Amor De Infância escrita por Samyy
Notas iniciais do capítulo
Gente, vocês não sabem o quanto eu me divirto com a reação de vocês. Tipo, divirto-me a beça! Eu não sou tão má...
– Esperando alguém? - era ela, mais bonita pessoalmente.
Apressou-se a levantar. Quase se abraçaram, talvez o nervosismo não tivesse deixado e se contentaram com um simples e modesto aperto de mão. - Você não me parece um maníaco. - disse Hermione colocando a pequena bolsa que trouxera no colo.
– Eu disse que não era. - riu nervoso.
– Vão pedir alguma coisa? - a garçonete retornou, crente que agora teria um pedido a cumprir.
– Um frappuccino! - disseram os dois.
– Dois frappuccinos. - ela anotou.
Ficaram alguns minutos em silêncio, encarando os dedos da mãos, não sabendo o que dizer.
– Então... - ele começou. - Como conseguiu saber que era eu?
– Só tem você de ruivo aqui. - eles olharam o local a procura de outra pessoa.
– Somos uma "raça" meio extinta. - brincou. - Cursa psicologia? - perguntou mudando de assunto.
– Sim... E você arquitetura?
– Na verdade já terminei. Trabalho em uma empresa revisando desenhos de plantas.
– Isto parece ser bom. Ouvi falar tanto de prédios caindo por maus cálculos. Seu trabalho é importante.
– Acho que sim. Eu recebo bem para isso. - aquela altura suas bebidas chegaram.
– Eu adoro o frappuccino daqui. São os melhores, mas não posso beber sempre.
– Por quê?
– Tempo, não tenho muito. - arranjaram uma desculpa para o silêncio: suas bebidas.
Agora que não estavam em uma festa, com roupas um tanto esquisitas e máscaras, Hermione pode ver o homem bonito que estava por trás daqueles olhos azuis. A cabeleira extremamente vermelha se destacava de tudo.
– Não quero ser indelicado nem nada, tem mulheres que se ofendem com essa pergunta, mas quantos anos você tem?
– Vinte e três.
– Há, eu tenho vinte e quatro, ganhei! - falou a fazendo rir.
– Faço aniversário em alguns meses, grande coisa! Por que eu gostaria de ser velha? Não obrigada, estou muito bem assim! - essa foi a vez dele rir. - Bom, acho que você já pode entregar meu iPod. Enrolou-me demais.
Rony mal conseguia raciocinar direito, a única coisa que via era o rosto angelical da moça sentada a sua frente. Sua risada era gostosa de ouvir, e contagiante. Só entendeu o que ela quis dizer quase dois minutos depois. Dando-se conta agora percebeu que...
– Opa... - ele fez uma cara de culpado.
– Diz que não é o que estou pensando.
– É isso mesmo. Eu acho que esqueci em casa.
– Acha?
– Eu posso ter deixado cair na rua.
– Não! - ela apavorou-se. Tantas informações dentro do objeto
– Não, estou brincando, não deixei cair. Posso ser destrambelhado, mas nem tanto. - ele tirou a carteira do bolso. - Deixa que eu pago!
– Não, que isso...
– Eu quem digo. Mulheres que estão comigo não pagam.
– Você é mulherengo? Sai com quantas mulheres por dia?
– Me deixa contar... Você é a segunda do mês. Um progresso, considerando que a primeira é minha irmã!
– Você é engraçado. Eu gosto de pessoas engraçadas. Faz-me sentir bem. - admitiu enquanto seu rosto ganhava uma coloração avermelhada.
– Que tal irmos a minha casa buscar seu iPod? Já provei que não sou um maníaco, e ela não fica tão longe daqui. A não ser que você tenha vindo de carro teremos de andar.
– Ainda bem que eu vim de sapatilha.
A casa de Rony estava localizada apenas a alguns quarteirões dali...
– Não repare na bagunça, é o melhor que pode fazer! - pediu Rony ao abrir a porta do apartamento. - Primeiro as damas.
Hermione entrou receosa. Geralmente quando lhe dizia não repare na bagunça, era porque o lugar estava de cabeça para baixo, mas até que não estava tão desarrumado seu apartamento.
Algumas camisas espalhadas pela sala, papéis e lápis. Nada demais, talvez muito arrumado para a casa de um homem solteiro.
– Nem tem como reparar!
– Certo, então fique a vontade. Pode sentar se quiser. Eu já volto com seu iPod. - ela se sentava no sofá enquanto ele sumia pelo corredor.
Até que estava bem arrumado para casa de homem. Os lares masculinos que já tinha frequentado, como o quarto de Vitor - Krum o infeliz - era semelhante a um lixão. Peças de roupas e mais peças de roupas empilhadas no chão e cantinhos. Como alguém conseguia morar ali? E a casa daquele cidadão? Bem, comparada ao lixão era o lugar mais limpo da cidade.
Cansada de ficar sentada, a garota levantou-se e começou a vagar pela sala. As paredes estavam pintadas de tom azul agradável. Desde que fosse azul agradaria Hermione. Quadros e porta-retratos a cobriam. Hermione parou para observá-los. Todos, ou a maioria, trazia fotos de crianças. Contara seis garotos e uma garotinha em um dos retratos, todos ruivos. Deduziu ser a família daquele cara. Eram todos fofos e bonitos, não que ele não fosse bonito, mas quando criança...
Andando mais um pouco, reparou um aparador junto a parede no canto com milhares de porta-retratos. Hermione tentava decidir qual pegar primeiro. Estava curiosa, e ele disse para ela se sentir a vontade, em casa. Pegou o mais perto. Dois garotos ruivos, idênticos, e outro menor, pareciam brincar na areia, e os gêmeos deviam ter feito algo errado para o irmãozinho, pois o anterior chorava. Era uma cena cômica, ela teve de se segurar para não rir. Trocou para outra. Nela estavam novamente os três irmãos e, agora, duas garotas, uma ruiva e a outra castanha, quase morena. Não sabia por que, mas aquilo lhe era familiar. Todos apareciam abraçados e sorrindo.
– Encontrei! - ele retornou com o objeto entre as mãos. Hermione, sem soltar o retrato, pegou-o e abraçou, sentindo falta. - Deve ser muito importante para você.
– Muito mesmo! É meu bebê.
– Então...
– Ah... Eu estava olhando suas fotos, espero que não se incomode.
– De forma alguma.
– São todos seus irmãos? - perguntou indicando a moldura na parede.
– Sim. Meus pais parecem a versão humana dos coelhos. - falou fazendo os dois rirem.
– Eu peguei essa foto ali. Achei interessante. Ela não é sua irmã, né?
– Não. - ele ficou um tempo em silêncio, pensando. Hermione não queria o forçar a continuar, então esperou pacientemente. - Ela foi uma namorada, eu acho. Quer dizer, agíamos como um casal, mas não nos beijamos, nem nada disto. Foi uma promessa. - ele riu. - Eu gostava dela, foi minha primeira paixão.
– Vocês se falam hoje em dia?
– Não, infelizmente.
– Por quê?
– Eu tive que sair do país. Canadá.
– Canadá? - sua ficha ia caindo a cada palavra. Quantas crianças ruivas, de seis irmãos, teriam uma namorada com uma promessa dessas?
– Sim, foi um erro, mas meus pais quiseram. Eu adoraria saber onde ela está.
– Como se chama? Ainda lembra?
– Nunca esqueci. Hermione. Seus pais se mudaram para o bairro em que eu morava, e eu era cara de pau, fui perguntar se ela queria brincar comigo.
Hermione quase deixou o retrato cair das mãos. Impossível isso. Ele lembrava, cada detalhe...
– E nós fizemos tantas promessas, mas não se cumpriram.
– Como ficar juntos para sempre?
– Sim.
– Nunca beijar porque é nojento? - a essa altura seus olhos começavam a marejar. Rony contemplava a janela, longe, distante.
– Sim.
– Comemorar o dia dos namorados com bombons e flores?
– É... Ei, espera... - ele a encarou um pouco assustado. - Como você...?
– O mesmo Rony de sempre. Pensei que você fosse ficar mais esperto com o tempo.
Rony precisava de um tempo para compreender tudo. Muita coisa para ele...
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Próximo capítulo só final de semana! *-*
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