Amor De Infância escrita por Samyy


Capítulo 13
Capítulo Doze - Eu Conheço-te


Notas iniciais do capítulo

Por que eu acho que esqueci de escrever algo neste capítulo?



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[...]

– Comemorar o dia dos namorados com bombons e flores?

– É... Ei, espera... - ele a encarou um pouco assustado. - Como você...?

– O mesmo Rony de sempre. Pensei que você fosse ficar mais esperto com o tempo.

Rony precisava de um tempo para compreender tudo. Muita coisa para ele...

– Hum...? - Rony parecia mais perdido que cego em tiroteio.

– Rony... Sou eu, Hermione! - ela falou na intenção de tentar fazê-lo sair do transe. – Eu sei que nós crescemos, e eu mudei... - ela virou-se para por o retrato no aparador. - mas... - quando ela voltou a primeira posição foi recebida com um abraço que a fez corar.

– Er... - Rony a soltou também um pouco envergonhado. - Oi? - não sabia ao certo o que dizer.

– Oi. - ela respondeu igualmente desconcertada. Tinha a mania de morder os lábios quando não se sentia muito a vontade. Eles se encararam. Rony passou a mão pelos cabelos, parecia tenso.

Hermione encarou o chão, parecia tão interessante naquele momento. Como conseguem colocar as tabuas de madeira de forma tão correta? Os pedreiros devem ter tido um grande trabalho, e depois dizem que não são nada, sem eles não seria possível construir prédios e tal, se bem que quem projeta são os arquitetos, mas...

– Quanto tempo, não é? - percebendo a distração de Hermione, Rony dá um pigarro e pergunta.

– Ér... Tempo. - falou ainda longe.

– Eu ainda lembro-me de quando nós brincávamos no parque... Bons tempos, né?

– É... Bons. - ela estava longe. Conseguia captar poucas palavras do que ele dizia. Não estava realmente escutando, estava acompanhando o movimento de sua boca formando palavras.

– Você poderia dizer algo coerente?

– Coerente? Ah, é... Hum... Isso é estranho.

– Como assim?

– Não sei... Bom, você que estava todo diferente agora, e agora sou eu... estranho, eu não sei! - ela o encarou. Rony se aproximou. Pôs uma mecha de cabelo de Hermione, que lhe caia pelo olho, atrás da orelha direita.

– Sempre a mesma. Você não muda?

– Por que esse tom de surpresa? - ele deu de ombros.

– Você não tem nenhum compromisso hoje, né? - ela negou. - Ótimo, precisamos conversar.

Rony foi para a cozinha, preparar duas xicaras de chocolate quente. Mesmo sendo um pouco mais de quatro da tarde, o clima estava começando a ficar frio.

Hermione ficou na sala, mais uma vez, porém, permaneceu na mesma posição, esperando o ruivo voltar, o que não demorou muito. Ela sorriu em agradecimento.

– Espero que esteja do jeito que você gosta. - ele sentou-se ao seu lado. - Eu não sei como você gosta. - ela riu.

– Desde que tenha muito chocolate, está do jeito que eu gosto.

– Enfim... - ele tomou a iniciativa. - Você está bem? Quero dizer, bem, feliz, satisfeita.

– Creio que sim. Eu me sinto feliz, mas... - ela pensou melhor antes de falar. - Sim, estou bem, feliz, talvez não totalmente satisfeita. E você?

– Bem também. E... - por um momento, ele esqueceu que o conteúdo da xicara estava quente e engasgou.

– Não está nada bem. - falou rindo dele. - Desculpe, foi inevitável! - ela tentava conter o riso, sem muito sucesso. - Vejo que não perdeu o bom humor!

– E você continua linda, desde que me lembro.

– Ah... - ela sentiu suas bochechas esquentarem. - Obrigada.

– Ainda tímida! - completou. - Eu... Eu. Senti. Sua. Falta. - falou pausadamente, como se estivesse calculando se devesse mesmo dizer aquilo. Se fosse possível, Hermione ficara mais rubra do que já estava, e encarou a xicara em suas mãos.

Sussurrou um "Eu também" em resposta. Rony riu da reação dela e continuou a falar:

– Eu sempre me perguntei onde estaria Hermione, e isso foi muita ironia. Um dia desses, quando estava na casa dos meus pais, Fred e George, lembra-se deles? - ela assentiu. - Bom, eles fizeram uma piada sobre quando erámos crianças.

– Mesmo? Disseram o que?

– Ah, nada de mais. Mas... Você está namorando? - perguntou como alguém que nada quer. - Lembro-me que você falou do seu ex-namorado...

– Por favor, não quero falar sobre isso. - ela desviou o olhar. - Quem sabe, um dia, eu te conte.

– Entendo... Isso de ex-namorado é chato. Sabe, uma vez eu namorei Lavender... Lilá. Pense em todas as coisas que você odeia e coloque uma pessoa que passe a fazer todas elas, por mais que você diga que odeia. Imaginou?

– Sim.

– Agora acrescente um apelido ridículo. Por exemplo... Uon Uon. - Rony apenas escutou o barulho de vidro se espatifando no chão. Ao encarar Hermione, percebeu que ela controlava-se para não rolar de rir. - Ei!

– Desculpe. - seus olhos quase marejavam de tanto esforço que fazia. - Isso é hilário. Uon Uon. Olha, se eu fosse você...

– Eu não disse que ela me apelidou de Uon Uon, apenas pedi que você imaginasse um apelido ridículo...

– Isso foi tão obvio! Desculpe pela xicara. - aos poucos ela voltava ao normal. - Deve ter sido horrível!

– Eu que o diga... Por que fui relembrar essa época? Vamos mudar de assunto, que tal?

– Claro.

– Seus pais, como estão?

Hermione lhe contou o susto que ele dera aquele dia na festa, mas que agora estava forte e saudável. Ela lhe perguntou o mesmo. Rony respondeu que os senhores Weasley, nunca estiveram melhores. O envelhecimento parecia tê-los renovado.

– Você mora aqui sozinho? Não é chato?

– Um pouco, eu sinto falta de companhia, de vez em quando. Sempre morei em casa cheia. Mas nem é tão ruim, é um lugar pequeno. Parece mais apertamento que apartamento. Quer conhecer a casa? Já que está aqui... - ela deu de ombros.

Enquanto Rony a guiava pelos cômodos, pedia que não reparasse na bagunça.

– Não tive tempo de arrumar a casa.

Mostrou a apertada cozinha, que competia espaço com a área de serviço. Deram uma rápida passada no banheiro - Hermione pode sentir o aroma do perfume masculino, que, diga-se de passagem, era muito bom. O quarto de hóspedes, o pequeno escritório montando em um dos últimos quartos e o próprio quarto do ruivo.

– Sabe como é... Quarto de homem! - disse recolhendo algumas camisas e meias jogadas no chão.

– Uhum. - afirmou achando graça dos posters na parede. - Ainda torce pelo Tottenham Hotspur. Você não tem jeito!

– O que? Eu não sou um homem de voltar em suas decisões.

– Ok, certo, você quem sabe. Só digo que o Manchester United está liderando a temporada.

– E o que você sabe sobre futebol?

– Mais do que você pensa que eu não sei! - respondeu erguendo a sobrancelha.

– Vai ficar com rugas antes da idade. - ela lhe mostrou a língua, em sinal de criancice. - Onde estão os modos senhorita Granger?

– Eu devo ter deixado cair no baile, junto com o meu iPod! De qualquer forma, está ficando tarde, e eu preciso ir embora, antes que não passe mais nenhum taxi ou ônibus.

– Ah, sai dessa, eu te levo!

– Então vamos!

– Espera. Eu queria te mostrar uma coisa...

– O que? - perguntou curiosa.

– São... Recordações... Eu guardei durante todos esses anos! - ele abria e fechava as gavetas atrás de algo. - Acho que... Sim, é mesmo... - Rony andou até o guarda-roupas. - Encontrei!

Hermione sentou em um lado da cama enquanto Rony sentava no outro. Em suas mãos tinha uma caixa.

– O que são?

– Abra você mesma! - ela hesitou. - Eu juro que não tem nada de ruim ai.

Ela a abriu, se deparando com vários papéis.

– O que...?

– Por que não lê? - ele pegou o primeiro papel ao seu alcance e lhe entregou.

– Certo... Hum... - pareciam ser cartas, escritas em letras um pouco garranchosas.

“Querido Rony,

aqui está fazendo bastante frio, como está ai? Meus pais e eu vamos passar as férias na França. Dizem que lá é muito legal e bonito, e também que as pessoas não tomam banho todos os dias por causa do frio. Isso é estranho, né? Já pensou? Morar em um lugar em que todos usam perfume para disfarçar que não tomou banho? Espero que estejam todos bem, porque eu estou... Tirando esse detalhe das pessoas não tomarem banho, seria legal se um dia nós dois pudéssemos visitar lá juntos! Estou tendo aulas de francês, e já aprendi algumas coisas, exemplo: Manquez vous, quer dizer sinto sua falta, ou tenho saudades!

Mande abraços para todos

Hermione.

P.S. Minha mãe me ajudou a escrever e está mandando beijos para o genro dela!”

Hermione não sabia se ria, se chorava, se sentia raiva por ter escrito aquilo, ou o quê.

– Você lembra-se de quando escreveu?

– Não mesmo! - ela decidiu rir. - Isso é tão engraçado. Eu acho que as suas cartas, as que recebi, acho que as perdi na mudança.

– Quando você se mudou?

– Um pouco depois de vocês viajarem. Dois, três, quatro meses depois, não lembro. Só... Nós nunca moramos em um lugar por muito tempo. Mas dessa vez nos mudamos porque vocês foram embora. Eu fiquei muito triste, precisei ir à um psicólogo.

– Eu te fiz mal, pelo visto. - ele pôs sua mão por cima da de Hermione, que estava apoiada na cama.

– Não... Você só me fez bem. - ela sorriu de lado. - Só não aceito bem mudanças assim. Foi muito de repente. Nós erámos unidos demais...

– E você acha que eu não sei? Nós nos casamos! - os dois gargalharam.

– Eu ainda tenho o meu anel! Costumava o usar sempre, não lembro porque parei de usar.

– Também tenho o meu. Acho que está ai dentro! - indicou a caixa. - Por falar em ai dentro. Tem esse álbum, apenas com fotos de nós e meus irmãos. Olha essa, foi quando a gente se conheceu. Minha mãe quem tirou. - ele contemplava a foto maravilhado. - Bons tempos.

Eles o folhearam duas vezes, parando durante algum tempo fazendo observações sobre o momento, comentando o acontecido. A conversa estava tão boa que acabaram perdendo a hora, e adormeceram ali mesmo, parecendo um casal e ao mesmo tempo crianças. Sem preocupações, esperando o próximo dia.

Os dois tinham um sorriso nos lábios. Talvez por saberem com quem estavam, e seus cérebros automaticamente constatarem que um com um é onze e não dois. Uma felicidade do subconsciente.

O que eles não sabiam? O destino gosta de pregar peças, para provar o quão forte alguém pode ser.


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Notas finais do capítulo

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