Ulquiorra Feels escrita por cereal killer


Capítulo 28
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

hi loveliess
Sentiram saudades? Sei que sim, hehe
Alguma de vocês mora no RJ e vai na bienal? Só pra saber >3
até os reviews, queridass



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Ulquiorra estava estático, todo o seu interior vazio parecia pulsar de uma incrível forma mista de medo e choque.

-Eu vim por que Grimmjow está falando que é o novo Rei. Ele é o Sexto, você vem primeiro, não que ele se importe. Ele vai quebrar aquele lugar em questão de segundos se o deixarmos sozinho por muito tempo, Ulquiorra.

  Tália não esperava uma reação tão chocada de seu mestre. Sentiu até um pouco de pena. Analisava-o com as órbitas claras preocupadas.

  Seus olhos esbugalhados feito bolas de gude tentavam se prender a algo, mas acabavam girando loucamente de um lado ao outro. Orihime deixou-se ficar ainda mais preocupada ao perceber a reação do amado; tomou seu rosto entre suas mãos e o obrigou a olhá-la em seus olhos, tentando aquietá-lo.

-Preste atenção no que eu vou falar, Ulquiorra. Você vai voltar para Las Noches. Vai aquietar tudo por lá.

-Não quero ir.

  Reclamou feito uma criança birrenta.

-Qual é o problema em ser o Rei? Você não quer?

  Perguntou, medindo as palavras. Parecia uma bomba relógio e qualquer coisa que falasse poderia aciona-la. 

  Ulquiorra não estava preparado para isso. Ele até queria, há um tempo, mas desde que voltara a encontrar Orihime, desde que seu relacionamento com ela se estreitou, ele não sabia se queria isso. Tomar conta de Las Noches seria um trabalho árduo, muitos arrankars ainda faziam represálias contra o palácio, e ser o Rei só o afastaria de Orihime. Era tudo o que ele não queria.

  Ele engoliu a seco e, como se caísse novamente em si, inflou o peito e ajeitou os ombros, encarando Tália. 

-Vá indo na frente. Acalme Grimmjow, ninguém melhor que você para essa tarefa.

  Tália corou brevemente, desviando os olhos.

-Ah, vocês não vão voltar a se pegar não, né? 

  Tália cruzou os braços e bufou, mal mandada. Bastou um olhar assassino de Ulquiorra para ela erguer os braços em um gesto de defesa, andando em direção da janela e sumindo. 

  O Espada virou-se então para a humana, perplexa e tensa. Envolveu seu antebraço com as duas mãos e a alisou brevemente, espantando o frio que gelara sua pele. Não a olhava nos olhos.

-Parece que é o fim do mundo. – Orihime esgueirou os olhos, franzindo a testa.

-Não é boa coisa. Halibel não iria embora assim. Avisaria o próximo Rei; eu, no caso. Algo está errado.

-Vai ver ela só se cansou. Você mesmo vivia dizendo que ela não gostava.

  Ulquiorra apertou a ponte do nariz, fechando os olhos e suspirando. Orihime acompanhou cada gesto com uma ruga de preocupação que só fazia se fincar ainda mais na testa da jovem. Era tão ruim assim?

-Está me assustando. No que está pensando?

  Repetiu a pergunta uma segunda vez naquela noite.

  Ulquiorra não respondeu. Deu-lhe um beijo terno porém rápido nos lábios e saiu de perto dela, deixando-a plantada ali. 

        ...

  Tália chegou alguns segundos antes com a ordem de cuidar de Grimmjow. Era tudo o que ela queria.

  Encontrou o Espada fazendo toda a desordem que queria na antiga sala de Halibel, rindo, quebrando tudo. Colocou a mão na cintura e, com toda a autoridade que não tem, exclamou:

-Grimmjow, para com essa porra agora mesmo.

-Quem diabos é você pra me dizer o que fazer, branca?

  Ele estava tão feliz com toda a desordem que estava fazendo que nem se importou em reclamar do tom de voz que ela usara para com ele.

-Sou a fracción preferida do Rei de Las Noches. –  Nossa, soou bem mais emocionante dito em voz alta!

-Ei!

  Escutou uma voz protestar, e então viu Chie no canto da sala com uma vassoura na mão, já arrumando a bagunça. Tália revirou os olhos, porém não retirou o que disse. Cruzou os braços e continuou fitando o arrankar quebrar tudo.

-Grimmjow, não vou falar outra vez.

  Tália piscou e sentiu um vento voar seus longos, lisos e alvos fios de cabelo para trás. Quando os abriu novamente, viu Grimmjow e seu rosto a milímetros de distancia. Se respirasse fundo, o que estava tentada a fazer, era capaz de seu nariz encostar no dele. Na sua cara, aquele sorriso de escárnio fez Tália perder o fôlego e viajar por alguns segundos.

-Fala de novo.

  Sussurrou, tentando aterrorizá-la. 

  Veja bem, são muitos e muitos anos de convivência. Não era qualquer coisa que Grimmjow fizesse que intimidasse Tália. Além disso, ela era bem inconsequente. 

-Para com essa merda.

  Grimmjow encarou seus olhos azuis uns segundos em seguida. Tália pensou ter visto admiração ali, e um quê de diversão. Não, o quê de diversão estava com certeza ali. Chacoalhou a cabeça mentalmente para banir o primeiro pensamento.

-Você deveria demonstrar mais respeito ao seu Rei.

  Ah, tantos pensamentos –  pervertidos o bastante para fazê-la sentir um arrepio na espinha – percorram sua cabeça.

-Você não é meu Rei.

-Você sabe que se eu quiser, eu posso acabar com você tão rapidamente que é triste.

-Cai pra dentro. – Tália disse cada palavra separadamente, provocativa como o usual.

-Chie, pro quarto. Os dois, uma distancia menos sugestiva, por favor.

  Tália escutou a voz de Ulquiorra e girou a cabeça 360º para encará-lo, dando 3 passos para trás. Mais afastado dos dois, Chie bufou chateada e colocou a vassoura na parede, caminhando cabisbaixa em rumo de seu quarto.

  Grimmjow posou as mãos na cintura, encarando Ulquiorra de cima, com um ar superior. 

-Pronto pra se rebaixar?

  Ulquiorra nem ao menos deu a ele o luxo de ter um olhar gélido. Já não estava muito bem por a) Tália ter interrompido seu momento intimido com Orihime pela segunda vez e b) era o novo Rei dessa porcaria toda.

-Não tente, Grimmjow, você sabe que antes do 6 vem o 4.

  Grimmjow fechou a cara uma expressão carrancuda. Olhou para Tália e apontou a porta com o queixo.

-Dá licença, branca.

  Tália lhe mostrou a cara mais ultrajada que conseguia fazer. Ergueu as sobrancelhas e arregalou os olhos, e quando falou, sua voz teve um falsete de indignação. 

-Quem você pensa que é?

-Um Espada. E você, fracción. Anda, vai.

-Não!

-Tália, talvez seja melhor você esperar lá fora.

  Ulquiorra disse, folheando uns papeis que catara do chão. 

  Grimmjow lançou aquele olhar de ‘viu?’ e ela se imaginando avançando no seu pescoço e quebrando-o em dois. Com o orgulho ferido, porém, não se deixou abalar.

-Já que você pediu com jeitinho... É assim que se trata uma dama, Grimmjow.

  Jogou os alvos cabelos e empinou o nariz, indo embora e fechando a porta. Claro que ela não ia desgrudar os ouvidos da mesma. Pacientemente, esperou que eles começassem a falar, colada a porta, sendo fofoqueira, escondendo-se em uma das metades da porta que abriu feito uma janela.

  Escutou um rangido vindo da porta e quando olhou para cima viu Grimmjow apoiado com o antebraço na outra metade fechada da porta, encarando-a de cima.

-Que coisa feia.

  Tália ruborizou violentamente, erguendo-se, não saindo da pose de orgulho puro. Olhou nos olhos do Espada e disse, confiante:  

-Cale-se.

  Virou-se e Grimmjow só tornou a entrar no cômodo quando a viu sumir pelo corredor. 

-Você sabe que eu não tenho nada a dizer a você.

  Ulquiorra murmurou tediosamente, recolhendo alguns papeis jogados no chão.

-Vamos ser racionais, Ulquiorra. Você não quer isso.

  Ulquiorra fingiu ainda estar com o desinteresse, porém aguçou os ouvidos e prestou a atenção necessária que seus argumentos de repente pareceram necessitar.

-Você, de uma forma esquisita, está sentindo algo pela humana irritante. Você não volta. Tália não para de cochichar para a palerma que você prefere ficar com ela a ficar com as próprias fraccións.

  Grimmjow chamava Chie de palerma só por que não entendia os problemas de comunicação da pobrezinha.

-Você fica com a humana e me deixa como Rei.

  Ulquiorra esboçou um sorriso de deboche; estava realmente oferecendo essa proposta? 

-Não.

  Grimmjow revirou os olhos, porém não se deu por satisfeito.

-O que te impede? 

-Não sou insano, Grimmjow. Minhas fraccións precisam de Las Noches. Minha vontade não importa muita coisa.

-Eu cuido de Tália. Não vai ser a primeira vez, e é claro que ela prefere ficar comigo a ficar com você. Só teria que levar a palerma, ela passaria fácil como filha do casalzinho esquisito. 

  Ulquiorra ficou em silencio. Não gostava do rumo que as coisas estavam tomando. Não queria nem cogitar essa ideia.

-Não deveria brincar assim com Tália. Você a deixa perdida e sabe disso, mas não é certo. – desviou do assunto principal, e Grimmjow caiu direitinho. 

-Eu sei lidar com ela, não preciso dos seus conselhos.

-Ninguém aguenta ser mal tratado por muito tempo. Um dia ela abre os olhos.

-A humana transformou você em poeta?

  Ironizou, levantando-se da mesa onde estava encostado e descruzando os braços, enfiando as mãos nos bolsos, dando-lhe as costas e caminhando lentamente até a porta.

-Você sabe o que quer. Não há mais nada que o impede de viver com a humana. 

  Ichigo explodiu, então?

-Sabe onde estou.

  E se foi, deixando-o sozinho. Ulquiorra apertou as têmporas mais uma vez, passando em seguida as mãos nas vestimentas brancas. 

  Sentiu saudades desde que colocara os pés para dentro da Garganta. Isso era loucura. Era possível, pelo menos? Se tornar tão dependente? Temeu que o que sentia – em algum lugar dentro de si – fosse maior do que o que ela sentisse por ele. Talvez fosse, talvez não. Só sabia que não queria mais ter que ir e vir, e finalmente tinha essa chance, porém não poderia fazer uma coisa dessas. Além de Grimmjow ser extremamente negligente, Ulquiorra não poderia renegar sua origem. Não poderia abandonar aquelas que ele cuidava; sabia que Tália ficaria magoada se ele partisse, e Chie... Prometera a Szayel que cuidaria dela. Não poderia quebrar uma promessa.

  Passou a mão nos cabelos reluzentes.  Não poderia trocar tanta coisa por uma vida que não era dele.

  E ainda tinha o shinigami... Argh, tantos problemas, tantos problemas...

-Alguém está entrando em conflito.

  Escutou uma voz de mulher a sua frente. Seu solhos cruzaram a sala e foram parar em Halibel encostada na parede paralela a que ele estava. De braços cruzados e um pé no mármore, ela o encarava com um olhar terno.

-Desculpe. Eu não aguentava mais.

-Você não poderia ter escolhido momento pior. – reclamou, mal humorado. Porém Halibel sorriu, piscando algumas vezes.

-O shinigami descobriu, não descobriu?

-Ele quer a minha cabeça. Eu não entendo. Ele não ligava para ela.

-Você também não. Parece que as coisas mudam. Você cuidando de uma humana, Grimmjow passando o dia atrás de Tália... Acho que Chie vai ter que arrumar alguém além da vassoura se não quiser ficar para trás.

  Riu baixo, e por um momento Ulquiorra sorriu, porém parou. Estava tenso demais. Preocupado demais.

-Você não quer ficar com ela?

-Não é isso... é que... não... dá. Não dá. – Ulquiorra se remexeu, nervoso, dando um soco leve na mesa atrás de si. 

-Eu avisei. Mas não vai voltar atrás agora, certo? Tenho certeza que as meninas entenderiam se você precisasse passar uns dias no Mundo Real para resolver... Hm... Uns assuntos.

-Antes era diferente. Eu não era Rei, eu era Espada, subordinado. 

-Querido, você sempre ditou suas ações. Eu nunca me intrometi. 

  Halibel usava de um tom tão terno para com ele que Ulquiorra pensou que sentiria falta, sinceramente, de seus conselhos.

-E para onde você vai?

-Apache e as outras não se importam muito com isso. Eu vou para onde elas vão.

  Declarou, singular. Encostou a mão no ombro do arrankar, fazendo-o olhar para ela.

-Antes de tomar qualquer iniciativa, lembre-se que ela está lutando tanto quanto você. Não seria justo desistir agora.

  E se foi, deixando a bomba no colo do arrankar.

    ...

  Orihime saiu do chuveiro depois de quase uma hora debaixo da água morna, espairecendo os pensamentos. Tentou não se preocupar. Daria tudo certo. 

  Dois dias passaram se arrastando depois que ele foi a Las Noches.

  Vestiu uma roupa qualquer e foi diretamente para a cozinha. Nossa, sentia tanta fome. Revirou a geladeira e olhou de ponta a ponta, tomando uma nota mental de que precisava ir ao mercado. Pegou um pote de sorvete de creme e se ergueu, fechando a geladeira. Quando virou-se, percebeu Ulquiorra sentado no sofá, seu olhar mais vago que o de costume. Orihime percebeu também que ele ainda usava as vestimentas de arrankar e não tinha entrado no gigai. Seus olhos brilharam na espada em sua cintura.

-Pensei que não ia voltar nunca.

  Ele não respondeu. Permaneceu imóvel. 

  Orihime lhe lançou um olhar preocupado e deixou o pote na bancada, caminhando até ele e sentando-se do seu lado no sofá. Mexeu no seu cabelo, tirando-o do rosto, e desceu o dedo indicador num toque leve, deslizando em cima da marca abaixo de seus olhos. Percebeu que ele nem se quer se moveu. Parecia tão distante.

  Orihime passou por ele e se sentou entre seu corpo e o braço do sofá, não se importando em ser chata, e envolveu seu rosto entre as mãos.

-Não vai me contar o que há contigo?

  Ulquiorra suspirou, como se só agora percebesse sua presença. Fechou os olhos e acabou com o mínimo espaço que existia entre eles e encostou sua testa na dela, fechando os olhos, sentindo seu perfume natural. 

-Estou cansado. 

  Poxa, que pena.

  Orihime espantou o pensamento pervertido da cabeça.

-Por quê...?

-Passei dois dias em Las Noches dividindo o meu tempo em pesar os prós e contras de desistir do trono e em como eu queria estar aqui com você.

  Ah, isso era tortura demais para o pobre coraçãozinho da garota. Orihime derreteu ali e ele não tinha como perceber.

-Eu não sei o que eu faço, não aguento mais pensar as mesmas coisas...

-Bem...

  Orihime se remexeu no curto espaço que tinha até vira-se completamente para o amado. 

-Você não pode abandonar as meninas. Também não estamos resolvidos aqui até Ichigo resolver se manifestar, se Deus quiser, de uma forma pacifica.

-Eu já pensei em tudo isso. Também não posso ir e vir toda noite, é um risco deixar Grimmjow sozinho sem um adulto.

  A ruiva riu. Ora, Ulquiorra fazendo piadinhas? Que passo grande tivemos aqui!

  Orihime mordeu o lábio inferior. Pensou se deveria dizer ou não. Era insano, e ele poderia até rir da cara dela, mas não deixou de imaginar como uma opção. Também não queria se ver longe dele.

-Eu posso ir para Las Noches com você. Afinal, agora eu sou a primeira dama, não sou?

  Deu uma risadinha, mordendo o lábio inferior do arrankar, em seguida depositando ali um selinho terno.

-Ir... comigo? – Ulquiorra indagou, sendo interrompido pelos outros selinhos que Orihime lhe dava.

-É. Quer dizer, você não ia precisar ir e vir, e ficaria de olho em tudo até tomar uma decisão. Não se preocupe, não me importo em ficar num quarto trancada, se não quiser que Grimmjow me veja. Tália e Chie estão lá também, podem me fazer companhia.

-É arriscado demais.

-Por quê? – ela perguntou, parando com as caricias e encarando-o nos olhos, recebendo também o mesmo olhar dele.

  Ok, ele não tinha bem um argumento. 

  Ulquiorra fechou os olhos e apertou-os. 

-Eu devo estar enlouquecido mesmo.


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