Acordei mal humorada, zangada e perturbada. Não sabia bem o porquê mas também nada me interessava. 

Já faltavam poucos dias para a minha despedida, poucos dias para os treinos a sério...

Todos este pensamentos atormentavam a minha cabeça, quando me decidi levantar. Fui ver o telémovel, tinha uma sms e era de Thomas. "Bom dia Kath, será que tens algo combinado para hoje? Eu e Cloe temos uma surpresa para ti...." . Eu odeio surpresas, especialmente quando não sei nada sobre elas. Começamos então numa conversa por escrito.

"Bom dia, que tipo de surpresa?"- perguntei

"Se te dissesse  deixava de ser surpresa, não achas Kath?"- respondeu

"A sério, dá-me uma pista! Hoje não estou no dia ideal para joguinhos de criança..."

"Só te digo que tens de estar linda...daqui a 20 min passo aí para te buscar, é suficiente esse tempo?"

"Sim, deve chegar..."

"Então até logo."

Depois de ler a mensagem de Thomas tinha mais um problema: para além de estar de mau humor ainda tinha de me pôr bonita, para algo que não fazia a menor ideia do que se tratava. Mas decidi não pensar muito, dirigi-me ao armário e procurei durante algusn segundos, havia um vestido que eu nunca tinha usado, e era bem o meu estilo, o que quer que fosse a surpresa eu estaria a matar.

Coloquei tudo em cima da cama e dirigi-me á casa-de-banho para tomar um banho bem relaxante. Por fim voltei ao quarto e vesti-me meio a custo. (http://www.polyvore.com/untitled_45/set?id=61438759). 

Quando desci li um bilhete que o meu pai tinha deixado na porta. Tinha saido cedo e não dormiria em casa esta noite. Porque é que ele andava tão "saido"? Olhei para o lado, o relógio indicava hora de almoço, mais uma vez tinha dormido demais, talvez daí o mau humor.

Olhei pela janela e vi o carro de Thomas estacionado, só aí me lembrei que quando ele me disse que estaria em minha casa dentro de 20 min, eu não olhara para as horas. Devia estar bastante atrasada! Peguei nas chaves e saí a correr.

- Bom dia Thomas, desculpa...- desculpei-me quando me aproximei dele, que estava a fumar.

- Na boa.

- Não sabia que fumavas...- comentei

- Há muita coisa que não sabes, mas ainda não tinhas notado em mim cheiro a fumo nem nada? Bem...andas mesmo distraída, ultimamente!

- Tá calado...nem me digas nada!... Mas vamos Tom?

- Vamos.

O caminho foi todo passado em silêncio, Thomas nada me disse acerca da tal surpresa, mas quando chegamos ao local da tal surpresa eu percebi do que se tratava. Era a casa de Thomas, e por toda a varanda tinha um lençol com letras coladas, dizia: FESTA DE DESPEDIDA. Era dificil de acreditar que eles tinham feito aquilo para mim, mas eu estava feliz...realmente feliz. Até o meu mau humor parecia ter desaparecido, mas disse bem, parecia...

Quando entrei em casa Cloe derigiu-se a mim e contou-me todo o esquema que tinha montado para que eu não desconfiasse de nada, e contou-me também que ela e Thomas tinham um relacionamento há alguns dias.

- A tua irmã?- ouvi uma voz desconhecida.

- Não sei, nem quero saber...- respondi

- Fogo, que fria!

- Fria? Ainda estás a falar comigo? Mas eu conheço-te de algum lado?

- Tem calma Kath, anda vamos subir...- falou Tom levando-me escadas acima rumo ao seu quarto.

- Não me devias ter tirado dali- reclamei.

- E deixava-te espancar a moça até á morte? Pois...- brincou

- Cala-te Thomas! Já te disse que hoje não estou nos meus dias!

- Já te disse que estás bonita? Aliás, muito bonita?- tentou ele mudar de assunto

- Não, mas obrigado. Posso te pedir um favor?

- Todos.

- Leva-me para junto da minha mãe, por favor...

- De certeza que é isso que queres? Esta festa é tua...não me digas que vais deixar esse mau humor destruir a tua ultima festa?

- Queres saber Tom? Eu sei que  a vossa intenção é a melhor, mas eu não gosto de festejar despedidas...muito menos a minha, por isso, sim, o mau humor vai ganhar e eu quero que me leves para a minha mãe.

Thomas não reclamou, pegou nas chaves e fez o que lhe pedi.

Quando me encontrei com a minha mãe, o policia convidou-me a almoçar com ela, desde que eu estivesse perante algum segurança. Eu aceitei, ainda não tinha almoçado nada e não teria outra oportunidade para almoçar com a ela.

Durante e depois do almoço a conversa manteve-se animada, e o policia também participou. A minha mãe contou algumas piadas sobre quando eu era pequena e algumas coisas que eu fazia. Falamos também de coisas mais sérias e ela pediu que eu arranjasse forças para lutar por mim e por ela, e para conseguir provar a sua inocência. 

Voltei para casa apenas quando o horário de visitas acabou, o que coincidiu com o anoitecer.

Quando cheguei, reparei que a caixa de correio estava a abarrutar, tirei todo o correio e deitei a publicidade ao lixo. Deixei o resto em cima da mesa e fui aquecer um pouco de chá, pois estava a ficar resfriada e um chá para além de me aquecer, iria ajudar-me a dormir e não só, também me iria acalmar.

Pijama vestido, chá aquecido, subi para o quarto. Depois de beber o chá, foi só esperar que o sono tomasse conta do meu corpo.