Enquanto ambos se encaminhavam para o apartamento onde Richard – o irmão preguiçoso e folgado – estava.

Richard estava sentado no tapete com a cabeça encostada no braço do sofá jogando – o único motivo que o fazia faltar na escola e tirar notas medianas, esse seu vicio em jogos transformou sua mente numa maquina extremamente criativa e analítica muito útil.

O andar do apartamento era o terceiro, de costas para a rua, cercado por muros altos, o que dava a impressão de ser um local seguro, mas só impressão. No meio da partida em um de seus jogos de ação combinado à estratégia favoritos (Warrios Orochi 3 diga-se de passagem), Richard ouviu barulhos na porta, aparentemente vindos da porta de sua vizinha – uma garota meiga chamada Yui Oda, sua família era do Japão assim como os pais de Richard – mas logo ignorou o barulho, pensou que talvez fosse o vento, mas por precaução abaixou o volume da TV para ficar mais alerta.

Alguns minutos depois ouviu um estrondo, algo como uma porta sendo derrubada, e logo em seguida ouviu i grito desesperado da vizinha. Num ato quase instintivo, jogou o controle de lado e se levantou correndo pulando a janela que já estava aberta e correu para o apartamento ao lado, onde a porta estava pendurada por apenas uma das dobradiças dando a idéia de arrombamento, ao aparecer na porta viu Yui correndo em sua direção perseguida por dois zumbis extremamente lerdos cobertos de sangue, diante da situação Richard pôs Yui à suas costas para protegê-la e correu os olhos rapidamente ao seu redor procurando algo para se defender, por sorte ao seu lado, sobre um pequeno móvel de madeira, ele avistou uma Katana, seus olhos brilharam de emoção, algo que se aproximava ao êxtase, saltou rapidamente para o lado, pegou a espada, colocou ela na altura da cintura quase alinhada, arrastou o pé direito para frente, flexionou um pouco os joelhos, observou por um ou dois segundos os alvos, fechou os olhos, respirou profundamente, apertou o cabo, soltou o ar e sacou a espada tão rapidamente e perfeitamente que pode-se ouvir a lamina assoviando ao ar e decepando as cabeças de ambos os zumbis, fazendo com que elas voassem para trás e o sangue esguichando até o teto, seu rosto, levemente salpicado de sangue, misturou um ar de surpresa por ter acertado com o alivio de que a espada não fosse meramente um enfeite como a que ele possuía em seu quarto.

 - Excelente saque rápido Richard – sorriu Yui.

 - Ah, nem pensei que funcionaria, acho que as aulas de Kendo valeram o esforço – respondeu meio encabulado e hesitante.

 - A katana deve ter ajudado, graças a ela a família Oda ergueu seu império no período Sengoku.

 - Sério? Essa realmente é a katana do lorde Nobunaga Oda? – indagou Richard surpreso.

 - Sim, ela é passada de geração para geração, mas pode ficar com ela para você, você merece por ter me salvado – disse Yui sorrindo e segurando a mão esquerda de Richard que estava segurando a katana.

 - Tem certeza? E seus pais? Não ficariam bravos por isso?

 - Não, seria considerado um motivo de honra.

 - HMMM... Ah, por falar em seus pais, onde eles estão?

 - Viajando junto com os seus para aquela reunião anual em Tókio, esqueceu?

- É mesmo, desculpa a falta de memória, acho que sou um inútil mesmo – disse rindo e coçando a cabeça.

 - Você não é um inútil – disse ela se aproximando mais – você acabou de me salvar.

 - HEHE – disse Richard meio encabulado.

Houve um breve silencio e ambos começaram a trocar olhares e se aproximar cada vez mais e mais. Nesse instante um vulto aparece encostado à porta.

 - Como estão os pombinhos? HAHAHA

- Seu maldito, falei pra você voltar pra casa. Por que demorou tanto? – disse Richard enquanto Yui se afastava furtivamente, rosada e encabulada.

 - É que tive alguns contratempos – disse ele puxando Alice de trás da parede e pondo o braço em volta do pescoço dela e dando um sorrisinho – tive que salvar essa aqui no caminho.

 - Alice? – disse Richard meio boquiaberto.

 - Richard? Você é o irmão dele?

 - É infelizmente sou irmão desse inútil e misantropo.

 - Mas você não tem nada a ver com ele, alem de terem a mesma idade, como isso é possível?

 - É que o Tiago é adotado, nós o encontramos vagando pela rua num dia chuvoso, perdido e sozinho, quando ele tinha uns 3 ou 4 anos.

 - Ah, então seu nome é Tiago? Interessante HAHA.

 - Você é da minha sala e não sabe meu nome? Como você consegue? – indagou Tiago retirando o fone.

 - Não sei dizer o porquê.

 - Ela é da sua sala? – disse Richard surpreso.

 - É.

 - Por que você não me disse nada?

 - Oras, porque você não perguntou.

 - Mas...

 - YUI-SAN!!! Onde tá a geladeira? – gritou Tiago interrompendo Richard.

 - Ali – apontou Yui para uma porta pouco a frente no fim da sala.

 - Valeu – sorriu Tiago se dirigindo para a cozinha.

 - O seu merda, cadê seus modos – disse Richard com sua expressão mais tradicional que se enquadra perfeitamente em “o que diabos você esta fazendo?”.

 - Ao contrario de você, que só fica no vídeo-game, eu converso bastante com ela e passo mais tempo com ela e os pais lá na loja deles do que em casa. – disse com um tom meio alto da cozinha.

 - AFF, você não muda mesmo.

 - Você realmente é bem interessante – disse Alice rindo como sempre.

Tiago voltou da cozinha com uma garrafa de coca na mão com seu costumeiro ar sério.

 - Vamos juntar o que der pra usar com armas, alguns suprimentos e comida. Depois vamos ir até a casa dela – disse apontando para Alice – e de lá vamos para a delegacia pegar armas ou qualquer coisa que nos ajude a sobreviver.

Todos partilharam do ar serio e começaram a juntar os objetos na sala se preparando para partir em busca dos pais de Alice.