Famintos escrita por equipe3v


Capítulo 2
Um Longo Dia


Notas iniciais do capítulo

Oi galera, mais um capitulo para vocês, boa leitura :)



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A manhã de sábado de BroomsVille era tranquila e serena, as ruas estavam calmas, o silêncio dominava. Não era diferente na casa dos Schmidt, tudo o que se ouvia era apenas o tic-tac do relógio.

Miyoon acordou com os raios de sol vazando pela fresta da janela batendo direto em seu rosto. Ela levantou-se coçando os olhos e reparou que Lea ainda dormia, estava dormindo feito uma pedra, parecia uma lagartixa toda espichada na cama, ela riu da cena e resolveu não acordar a amiga, apenas trocou de roupa e desceu para cozinha que aparentemente estava sem ninguém. Ela abriu a geladeira, que por sinal estava farta, observou tudo que havia nela e pegou uma maçã, ao fechar a porta ela se deparou com Mark, ele estava segurando uma caneca de café e tinha os cabelos mais bagunçados do que o normal, Miyoon deu um pulo para trás quase deixando a maçã que estava em sua mão cair fazendo Mark rir da situação.

– Bom dia. - Mark sorriu.

– B-Bom dia... Assombração. - respondeu.

– Que estranho, já está acordada a essa hora? Em um sábado ainda? - disse Mark tomando um gole de café.

– Eu estou acostumada a acordar cedo para me exercitar. - respondeu mordendo a maçã. - Olha só quem fala. Você também está acordado. - disse com a boca cheia.

– Na verdade eu nem dormi. - sentou-se na cadeira e ligou o notebook que estava em cima da mesa. - Lea deve ter capotado né? Até imagino como ela esteja. - tentou imitar a irmã dormindo fazendo Miyoon rir quase cuspindo a maçã que comia.

–x-

Ron já havia acordado bem antes do sol nascer, estava sem sono e também tinha umas coisas para concertar. Ele estava em uma escrivaninha que ficava na sala, ouvia o rádio enquanto abria um CPU.


"E mais duas fábricas da empresa "Dr. Brilho" uma em Los Angeles e outra no México sofreram graves vazamentos, ao total 600 funcionários foram prejudicados, moradores da região perto a fabrica também foram contaminados. David Cherman, dono da empresa está enfrentando vários processos, as fábricas do centro da Europa já foram desativadas, porém os produtos da marca ainda estão em circulação nas lojas. Há uma nova acusação realizada pela "PMA", eles relataram efeitos colaterais nos usuários do produto, vômitos, febres anormais e desmaios. David Cherman não foi encontrado para entrevista, o advogado da empresa John Schmidt nega acusações. 

A seguir, hospitais em lotações, médicos estão tendo que atender seus pacientes nos corredores...”

– Não aguento mais ouvir noticias dessa empresa idiota. - disse Ron desligando o rádio. - Estão em todos os lugares, olha só, na internet estão falando que o caso do drogado encontrado comendo um cão vivo é culpa dessa empresa. Mas não conseguem inventar mais nada mesmo.

– Cara, para de falar sozinho e me deixa dormir!- resmungou Lewis do sofá.

– Folgado. - Ron tacou um sapato na direção do amigo.

–x-

– Eu vou dar uma corrida no bairro. - disse Miyoon esticando os braços para cima. - Se a bela adormecida perguntar por mim, avise.

– Aposto que quando você voltar, ela ainda vai estar dormindo. - respondeu Mark e os dois riram.

Miyoon saiu da casa e começou a se alongar. Olhou em sua volta e viu que a vizinhança estava calma, bem diferente das vezes que vinha visitar Lea, mas julgando pelo horário preferiu ignorar. Havia uma velhinha na cadeira de balanço na casa da frente que deu um doce sorriso ao avistá-la, ela retribuiu o sorriso e começou sua corrida pelo bairro. A brisa fria batia em seu rosto enquanto os raios de sol esquentavam sua pele trazendo-lhe uma sensação prazerosa, havia grandes árvores, arbustos e belos jardins em sua volta, carros passavam uma vez ou outra na rua, nesse meio tempo passaram também umas cinco ambulâncias indo na direção oposta, ela estranhou o tanto de ambulâncias que passaram em tão pouco tempo, pensou que tivesse acontecido algum acidente muito grave, mas continuou seu caminho. Miyoon havia corrido vários quarteirões, o sol começou a ficar forte e seus pés já estavam cansados, resolveu dar meia volta e seguir o caminho para casa. No caminho de volta já avistava algumas pessoas, crianças passavam brincando de bicicleta, isso a deixava animada. Virou a esquina e foi descendo a rua, essa por sinal não tinha ninguém, foi andando calmamente, chegando perto de uma viela onde começou a escutar alguns grunhidos, ela olhou para trás confusa procurando da onde vinha esse barulho, virou de volta e se deparou com um homem parado em sua frente, ele tinha a pele meio acinzentada com alguns machucados e um cheiro forte de vômito. Ela deu um pulo para trás e tentou desviar do homem, mas este agarrou seus cabelos puxando para si, como se quisesse arrancar uma mecha de sua cabeça, Miyoon soltou um grito e empurrou o homem fazendo-a soltar. A garota começou a correr desesperada, não ousava olhar pra trás, sorte que era rápida. Ele grunhindo continuou a seguir, mas ela o despitou, correu em direção a casa de Lea e entrou rapidamente com a respiração ofegante e suando frio, não conseguia nem ao menos falar, não sabia o que fora aquilo, apoiou suas mãos em seus joelhos tentando recuperar o fôlego.

– Correu bastante? - Mark disse dando um leve sorriso. - O que foi? - ele perguntou notando a cara de assustada que ele estava. - Aconteceu algo? - se levantou e foi em direção a ela.

– Um homem... - ela ofegava. - Parecia um mendigo bêbado... - Mark a conduziu para cozinha. - Ele me atacou.

– Atacou? - ele olhou assustado. - Como assim?

– Sim, ele só puxou meu cabelo, parecia que queria me morder ou algo assim, mas eu consegui escapar. – ela encostou-se no balcão.

– E você está bem? - Mark abriu a geladeira com uma cara preocupada, pegou uma garrafa d'agua e entregou para garota que balançou a cabeça positivamente.

– Eu vou tomar um banho. - disse e subiu as escadas ainda tremendo um pouco.

–x-

Havia se passado algumas horas, estava aproximadamente perto da hora do almoço quando Lea finalmente acordou.

– Bom dia! - disse Lea descendo as escadas espreguiçando-se.

– Bom dia? Sabe que horas são?- disse Mark da cozinha enquanto pegava um congelado da geladeira.

– O dia só começa quando eu acordo. - ela respondeu indo para cozinha. - O que tem para comer? - ela se esticou atrás do irmão tentando ver o que ele estava fazendo.

– Comida congelada. - respondeu abrindo o microondas e colocando o congelado lá.

– Já estou cansada de comer isso. - Bufou. - Eu posso fazer minha super macarronada? - disse animada.

– Não! - ele gritou com cara de nojo. - Eu passei três dias no banheiro depois de comer aquela gororoba.

– Não é uma gororoba, você que é um fresco. - deu um cascudo nele. - Onde está Yoon? - mudou de assunto.

– Está na sala. - respondeu. - Você sabia que ela foi atacada hoje?

– O que?! Como assim? - gritou assustada, nem ao menos esperou seu irmão responder e saiu correndo em direção a sala. – Yoon! - gritou pulando em cima da amiga.

– Oh, oi, já acordou? Pensei que estava em coma! - disse tirando Lea de cima dela.

– Como você está? - abraçou.

– Estou bem, o que foi? - ela olhou para amiga curiosa.

– Mark me disse que você foi atacada. - disse segurando o rosto de Miyoon e apertando. – O que aconteceu?

– Ah, "ixo" - tentou falar enquanto Lea apertava suas bochechas. - Ah, um velho bêbado tentou me agarrar, mas eu consegui fugir. Relaxa, eu estou bem. - tirou as mãos dela de seu rosto. - Escapei a tempo, foi tudo muito rápido.

– Não saia sozinha, por que não me chamou? - fez bico.

– Você estava dormindo, não quis te acordar. - respondeu. - Na verdade, nem se eu quisesse eu iria conseguir. Você dormia que nem uma pedra, mesmo se tivesse um terremoto você continuaria dormindo. - riu.

– Meninas, a comida está pronta. - gritou Mark.

– Vem vamos comer, estou morta de fome. - Lea puxou Miyoon para cozinha.

Eles comeram e jogaram conversa fora, Lea não parava de perguntar a Myioon sobre o ocorrido, queria saber todos os detalhes, mas logo ela desencanou.

– Ok, Lea pode lavar a louça. - disse Mark.

– Não. - respondeu.

– Eu não perguntei, eu mandei. - colocou os pratos em cima da pia.

– Por que eu? - fez cara de emburrada.

– Porque eu estou mandando. - sorriu.

– Eu posso fazer, não tem problema. - disse Miyoon se levantando.

– Não, eu faço. - Lea levantou-se mudando de ideia. - Você é convidada.

– Está bem, eu vou pregar umas tábuas na janela que o nosso querido vizinho fez favor de quebrar. Melhor deixar tampado enquanto nosso pai não vem. - disse Mark. - Miyoon, pode me ajudar?

– Sim, claro. - saiu da cozinha junto a ele.

Eles foram em direção a garagem onde Mark pegou um martelo, uma caixa de pregos e algumas tábuas jogadas no canto. Foram para sala e começaram a tampar a janela quebrada, Miyoon segurava as tábuas enquanto Mark pregava os pregos com o martelo.

– Você é tão calma e paciente, por que anda com a extravagante da minha irmã?- Mark quebrou o silêncio. - Como aguenta ela? – disse ele em tom de deboche.

– Bem, como disse, eu sou paciente. - sorriu. - Lea foi a única que veio falar comigo na escola. - entregou um prego para ele. - Depois disso, ela nunca mais me deixou sozinha. Você sabe, ela é grudenta. - os dois riram.

Lea já tinha terminado de lavar toda a louça, o chão estava todo molhado, havia algumas embalagens jogadas em cima do balcão, ela recolheu resmungando alguns palavrões para o irmão, foi em direção do lixo que estava quase transbordando.

– Mas ele é folgado mesmo. - murmurou. - preguiça até de levar o lixo para fora, preguiçoso. - pegou o lixo e saiu pela porta da cozinha.

Foi arrastando o enorme saco deixando a porta aberta, chegou até a lata de lixo da calçada e jogou o saco dentro, que teve um pouco de dificuldade para entrar, até que finalmente conseguiu. Ela voltou para casa, entrando na cozinha ela se deparou com um homem parado de costas para ela, Lea arregalou os olhos e pensou no que fazer, não é sempre que se encontra uma pessoa desconhecida parada em sua cozinha, descartou a possibilidade do homem ser um ladrão, pois ele não se movia, só cambaleava de um lado para o outro, pensou então que era um bêbado perdido.

– Senhor? - ela o chamou com um pouco de medo, o homem nem se moveu. - Senhor, algum problema? Você está perdido? - se aproximou do homem. - Senhor? - tocou em seu ombro.

Homem com a pele machucada e cheiro ruim se virou e tentou agarrá-la, ela rapidamente desviou.

– Eu não quero problemas, então não tente isso comigo. - disse. - Vá embora! – gritou. Ela sempre foi mais corajosa do que sua amiga, infelizmente.

O homem nem deu atenção para suas palavras, apenas a agarrou puxando para si, ele grunhia como se estivesse sofrendo, seus olhos pareciam fumaça, era um cinza borrado, sua pele tinha hematomas e feridas, seu cheiro era muito forte, um cheiro de carne em decomposição. Ele a puxava tentando morde-la, a garota o empurrou com força e o chutou, o homem cambaleou para trás, mas logo se recompôs. Tentando agarrá-la novamente, Lea deu um golpe em seu peito fazendo-o inclinar para trás, rapidamente ela pegou uma faca do escorredor de louças em cima do balcão e cravou no ombro do homem, que para surpresa da garota, não esboçou nenhuma reação de dor. O ser continuou a agarrá-la, a menina tentou dar um chute, mas acabou escorregando no chão molhado e batendo a cabeça, o homem foi para cima dela, Lea estava um pouco atordoada, uma sensação de desespero e agonia passava por todo o seu corpo. O homem se jogou em cima dela tentando mordê-la, Lea usava suas ultimas forças tentando se proteger e deixar a cabeça do homem longe dela mesma.

– SOCORRO! - ela gritou quase sufocada.

Rapidamente Mark e Miyoon apareceram na cozinha com rostos assustados, Mark, assim que viu a situação, sem pensar deu uma martelada na cabeça do individuo em cima da irmã, ele caiu para o lado e Miyoon puxou Lea pra longe dele, o homem esticou suas mãos tentando pegar Mark, o mesmo deu fortes marteladas na cabeça dele fazendo seu crânio afundar, o homem caiu do lado e não se mexeu mais.

– Lea, você está bem? - perguntou Miyoon abraçando-a.

– O homem, ele... - Lea olhou para o chão onde ele estava caído. - Ele está morto? - gritou.

– Esse senhor, foi ele, foi ele que me atacou hoje mais cedo. - Miyoon tampou a boca assustada.

– Você o matou?- Lea perguntou apavorada para o irmão.

– Ele ia te machucar, eu estava apenas te protegendo. - respondeu meio atordoado com o ocorrido.

– Estamos ferrados, o que nós vamos fazer? - disse ela com lágrimas nos olhos.

– Eu vou tirar ele daqui. - Mark pegou as pernas do homem e foi arrastando para fora.

Lea chorando se afundou nos braços de Miyoon. Mark arrastou o homem para moita tentando esconder o corpo. Ele olhou em sua volta e viu algo que o fez paralisar, um carro de policia vinha vindo em sua direção, ele engoliu em seco, mil desculpas sobre o que um homem morto estaria fazendo ali passaram em sua mente, ele tentou parecer o mais natural possível, quando o carro passou reto, ele aliviado olhou para trás vendo a viatura ir em direção ao centro da cidade, mais três carros da policia passaram em alta velocidade indo na mesma direção, ele olhou confuso pensando no que deveria estar acontecendo. Um helicóptero apareceu no céu também indo na mesma direção dos carros de policia, uma expressão de preocupação e de curiosidade apareceu em seu rosto, até que ele escutou tiros vindos do primeiro helicóptero que passou por ele. Assustado, correu para dentro de casa. As meninas estavam no sofá, Lea ainda chorava enquanto Miyoon a confortava em seus braços. Mark estava atordoado, acabara de matar um homem, policiais em alta velocidade, helicópteros atirando, afinal, o que estava acontecendo ali? Mal começara a organizar seus pensamentos quando o telefone tocou.

– Alô? - Mark atendeu.

– Mark, sou eu, seu pai, não importa o que aconteça, não saia de casa em hipótese alguma. - John disse desesperado.

– Mas o que está acontecendo? - perguntou aflito.

– Em casa eu te explico, só não saia de casa, tranque tudo, eu estou a caminho, proteja sua irmã até eu chegar... - a voz dele estava ofegante, o fundo estava barulhento, Mark jurava ter ouvido pessoas gritando. - Mark, só uma coisa. Eu... - a ligação havia caído.



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Notas finais do capítulo

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