The Son Of The Sea escrita por Lilian Smith


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Oii, desculpa era para eu ter postado ontem, mas fui a bienal já que ontem era o penultimo dia na minha cidade. Juntei trezentos reais e gastei em menos de treze minutos. Bienal sempre suga meu dinheiro. Espero que gostem.



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Parte Annabeth

Nunca tentei matar ninguém nessa vida, não um ser humano. Mesmo que este não parece tão humano. Quando me aproximei o suficiente de Gabe para acerta-lo com a faca, eu parei, o que eu estava fazendo? Eu ia mesmo mata-lo? Lembrei a mim mesma que ele era um monstro, que quase tinha matado a mãe de Percy, e estava com o mesmo nos braços pronto para meter uma bala em sua cabeça. Mas seria eu a matar uma pessoa?

Minha parada foi o suficiente, o suficiente para Gabe se virar e atirar na minha direção. Senti uma dor aguda na perna esquerda, e meus joelhos cederam, a faca que estava nas minhas mãos caiu. Os policiais avançaram, Percy olhou para mim horrorizado. Gabe preparou novamente a arma. Mas de repente a faca que estava no chão aos meus pés um segundo antes agora estava nas mãos de Percy. Os seus olhos relatavam ódio puro. O verde que lembrava o mar calmo agora lembrava o mar em seus dias de fúria, parecia que um tsunami marinho tinha invadido os olhos dele.

Ele avançou com a arma em punho, parecia que estava mancando. Mas não se deixou abalar por isso, ele foi de encontro a Gabe. Um outro tiro foi disparado( quantas balas tinham naquela droga?) mas se atingiu a Percy ele não demonstrou. A faca cortou próximo ao peito de Gabe. Ele gemeu e tentou acertar uma coronhada em Percy, mas ele desviou. Parecia que tinha a força de um leão. Gabe deixou a arma cair, e Percy aproveitou esse momento para derruba-lo. O impacto do corpo de Gabe no chão me fez tremer. Ele derrubou Percy com um movimento dos pés, os policiais correram em nosso auxilio. Mas Percy já estava de pé, a arma apontando para Gabe, os olhos vermelhos, em algum momento ele deve ter batido a cabeça pois tinha um corte ali. A camisa estava completamente ensanguentada, a onda de adrenalina que se encontrava nele naquele momento parecia estar indo embora. As mãos tremiam, as pernas bambeavam, a respiração era pesada e audível, ele suava. Mas os olhos eram ferozes, mesmo estando com a aparência fraca, e ensanguentada, ele parecia um caçador, glorioso, um predador que tinha acabado de encurralar sua presa. Os policiais hesitaram e eu teria feito o mesmo. Naquele momento Percy não parecia ser uma criança indefesa.

- Atira! – Gabe gritou – Quero ver você ter coragem para atirar! Você nunca foi corajoso. Fracote miserável, igual a seu pai sabia? Ele deveria ser o mesmo que você, não teve coragem de assumir a família, abandonou a mulher e o filho sozinhos no mundo para se virarem. Ele é um fraco, medroso, exatamente igual a você.

- Cala a boca – Percy gritou, o seu corpo inteiro tremia, mas a onde de gloria ainda estava ali de uma certa forma. Ele ainda lembrava um caçador que tinha encurralado sua presa. – Quem é você para falar de coragem? Quem é você para me chamar de fracote? Depois de matar tanta gente, depois de fugir tantas vezes, depois de me intimidar ameaçando minha mãe, intimidar uma criança... quem você pensa que é para falar de coragem?

- Você é um fraco, medroso, se faz de forte mas é um medroso. Quase não consegue salvar a propia mãe, a amiga, o amigo. Você é um covarde, não tem força, igualzinho a sua mãe. – Gabe cuspiu.

- Não fala da minha mãe, você não tem o direito de falar dela – Percy gritou. Os olhos brilhavam, brilhavam de raiva.

- Garoto, chega! Venha aqui, acabou ele vai preso – um dos policias disse e foi na direção de Percy lentamente.

- Se tem tanta coragem como diz, porque não atira? Anda atira? – ele ergueu a sobrancelha. – Não tem coragem não é? É um covarde. Como seu pai, como sua mã...

A voz dele se perdeu, o som de tiro ecoou pela cozinha. Gabe gritou, sangue escorria de onde provavelmente era seu estomago. Percy estava ainda de pé, a arma com uma pequena fumaça escapando pela ponta, o tremor tinha parado. Ele olhava horrorizado para o sangue de Gabe. E então seu corpo desabou no chão.

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Parte Percy

A escuridão era boa. Divertida até, nenhum som, nenhum movimento. Completamente diferente de onde eu estava. Sem tiro, sem gritos, sem sangue. Parecia realmente o paraíso. A parte ruim é que eu não podia ficar ali para sempre. Eu não estava morto. Bem que queria estar mas eu não estava. Aquilo apenas era um folga, uma folga para o que eu fizera.

Eu matei uma pessoa. Eu matei Gabe. Esse era praticamente um dos meus únicos pensamentos. Os outros eram mais assustadores, como minha mãe completamente coberta por hematomas. Thalia caindo em um buraco escuro. Annabeth coberta de sangue. O pensamento de que eu matará Gabe era mais fácil de se lidar, por isso tentei me concentrar nele. O que iriam fazer comigo? Eu não agi em legitima defesa. Gabe estava encurralado. Eu deveria ter entregado a arma aos policiais e eles cuidariam do resto. Mas não foi isso que eu fiz.  Eu agi por ódio, vingança, raiva, depois de ver minha mãe naquele estado, depois de ter relembrado todos aqueles gritos das mulheres que ele já tinha matado na minha frente, depois de todos os machucados que ele provocará em mim durante anos terem voltado a vida... depois de ver Annabeth cair no chão, com sangue encobrindo sua perna... eu realmente enlouqueci. Minha causa, minha culpa. Todos eles se machucaram por minha culpa, aquelas mulheres, minha mãe, Annabeth, eu. Tudo foi culpa minha. Eu tinha que ter minha vingança. Eu tinha que fazer ele sofrer. Então atirei. Então o matei. E por mais aterrorizado que tivesse ficado naquela hora, eu sentia um leve prazer. Uma vozinha no fundo da minha mente disse. Espero que se sinta péssimo. Mas eu não me sentia assim, eu sentia felicidade, alivio, como se um grande peso tivesse sido tirado das minhas costas. Eu me sentia feliz por ter matado Gabe. Era com certeza péssimo.

Alguma coisa brilhou no meio da escuridão. Alguém estava me chamando. Alguém estava tentando me acordar. Não. Eu queria gritar. Me deixe aqui. Os mortos são melhores. Os mortos tem mais sorte. Me deixe morrer. Mas obviamente a pessoa não me ouviu. Porque eu abri os olhos. Eu estava em um quarto de hospital. As janelas eram enfeitadas com cortinas brancas. A maca que eu estava deitado era branca. A poltrona que provavelmente foi comprada em liquidação era branca. As paredes eram brancas. Tudo era branco. Branco demais, parecia um funeral latino.

- Temos de ir – Annabeth falou, ela estava vestida para sair. Usava uma camiseta de cetim também branca mas com alguns bordados que lembravam borboletas. Uma calça jeens simples, e os cabelos loiros estavam presos em uma trança. Tinha uma faixa na cabeça, mas no resto parecia bem. – Temos apenas dois dias para levar o raio mestre. E achar Thalia. Desculpe. Mas realmente precisamos ir.

O raio mestre! Eu estivera tão entorpecido pelo pânico que quase me esqueci. Minha mão voou ao meu ombro onde estava o bracelete de Thalia. O gesto doeu, eu fiz uma careta, mas ainda consegui tocar. Ninguém tinha retirado. Ele ainda estava lá, e com sorte o raio mestre também.

- Quase me esqueci- Annabeth falou pegando alguma coisa numa mochila que só agora eu tinha reparado. – Pegue, é ambrosia.

Peguei o bolinho amarelo nas mãos, e mordisquei um pedaço. Me senti relativamente melhor, podia sentir onde o primeiro tiro tinha me acertado, se curando. Meus braços e pernas pareceram  criar um pouco mais de força. Morde novamente e entrei o que restou a Annabeth. Se eu comece demais poderia virar cinzas.

- Obrigado – reponde, minha voz lembrava a de uma pessoa que passara a vida no deserto e nunca bebera agua na vida. Estava seca, seca como areia. – Mas como vamos enganar o povo do hospital? – perguntei.

- Tenho meus truques. Pegue. – ela tirou um conjunto de roupas da bolsa. Era minha, uma blusa preta com os nomes : Ut putatis deteriora – que significava eu posso ser pior do que pensa em latim, tinha ganhado ela em um concurso escolar no começo do ano. Uma calça de jeens, e um tênis branco. Ergue a sobrancelha. Onde ela conseguiu isso? Ela captou o meu olhar. – Grover pegou para você. Agora ande logo, eu também gostaria de descansar mais depois do que aconteceu. Mas não temos tempo. – E arremesou as roupas na minha direção.

Suspirei, e me levantei da cama, consegui tirar os tubos de soro que estavam no meu braço, e me livrei de uma faixa que prendia o meu pé a um cabo que era pregado ao teto. Fui em direção ao banheiro do quarto e observei meu reflexo no espelho. Apesar da ambrosia eu estava com a aparência doentia. Tinha perdido alguns quilos com certeza, porque já podia contar alguns dos meus ossos. Resolvi pelo menos me molhar. A agua teve um efeito imediato. Me senti melhor do que com a ambrosia. Ao olhar meu reflexo novamente minha pele estava pálida, mas do meu pálido normal, não chegava a ser doentio, e nem saudável, do jeito que sempre foi. Me vesti e sai do banheiro. Annabeth esperava, sentada na poltrona lendo um livro que o titulo eu nem imaginava. Filhas de Atena... sempre lendo mesmo que a situação seja de vida ou morte. Ela se levantou e entregou uma outra mochila a mim, juntou com minha caneta/espada.

- Vamos? – ela perguntou, e eu fiz que sim.

Eu ainda não sabia como ela ia enganar os guardas e médicos. Grover estava praticamente na porta do quarto, e quase me sufocou ao me abraçar. Seguimos pelo corredor, e chegamos a recepção. Ela estava lotada de médicos e policiais. Todos nos olharam, surpresos e com indginação. Os médicos franziram as testas e ia começar a falar algo. E nesse momento Annabeth estralou os dedos. O ar se agitou, e ela começou a falar numa voz que quase convenceu a mim.

- Vocês nos deixaram sair. Nos vamos ficar fora por um tempo. Quando voltarmos vocês iram nos interrogar, e nos tratar. Mas agora nos iremos partir – Ela falou

Os presentes piscaram, então lentamente fizeram que sim com a cabeça. Logo em seguida estávamos na porta de saída do hospital. Fiquei observando Annabeth com total espanto, ao perceber meu olhar ela ficou vermelha e eu não pude deixar de fazer o mesmo.

- Quer me falar alguma coisa? – ela perguntou

Na verdade eu queria perguntar, perguntar se Gabe realmente morrera, se minha mãe estava bem, o que perguntaram a ela, já que ela estava acordada a mais tempo que eu. Mas tudo o que eu disse foi:

- O que fez naquela hora? Quando convenceu eles de que tinham deixado a gente sair? – perguntei.

Ela deu de ombros. Os cabelos trançados se moveram conforme ela o fez.

- Truque com a nevoa, você vai aprender um dia. – Ele me observou, os olhos cinzas brilhando. Grover meio que grunio do meu lado esquerdo, e ela desviou o olhar. – Para onde vamos agora? Ao olimpo?

- Não – responde.

Eu não poderia ir ao olimpo, não sei Thalia. Era a hora de resgata-la. E eu já sabia onde ela estava.

- Para onde então? – Grover perguntou

- Para o mundo inferior, Thalia está lá. E deve estar precisando da nossa ajuda.


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Notas finais do capítulo

Então?