Sasuke olhava estático para a porta. Sakura era maluca, fato. Uma vez quando ainda estavam na escola, eles estavam namorando embaixo de uma árvore. Só que, do nada, ela saiu gritando, dando estrelas, e dando pulinhos de felicidade.

Vai ver ele teve só uma das crises de felicidade, como ela mesmo dizia.

Ignorando o fato de ela ter saído berrando ‘NÃO’ e segurando a cabeça com as mãos, resolveu dormir. Ou tentar dormir, já que não dormia direito à uma semana. Sempre tinha os mesmos pesadelos.

Levantou-se, se apoiando na parede. Estava cansado... Ás vezes, não fazer nada cansa... 

Droga de paredes acolchoadas! Não conseguia se apoiar direito por causa das ‘fofuras’ constantes. Sua mão escorrega e você além de querer se apoiar mesmo, você afunda. Ignorando a parede, Sasuke engatinhou até o seu cantinho predileto daquela cela enjoativa.

Quando chegou ao seu destino, se deitou confortavelmente, mas não conseguiu ter o tão sonhado sono. Ao contrário disso, ficou pensando por que a vida tinha que ser tão injusta.

Como que algumas pessoas podiam simplesmente ter trabalhos manuais ali e ele não? Ta certo de que ficar pintando não é algo tão legal, mas pelo menos distrai! Ele era simplesmente tratado como um prisioneiro. Podia, pelo menos, ficar mais de uma hora fora daquela maldita cela?

-Saco. – Bufou tampando o rosto. De repente, uma súbita moleza o atingiu, fazendo soltar um bocejo alto e longo. Os olhos se fecharam sozinhos... De repente, tudo pareceu evaporar, e a única coisa que sentiu foi seu corpo voar e tudo ficar escuro.

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Sabe quando a maldita insônia te atinge? Você fica sem munição, você não tem forças para combater essa ‘crise’. Você deita na cama, bota o mais confortável pijama, fecha os olhos, e, a porcaria do sono não vem.

Levantou-se da cama preguiçosamente, e andou até a janela de seu quarto, sentindo seu cabelo roçar no ombro enquanto andava. Seu cabelo nem sempre foi rosa. Sasuke amava a cor do cabelo dela, era diferente. Era de um tom castanho claro, meio caramelado com um ligeiro toque rosado. E combinavam perfeitamente com os seus olhos.. Mas, um dia resolveu inovar. Pintou o cabelo de rosa. Sasuke achou lindo nela, disse que ela parecia uma bonequinha, uma bonequinha de porcelana.

Apoiou-se no parapeito, sentindo o vendo acariciar seu rosto. Enquanto observava os carros passarem lá em baixo, decidiu contar quantos carros passavam. Isso era uma maneira simples de deixar Haruno Sakura mais tranqüila.

Desistiu de contar carros e passou a observar o que as pessoas ainda acordadas faziam no prédio da frente. Bem na janela do apartamento no mesmo andar que o seu, um movimento chamou a sua atenção.

Um casal se amava na cama de seu quarto. E eles não tinham a janela fechada. Mas a cortina estava, e com a ajuda da luz acesa dentro do cômodo do casal, dava para ver a sombra na cortina claramente. Ambos se mexiam com tal sincronia...

Sakura imediatamente se lembrou de seu querido Sasuke-kun. De como se deram bem logo de primeira. E de como ele era outra pessoa na cama. Ambos perderam a virgindade juntos.

-Sakura, você não presta. – Falou pra si mesma. – Eu me odeio. – Disse saindo da varanda. Ficar olhando aquele casal não era a melhor coisa a se fazer agora.

Resolveu deitar na cama de novo.

Hm... Sempre quando dormiam juntos, ela teve vontade de botá-lo no colo e cantar para ele dormir. Mas ele nunca deixou, por que falava que ele não era bebê para ser posto para dormir.

Mas a vontade sempre falou mais alto, até por quê, quando ele dormia, parecia uma criança indefesa. Suas feições ficavam tranqüilas e relaxadas, e até feliz. Era tão bom vê-lo dormir...

Olhou no relógio que tinha na parede do seu quarto. Exatamente três horas da manhã, e ela acordada. Todos no Hospício deviam estar dormindo, menos os médicos de plantão. Uma visitinha ao seu amado Sasuke-kun deveria ser ótimo. Até por que, ele estaria dormindo...

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Naquela hora da noite, não existia trânsito. Chegou em menos de meia hora no seu destino. Poupou a metade do tempo, normalmente levava uma hora.

Estava tudo silencioso, oque ela estranhou. Aquela clínica sempre foi barulhenta, por que só existiam internos barulhentos.

Adentrou no local, indo em direção à cela 2O6 onde Sasuke ficava. As únicas lâmpadas acesas eram a do Hospital.

Chegou em frente à porta da cela dele. Hesitou um pouco antes de abrir, se lembrando de como ele amava fingir que estava dormindo para dar um susto nela. Típico de Sasuke Uchiha.

Abriu a porta, e tirou a sandália de dedo antes de entrar. O local estava com um clima tranqüilo, confortável... Estava escuro. Era incrível a tecnologia daquele hospício, era incrível como eles conseguiam reproduzir a iluminação da noite. E o clima fresquinho também.

Logo ouviu o som de um ronco. Olhou para o canto de onde vinha o som. Começou a rir, porque Sasuke não roncava. Aproximou-se ao ouvir outro ronco. Era ele mesmo.

Riu baixinho. Sasuke roncando era tão engraçado... Mas não era um ronco alto, era um ronco baixinho... Que demonstrava que ele estava no mais profundo estágio no sono. Aproveitando da fragilidade do momento, se aproximou dele, com as piores intenções. Como ele estava de lado, não teve muita dificuldade em botá-lo de barriga para cima. Passou uma das mão em baixo do pescoço dele, o erguendo.

De repente, observou ele abrir os olhos num salto. Havia esquecido que a nuca era o seu ponto fraco.

-Sakura! Sakura... Sakura? – Perguntou com a voz embargada de sono. Ela tinha uma cara de quem foi pega em flagrante.

-O-o-oque f-foi? – Disse ficando vermelha.

-Oque você está fazendo aqui? – Perguntou num bocejo. - Por que você me acordou? – Sua cabeça estava começando a doer, por que sempre que ele acordava assim, no meio de um sono tão profundo ele acordava com dor de cabeça.

-N-nada! Eu tava sem sono, então eu vim fazer uma visitinha.

Ele nada respondeu. Somente de deitou, amaciando o travesseiro.

Sakura observava ele deitar a cabeça nas suas coxas e apalpar, como se estivesse amaciando um travesseiro. O sono era tanto, tanto, que ele devia pensar estar deitado num travesseiro.

Ele fechou os olhos, relaxando por uma segunda vez naquela noite. Ela quando percebeu que ele já estava dormindo de novo, ergueu a mão, acariciando a lateral do rosto dele com as pontas dos dedos.

Foi descendo a carícia... Passando pela lateral do pescoço... O ombro largo...  Sasuke sempre tão lindo, mesmo dormindo. A vontade dela era de agarrá-lo ali mesmo, mas como tinha juízo - embora não mostrasse-, iria deixar isso para depois.

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Já era de manhã, e Naruto já estava acordado. Iria visitar Sasuke logo de manhã. Já havia tomado banho, e estava agora se vestindo. Uma blusa regata laranja com uma calça jeans, e tênis preto. Olhou-se no espelho, passando as mãos pelo cabelo molhado.

Olhou para o relógio. Oito horas da manhã, Sasuke deveria estar acordado. Pegou a chaves em cima da mesinha ao seu lado e saiu de casa.

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Eram nove horas e Sasuke ainda dormia. Sakura decidiu que tinha mais coisa para fazer, pois Sasuke não acordava. Levantou-se, retirando a cabeça dele de seu colo. Não percebeu que ele havia aberto os olhos quando ela se levantou. E não havia percebido também, que Sasuke só estava fingindo que estava dormindo.

-Sakura...? – Falou imitando uma voz carregada de sono.

-Hmm? – Respondeu se virando. –Acordou? Finalmente! – Disse se agachando na frente dele.

-Não vai embora não... Fica aqui... – Respondeu se sentando.

-Sasuke, eu tenho outros pacientes.. Não é só você que precisa de mim aqui. Tem um no hospital que vai fazer uns exames, e já ta na hora. – Falou se levantando mais uma vez.

-Espera! – Falou se levantando junto. Ela olhou para ele, nos olhos. Verde e preto se chocaram, estabelecendo uma corrente na qual nenhum dos dois conseguia desviar o olhar.

A necessidade de ambos era clara. Sakura ainda continuava sendo a sua droga perfeita, mesmo depois de tantos acontecimentos, ela continuava sendo a sua droga, ainda.

E agora, ele necessitava mais dela do que nunca. Se viu pego em uma armadilha do amor. Ele deu um passo para frente, fazendo seus peitos se chocarem. As respirações de ambos já estavam se mesclando, e quando deram por si, já estavam se beijando. Não era um beijo ardente, mas também não era algo tão calmo. As línguas de ambos se acariciavam, as bocas se encaixavam perfeitamente. Eram feitas uma para a outras.

Ele passava uma das mãos pela costas dela, enquanto a outra agarrava a sua cintura. Sakura somente agarrava a sua nuca, sentindo os pêlos dele se arrepiarem com o toque.

Não sabiam quanto tempo ficaram se beijando, só sabiam que havia sido o beijo mais necessitado e o mais gostoso da vida deles. Amavam-se, isso era claro. Só não viam isso.

Aos poucos, foram diminuindo a intensidade, até ele finalizar com um beijinho. Ela olhou nos olhos dele de novo, não conseguindo entender como havia sido tão burra para abandoná-lo.

Olhou mais uma vez nos olhos negros, e ergueu a mão, acariciando a lateral do rosto dele, sentindo as mechas negras entre os dedos. Ele ainda era o seu Sasuke-kun, mesmo depois de tê-lo maltratado tanto, mesmo depois de ficarem sem se falar por mais de ano, mesmo depois de tudo que passaram, ela ainda o amava.

Se sentia, agora mais doque nunca, amando de verdade o verdadeiro homem da sua vida.

-Eu te amo... – Ele somente a olhou, dopado pelo beijo e pelo olhar penetrante dela.

Ele sussurrou contra a boca entreaberta dela -Eu também... – E se beijaram mais uma vez.

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Naruto havia finalmente chegado ao hospício que ele havia internado seu melhor amigo. Adentrou ao lugar, chegando à recepção, observando como o branco do local era apenas quebrado por um vasinho de planta.

Andou até uma enfermeira de coques que andava pelo local. Olhou para o crachá que ela carregava no peito.

-Hmm.. Tenten-san? – Perguntou.

-Sim? – Respondeu olhando para ele.

-Eu vim visitar Sasuke Uchiha..

-O da cela 2O6? Doutora Haruno?

-Sim, ele mesmo. Onde ele está?

-Venha comigo.

E foram andando por ima imensidão de corredores, quando chegaram em frente à uma porta grande feita de metais pesados, e com um monte de fechaduras, e com um retângulo de vidro por onde era possível ver dentro da cela.

A enfermeira abriu a porta e fez sinal para ele entrar. Naruto entrou, observando as paredes acolchoadas. Logo se deparou com um casal se abraçando num dos cantos da cela.

- Oi...? –Falou.

Sasuke arregalou os olhos.

-Naruto?

-Vim te visitar, Sasuke.

-Bem gente, vou indo. – Disse Sakura se levantando. Aproveitou que a porta estava aberta e saiu rapidinho, enquanto arrumava seu vestido.

Naruto continuou olhando para Sasuke. Observou ele se sentar lentamente, e a começar a ficar com os olhos opacos.

-E aí? Como você está?

Sasuke somente encolheu as pernas e as abraçou.

-Tudo bem aqui?

Sasuke apenas enfiou a cabeça entre os joelhos.

-E aí? Como vai a vida? Conheceu novos amigos? – Brincou.

Sasuke ficou em silêncio.

-E você com a Sakura-chan? Voltaram a namorar?

Nenhuma resposta. Naruto se aproximou mais dele, se perguntando como ele devia estar, pois não lhe respondia.

-Sasuke, me responde. – Pediu. Silêncio. –Me responde, por favor... Você est-

-Não falo com traidores. – Respondeu sério. Naruto apenas se sentou ao lado dele, sabendo como seria difícil arrancar alguma informação.

-Eu te entendo. Mas eu acho, que se a situação fosse invertida, você iria me agradecer, por que eu só fiz isso para o seu bem. Eu não ficaria chateado. VocÊ só falava com seres inexistentes. Admita, Sasuke, você enlouqueceu.

-Cala a sua boca. – Respondeu ríspido.

-Mas eu só falo a verdade.

-Você não sabe da verdade.

-Claro que sei! Você estava vendo todos os seus parentes, mas eles morreram, Sasuke. Estão mortos, enterrados. Eles não estão vivos para você ficar conversando com eles.

-Você não sabe oque é perder todo mundo! – Gritou, já se alterando. Havia levantado a cabeça para olhá-lo nos olhos. –Você não sabe!

-Claro que sei! – Gritou de volta. – Eu perdi meu pai com 1O anos!

-Você perdeu só o seu pai, eu perdi todos eles... – Sussurrou estreitando os olhos em dor. – Todos eles de uma vez, Naruto. Eu tinha apenas sete anos de idade. Eu nem sabia direito oque era uma dívida; como que eu entenderia que a minha família toda havia morrido por causa de uma dívida? Você não entende, Naruto... – Havia ficado melancólico.

Naruto apenas o observou.

-Cala a boca, Naruto. Você só fala merda. Só merda.

Naruto ficou sério.

-Eles pararam de me visitar. Eu não os vejo a mais de um mês. Não vejo a necessidade de ficar internado.

-É verdade.. Disso eu não sabia, gomen.

-Eu te odeio. – Falou voltando à posição inicial. É, Sasuke estava mesmo diferente...

-Já vi que não vou conseguir ter uma conversa normal com você, vou embora. – Falou se levantando. Se dirigiu até a porta, quando ouviu.

-...Eu só quero sair daqui... – Era um pedido suplicante por liberdade. Olhou mais uma vez para o seu amigo doente, e saiu daquela cela. Sasuke precisava ficar mesmo internado.