Quase um mês se passou depois que eles voltaram a se falar. E Sasuke estava bem melhor.

Fazia suas refeições corretamente, dormia normalmente, fazia seus exames sem relutar, e o mais importante: ele sorria.

Apesar de viver numa prisão sem sua família e sua casa, Sasuke estava sendo feliz como nunca havia sido antes.

Somente as vezes que ele tinha uma recaída, ficava o dia inteiro deprimido, querendo voltar para casa.

Mas fora isso, estava tudo bem.

Agora, ele estava sentado No enorme pátio, num banco branco em um local isolado.

Sakura estava andando em direção dele. Tinha o cabelo preso em um rabo de cavalo com sua franja que sacudia conforme ela dava os passos. Ela não estava com o tão costumeiro jaleco, e sim com uma blusa de malha verde bebê e uma calça jeans. Também usava um tênis branco.

Ela ergueu um dos braços e acenou. Ele parou de olhar para os pés descalços e acenou de volta. Ele estava, como sempre, vestido de branco. Só que dessa vez, sua beleza não estava ofuscada. Seu cabelo incrivelmente negro fazia contraste com o verde da grama e as flores que ficavam ao redor do banco.

Ela andou mais de pressa ao encontro dele, se sentando ao seu lado.

-Você está de folga? – Perguntou ele voltando a olhar para os pés.

-Sim. Passei aqui por que me deixaram passar o dia com você – Falou sorrindo, observando ele olhando para os pés.

Ela reparou que ele não parava de olhar para o mesmo lugar e se pronunciou.

-Oque tem de tão interessante nos seus pés? – Perguntou.

-Nada, eu só estava pensando. – Falou mais sério.

Ela observou que a expressão dele ficou mais dura. Já fazia algumas semanas que ele não tinha umas daquelas recaídas.

-E no que você estava pensando? – Perguntou se aproximando dele.

-Eu tava pensando em quanto tempo eu vou ficar aqui. – Falou olhando agora para ela. – Se eu algum dia vou sair. – Falou franzindo os olhos. – Se algum dia... – Seus olhos ficaram mais tristes. – Se algum dia eu vou construir a minha família... – Falou por fim.

Ela compreendeu o súbito desanimo dele. Percebeu que as feições dele estavam começando a se contorcer numa expressão de dor.

-Eu só quero um lar... – Falou botando os pés em cima do banco. – Eu só quero uma casa... – Disse abraçando as pernas. – Só isso... – Disse num sussurro enterrando a cabeça.

Ela percebendo que ele estava um pouco tristonho, se aproximou mais, e envolveu os braços ao redor dele tentando reconforta-lo. Ele percebendo o gesto dela, abaixou as pernas e devolveu o abraço, enterrando a cabeça na curva do pescoço dela. Ela afagou o cabeço dele.

-Você vai sair, Sasuke-kun. – Disse calma. – Eu te garanto. Você não vai mofar aqui. - Disse certa.

-Sakura... – Chamou.

-Hn?

-Você é a melhor amiga que eu já tive... – Disse se endireitando.

Ela havia sido tão cruel, tão má com ele... Por que ele estava falando isso pra ela? Que ela era a melhor amiga dele? Poxa, imagina o pior amigo.

De repente, ela se lembrou que ele não tinha amigos em um baque.

Por isso... Ele não tinha muita diversidade. Então, como Naruto havia lhe causado um dos piores pesadelos, a melhor opção agora era Sakura. Pelo menos ele agora tinha alguém...

Mas falando em Naruto, como será que ele devia estar?

X

Já era de noite. Naruto olhava desolado para fora da janela. Observava a lua solitária. Solitária que nem uma pessoa. Uma pessoa, que gostava tanto, mas que havia feito muito mal para ela.

Uma pessoa de bom coração. Só de pensar que aquele bom coração já havia sido tão literalmente machucado pelo ódio...

Falando em coração machucado, como ele deveria estar? Sakura havia lhe falado que ele estava bem e que não apresentava mais nenhum risco.

Mesmo assim, ele queria saber como Sasuke estava. Iria visitá-lo. Não importava a sua reação.

Mas antes, teria que avisar a Sakura. Vai ver ele pirasse de vez ao olhar a pessoa que o trancou dentro de uma cela branca e acolchoada. Tinha que ter uma médica do lado. (N/A: Não evitei XD)

Andou até o lado do sofá, pegou o telefone e discou um número qualquer.

-Alô, Sakura? – Perguntou. –Sim, sou eu, Naruto. Aqui, será que vocês dois se importariam de receberem uma visitinha minha? – Perguntou com um sorriso no rosto. – Ah sim, sem problema nenhum. Ok, ok, então ta. Amanhã eu to aí. – Falou em despedida, mas logo completou. – Ah, não avisa ao Sasuke, é surpresa, viu? – Ta bom, até amanhã. – E desligou o telefone.

Amanhã seria um dia.. Com surpresas..

X

Sasuke estava inquieto. Parecia que ele ia adivinhar que Naruto iria fazer uma visita a ele.

No momento, se encontrava com a cabeça no colo da Sakura e olhava para o nada. Ele já havia trocado de posição pela 3ª vez. Uma vez de barriga pra cima, outra olhando para a blusa dela, outra para a parede.

Sakura percebendo a indecisão de pose dele, resolveu se intrometer.

-Oque você tem, Sasuke-kun? Pulga na cueca? – Perguntou passando a mão pela lateral do rosto dele, brincando com as mechas negras.

-Quase isso. – Brincou ele. – Eu to com uma sensação ruim...

-Dê que?

Ele se virou de barriga para cima, e ficou olhando para o rosto dela.

-Eu não sei... – Sakura passou a mão na testa dele enquanto ele fechava os olhos. Separou a franja dele em dois, depois pegou um pouco de um dos lados e botou no meio. Logo depois alisou, para ver o comprimento. Percebeu que chagava até embaixo do nariz. – Você sempre gostou da minha franja... – Falou dando um sorrisinho de canto. Apareceu um pouco de sua covinha. Sakura sorriu encantada com tamanha beleza em uma pessoa só.

-Eu sei! – Disse contente. Observou ele a olhar. Reparou nas lindas pérolas negras que ele tinha, como eram tão brilhantes.

-Oque você tanto olha? – perguntou. Ela observou a boca dele enquanto falava. Deus! Como alguém podia ter uma boca tão bem desenhada? Era a boca mais linda que havia visto... Dava até vontade de beija-lo.

Opa!

“Ele é só um amigo, só um amigo. E amigos não sentem atrações amorosas por outros amigos. Pelo menos eu acho.” Pensou Sakura

-Sakura, oque houve? Você está vermelha. – Disse se levantando.

Ela reparou nas mãos grandes dele tocando em seu ombro. Lembrou-se de como ele tinha uma ótima pegada...

-Não! – Gritou se levantando e saindo correndo para fora daquela cela. Deus! Que atração era aquela que ele estava sentindo de repente? Algo estava muito errado.