ver seu riso – Mamãe, tem algo mais para me contar? – ela levantou os olhos – Laurence tem tratado a senhora bem?

_ O que importa pra você? Nunca mais foi me ver. – disse magoada.

_ Não fale assim, mãe! Sabe que eu estava...

_ Ocupado? Nem uma ligação, uma carta. Nem quando estava em São Francisco, me ligava.

_ Tentei duas vezes, mas Laurence atendeu, e a senhora não estava!

_ Nas duas vezes que você ligou eu estava na casa que você deixou para trás para morar com seus colegas de serviço.

_ Eu precisava estar perto do batalhão, e lá era uma república...

_ Cinco anos, Bruce! Achei que não se importava comigo, que fiz algo errado...

_ A senhora não, mãe. Laurence tirou a senhora de lá sem minha permissão. Eu não quis interferir já que estavam tão felizes. O que isso importa agora? A senhora não está feliz? – estava chateado.

_ Eu estou, mas nunca fui completamente por que o meu único filho a quem dei minha vida me desprezou, Bruce! – ela já estava chorando na metade da frase.

Bruce se levantou e virou as costas, sabia que ela estava certa. Mas como lidar como um drama materno? Aquele coração não entenderia amenos que ele fosse sincero.

Virou-se para ela e sentou-se ao seu lado.

_ Mãe, não faça isso. Sei que errei, mas o que a senhora queria? Que eu dissesse: “Ok, leve de mim tudo que tenho”, e ficasse feliz?

_ Pensei que torcesse por minha felicidade.

_ E torcia. Ainda torço. – ele a abraçou com ternura – Mas não sabia que isso incluía a senhora me deixar. Eu te amo, Senhora Betsy Warwick.

Ela correspondeu ao abraço dizendo:

_ Betsy Warwick Barrett!

Ele suspirou e se levantou, como o semblante sério.

_ Falando nisso, não me respondeu ainda. Ela a trata bem?

_ Vai ter que perguntar a ele. – ela queria sorrir, parar de ser a mãe dramática e começar a aproveitar a presença do seu “bebê”.

_ Acha que ele diria se a maltratasse? – cruzou os braços.

_ Ele é o melhor marido do mundo, então diria se me maltratasse.

_ Isso é uma piada? – disse sorrindo com um tom falso de indignação.

_ É! – eles riram – Laurence é tudo que disse ser, nós nunca brigamos e ele jura que sou bonita. É o melhor marido do mundo.

_ Eu sei. Por isso, mesmo odiando-o por ter tirado você de mim, eu sabia que ele seria bom pra você. – ele voltou e a abraçou de novo – Me perdoe por minha estupidez, mamãe!

Obviamente ela o perdoou e ficaram bem um com outro, sem ressentimentos.

Enquanto isso, em outro lugar de New York, Grace praguejava o momento da armadilha que fracassou.


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