– Nico! Já conversamos sobre isso, ela vai se lembrar de tudo.

– E quando isso acontecer? – perguntou Joseph.

– É simples. Alicia vai escolher com quem ela vai ficar e o outro vai ter que deixa-la ir, por mais difícil que seja – afirmei.

POV Nico

         Assim que o senador foi embora, Percy e Annabeth saíram para fazer sei lá o que.  Não demorou muito e a porta foi aberta e uma Alicia ainda mais bonita passou pela porta.

- Ah, oi – murmurou um pouco surpresa por me ver.

- Oi.

- Porque você é assim? – perguntou me pegando de surpresa.

- Assim como?

- Assim – apontou para mim – mês passado você era um fofo, um amigo que fazia qualquer coisa que eu pedia até mesmo me dar seu almoço na hora do intervalo – sorriu com a lembrança e eu não pude deixar de retribuir – cuidou de mim quando fiquei doente, me ligava todo o dia, perguntava como eu estava a cada cinco minutos, tinha medo de me deixar sozinha, passa todas as tardes aqui comigo, ficávamos horas no telefone... O que aconteceu com aquele Nico?

- Alicia, eu...

- Sem desculpas. Apenas a verdade – ela disse séria.

         Como eu poderia contar a verdade sem assustá-la? Eu nunca conseguiria mentir sobre algo tão sério, ainda mais sendo para ela. Era difícil ficar sem ela por tanto tempo e era mais difícil ainda saber que ela estava com outro.

- A verdade? A verdade é que dói ficar sem você. Dói mesmo, aqui – apontei para o coração – você era a minha vida, você é a minha vida. Eu te amo, amo mais que tudo, que qualquer coisa.

         Depois de eu ter praticamente me declarado para ela o que eu esperaria?

Opção um: “Nico, eu também te amo, vou agora mesmo terminar com o Dexter para podermos viver juntos esse amor”

Opção dois: “Eu sinto muito, mas não sinto o mesmo por você”.

         Mas não, ela desmaia. Eu me declarei para ela e ela desmaiou!

         Antes que ela caísse e se machucasse a segurei. Seu rosto estava calmo, não expressava nenhuma emoção, parecia apenas ter pegado no sono.  A peguei no colo e a coloquei na cama dela.

POV Alicia.

- Filha? – chamou Poseidon.

         Sem hesitar Alicia correu para o colo de seu pai e o abraçou. O deus beijou a testa de sua menina e cheirou seus cabelos. Ele sentia falta dela e acima de tudo, falta de Melanie.

- Papai, quero que você conheça meus amiguinhos – disse a menina, agora no chão, o puxando pela mão até Bianca e Nico.

         Alicia apresentou seu pai aos amigos e logo Poseidon chamou a menina para conversar um pouco mais afastados dos irmãos di Ângelo.

- Você está bem, meu amor? – perguntou se ajoelhando para ficar na altura da menina.

- Uhum.

- Eu achei um lugar para você ficar por enquanto, prometo que alguém vai tirar você de lá assim que possível. Lembre-se eu sempre vou cuidar de você e farei o meu melhor para lhe proteger. Eu te amo tanto – beijou a testa da menina e a abraçou.

(...)

         Estava em um quarto, nele tinham três camas e em uma delas estava uma menina de cabelos loiros cacheados, ela estava chorando. Logo a porta foi aberta e por ela passou uma moça de cabelos pretos e olhos castanhos, tinha um olhar doce e parecia gostar muito da menina que estava no quarto.

- Alicia, meu anjo, não chore – pedia ela.

- N-ninguem gosta de mim – soluçava a menina.

- Todos gostam de você.

- Então porque ninguém nunca me escolheu? – reclamou Alicia.

- Porque você não veio para cá para ser adotada. Veio para ficar segura. O lugar que você deveria ter ido teria muitas consequências ruins.

(...)

         Era o primeiro dia de aula, Alicia parecia com medo de alguma coisa. Ela agora tinha sete anos, mas nunca perdia sua timidez e estava cada vez mais bonita e parecida com sua falecida mãe.

         Ela entrada na escola primaria com medo, como se não pertencesse a esse lugar, o que no caso não pertencia mesmo. Andava apressadamente olhando para o chão e não percebeu que andava na direção de um garoto distraído.

- Ah, desculpa – pediu ele enquanto ajudava a pequena a se levantar.

- Tudo bem – murmurou ela baixinho.

- Seu nome? – perguntou.

- Alicia – sorriu.

- Nome bonito – disse o garoto – sou Drake. Machuquei-te?

- Não, eu vivo caindo mesmo – deu de ombros o que fez o garoto rir.

(...)

         A cada ano que se passava Alicia ficava ainda mais na esperança de que um dia seu pai a buscasse, porém agora ela estava com doze anos e era aniversario do seu melhor amigo, Drake.

         Desde aquele dia em que se esbarraram não se separavam mais, Drake cuidava da pequena Alicia como se cuidasse de uma irmã mais nova e a tratada com um carinho sem igual. Os dois eram inseparáveis.

- Alie, quero tentar uma coisa – disse o garoto.

- O que?

(...)

- Ele gosta de você! – exclamou Anne.

- Claro que não.  Ele é o garoto mais lindo do colégio, por favor, né?

- Então o garoto mais lindo do colégio está vindo para cá – disse ela sorrindo a amiga.

- Oi Alie – Brian sorriu para Alicia.

- Oi – retribui o sorriso.

- Então... Você está a fim de assistir um filme comigo? – perguntou.

- Desculpe, mas não – respondeu sincera.

         O garoto pareceu magoado, mas sorriu e se afastou da mesa.

- Porque você fez isso? – perguntou Anne.

- Sei lá, deu vontade – deu de ombros.

(...)

- O que? – perguntou sem acreditar.

- Uma semideusa – disse Percy.

- Para ser uma semideusa eu deveria ser filha de um deus e uma mortal, mas meu pai não pode ter sido um deus, isso é impossível.

- Não é impossível. É a verdade – disse Nico – você é uma meio-sangue filha de Poseidon, meia-irmã de Percy.

- Vocês estão brincando comigo não estão? Isso não é legal, sabe?

- Querida, não estamos brincando – disse Quíron – é a verdade.

- Acredite Alie – falou Percy – eu também não acreditei quase ninguém acredita facilmente, mas essa é a verdade. Quer ver?

        

         Alicia assentiu e Percy pediu para que parasse o carro próximo ao lago que tinha no caminho para o Acampamento Meio-Sangue. Assim que o carro parou, ele, Alicia e Nico desceram e foram até próximo ao lago.

        

         De repente a agua do lago começou a se movimentar de uma maneira estranha e incomum, Alicia assustada olhou para Percy e de alguma forma ela soube que quem fazia aquilo era ele.

- Tem outra – disse Percy sorrindo – você só se molha quando quer – riu – olha.

         Empurrou sua meia-irmã para dentro do lago e na hora ela se sentiu mais forte. Ela não sentia a necessidade de respirar e quando olhou para si percebeu que estava seca.

         Saiu da água com um sorriso e deu um tapa no ombro do irmão. Ela estava feliz.

(...)

         Era noite no Acampamento Meio-Sangue. Alguns campistas já tinham se recolhido para o chalé outros estavam em volta da fogueira, entre eles Alicia e Nico. A filha de Poseidon estava entre as pernas do namorado com a cabeça apoiada em seu peito. Tinha um sorriso bobo nos lábios enquanto brincava com a mão do filho de Hades.

- Eu tenho uma coisa para te contar – sussurrou ele em seu ouvido.

- O que? – ela perguntou.

- Eu te amo.

        

         Qualquer um que visse a cena a acharia normal, mas para eles era extremamente especial. Era a primeira vez que eles diziam isso um para o outro, apesar de ter certezas dos sentimentos, ambos não estavam seguros ainda para compartilhar isso.

        

         Alicia sorriu ainda mais ao ouvir a declaração do namorado.

- Eu também te amo e adivinha? – sorriu para ele.

- O que? – repetiu as palavras da namorada.

- É para sempre.

(...)

         Era dia cinco de outubro, véspera do aniversario de Alicia. Ela estava no Central Park com Nico, eles caminhavam de mãos dadas como todo o casal, mas o que os diferenciava dos outros era o amor perceptível que um tinha pelo outro.

        

- Eu não quero presente – resmungou Alicia fazendo biquinho.

- Eu sei, mas eu comprei.

- Porque tão perfeito? – murmurou ficando de frente para o namorado e o beijando.

- Eu tenho uma surpresa para você – ele disse ainda próximos demais – mas você tem que parar de me distrair.

- Eu distraindo você? Não deveria ser ao contrario, não?

         Ele apenas riu e num piscar de olhos a colocou em suas costas. Ela riu e mordeu o ombro coberto pela camisa preta. Alicia estava tão distraída que não percebeu que estava se aproximando de um grupo maior de pessoas sentados em cima de uma toalha que estava no chão.

        

         Assim que viu seus amigos ficou surpresa por todos estarem ali. Todos mesmo. Connor, Travis, Leo, Piper, Frank, Hazel, Jason, Becca, Jully, Nikki, Percy, Annabeth e Drake.

- O que isso? – perguntou surpresa.

- Vamos comemorar seu aniversario, ora – disse Jully como se fosse a coisa mais obvia do mundo, o que no caso era.

- Mas... – tentou argumentar.

- Mas nada – disse Drake – você merece e estavam todos dispostos a fazer isso.

- Eu queria ter trazido uma bebida para animar as coisas, mas... – Travis deixou a frase no ar.

         Todos riram e Nico puxou Alicia para se sentar, logo começaram a distribuir os presentes e só faltou Alicia chorar. Ela nunca tinha tido uma “festa” de aniversario. Nem quando sua mãe era vivia, apenas alguns bolos.

POV Nico.

- Já faz vinte e duas horas – protestei.

- Eu sei, Nico. Mas Alicia desmaiou, não foi algo comum. Todos aqui estamos preocupados pelo tempo que ela passou dormindo, mas de uma coisa tenho certeza – falou Jully.

- O que? – perguntei sem paciência.

- Enquanto ela dorme, ela sonha.

- É um pouco obvio, não? – perguntou Percy que também estava preocupado com o tempo que Alicia estava desmaiada.

- Não. Não são sonhos normais, são coisas do passado dela, a infância, quando conheceu Drake, essas coisas...

- Quer dizer que quando ela dorme, ela se lembra do passado? Isso é estranho – exclamou Drake.

- Então, já que ela passou todo esse tempo dormindo...

- Ela vai lembrar-se de tudo? – Nikki perguntou retoricamente – pode ser que sim ou pode ser que não.

- Isso quer dizer que quando ela dorme ela lembra o passado, mas quando ela acorda, ela não lembra mais? – perguntou Becca.

- Exato. É mais ou menos isso, é estranho, eu sei, mas é assim que funciona.

- Então eu posso ter esperanças? – perguntei para minha irmã.

- Pode, mas isso não quer dizer muita coisa.

- Como? – perguntei sem entender.

- Para ela recuperar toda a memoria ainda vai demorar um tempo. As memorias da infância de Alicia foram tiradas e as suas também Nico – disse ela sorrindo de um jeito estranho.

- Eu não te entendo.

- Você ficou no Cassino Lotus, não ficou? – assenti – eu também fiquei.

- Eu sei.

- Eu sei que você sabe – sorriu – mas se lembra do que aconteceu quando você ficou lá?

- Não muita coisa.

         Se era possível minha irmã sorriu ainda mais. Ela gostava de me deixar confuso, era isso?

- Vocês se conheceram lá, Nico – disse ela.

- Não, isso não é possível.

- É, é a verdade.

- Porque eu não lembro? Porque ela não lembra?

- As memorias de Alicia foram tiradas, como eu já disse, não sei o porquê e é isso que me preocupa. Assim que a mãe dela foi assassinada – destacou a palavra – Hades e Poseidon estavam tentando descobrir o que fazer para deixar Alicia segura, nosso pai propôs que Poseidon a levasse para o Cassino Lotus e Alecto a deixou comigo. No mesmo dia ela conheceu você.

- Isso quer dizer que eu conheci Alicia antes de tudo?

- Não só você, como Bianca – só a menção do nome de minha irmã já me fazia sentir mal.

- Como eu não consigo me lembrar dela?

- Não sei, já disse. Essa perda de memoria de vocês é o que me preocupa. Quando eu vi Alicia no Mundo Inferior foi estranho, eu tinha a sensação que a conhecia, quando eu tive certeza que ela era aquela menina que ficou uma semana no hotel eu tive vontade de contar para ela, mas eu não podia.

- O que te impede de falar a verdade ou o futuro?

- Nico, já te falei sobre isso. É perigoso. Futuro não é algo legal para se brincar. Eu não sei de nada sobre o meu futuro. Já é o de vocês é outra historia. Eu sei sobre o futuro de cada um daqui, mas não posso me meter. Eu posso falar o necessário, algo mais me prejudica e pode mudar o futuro.

         Gritos vindo do quarto de Alicia nos fizeram parar de discutir. Corri para lá e a vi deitada na cama. Seu rosto estava banhado por lagrimas e assim que ela me viu começou a soluçar. Levantou seus braços como se pedisse um abraço. Sem hesitar a abracei forte.

         Alicia soluçava falando coisas desconexas enquanto ela chorava em minha blusa e eu acariciava seu rosto. Demorou um tempo até que ela se acalmasse.

- O que aconteceu pequena? – perguntei.

- Eu... Eu... Sonhei que tinham levado você de mim. Você tinha sido sequestrado e ninguém sabia de você – ela tinha se lembrado de quando Nix me sequestrou?

         Segurei seu rosto com as duas mãos e limpei as lágrimas que insistiam em cair. A fiz olhar em meus olhos e disse:

- Ninguém nunca vai conseguir me tirar do seu lado. Nunca, entendeu? Vou estar sempre aqui.