Um Dia Qualquer. escrita por Hikari


Capítulo 2
Ciúmes - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Oooi (: Primeiramente, era para ser uma One-shot, mas então eu recebi meu primeiro comentário falando que eu devia continuar... fiquei muito feliz e aqui está o próximo capítulo! Lembrando de que os capítulos não são em ordem... Pelo menos vai depender de como o dia vai ser. Espero que gostem! =D
PS: Nunca fiz um capítulo com o Peeta narrando... então me desculpem. =P



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Pov. Peeta.


Pior dia do ano.


Droga, teria que encará-lo de novo.

Apesar de eu odiá-lo, meus filhos amavam a presença dele. Quando chegava a época de ele nos visitar eles não se continham de tanta felicidade.

Tentava convencer a mim mesmo de que eles só se interessavam pelos presentes que ele trazia.

Maldito ladrão de filhos. E mulher.

Claro, até ela ele conseguia pegar de mim, mesmo que fosse só por alguns instantes e ele não tivesse a mínima chance de ficar com ela, eu não aturava o ver chegar perto dela, havia ficado tempo demais com ela naqueles tempos passados.

Isso mesmo. Se você pensou que esse cara que eu estou falando é o Gale. Você acertou.

Ele vinha uma vez por ano - isso é, quando eu tinha sorte. - a maioria quando era aniversário da Katniss, a MINHA Katniss.

E agora ele vem no aniversário de meus filhos. Dos MEUS filhos. Como isso? Agora está tentando atrair meus filhos para o lado dele?

Isso era inaceitável. Uma coisa fora de cogitação.

Mas para a minha amada “sorte”, ele estava simplesmente querendo nos visitar. Uma visita repentina. Mas que ótimo. Amava suas visitas.

–Peeta? -a voz de Katniss me chamou me tirando dos meus pensamentos obscuros. -Você está bem?

Olhei para ela, que me observava preocupava. Às vezes quando ficava muito vago a vida ela me despertava, com medo de que a minha mente alterada pela Capital voltasse, mas eu nunca mais a deixara tomar controle de mim, estava em completa sanidade dessa vez. Quer dizer, se o meu estado prestes a ver Gale constava.

–Sim, querida, eu estou bem, não se preocupe. -mandei um sorriso calmo para ela, que relaxou, mas sabia que ainda desconfiava de alguma coisa.

–Sei lá. Você está tenso.

Eu realmente estava, e como poderia não estar? Sempre ficava nessa época do ano. Mas dessa vez era pior, porque Gale iria ver meus filhos, odiava quando isso acontecia. Odiava tudo dele.

–Não é nada. -assegurei me recostando no sofá e tentando parecer normal. Não estava dando muito certo, pois Katniss franziu a testa para mim.

–Oh, o ciúmes. Lembro-me de quando você fazia isso antigamente, era tão adorável. -provocou Haymitch, com um sorriso sarcástico. Era impressão minha ou ele ficava mais arrogante e insuportável a cada ano que passava?

–Ciúmes? –Katniss indagou para mim. –Não me diga que você está com ciúmes do Gale!

Ela riu da minha cara. Da minha cara. Enrubesci, não estava com ciúmes, quem disse que estava com ciúmes?

Bufei e cruzei os braços.

–Não estou com ciúmes. –afirmei e olhei contraditório para Haymitch. –Não mesmo.

Haymitch empinou o nariz e fez um gesto de desdém com a mão.

–Fale o que quiser, todos nós sabemos que você está.

–Papai está com ciúmes do tio Gale! –Fynn, nosso menino, cantarolou e depois de um instante me encarou com um ar curioso. –O que é ciúmes, papai?

Nossa menina, Annie, levantou-se da poltrona que ficava de frente a janela, na qual estava esperando para que o bendito chegasse, e pegou Fynn pela cintura, erguendo-o e o colocando de volta no sofá, rindo e deu uma batidinha de leve no nariz dele.

–Sabe o que é? Ele acha que vamos dar mais atenção pra o tio Gale do que ele. Quem sabe o ciúme dele não seja tão a toa assim, hãm? –insinuou Annie com um sorriso amarelo para mim.

Fynn virou a cabeça para mim, surpreso, e engatinhou até a minha direção.

–Isso não é verdade! –ele falou alto. –Eu não vou dar mais atenção pra ele, pai!

Escutamos uma batida na porta, os meninos viraram a cabeça tão rapidamente que ela poderia ter destroncado, Annie que estava ajoelhada no sofá caiu e tombou no chão, levantando-se apressadamente indo direto para a porta, Fynn imediatamente esqueceu que estava falando comigo e escorregou para fora do sofá correndo para ultrapassar a irmã.

Katniss olhou para mim, pesarosa e me abraçou, fiquei surpreso.

–Ninguém nunca irá me roubar de você Peeta, você está com meu coração nas mãos e somente você. E ninguém conseguiria ser um pai melhor do que você. –ela assegurou para mim e se separou olhando para meus olhos. Agradeci mentalmente. Mas mesmo assim, aquilo não me convencia totalmente.

–Mãe! –Escutei Annie gritar, impaciente. –A porta?

Katniss riu.

–Já vou! –ela respondeu.

–É, é como se eu nem existisse. –sussurrei para mim mesmo, Katniss que estava do meu lado nem percebeu, ela se levantou e foi atender a porta, onde a batida continuava.

Será que eu era o único aqui desanimado pela chegada dele?

Olhei para o lado, Haymitch dormitava na cadeira de balanço com uma garrava de whisky incompleta na mão. Ele estava babando e roncava ruidosamente.

É. Eu acho que eu era o único. Até o cachorro estava sentado olhando enquanto Katniss abria a porta.

Gale entrou na porta com um sorriso de orelha a orelha. Olhei para suas mãos quase que mecanicamente. Lá estavam. Uma sacola.

Sabia o que era.

Eis a surpresa: chocolate. Como sempre.

Ele gostava de trazer para nós isso, ou para ser mais específico para os MEUS filhos e para a MINHA mulher. Inacreditável, onde será que ele encontrava tanto chocolate? Não sabia, na verdade, nem queria saber.

–Oi Peeta! –ele disse, animado, depois de ter entregado os presentes para as crianças e dar um abraço – segundo eu. – demorado em Katniss.

–Oi. –respondi inexpressivamente. Ele não merecia tanta animação por parte de mim. E ele sabia disso.

–Vamos, Peeta. Levante-se daí. Cumprimente Gale corretamente, vai. –ordenou Katniss para mim, mandei um olhar de poucos amigos para ela que me retribuía apenas um sorriso desafiador.

Levantei, suspirando e estendi a mão.

–É um prazer ter você na minha casa. –enfatizei o “minha” para caso ele resolva fazer alguma coisa. Parece que ele não entendeu totalmente porque apenas me olhou feliz.

–Obrigado, Pets! –ele respondeu. Mas o quê? O que raios o autorizou me chamar de “Pets”? E que apelido era aquele?

–Bem melhor. –Katniss sorriu e avisou antes de sair: - Eu e Annie vamos preparar um chá, Gale, sinta-se em casa.

Gale ficou radiante. Claro. Mas o único problema era que aquela não era a casa dele. Maldição. Sinta-se em casa... Sinta-se em casa... De onde saiu aquilo?

–E então, Peeta? –ele falou olhando-me. -Como foi sua semana? Alguma novidade?

“Ah, estava ótima... Até você chegar.” Pensei. Queria muito dizer aquilo, porém ao invés disso me obriguei a dizer:

–Foi boa.

Não perguntei sobre a dele. Não queria saber, não estava nem com um pingo de interesse. Perguntei para mim mesmo quando que as meninas chegariam, aquilo estava demorando muito.

–Tio Gale, Tio Gale! –Fynn o chamou puxando a barra da calça, eu torcia para que o meu filhote puxasse mais forte para que sua calça caísse, mas, infelizmente, não foi o que aconteceu.

–Oi, Fynn! –ele exclamou, pegando-o no colo. –O que foi?

Odiava como ele colocava um ponto de exclamação em quase tudo. Afinal, pra quê aquilo tudo? Estava feliz, é? Não precisava ficar feliz na minha casa. Sim, aquela era a minha casa, e eu controlava o que se passava por ali.

–Você sabia que o meu pai tá com ciúmes do tio Gale? –ele falou alegremente, como se fosse a novidade do dia. Alguém tinha que ensinar a autocontrole para aquele menino. De onde ele tinha tirado aquilo? Já havia dito que não estava com ciúmes!

Gale me olhou com a sobrancelha arqueada, bufei indignado.

–Não ligue pra isso, Gale. Ele só está brincando.

Fynn me olhou, confuso.

–Não estou não. Haymitch mesmo que...

–Olha lá! As meninas chegaram. –o interrompi, olhando para a porta. Finalmente, só elas para me tirar do sufoco mesmo.

–Cuidado que está quente. –Katniss disse, entregando-me uma xícara, sorri para ela. Ahá! Havia ganhado chá primeiro que o Gale. Quando fui olhar para ele triunfante, mas quando virei a cabeça pude ver que já estava sendo servido pela minha filha, que estava corada.

Espera aí, minha filha corada? Pude ver em seus olhos um brilho de felicidade. Aquilo só podia ser um sonho, ou melhor, um pesadelo. Minha filha? Ela estava feliz por servir ele? Ela estava corando?

Gale parecia ao menos perceber, agradeceu e se voltou para o chá. Vi minha filha se afastar lentamente com as mãos trêmulas. Iria ter uma conversinha com ela depois. Mas como ela pudera se apaixonar logo por ele? Ele era muito mais velho que ela, por favor!

Respirei fundo para tentar me acalmar e não me descontrolar ali.

–O que foi, Peeta? –Katniss perguntou baixinho, havia me esquecido de tudo em volta de mim, minha atenção estava tão concentrada em Annie que mal percebi Katniss que sentada ao meu lado, me encarava.

Ela seguiu meu olhar, visualizou Annie, que se sentava com a bandeja tremulante, o rosto rosado olhando Gale, Katniss olhou de Gale para Annie e então... Riu. Ela riu. Ela RIU! Aquilo não era motivo para rir, era para chorar, isso sim!

Gale levantou o olhar para ela, enquanto bebericava o chá. Estava nítido de que ele não estava entendendo nada do que se passava, ao contrário de Annie que havia colocado a bandeja ao lado e havia desviado o olhar, constrangida. Bom mesmo. Era para sentir vergonha. Só estou sendo um pai responsável.

Fynn olhou para todos nós, mais confuso ainda.

–O que está acontecendo? Por que ninguém não conta mais nada?

Gale pousou a xícara de chá dele na mesinha à frente da poltrona.

–Também não sei o que está havendo, Fynn. –ele falou, com a testa franzida.

O cachorro latiu e balançou o rabo para Gale, que acariciou sua cabeça.

Vou dar um belo banho nesse cachorro quando ele for embora, depois de falar com minha filha.

Katniss parou de rir e limpou a garganta.

–Não é nada demais. –falou despreocupada, me olhando ainda com vestígios de riso no rosto e me mandando uma clara advertência, ela sabia muito bem que eu estava revoltado com isso. –Mas me diga, Gale. Qual a sua novidade que você tanto queria contar para nós? Por que não quis me dizer no telefone?

Gale se aprumou e deu um largo sorriso.

–Não disse a você no telefone porque tenho que falar aqui, para todos. –ele ainda sorria. –Eu vou me casar.

O meu chá que estava a meio caminho da minha boca imobilizou-se, eu me imobilizei. Acho que todos se imobilizaram.

Lentamente, coloquei minha xícara na mesa.

–Como? –perguntei delicadamente a ele, pensando não ter escutado direito.

–Eu vou me casar. –ele repetiu orgulhoso. – E eu queria que vocês comparecessem no meu casamento.

Entreolhei-me com Katniss, que olhou para Annie que estava boquiaberta.

–Mas que legal, tio Gale! –Fynn foi o único que estava despertado por ali. –Quero ser o entregador de anéis, posso? Posso?

Ninguém esperava por aquilo.



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Notas finais do capítulo

Então? ^^
Aceito sugestões do próximo dia que eu vou escrever sobre eles! (:
Comentem e me ajudem a melhorar. :D