Famintos escrita por equipe3v


Capítulo 3
Novo Mundo


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, desculpem pela demora, não vamos mais atrasar para atualizar.
Enfim, boa leitura. :)



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"Todo morador dessa região deverá imediatamente se mover para o parque principal de BroomsVille, esta área corre risco de contaminação. Repito, todos os moradores deverão ir imediatamente para o parque principal da cidade." dizia o alto-falante do helicóptero. Várias pessoas corriam com crianças, malas, caixas em seus braços, as ruas estavam lotadas de carros que mal saiam do lugar, tiroteios e explosões ouvia-se de longe.

– Vamos, não podemos ficar aqui. - gritou Mark colocando uma mochila em suas costas.

– Não sem o papai. - Lea respondeu sentando-se no sofá.

– Será que você não está ouvindo o alto-falante lá fora? - ele disse nervoso.

– Sim, mas ele vai vir nos buscar, se nós não estivermos aqui, não será fácil nos achar no meio dessa confusão. - tentou convencê-lo.

– Eu também acho mais seguro ficarmos aqui. - disse Miyoon enquanto olhava pela janela. - Não vamos conseguir nos mover no meio disso, e também logo vai anoitecer. - completou.

– Ok. - Mark se deu por convencido. - Vamos trancar tudo e esperar o nosso pai.

Mal acabou de dizer tais palavras e a porta foi aberta, Mark, por reflexo, segurou a porta e empurrou tentando fechá-la.

– Espere, deixe-nos entrar. - gritou a pessoa lá de fora.

– Vão embora, não tem nada para vocês aqui. - Mark gritou empurrando a porta.

– É o Ron! - Lea gritou. - Deixe-o entrar.

– E por que eu deixaria ele entrar? - olhou confuso para irmã.

– Por favor, não vamos machucar ninguém, só queremos um lugar pra ficar! - Ron gritou.

Mark não aguentou segurar a porta por muito tempo, Ron era muito mais forte que ele e ainda tinha a ajuda de Lewis. Os dois entraram rapidamente e trancaram a porta.

– Vocês estão invadindo minha casa, vou chamar a polícia. - Mark olhou para eles furioso.

– Me desculpe. - Ron disse ofegante. - Bom, acho que chamar a polícia agora não vai adiantar – respondeu ele em um tom zombeteiro.

Os garotos estavam acabados, Lewis tinha arranhões no rosto e Ron estava com a gola da camisa toda rasgada, sem duvidas eles haviam brigado.

– Ouvimos o alto-falante lá fora e resolvemos sair, no mesmo instante, várias pessoas invadiram a casa e me roubaram. - Ron tentava recuperar o fôlego.

– Ah meu Deus, você está bem? - Lea se aproximou apavorada.

– Como está lá fora? - Miyoon perguntou preocupada.

– Um caos. As pessoas estão loucas, estão atacando umas as outras, parecem animais, está muito difícil a situação lá fora, fico me perguntando como isso veio acontecer. - ele respondeu.

– E você querendo sair. - Lea resmungou para o irmão.

– Aqui tem um porão? - perguntou Ron a Mark que assentiu. - Ótimo, com esses tiroteios creio que seja mais seguro no subsolo.

– Ok, vamos. - Mark saiu em direção a entrada do porão.

– Leve suprimentos, não sabemos quando será seguro subir de novo.- Ron avisou.

Eles esvaziaram a dispensa, os armários e a geladeira levando tudo para o porão.

– Nossa, alguém mora aqui embaixo? - perguntou Lewis enquanto descia as escadas, ele estava admirado até mesmo com o cuidado que aquele porão possuía.

– Meu avô vinha para cá nos fins de semana. - Lea respondeu. - Ele ajeitou tudo isso aqui, era um dos lugares preferidos dele para relaxar. - sorriu.

O porão era grande e espaçoso, havia um sofá, uma poltrona, uma estante de livros e várias outras coisas embaixo da escada. O ambiente era pouco iluminado por uma pequena janela próxima ao teto, havia um velho rádio amador em cima de uma mesa empoeirada, tudo tinha um leve cheiro de tabaco com menta.

– A propósito, meu nome é Lewis. - deu um sorriso malicioso para Lea. - E você é? – aproximou-se na tentativa de ser simpático.

– Lea. - respondeu friamente, não gostando do jeito do rapaz.

– Lewis! - Ron gritou descendo as escadas carregando grandes sacolas com mantimentos. - Me ajuda aqui.

Não demorou muito para descerem com todas as coisas que recolheram, Mark trancou a porta do porão e todos ficaram se entreolhando ao som dos tiros e gritos de fora, todos estavam bem apavorados.

– Cara, obrigado por nos deixar ficar. - disse Ron para Mark.

– É só até os tiroteios acabarem, depois, caiam fora. - respondeu sem olhá-lo e sem nenhum pouco de simpatia.

A confusão se estendeu até a noite chegar, os gritos haviam parado, mas os tiros ainda permaneciam. Por mais que fosse impossível de dormir naquelas condições, todos haviam se deitado, menos Mark, que observava a rua pela janelinha do porão, havia carros abandonados, alguns capotados, outros quase destruídos por inteiro, pessoas mortas no chão, outras se arrastando suplicando por ajuda. Mark estava agoniado com aquilo tudo, não conseguia se mover e tinha medo de sair de lá, mil coisas passavam em sua cabeça, várias perguntas que eram impossíveis de se responder, como aquilo veio acontecer? Por que pessoas estão sendo mortas de um modo tão impiedoso? Seria aquele o fim dos tempos? Sua cabeça doía de tanto pensar, seu olhar estava distante, até que uma coisa o chamou atenção, uma pessoa mancando se aproximava de uma mulher que se arrastava no chão, ele curioso ficou observando, pensava que finalmente alguém veio salvar a mulher, mas de repente o sujeito que mancava se agachou e mordeu ela, mastigava sua pele como se fosse um grande bife, a mulher esperneava de dor, segundos depois tiros foram ouvidos e os dois caíram mortos. Mark ficou chocado com a cena, levou sua mão a boca, apavorado, se virou, pois não aguentaria ver mais aquilo. Ele sentou-se na cadeira assustado, lamentava pela mulher, por que aquele homem a estava mastigando como chiclete? Isso era doentio, não é uma atitude de uma pessoa consciente, aquilo era atitude de uma criatura irracional, com certeza não era humano, aquilo era um monstro. Ele olhou pela janela de novo, por mais que não queria ver aquela situação dos dois corpos caídos no chão. O homem que atacou a mulher estava com a pele de seu rosto toda deformada, roupas rasgadas e muito machucado, como uma pessoa naquele estado conseguia se mover? Mark não tirava a cena da cabeça, pensava no que viera ser aquilo, estava com pensamento longe, quando um barulho lhe chamou atenção, era Lea sentando-se ao seu lado.

– Lea, não está dormindo? - perguntou.

– Eu acho que ninguém aqui está. - ela disse. - Espero que tudo isso seja apenas um sonho, ou melhor, um pesadelo.

– Eu também espero. – Mark disse olhando-a, parecia que as palavras estavam fugindo-lhe da boca.

– Esse lugar tem o cheiro do vovô, faz tempo que não vinha aqui. – disse Lea sorrindo e Mark concordou sem responder nada.

– Eu vou subir. - ela se levantou. - Tenho que ir ao banheiro.

– Não, tem um aqui do lado da escada. - apontou para porta.

– Verdade, tinha me esquecido. - foi em direção à porta do banheiro. - Espero que a descarga ainda esteja funcionando. – disse a si mesma.

Aquilo tudo durou aproximadamente três semanas, esse tempo todo eles estiveram lá embaixo no porão, Mark subia uma vez ou outra para pegar algumas coisas. Os barulhos de helicópteros e tiros foram diminuindo com o decorrer do tempo, assim como a comida.

– Só tem isso aqui. - disse Lea entregando um pacote de biscoito para Ron.

– Temos que buscar mais. - Lewis disse pegando o pacote de biscoitos.

– Não tem mais nada lá em cima. - respondeu Mark. - Se fosse só três pessoas, a comida duraria mais. - lançou um olhar frio para Ron e pegou o pacote de biscoitos da mão de Lewis.

– Eu vou sair e buscar mais. - disse Ron.

– E o que pretende fazer? Uma compra do mês em um supermercado? Você não viu como está lá fora? - Mark apontou para a pequena janela.

– Eu andei observando o movimento lá fora nesses últimos dias, não ouço e nem vejo mais nada na rua, e os tiroteios já pararam faz tempo. - Ron respondeu.

– Mas só por que você não consegue ver nada de ruim por uma misera janelinha, não significa que o resto está tudo bem. - Mark o encarou.

– E o que quer fazer? Ficar aqui e morrer de fome? - gritou. - Eu vou subir e procurar por algo, fique se quiser. - Ron subiu as escadas e saiu.

Todos ficaram em silêncio olhando para Mark, por mais que ele contrariasse Ron, sabia que ele tinha razão.

– Estou indo também. - Lea disse indo em direção a escada.

– Você fica aqui. - Mark puxou a irmã. - Eu vou.

– E por que eu não posso ir? - ela perguntou se soltando dele.

– Você é frágil. - Mark foi subindo as escadas.

– O que quer dizer com isso? Eu sou muito mais forte que você! - gritou. - Vem Yoon, vamos.

– Eu não me importo de ficar. - ela respondeu se encolhendo na poltrona recebendo um olhar de desaprovação da amiga.

– Ei você, eu não terminei. - Lea gritou e Mark fechou a porta não dando atenção a irmã.

O garoto saiu de casa a procura de Ron, andava desordenadamente, olhava em sua volta e observava o estado em que as ruas se encontravam, pessoas mortas, objetos estilhaçados no chão, carros destruídos, aquilo tudo deixava Mark agoniado, ele desejava acordar a qualquer momento, prometia mentalmente fazer tudo o que o pai mandasse se aquilo acabasse. Ele desviava dos corpos enquanto andava, o cheiro era insuportável, ele vomitaria se tivesse algo em seu estomago, tampou as narinas com a gola da camisa e continuou a andar a procura de Ron, até que ele avistou alguém de longe.

– Ronald. - ele gritou. - Ronald! - ele corria em direção à pessoa. - Me espere.

De repente algo lhe puxou para o lado e o fez agachar, era Ron.

– O que é isso, está maluco? - Ron sussurrou.

– Quem está maluco aqui é você, tire as mãos de mim. - Mark o empurrou.

– Você fica gritando no meio da rua, você não viu o que essas criaturas fazem? - ele olhou em volta. - Por sorte você não atraiu aquela. - ele apontou para criatura que cambaleava de longe.

– Como pode ter certeza de que não é uma pessoa comum? - Mark perguntou.

– Será que você não viu aquele cano cravado no peito dele? - Ron observava a criatura. - Me diz quantas pessoas você conhece que anda com um cano atravessado no coração?

Mark olhou a criatura e reparou no cano estava realmente encravado em seu peito, engoliu seco.

– O que vamos fazer? - ele sussurrou.

– Vamos ao supermercado da rua de cima pegar comida, tome cuidado para não ser visto por eles. - Ron respondeu e correu para trás do carro da frente e Mark o seguiu.

Os dois seguiram em direção a rua de cima tomando cuidado para não serem vistos, chegaram ao supermercado e entraram. Estava tudo uma bagunça, várias coisas espalhadas. Ron pegou duas cestas do chão e entregou uma para Mark.

– Vamos, pegue só a comida que estiver em embalagens, enlatados de preferência. - disse Ron

– Eu sei, não sou um idiota – disse Mark frustrado e os dois começaram a recolher suprimentos.

–x-

– A propósito, meu nome é Lewis. – disse, sentando-se ao lado de Miyoon. - E você é? - sorriu.

– Miyoon. - respondeu.

– Oh, Yoon, muito prazer. - ele deu um beijo em sua mão.

– Corta essa, Lerme. - Lea puxou Miyoon para longe dele.

– É Lewis. - ele disse.

– Pouco me importa. - deu de ombros.

Até que um barulho vindo de cima chamou suas atenções.

– O que foi isso? - Miyoon perguntou assustada.

– Deve ser o meu irmão e o Ron. - Lea olhou para porta do porão.

Eles escutaram um barulho de vidro se quebrando que vinha de cima, parecia que algo estava sendo arrastado. Todos se entreolharam com cara de assustados.

– O que deve estar acontecendo? - Lea subiu as escadas e abriu a porta devagar.

– Espere Lea. - Miyoon disse e ela subiu junto de Lewis.

A garota espiou pela porta e viu que havia uma criatura andando em sua casa, ela fechou a porta e trancou assustada.

– O que foi? - Lewis perguntou curioso.

– Um daqueles monstros, está aqui dentro. - ela sussurrou. - O que nós vamos fazer? - olhou assustada para eles.

– Vamos ficar em silêncio, talvez ele vá embora. - Miyoon respondeu.

– Certo. - eles desceram a escada. - Tomara que Mark e Ron estejam bem. - ela suspirou.

–x-

– Já pegou o bastante? - Ron perguntou.

– Acho que sim, mas vamos dar uma olhada lá nos fundos. - ele disse andando em direção à parte de trás do supermercado.

– Ok. - Ron o seguiu.

Os dois andaram até os fundos pegando algumas latas das prateleiras do caminho, até que finalmente chegaram ao fim do supermercado. Havia uma prateleira cheia de enlatados e algumas caixas no chão, Mark foi até elas e puxou uma, de repente uma daquelas criaturas apareceu de trás das caixas, Mark não esperava por aquilo, pulou para trás deixando a cesta que estava em sua mão cair, estava com uma cara muito assustada, tentava fugir daquela situação a todo custo, a criatura esticou as mãos tentando pegá-lo. Ron olhou para o lado e percebeu que toda aquela algazarra tinha atraído mais quatro daquelas criaturas, uma expressão de pânico tomou conta de seu rosto.

– Corre! - Ron gritou desesperado deixando algumas latas caírem no chão.

Eles correram seguidos pelas criaturas que grunhiam atrás, Ron lançava alguns pacotes na direção deles tentando atrasá-los, Mark estava logo atrás, estavam quase chegando à saída do supermercado e as criaturas estavam um pouco longe, até que Mark escorregou e esbarrou em uma das prateleiras fazendo-a cair sobre ele, Ron continuava a correr sem olhar para trás, quando chegou à porta, se deu conta de que Mark não estava com ele, voltou e viu ele debaixo da grande prateleira tentando sair. Ron tentava tirá-lo debaixo de lá, puxava a prateleira para cima com toda sua força, mas estava pesada de mais, o tempo estava contra eles, cada segundo que eles ficavam ali a morte estava mais perto, as criaturas já se aproximavam, Mark continuava tentando empurrar a prateleira, já não conseguia sentir parte de sua perna direita devido ao peso em cima dela. Encurralado, Ron olhou sua volta a procura de algo que poderia ajudar, até que avistou um espeto de ferro usado para fazer churrasco, pegou e enfiou diretamente no olho da criatura que tinha se aproximado fazendo-a cair jogando seu peso totalmente para ele. Ron jogou aquele corpo podre de lado, tentou arrancar o espeto de seu olho, mas não conseguiu, as outras criaturas já estavam muito próximas, Ron pegou parte da prateleira que estava solta e deu no rosto de uma das criaturas que cambaleou de lado e logo voltou a atacá-lo, ele empurrou-a na direção das outras criaturas fazendo-as escorregarem e caírem. Logo uma das criaturas já estava de pé indo na direção de Mark, Ron deu um golpe na cara dela com força fazendo afundar sua cabeça. Outras duas se jogaram para cima dele fazendo-o cair, ele afastava suas cabeças ao máximo, uma das criaturas aproximava sua boca perto da garganta de Ron quase mordendo, aquele era o fim, Ron já não conseguia ver Mark, estava imaginando que ele já estaria morto, estava quase desistindo de tentar afastar a criatura de cima de si, quase chorando, fechou os olhos, e nesse meio tempo escutou um intenso tiroteio, percebeu que a criatura que estava tentando lhe morder já não fazia mais força, quando ele abriu os olhos, percebeu que todas as criaturas estavam caídas no chão, mortas. Não estava acreditando no que estava acontecendo, sua cabeça estava doendo junto com os músculos do seu corpo, ele estava fraco, aos poucos foi perdendo os sentidos, percebeu um vulto preto a alguns metros de distância, sem nem ao menos se dar conta do que estava acontecendo, ele desmaiou.



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Notas finais do capítulo

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