Lá Fora É Frio escrita por Mare


Capítulo 6
Pão de alho, docinhos e afins.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, espero que gostem! *-*



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POV Circe

Admito que a viagem do Brasil até a Inglaterra foi bem longa, porém divertida. Comi bastante pão de alho com patê de atum... O que me animou. Ainda bem que me lembrei de levar alguns deles na minha bagagem de mão.

Meu nome é Circe, tenho 17 anos, e eu estudo na “Academia Brasileira de Magia e Bruxaria de Mercatta”, no Brasil. Sou uma bruxa, o que acho muito legal.

Eu, na verdade, nasci trouxa, e realmente não sei como, aos 11 anos, recebi minha carta de Mercatta.

Não tenho muitos amigos na Mercatta, me consideram ‘estranha’ por lá. Meus cabelos negros tem apenas uma mecha BRANCA na lateral esquerda do mesmo, e todos acham que eu tingi, mas não é verdade... É de nascença, por mais incrível que pareça. Mas se tem uma pessoa em quem confio é Gui. Ele é meu melhor amigo, seu nome completo é Guillermo, mas ele gosta que o chame de Gui.

Ele tem cabelos castanhos encaracolados, e está sempre de bom humor. Ainda me pergunto por que anda comigo sendo que tem todo o potencial para ser ‘popular’.

-Gui! –eu sacudi seu ombro. Estávamos atrás da porta do salão principal de Hogwarts. –Não se inscrever para o Torneio, não é? –perguntei receosa. Não queria que ele se inscrevesse... Pessoas morriam nesse torneio, e isso não era nada bom. Não podia perder o único amigo que tinha.

-Xiu! –a diretora Horan falou. –Já vão abrir e não quero conversa! Fila indiana, alunos! E lembrem-se da performance! –ela sussurrou atenciosamente aos alunos.

-Depois conversamos. –sussurrei no ouvido de Gui, que estava na minha frente na fila indiana.

Então ouvi uma salva de palmas vindas de dentro do salão e a grande porta se abriu.

Vi as caras de todos os alunos voltadas para os alunos da Mercatta. Segurei com firmeza o pingente da minha pulseira da sorte. Era um coelho... Dizem que afasta má sorte.

Ajeitei minhas vestes da escola e vi que Gui começou a seguir os alunos da frente, então também saí andando pela fila. Coincidentemente, eu era a do meio.

“Caramba, eu não quero fazer isso!” pensei envergonhada. A apresentação estabelecida pela diretora Horan era ridícula! Mas quem não fizesse iria ser punido...

Então madame Horan passou andando por nós, até chegar lá na frente. Parou lá, de frente à fila indiana e deu o sinal para o início da apresentação.

Então todos nós, os alunos brasileiros, se viraram de lado, de frente para um aluno qualquer de Hogwarts, e puxamos uma mini bandeira de dentro da veste: metade do Brasil, metade de Mercatta (que era uma capivara) e levantei.

Merlin, que vergonha. Depois de longos minutos cantando o hino de Mercatta e sorrindo para os alunos, pude desfazer minha ‘postura’ perfeita e seguir em frente com a fila.

Iríamos sentar-nos à mesa da Corvinal. Os alunos de lá nos receberam com apertos de mão e alguns se abraçaram.

Avistei de longe um garoto que me chamou atenção... Seus cabelos eram lisos, e ele tinha olhos penetrantes verdes escuros. Ele me viu o encarando, e esboçou um sorriso tímido.

Totalmente constrangida, virei minha cara para a de Gui, que se sentava a minha frente.

-O que foi, Circe? Suas bochechas... Estão vermelhas. –perguntou ele intrigado.

-Nada não Gui... Pois então, vamos ver a próxima escola a entrar?

-... Deem boas vindas aos alunos da ‘Escola de Bruxaria de Berkinjov’, vinda direto da Alemanha!

Então a diretora de Hogwarts, depois de um discurso prévio que não escutei, apontou para a porta novamente, e elas se abriram.  

Apenas homens estavam parados após a porta, quando percebi que era apenas uma Academia de Homens.

Eles fizeram uma entrada bem simpática, pelo o que eu vi. Alguns alunos levaram docinhos tradicionais da Alemanha, e entregaram para outros de Hogwarts, e até para nós, do Brasil. Recebi um docinho de um menino estranho, porém não posso negar que estava delicioso.

Será que sapatos voam se eu lançar um encantamento neles? E foi nessas perguntas doidas que me faço quase sempre que percebi que sim, eles voam com magia.

Do nada, McPonakal (Acho que o nome da diretora de Hogwarts é assim) bateu duas palmas e muita comida surgiu nos pratos de todos os alunos.

Os alunos de Berkinjov, sentados na mesa da Grifinória, deram uma salva de palmas, que logo se espalhou por todos os alunos.

Nossa, que meninos esfomeados.

Meu Merlin, avistei um pão de alho ao longe.

-MEU MERLIN! –me levantei correndo e vi que o pão de alho jazia na frente do menino de olhos verdes escuros.

-Erm... Oi? –ele disse envergonhado.

-Posso pegar esse pão de alho? Por favor? –eu disse rindo da cara de susto dele. –Calma, eu só vim pedir o pão.

-Aqui está... Menina da mecha branca. –ele disse com um sorriso de canto. –Posso saber seu nome? Não vai soar legal falar para meus amigos que tem uma menina de mecha branca muito bonita do Brasil que eu estou de olho.

Senti minhas bochechas queimarem. Como assim, ele estava de olho em mim? É isso mesmo?

-Sabe... Eu gosto de inhame. E beterraba – detalhe: quando fico nervosa, falo fatos variados sobre mim. Geralmente muito loucos. Porque fui falar? Meu Merlin.

-Meu nome é Circe. –eu disse, sem medo.

-Circe... Agora sim não me esqueço de você. –ele deu a risada mais gostosa que você pode imaginar. –Meu nome é Alvo. Alvo Severo Potter.

-Que nome bonito... Bem diferente também. –ri também, junto dele.

Ele pareceu um pouco surpreso quando disse isso... Ele esperava outra reação? Não sei porque, mas simplesmente dei um sorriso sincero e voltei para meu lugar de frente à Gui.

-Ei, Circe. Terra chamando Circe! –ele disse bravo.

-Desculpa! –ri-Eu estava tão focada nesse pão de alho que me esqueci de viver. Pão de alho é vida, sem mais nada Gui.

-Quer dizer então que eu não sou vida? Então tá. –ele sorriu de um modo infantil.

-Você sabe que eu... Prefiro inhame e pão de alho, né?

-Idiota! –ele gritou. Rimos.

Dei uma última olhada no garoto de olhos verdes escuros, e ele olhou para mim de relance.

-Vamos Gui? Está tarde, e precisamos conversar.

Então saí do salão de braços dados com Gui, e fomos para o dormitório de Mercatta.

-Diz que não vai se inscrever para o torneio, Gui, por favor...

-Circe McQueen. A pessoa que mais me conhece. Pedindo para eu não me inscrever na coisa que eu mais desejei.

Então ele começou a cantarolar... “Is this the real life? Is this just fantasy?”

-Para de drama, palhaço. Só, me diz que não... Você sabe o que acontece nesses torneios, Guillermo! Pelas Barbas de Merlin, não posso te perder! Se bem que as beterrabas do mundo iriam me consolar.

-Para de brincadeira, Circe! O torneio Tribruxo é o que eu sempre quis fazer, e não é uma louca como você que vai me impedir!

Depois que ele percebeu o que tinha falado, era tarde demais.

-Desculpa Circe, sabe que eu não queria ter dito isso... Você é tão normal quanto eles...

Não terminei de ouvi-lo e subi para o dormitório feminino de Mercatta. O que ele queria dizer com aquilo?

Eu não era boa o bastante para impedi-lo de participar dessa brutalidade?

Então... Acho que só tem um jeito.

Vou me inscrever também... Tenho que proteger meu Gui.

POV Alvo

Como pude ser tão corajoso hoje? Não estou acreditando em mim mesmo. De onde saiu essa confiança toda?

Eu não sei de onde, apenas sei que aquela menina mexeu comigo... Circe.

Mas seria aquele menino de cabelos encaracolados seu namorado?

Não pode ser, senão ela nem teria me dado bola.

Pare de ser idiota, Alvo, ela só queria o pão de alho.

Por falar em pessoas estranhas, cadê Lílian? Não vi ela depois do jantar, e tínhamos combinado de vir aqui no corujal à meia hora atrás, para mandar uma carta a nossos pais.

-Alvo! Desculpe o atraso! –ela disse ofegante.

-O que aconteceu? –eu disse realmente fora de meus pensamentos.

-Depois te explico, vamos escrever essa carta logo?

“Queridos pais,

Eu e Lílian estamos bem, nosso primeiro dia foi agitado. Adivinhem só?

O torneio tribruxo é esse ano, e Lílian já pode se inscrever! O que acham da ideia?

Não nos deixem sem notícias... Mas se quiserem, podem deixar de mandar presentes constrangedores, agradecemos.

Beijos

Alvo e Lílian.”  

Finalmente voltei à Sala Comunal da Corvinal, e encontrei um reflexo exausto no espelho.

Acho que é hora de descansar.

Então caí no sono, ainda com aquela garota na cabeça.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram?
Indiquem a fic para os amigos se gostarem! *-*
@CR4ZYFAN < mudei o user do meu twitter, tá gente?
Críticas, elogios, declarações de amor são aceitas haha
Beijos e até a próxima! ♥



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