Filha De Atlas escrita por cabeçadealgas


Capítulo 2
Uma nova deusa menor


Notas iniciais do capítulo

E aí?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/272962/chapter/2

Era tudo muito bonito e diferente. Várias casas enormes e brancas, jardins imensos, ninfas e sátiros... Calypso sentia-se novamente na Grécia. Ela se virou para Hermes, que estendia o braço para que ela segurasse.

                Ela passou o braço ao redor do de Hermes e os dois caminharam juntos até uma casa quase tão grande quanto as outras. Eles pararam na soleira e Hermes deu tempo para que ela observasse a grande casa. Era branca como as outras, com várias plantas cobrindo o chão ao redor, várias janelas grandes e com persianas. A porta da frente era grande e de ouro.

                Calypso não hesitou nem por um momento, simplesmente empurrou a porta. A casa por dentro era tão bonita quanto por fora. Era clara e as paredes pintadas de turquesa, com flores prateadas desenhadas.

                Hermes acompanhou Calypso para dentro da casa. Passaram pelo hall, que se abriu em uma sala grande. As paredes eram iguais as do hall. Divãs, sofás, mesas, uma televisão de plasma enfeitavam a sala. A garota não resistiu e começou a rir.

- Então, o que acha? – Hermes perguntou, passando um braço ao redor do ombro de Calypso.

- É tudo tão... – ela pensou, procurando a palavra certa. – Maravilhoso.

                Hermes fez que sim com a cabeça. Depois tirou um lenço preto de dentro do bolso e prendeu no rosto de Calypso, para que ela não pudesse ver nada. Guiou a garota pela sala, até parar em frente a uma das portas.

                Ele empurrou a porta e passou Calypso por ela, passando logo depois. Tirou o lenço do rosto da garota e ouviu com satisfação o gritinho de surpresa da garota.

- Isso é perfeito! – ela falou, correndo os olhos pelo lugar.

                A porta tinha dado em um grande jardim. Morangos, uvas, rosas, tulipas, plantas que ela gostava de plantar e muitas outras coisas cobriam o lugar. O melhor de tudo: o jardim tinha vista para o mar que ela estava tão acostumada. Isso era impossível, mas ela estar no Olimpo até algumas horas atrás, também era.

                A garota se virou para Hermes e o envolveu em um abraço, que foi retribuído com prazer pelo deus, que tinha tanto afeto pela garota. Calypso correu pelo jardim, observando cada canto do lugar. Depois de vinte minutos, Hermes a chamou.

- Tem mais coisa, o que acha de conhecer? – ele perguntou.

                Calypso fez que sim com a cabeça. Os dois saíram do jardim, passando pela porta prata. Depois de mostrar todos os cômodos para Calypso, eles se sentaram em um dos sofás da sala.

- Isso não é um sonho, ou é? – ela perguntou.

                O deus fez que não com a cabeça. Estalou os dedos e dois copos apareceram na mesa em frente ao sofá. Hermes pegou um copo e deu o outro para Calypso. Ela sorriu ao sentir o gosto de suco de morango, enquanto Hermes se deliciava com o gosto de biscoitos de chocolate.

- Você é imortal. Uma deusa menor. – ele contou.

– Calypso, a deusa do jardim. – ela brincou, tomando mais um gole de seu suco.

- Um belo titulo. – ele respondeu, sorrindo carinhosamente.

– Posso visitar o mundo mortal? – Calypso perguntou.

                Hermes pareceu hesitar por um momento, como se não aprovasse a ideia. Zeus havia libertado-a da maldição e da ilha, mas ele não sabia muito bem se era permitido a saída do Olimpo. Por fim, falou:

- Você pode falar com Zeus sobre isso, hoje à noite. Ele queria mesmo ver-te. Irei buscar você em algum tempo. Mais ou menos quando o sol começar a descer.

                Calypso sorriu entusiasmada. Seria difícil convencer Zeus, mas ela daria seu jeito. Quando sua bebida terminou, ela falou com a voz suava que Hermes tanto amava:

- Obrigada por isso, Hermes. Obrigada por ter sido você a me tirar de lá e não nenhum outro deus.

- Eu pedi para te dar a noticia. – ele contou, sorrindo. Depois deu um leve beijo na bochecha de Calypso: - Sinto dizer-lhe que chegou minha hora. O trabalho me chama.

                Ela deu um beijo suavemente na bochecha do deus e fez que sim com a cabeça. Acompanhou-o até a porta e observou enquanto ele desaparecia, em um piscar de olhos. Calypso sorriu. Agora ela também podia fazer isso.

                Resolveu que queria conhecer o Olimpo, antes de ir falar com Zeus. Algumas partes do lugar estavam destruídas, como se uma guerra houvesse ocorrido ali. Deuses menores conversavam, brincavam e comemoravam a vitória. Tudo parecia feliz, assim como ela estava.

                Uma enorme festa estava acontecendo, mas ela resolveu que não queria participar. Visitou várias partes do Olimpo, mas ele era grande demais para que ela chegasse ao fim. Olhou para si mesma, no reflexo de um lago: usava sua costumeira trança, vestido branco até o joelho e uma faixa prateada na cintura.

                Fez uma pequena careta, mas então começou a sorrir. Calypso era uma deusa, podia ter a aparência que quisesse. Pensou em como queria ser e pronto, tinha a aparência desejada. Seus cabelos estavam castanhos e encaracolados até a cintura, usava um vestido verde e até o chão, mas o rosto continuava o mesmo.

                Olhou-se novamente no reflexo. Fez uma careta e mudou de aparência novamente. Seu cabelo voltou a ser loiro, mas sem a trança. Caia até a cintura com cachos que mudavam de cor, ficando bronze e depois dourado.

                Por fim resolveu que sua aparência estava boa o suficiente para conhecer Zeus. Calypso caminhou lentamente até sua casa e percebeu que o Sol já estava começando a sumir do céu. Sentou-se na soleira, esperando Hermes.

                Não se passaram nem vinte segundos desde que ela havia sentado, quando o deus surgiu em sua frente. Ele observou a nova aparência da garota e um sorriso surgiu no rosto do deus, que havia aprovado. Calypso estava deslumbrante.

- Encantadora como sempre. – ele comentou, esticando a mão e ajudando a nova deusa a se levantar.

- Pontual como sempre. – ela respondeu, sorrindo para Hermes.

                Os dois caminharam juntos até a maior casa do Olimpo. Era impotente e se diferenciava facilmente das outras. Raios pareciam brilhar em cima da casa e Calypso soube na hora que era a casa de Zeus e Hera.

                Hermes tocou uma campainha e o som de trovões soou. Nem mesmo um segundo depois, uma ninfa abriu a porta. Sem dizer uma palavra, levou Hermes e Calypso até uma sala, com vários sofás. Hermes se sentou em um dos sofás e Calypso sentou-se ao seu lado.

                Zeus entrou na sala, usando um terno preto, onde raios iluminavam a extensão. Ele era bem mais impotente que Calypso se lembrava. Ela se encolheu no sofá, mas Hermes esticou a mão, que Zeus apertou.

- Ora, ora, ora. – o homem falou. Se trovões conseguissem falar, teriam essa voz. – Calypso, Filha de Atlas. – sua voz soou desgostosa, cuspindo como se fosse um insulto. Ele se tacou em um dos sofás, em frente ao de Hermes e Calypso.

- Sim, meu senhor. – Calypso concordou.

- Então o seu herói te libertou. – Zeus falou, estalando o dedo e fazendo um copo de vinho surgir na sua mão. Deu um longo gole e falou: - Odeio aquele garoto.

- Sou grata ao senhor, Zeus, por me libertar de Ogígia. – ela falou, com a voz mais doce que conseguiu.

- Libertar? – o deus perguntou, levantando as sobrancelhas grossas. – Aquele lugar era um paraíso. Eu poderia ter te deixado queimando no Tártaro, mas eu fui piedoso.

- Sim, meu senhor, muito piedoso. Agradeço a generosidade, de fato. – ela falou, tentando não parecer ingrata. – Já fez muito por mim, é verdade.

- Mas, no entanto, ainda quer mais. – ele falou.

                Calypso engoliu em seco e fez que sim com a cabeça.

- Gostaria de visitar o mundo mortal, meu senhor. – ela confessou.

                O deus pensou por alguns instantes, depois falou com a voz mais assustadora que Calypso já havia ouvido:

- Você traiu os deuses, ficou ao lado do titã Atlas, tentou reter diversos heróis. Mesmo assim, eu fui piedoso. Lhe dei um ilha maravilhosa. Vista por todos como o paraíso na terra. Comparada com o Elísios. Eu poderia ter te dado um castigo, você sabe? – Calypso fez que sim com a cabeça. – E agora você tem a coragem de pedir MAIS?

- Seja razoável, Zeus. – Hermes se intrometeu, antes que Zeus falasse mais. – Ela só te pede para visitar o mundo dos mortais. É algo que os deuses fazem á anos.

                O deus poderoso pareceu pensar, mas depois fez que sim com a cabeça:

- Está livre. Pode visitar o mundo dos mortais.

- Obrigada, obrigada, obrigada!- Calypso falou, sem conseguir esconder a emoção.

- Uma vez a cada dez anos. – Zeus completou.

                O sorriso que antes estampava o rosto de Calypso, sumiu ao ouvir as palavras de Zeus. Hermes se ajeitou na cadeira, irritado com seu chefe. Ele estalou os dedos e uma cerveja gelada apareceu em sua mão.

- Sabe, acho que está sendo severo demais. – Hermes opinou. – A garota viveu durante milênios em uma ilha, tendo somente a mim e a heróis como visita. O que acha de duas vezes por ano?

                Calypso pensou que o deus fosse explodir Hermes, mas tudo que fez foi fazer com que um porco assado aparecesse flutuando na sua frente. Zeus comeu calmamente, avaliando a proposta. Depois de terminar, ele expos sua decisão:

- Uma vez por ano.

- E que tal...

- Está ótimo! – Calypso interrompeu Hermes, antes que a proposta de Zeus voltasse a original.

- Eu conseguiria mais. – Hermes resmungou, bebendo mais um gole de sua cerveja.

                Ela colocou a mão sobre o ombro de Hermes e sorriu agradecida. Depois virou-se para Zeus, que parecia entediado:

- Você é muito piedoso, senhor. Agradeço por tudo.

- É bom mesmo. – Zeus falou. – Agora saia, Hera quer um pouco de tempo comigo.

                Hermes e Calypso deixaram a sala e a casa de Zeus. A deusa abraçou Hermes com força e sentiu lágrimas de felicidade escorrerem por sua face rosada. O deus sentiu pena da garota, que havia sofrido por tantos anos. Ela, por sua vez, estava mais contente que nunca.

- Estou livre, estou livre. – ela cochichou.

- Está livre. – Hermes concordou.

                Ele tirou uma moeda do bolso e colocou na mão de Calypso:

- Talvez ir ao mundo mortal uma vez somente, não será o suficiente. – ele explicou como fazer a oferenda a Iris e completou: - Acho que você devia gastar a sua ida ao mundo dos mortais agora e quando a saudade bater ligue para Percy.

                Ela fez que sim com a cabeça e fechou a moeda nos dedos. Ela pensou em um compartimento imaginário e guardou a moeda lá dentro. Havia sido somente um teste, mas havia dado certo. Agora ela sabia o quanto poder tinha.

                Calypso andou até a sua casa, depois de se despedir de Hermes. Ela foi até o jardim de sua casa e plantou algumas flores. Depois, foi até a sala. Se sentou em uma dos sofás e fechou os olhos, mas não para dormir.

                Eu não posso visitar Percy. Ele tem uma namorada. Salvou a minha vida e me honrou. É a minha vez de honrar a ele. Não irei visitar meu herói.   Ela pensou. Depois ficou em pé e fez com que um arco-íris aparecesse, apenas pensando em um.

                Jogou o dracma ali e sussurrou:

- Percy Jackson.

                Ela observou uma pequena tela tremular no ar e a imagem de Percy aparecer. Ele estava abraçado com uma garota loira. Calypso presumiu que fosse sua namorada e sorriu quando ele girou a garota no ar.

                Para ela, bastava observar. Quando sentiu que o garoto ia ver a mensagem de Iris, Calypso balançou a mão sobre a tela e observou a imagem sumir. Não conseguiu se conter e as lágrimas começaram a jorrar de seus olhos. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!