- Dorme pequena, você precisa descansar.

         Ela assentiu, virou para o lado e murmurou:

- Só não vá embora.

         Era obvio que eu não iria embora, se fosse preciso até dormiria aqui. Sorri com o pensamento e me aproximei dela fazendo carinho em seus cabelos. Ouvi a campainha tocando e fui atender antes que o barulho acordasse Alicia.

- Onde ela está? – perguntou Drake preocupado.

- No quarto. Ela está queimando de febre e eu acabei de dar um remédio.

         Ele assentiu e foi para o quarto dela, entrou e se aproximou dela. Tocou seu rosto e franziu o cenho.

- Tem algo errado – disse.

- Tipo...

- Alicia nunca fica doente por nada. A alimentação dela é perfeita então não tem haver com a comida.

- Ela foi para o hospital ontem – afirmei.

- Não, ela não pegou nenhuma doença lá. É outra coisa.

- Você sabe o que é pelo menos? – estava ficando impaciente.

         Ele pediu para que eu esperasse e abriu as bandagens que cobriam o corte que havia em seu braço. Assim que ele se livrou delas, conseguimos ver o corte aberto. A pele que estava em volta do corte tinha adquirido uma cor meio amarelada.

- Becca pode não ter limpado o ferimento corretamente – murmurou ele.

- Não pode ter sido isso. Assim que ela terminou Nikki levou Alicia para a água, isso já deveria ter curado.

- Ela usou toda a sua força para continuar lutando o ferimento pode ser sido reaberto e se Reia percebeu isso pode ter se aproveitado e atacado ali. Alicia nunca iria perceber já que tinha quebrado o pé e sempre reclamava de dores no braço.

         Ele continuou cuidando do braço de Alicia e eu fiquei de longe observando até que ele chamou minha atenção.

- Sente falta?

- Do que?

- Da Alicia sua namorada.

- Confesso que sim, queria que ela pudesse lembrar-se de mim pelo menos como um amigo.

- Fiquei surpreso quando ela comentou de quando eu quebrei a perna, quando estávamos, você sabe...

- Se despedindo – ele assentiu.

- Ela mencionou esse fato e quando estávamos ali e ela falou aquilo foi quando eu me dei conta de que poderia ter sido pior. Nico, quando Alicia foi adotada eu fiquei perdido. Havia perdido minha melhor amiga e quando eu vi que Reia a mandaria escolher eu fiquei perturbado de vê-la sofrendo daquele jeito. Eu pediria para Reia me matar para não vê-la sofrer assim de novo.

- Somos dois – falei simplesmente.

         Ficamos ali nós dois, enquanto ele cuidava do braço dela eu ficava observando. Eu era um puto de um sortudo para conseguir namorar uma garota assim.

- Pronto – disse Drake se levantado.

- Ela vai melhorar? – perguntei.

- Sim, é só dar um tempo – ele sorriu – agora eu preciso ir, tenho que fazer umas coisas para minha mãe. Ela ainda acha que eu vou fugir – ele riu.

         Fui com ele até a porta e assim que ele se foi eu fechei. Voltei para o quarto de Alicia e me assustei ao perceber que ela não estava na cama. Ouvi um barulho vindo do banheiro e a encontrei lá caída no chão.

- O que aconteceu? – perguntei ajudando ela a se levantar.

- Eu passei mal e você na estava ali, então eu tentei vir até o banheiro, mas não consegui – eu ri do seu jeito manhoso.

         A coloquei na cama e beijei sua testa.

- Se sente melhor?

- Muito – ela riu.

- Está com fome ou sede?

- Quero água. Pega para mim?

         Eu sorri e fui até a cozinha. Voltei para o quarto e dei água a ela.

- Nós éramos amigos antes que eu perdesse a memoria? – perguntou.

- Sim – isso não foi uma mentira.

- Becca me contou umas coisas durante a aula – sorriu culpada – ela falou que todos eles têm namorados, só... Não mencionou você.

         Ela queria saber se eu tinha uma namorada? Estaria interessada? Ri com o pensamento idiota.

- Não tenho uma namorada – na verdade tenho, mas você não se lembra de mim, então...

- Oh, então nós segurávamos vela? Isso devia ser chato? – riu.

         Continuamos conversando. Alicia estava bem melhor. A cor já tinha voltado para o seu rosto e agora ria com tranquilidade de qualquer idiotice que eu falava. Era estranho, eu não imaginava que estaria assim com ela, mas não me permiti ter mais esperanças.

(...)

1 mês depois – Pov. Alicia.

         Meu celular tocava insistentemente ao meu lado. Tateei a sua procura, ainda de olhos fechados.

- Quem quer que seja tem cinco minutos para dar um bom motivo para não mata-lo.

- Isso é jeito de atender o melhor amigo? – perguntou Drake do outro lado da linha. 

- Drake, amor da minha vida, hoje é sábado eu quero dormir, então fala logo porque me acordasse tão cedo.

- Nós vamos para o clube – afirmou.

- E...

- Thalia, Connor, Travis e Jason vão estar lá. Esta na hora de vê-los não acha?

- Sério, eu não estou a fim de ir para o clube hoje.

- Ah, qual é. Todo mundo sabe que você é gorda, não precisa ter vergonha de ficar de biquíni – brincou.

- Três palavras: vai se fuder.

- Também te amo. Arrume-se porque daqui a vinte minutos Nico está passando ai. Não esquece que vamos passar o dia lá, ok?

- Tenho escolha?

- Não.

- Tudo bem. Daqui a vinte minutos estou na porta da frente esperando Nico com um sorriso.

- Só não o deslumbre. Fui.

         Drake era um idiota, mas eu o amava incondicionalmente. Derrotada levantei da cama feliz por não estar mais mancando. Havia tirado a tala há cinco dias e ainda não tinha me acostumado a ficar sem ela.

         Fui para o banheiro, onde eu fiz minha higiene matinal. Depois sai do quarto a procura de um biquíni e fiquei feliz ao encontrar um roxo tomara que caia. Coloquei uma blusa e um short por cima. Peguei uma bolsa onde eu coloquei minha carteira, meu celular, uma toalha, dinheiro e outras coisas. Peguei meus óculos e sai do quarto.

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- Drake também ligou para você?

         Virei e encontrei Percy que vestia uma bermuda, regata e chinelos.

- Sim. Acredita que ele me acordou a essa hora? – ele riu.

- Muito preguiçosa você maninha – brincou Percy.

- Tive a quem puxar – pisquei para ele.

         Ele sorriu e eu fui para a cozinha buscar alguma coisa para comer. Peguei uma maçã e avisei a Percy que estava indo. Ele iria buscar Annabeth e nos encontraria no clube.

         Cheguei lá em baixo e encontrei Nico, que estava apoiado em seu carro. Reprimi um suspiro enquanto andava até ele.

         Desde o dia em que eu havia passado mal no colégio, eu e Nico tínhamos nos tornados grandes amigos. Era estranho o modo como ele sabia tudo sobre mim. Era obvio que eu me sentia atraída por ele, o modo como ele cuidava de mim, que sorria e até o olhar que dirigia para mim com um carinho sem igual.

         Ele sorriu e caminhou até mim. Virei meu rosto e depositei um beijo em sua bochecha.

- Bom dia – disse sorrindo ainda mais.

- Bom dia – retribui o sorriso.

- Vamos?     

         Assenti e ele abriu a porta do carro para mim e eu entrei. Durante o caminho fomos ouvindo musica e conversando e quando eu percebi já estávamos no clube.

         Paul havia me inscrito no clube havia um mês. Lá tinha quadras de todos os esportes, sem contar as inúmeras piscinas e áreas de lazer. Também tinha um restaurante e de noite havia festas.

- Está lotada – observei.

- Já imaginava – comentou Nico – tem uma festa hoje à noite e Jully praticamente me obrigou a vir – fez um biquinho muito fofo que deu vontade de morder.

- E ai gostosa – ouvi a voz de Drake e me virei.

- Larga de ser idiota – me fingi de brava – como você me acorda às oito horas da manhã em um sábado sendo que ontem eu fui dormir tarde? 

- A culpa não é minha se fosse ficou até de madrugada no telefone com o Nico – senti minhas bochechas esquentando.

         Não respondi seu comentário porque não sabia o que falar. Era verdade que Nico me ligava toda a noite e ficávamos horas conversando e ontem a noite não foi diferente.

         Segui para a área da piscina onde de longe eu podia ver minhas amigas com seus respectivos namorados. Eu tinha conhecido eles antes de perder a memoria, por isso, eles só seriam estranhos para mim, mas eu os tinha visto uma vez depois disso, porém não tinha nem conversado com eles.

         Assim que em aproximei deles Jully levantou correndo da espreguiçadeira e veio praticamente saltitando até onde eu estava. Ela estava linda com seu biquíni preto, muito parecido com meu. Ela me abraçou e disse:

- Você está gata com essa roupa – disse ela me fazendo corar – imagina só de biquíni – brincou – vem.

         Ela me levou até o garoto que eu reconheci ser Travis. Ele sorriu para mim de uma forma que me fez ter medo dele.

- Sempre gostosa demais hein, Alie – brincou ele me fazendo ficar ainda mais corada.

- Uou, valeu a pena ter vindo – o irmão de Travis, Connor piscou para mim.

         Se possível, fiquei ainda mais envergonhada e ouvi uma risada atrás de mim. Dei de cara com Drake e Nico olhando para os irmãos com uma cara de deboche.

         Vi Becca vindo correndo para minha direção e me abraçou. Depois sorriu e olhou para o menino atrás dela. Ele era lindo, nada comparado a Nico, claro, mas tinha cabelos loiros e olhos azuis como o céu.

- Estava com tanta saudade, Alie – disse ele.

- Ela não se lembra de você, amor – Becca falou rindo – Alicia, esse é o Jason, meu namorado. Aquela é Thalia, irmã dele e namorada de Drake – gesticulou para e menina que estava atrás dele. Ela era a copia do irmão, só mudava era a cor de seus cabelos, que eram pretos. (N/A depois explica o que aconteceu entre a Thalia e o Drake).

- Oi – sorri tímida para os dois.

         Eles retribuíram o sorriso e logo todos foram para a piscina, menos Nico. Coloquei minha bolsa no chão, ao lado de uma espreguiçadeira próxima de onde estavam minhas amigas.

Pov Nico.

         Alicia estava cada dia mais linda e cada vez ficava mais difícil ficar perto dela sem poder beija-la como eu fazia antes. Mas ficar longe era pior ainda.

         Fiquei surpreso ao encontrar Thalia ali. Sabia que ela havia conversado com Ártemis e contado que estava apaixonado por Drake. Ela havia abandonado As Caçadoras para ficar com ele.

         Fui tirado dos meus pensamentos quando Alicia tirou seu short, revelando seu biquíni roxo. Admito que fiquei babando por suas pernas. Ela não era apenas linda, era maravilhosa e gostosa.

- Nico? – chamou Alicia, agora apenas de biquíni.

- Oi? – balancei a cabeça tentando tirar pensamentos impróprios.

- Você parecia estar viajando – comentou – achei melhor te trazer para o mundo mortal.

         O que era aquilo? Mundo mortal? Ela sabia do que estava falando ou era apenas uma brincadeira?

- Estava pensando em certas coisas – murmurei me sentando na sua frente.

         Ela levantou as sobrancelhas como se duvidasse desse fato. Tirou algo da bolsa que eu reconheci como sendo um protetor solar. Definitivamente ela precisava daquilo. Alicia tinha uma pele clara como porcelana e era tão pequena que parecia que iria se quebrar a qualquer momento.

         Alicia riu e balançou a cabeça. Isso me fez olhar para ela novamente e me surpreendi e me arrependi de ter feito isso. Ela passava protetor nas pernas de uma maneira que a deixava totalmente atraente e me deu uma vontade enorme de agarra-la ali mesmo.

- Nico, passa nas minhas costas? – ela pediu me tirando do transe em que eu estava.

- C-claro – falei.

         Ela se virou de costas e tirou o cabelo cacheado que caia em suas costas. Peguei o protetor que estava em suas mãos e um pouco nervoso comecei a passar. Comecei passando devagar com medo de machuca-la.

- Anda, Nico, não sou de porcelana – ela disse me fazendo rir.

- Ainda não acredito nisso – falei terminando de passar.

         Ela riu e deitou na espreguiçadeira e para minha total surpresa, minutos depois ela já estava dormindo. Sorri e me sentei ao lado dela.

Pov Alicia.

         Eu estava em um parque e a menina estava brincando enquanto a mãe conversava com uma mulher. De longe eu podia ver a menina brincando com um garoto parecido com ela. Aproximei-me das mulheres para poder ouvir a conversa delas.

- Está conseguindo fugir? – perguntou a mulher de cabelos castanhos.

- Tem sido difícil, Sally, mas tendo uma fúria como vizinha ajuda um pouco – a mulher sorriu.

- Você tem sorte. Pelo menos não teve que se casar com um Gabe.

- Sinto muito – disse a mulher.

- Não tem problema, isso vale a pena por ter Percy perto de mim – ela sorriu para o menino que brincava junto com a menininha loira.

- Eles são lindos, não?

- Demais – respondeu Melanie observando eles de longe – são parecidos, não acha?

- Claro que não! – respondeu Sally – Alicia é a sua cara, a não ser os olhos.

         A mulher sorriu ao se lembrar de quem a filha havia puxado aqueles olhos claros e lindos. Hoje estava em um verde profundo, os olhos de Alicia sempre refletiam como estava o oceano e ele estava cada dia mais bonito.

         De repente Melanie viu uma senhora de aparência conhecida se aproximar de sua filha e do meio irmão. Era Alecto, a fúria que Hades havia enviado para proteger ela e sua pequena. Se ela estava ali, tão próxima é que algo estava errado.

- Pegue Percy e o leve para casa – avisou a Sally – algo esta errado.

         A loira procurou algo dentro da bolsa. Uma faca dourada. Foi correndo até onde estava a filha e a pegou no colo enquanto Sally fazia o mesmo com o Percy. Os olhos da menina ficaram cheios de lágrimas ao se afastar do irmão. Apesar de ser nova, Alicia sabia que aquele menino era filho de seu pai.

- O que aconteceu mamãe? – perguntou a menina.

- Temos que ir embora, filha.

- De novo? Mas e Percy? – ela perceptível a tristeza em seu olhar.

- Eles vão ficar bem, tenho que cuidar de você agora.

         Logo as duas estavam em casa. A mulher correu para o armário onde encontrou um arco e uma aljava cheia de flechas. Pegou uma mala e começou a colocar algumas mudas de roupa, mas ela sabia que não adiantaria.

         Teve certeza disso quando ouviu um barulho vindo do quarto onde sua pequena dormia. A menina arregalou os olhos assim que ouviu também.

- Você precisa se esconder, sim? Você sabe onde. Mamãe vai ficar bem. Eu te amo, está bem Alicia? Fique quietinha – pediu a mulher sabendo que passaria os últimos minutos de sua vida tentando salvar a coisa que mais amava.

         A menina correu com os olhos cheios de lágrimas. Durante toda a sua curta vida a mãe sempre a avisara onde deveria se esconder e avisava que quando chegava a hora ela deveria correr sem se preocupar com a mãe.

         Melanie observou a menina sumir. Pediu aos deuses para que sua menina ficasse segura e se dirigiu ao quarto da filha.

- Finalmente – gelou ao ouvir a voz da titânide.

- Reia, por favor – pediu.

- O que? Você destruiu a minha família. Fez meus filhos brigaram e teve uma criança que não deveria ter nascido e ainda tem coragem de implorar por sua vida? Saiba que eu nunca gostei de você.

- Ora – respondeu ofendida – não me importo se você gostasse de mim ou não, a única coisa que eu quero é que minha filha fique segura.

- Isso não vai acontecer...

         Senti mãos segurarem a minha perna e meus braços. Abri meus olhos imediatamente dando de cara com Travis e Connor que tiveram a brilhante ideia de me jogar na piscina. Como fui estupida de ter dormido no meio do clube?

- Me larga – pedi enquanto me debatia.

- Não mesmo – Travis sorriu.

         Eles não deram tempo para que eu fizesse mais nada. Jogaram-me na piscina e por sorte consegui segurar um pouco de ar. Meu corpo foi de encontro ao fundo da piscina e usando meus braços fui até a superfície.

- Eu juro que vou matar os dois – falei.

- Sabe, antes eu teria medo dessa ameaça, mas agora... – Connor fingiu pensar – não mesmo!

- Não impliquem tanto com ela, Alicia não é tão indefesa quanto parece – Nico sorriu maroto – você sabem disso – piscou para mim.

         Sorri para ele e tirei meus óculos. Os idiotas não foram nem queridos o suficiente para tirar. Nico estendeu a mão e os pegou. Depois para a minha surpresa tirou sua camisa.

         Nico, ele era musculoso e seu abdômen tinha formado gominhos que davam vontade de lamber um por um. Deuses, o que está acontecendo comigo? Devo ter ficado um tempo imaginando o que poderia fazer com ele, pois quando vi, ele já estava dentro da piscina.

         Seu cabelo estava molhado e caia em seus olhos, me aproximei lentamente e com uma mão, os tirei dos olhos dele. Ficamos presos no olhar um do outro e quando percebi estávamos com os rostos quase colados. 

         Seu olhar se alternava entre meus olhos e minha boca assim como os meus. Um parecia esperar o outro tomar a inciativa e dei graças quando Nico passou o braço pela minha cintura me colando a ele e unindo nossos lábios.