Eu não sabia como era morrer, mas não era desse jeito. Abri meus olhos de novo, dessa vez, eu estava no Olimpo.

- Achei que eu tivesse morrido – falei olhando para os deuses.

- Não estava na hora disso acontecer – falou Afrodite sorrindo para mim – As Parcas ainda não cortaram o fio da sua vida.

- Mas Nix atacou meu ponto fraco! Como posso não ter morrido? – eu estava totalmente confusa.

- Deixe-me entender – falou Hades – você está dizendo que preferia ter morrido?

- Claro que não! – tratei de me justificar – É que eu não entendo.

- Eu vou lhe explicar – disse Atena – as Parcas são quem decide por quanto tempo você vai viver. Como ainda não era sua hora, isso não aconteceu, mas todos devem achar que sim.

- Como assim?

- A sua verdadeira missão ainda nem começou – meu pai se manifestou – Nix foi mandada para te tirar do caminho, mesmo não sabendo que não era isso que as Parcas queriam.

- Então porque eu estou aqui e não no acampamento?

- Você já percebeu que temos um espião no acampamento. Você irá voltar para o acampamento, mas só sairá de seu chalé quando for a hora. Somente os mais confiáveis devem saber sobre isso. Você irá passar uns dias aqui, poderá treinar novamente e só voltara para o acampamento quando seu corpo estiver devidamente descansado – disse Atena.

- Meu corpo?

- Você está aqui só pensamentos, seu corpo está na batalha, se eu não me engano no colo de meu filho – disse Hades.

Pov Nico.

Vi que algo tinha dado errado quando ouvir Jason gritar:

- Alicia, sua mão!

         Tinha um corte na mão dela e me lembrei de algo que ela disse a caminho para cá:

“Agora só o que pode me machucar e você e um pequeno corte na mão.”

         Como não percebi isso antes? Alicia tinha se banhado no Rio Estige, agora ela iria morrer. Não conseguia pensar, eu tinha que ajudar ela. Ataquei a Equidna sem me importar se iria me machucar, passei minha espada no meio de seu tronco e ela se desfez em pó.

         Alicia estava atacando Nix e Jason a ajudava, ela passou a espada pela cabeça de Nix e depois cambaleou e eu a segurei. Ela caiu em meu colo. Ela olhou para Jully que estava chorando, pareceu compreender alguma coisa depois olhou para mim e Percy e fechou os olhos.

         Eu não estava pronto para sentir sua morte, mas esperava isso. Surpreendi-me quando isso não aconteceu. Eu podia sentir a morte de qualquer pessoa insignificante, mas da pessoa mais importante do mundo eu não conseguia?

         Estavam todos ao nosso redor. Jason, Becca, Leo, Piper, Annabeth, Nikki, Percy e Jully. Estavam todos chorando e não era seguro ficarem todos ali, a levantei e fui em direção ao chalé 3, todos me acompanharam. A deitei na cama e beijei sua testa, ela não estava morta, não poderia estar.

         Percy olhou para Jully e disse:

- Você sabia disso – a acusou.

         Ela assentiu.

- E você a deixou morrer – a voz dele estava dura e seu rosto cheio de lágrimas.

- Ele me disse que se eu falasse demais, iria ter consequências. Era o destino dela.

- Do que vocês estão falando? – eu perguntei confuso.

- Jully sabia que Alicia iria morrer e não avisou – foi Jason que me respondeu.

- PORQUE VOCÊ NÃO AVISOU? – eu gritava com ela

- Eu não podia, esse era o destino dela, Nico, você sabe que ela não morreu!

- Você também não sentiu? – abaixei meu tom de voz olhando para a minha “nova” irmã.

- Não, porque ela não morreu. – disse ela.

- Não tem como ela não ter morrido – falou Annabeth – ela se banhou do Rio Estige e contou para Jason que tinha escolhido a sua mão esquerda como o Calcanhar de Áquiles.

- Eu não sei explicar Annie – eu não sabia mesmo – sempre que alguém morre, eu sinto essa morte. Mas quando ela fechou os olhos eu não senti nada. Nada. – eu estava frustrado.

- Ela não morreu – disse uma voz conhecida atrás de mim. Hades.

- Pai? – eu perguntei.

         Ao seu lado estavam Zeus, Poseidon, Atena, Apolo, Hefesto e Afrodite.

- Ela não morreu – repetiu ele.

- Isso nós sabemos Sr. Hades – disse Percy, ele estava mal o suficiente para não ser mal educado com meu pai.

- Vocês sabem disso, mas ninguém desse acampamento além de Quíron e Dionísio devem saber disso – disse Poseidon.

- Por quê? – perguntou Becca.

- Primeiro: ela não morreu, pois não era a hora – começou Hefesto – todos precisam pensar que ela teria morrido só assim o Olimpo será salvo. Ela está bem, não se preocupem, ela ficara no Olimpo até seu corpo estiver pronto para recebê-la novamente. Ninguém deve saber o que aconteceu.

- Por que tudo isso? – foi a vez de Jully perguntar.

- É a vez dela de salvar o Olimpo – disse Zeus com desgosto – e com todos os outros deuses e titãs sabendo da morte dela, eles não temeram o ataque direto ao Olimpo, ela estará pronta e cumprira sua missão.

- Ou seja, ela tem mais ou menos o mesmo destino que eu tive? – perguntou Percy.

- Você nem imagina – disse Afrodite triste – E todos vocês estarão com ela durante tudo isso.

- Quando ela vai acordar? – eu estava preocupado.

- Em alguns dias – respondeu meu pai.

- Vocês tem que passar a noite aqui no chalé 3, já falamos com Quíron – falou Apolo – ninguém deve saber que ela está viva ainda, não se esqueçam.

- Tem mais uma pessoa que deve saber – disse Jully.

         Apolo sorriu.

- Você tem muita sorte de ter recebido minha benção, Jully, faras muito uso dela. Mas lembre-se das consequências.

- Quem mais deve ir? – perguntou Becca.

- Travis Stoll, filho de Hermes. – estranhei quando vi Jully sorrindo.

- Mas e nós? – disse Frank se referindo a ele, Hazel e Jason.

- Vocês ficaram aqui – quem respondeu foi Atena – agora vocês devem voltar, a luta ainda continua.

         Falando isso, eles se foram. Olhei para minha pequena, ela estava deitada na sua cama, seu rosto tão relaxado e sempre lindo. Beijei sua testa e me virei para falar com os outros.

- Vamos acabar com essa luta.

         Nós corremos para o meio da luta. Nenhum semideus tinha morrido apenas alguns machucados. Eu convoquei vários soldados e eu e Percy fomos matar o Minotauro. Ele já tinha feito isso sozinho duas vezes, mas o pelo que parece o Minotauro ficou mais inteligente.

         Aos poucos os monstros foram se transformando em pó. Quando tudo acabou, a única coisa que eu queria era ver Alicia. Era difícil fingir que ela estava morta. Mas todos ainda estavam chorando pelo que achávamos que tinha acontecido, assim ficou mais fácil.

         Assim que sua mortalha foi queimada, voltei em direção ao chalé de Poseidon. Quando cheguei lá encontrei a última pessoa que eu esperava. Meu pai.

- Hades?

- Oh, Nico – disse ele surpreso por me ver.

- O que você faz aqui? – questionei.

- Vim falar com você e vê-la – falou olhando para Alicia.

- Porque você veio ver ela?- eu estava confuso, como ele não respondeu fiz outra pergunta – você não está...

- Apaixonado por ela? Claro que não! Eu gosto dela. Simpática, linda e doce. Me lembra sua mãe. Minha família acha que por eu ser o Deus do Submundo eu não tenho sentimentos.

- Nunca achei que você tivesse – fui sincero.

- Foi isso que eu disse. Eu gostava de sua mãe e sua irmã e você pode não acreditar Nico, mas eu gosto de você.

- Nunca pensei que ia ouvir isso.

         Ele riu e me olhou.

- Cuide de Alicia e Jully. Atena pediu para avisar que vocês continuem suas vidas aqui normalmente e não é para deixar ela sozinha.

- Pode deixar.

- Nico, você precisa treinar. Você deve deixa-la com os outros. Ela ficara bem, entendeu filho?

- Sim, você pode me dizer por quanto tempo ela vai ficar dormindo?

- Por alguns dias. Seu corpo deve estar preparado e descansado.

- Ela continua com o com o Calcanhar  de Áquiles?

- Não, mas digamos que Alicia irá voltar um pouco mais resistente. Não é fácil voltar dos mortos sem nem mesmo ter morrido. Agora preciso ir. Se cuide filho.

         Falando isso se foi. Eu precisava me desculpar com Jully, ela não tinha culpa do que tinha acontecido. Fui para o pavilhão de jantar. Encontrei minha irmã conversando com Travis Stoll.

- Hum, oi Travis. Jully, vamos nos sentar, quero falar com você.

- Tudo bem – sorriu para Travis e disse – conversamos outra hora.

- Está afim dele? – perguntei, eu não queria dar uma da Percy, mas eu sempre fui extremamente ciumento.

- Ele é meu amigo, Nico – disse ela sorrindo.

- Ok. Na verdade, eu preciso me desculpar com você.

- Não precisa, eu entendo, você a ama e achou que tinha perdido ela.

- Mesmo assim eu não deveria ter gritado com você.

- Eu me culpei por isso. Quando eu vi o que ia acontecer, chorei muito, eu achei que ela iria mesmo morrer, mas eu não podia contar, eu sinto muito.

         Estávamos sussurrando, ninguém podia saber.

- Não se preocupe o pior já passou. Você não sabe quando ela vai acordar né?

- Não, como nos falaram, não é uma coisa determinada, por isso, não tem como saber.

- Como funciona isso?

- Eu não sei explicar, mas sei tudo o que é definitivo, por exemplo, onde você estava, essas coisas...

- Bem útil – disse sorrindo.

- E perigoso – ela disse séria – lidar com o futuro é algo muito caótico, se eu falar demais, tudo pode mudar e eu terei que lidar com as consequências.

- Foi por isso que você não avisou sobre a morte dela?

- Sim, pois você, Percy e Jason iriam tentar salva-la e provavelmente iam acabar morrendo ou o plano não iria sair corretamente. Mas, como eu disse, eu não sabia que ela não iria morrer.

- Ela e Jason são bem amigos? – pqp, eu não conseguia ser mais ciumento?

- São, Jason sofreu demais com a “morte” dela. Ele gosta muito dela – disse ela me olhando depois sorriu – Não precisa ter ciúmes, ela é louca por você.

- Eu sei – ri – mas é difícil acreditar nisso.

- Nico bobo, vamos comer que depois tem fogueira.

         Comemos e fomos para a fogueira. Percy e Annabeth iriam ficar no chalé cuidando de Alicia, era estranho ir para fogueira sem minha pequena, não fiquei muito lá e logo fui para o chalé 3, onde eu e os outros iriamos ficar até Alicia acordar.