Peguei castigo de três meses, depois que meu pai me pegou escalando a janela do meu quarto no meio da madrugada depois de voltar da festa, em que conheci o filho de um dos maiores inimigos do meu pai. Ou não conheci né, naquela situação... Só trocamos duas palavras, e foram como figurinhas repetidas. E nem valeu a pena, já que por fim, não pude saber que gosto tinha aqueles lábios. Só fui liberada a sair do meu quarto uma semana depois, e apenas durante o dia. Assim pude aproveitar o belo dia de sol, pra ir até a praia com Serena e Morgana, minhas melhores amigas de infância.

Passamos no shopping para comprar um novo biquíni pra mim, porque os meus estavam em frangalhos. Optei por um modelo básico, e discreto de cor branca com pedrinhas pretas na alça, e com a parte de baixo preta mais no estilo shortinho por que eu detestava mostrar a bunda pra todo mundo.

Assim fomos a La praia!

Depois de nos molharmos um pouco, pegamos um pouco de sol, pra ver se ficávamos meio douradainhas. Mas ao invés de bronzeador, Serena comprou protetor solar aquela retardada. Imagino que sairíamos Dalí tão brancas, quanto chegamos, graças a ela.

Já com a bunda cheia de areia, entrando por lugares que até Deus duvida. Decidi dar uma caminhada na beirada na água, sendo acompanhada por nada mais, nada menos do que ninguém. É as preguiçosas não quiseram erguer as bundas enormes do chão pra vir comigo.

O que por um lado foi bom, pois logo à frente avistei alguém que muito me interessava. Vi o garoto da festa sentado na areia, logo à frente, embaixo do cais, escorado no poste de madeira, olhando pro nada. Aliás, ele fazia isso muito bem!

Ele estava de jeens dobrado ate metade da canela, de pés descalços, regata branca e camisa desbotada de cor marrom, bem claro. Nem viu quando me aproximei, estava jogando conchinhas dentro d’água que ia e vinha sem tocar os seus pés.

-Por que não deixa as conchinhas em paz?! –brinquei puxando assunto-

-Hey! –ele sorriu a me ver, e ele tinha um sorriso tão lindo quanto o olhar- Você não é a fujona da festa?

-É! Esse é meu nome, fujona da festa! –brinquei- Eu devia chamar voce de que? O garoto de um oi só? –encostei-me ao mesmo poste em que ele estava-

Ele riu, e inevitavelmente eu ri tambem, foi engraçado, confesso que às vezes eu me supero nas piadinhas criativas. Ok, não foi tão engraçado assim! Mas ele sorriu...

-O que faz aqui? –ele pergunta-

-Voce não é muito inteligente né? –apontei para o mar, e depois pro meu biquíni-

-Só estava puxando assunto! –ele ficou sem graça-

-Eu sei! Desculpa minha falta de modos!

-Desculpo se voce me disser seu nome! –ele se levantou, segurando-se ao poste e se aproximando de mim-

-Por que quer saber meu nome? –perguntei sorrindo-

-Voce não é muito inteligente né?! –ele disse sorrindo, todo charmoso com o rosto dele bem próximo do meu rosto-

Depois disso ele simplesmente passou por mim, e começou a andar. E eu fiquei ali, com cara de pastel de vento esperando um beijo surpresa que não aconteceu. Mas eu estava há muito tempo na seca pra desistir assim tão fácil. Tava pouco me lixando se ele era filho do principal rival do meu pai, ou se era filho do Obama. Eu queria era que ele metesse a língua na minha boca, sem mais explicações. Virei-me, e o segui na maior cara de pau.

-Valerie! –eu disse, fazendo-o olhar pra trás- Meu nome é Valerie!

-Valerie? Belo nome... –ele disse com olhar sério, mas com meio sorriso nos lábios-

-E voce como se chama?

-Jimitry! Mas pode me chamar de Jimmy! –ele parou e estendeu a mão para me dar um legítimo cumprimento de apresentação-

Num momento de bobeira, acabei pensando na seguinte cena: “Oi meu nome é Arlindo, mas pode me chamar de lindo, porque o ar acabei de perder olhando pra voce” que patético minha mente.

-Prazer em conhecê-lo Jimmy! –e Poe prazer nisso-

-O prazer é meu! –adorei os olhos dele olhando pra mim neste momento- Então Valerie, por que fugiu as pressas da festa…?

-Não fugi! Só que minha amiga teve um pequeno problema e tivemos que voltar pra casa!

-E ela tá por aqui? –ele perguntou arregalando um pouco os olhos- Será que não vai aparecer do nada de novo, e roubar voce da minha companhia?

-Não vai acontecer! –se acontecer eu arranco as tripas dela, e como junto com minha vitamina matinal, pensei-

Ele sorriu como se tivesse ouvido meus pensamentos. Depois continuou andando. Ficamos por mais ou menos meia hora andando e falando besteira. Depois voltamos em direção ao local onde as meninas estavam. Um pouco antes de chegar onde elas estavam, nos despedimos. Ele se aproximou de mim, e segurou meu rosto com ambas as mãos. Meu coração disparou, aquele seria o momento em que eu tiraria a barriga da miséria. Ele aproximou o rosto do meu sorrindo, e quando eu estava prestes a fechar os olhinhos e partir pro abraço, ele desviou me deixando no vácuo, e beijou meu rosto.

Olé! A torcida foi ao delírio, enquanto eu levava um drible com categoria no meio da praia. Jimmy se afastou e disse, todo educadinho:

-Agente se vê!

Eu sorri, e abanei feito uma tapada, como se nunca tivesse sido quase beijada na vida... Nem tive tempo de sair do transe, e logo ouvi Morgana no meu ouvido:

-Foi dar uma voltinha né? –me virei e a vi com os braços cruzados batendo o pé na areia feito uma bruxa má-

-Não me julgue, olha pra ele! –parei ao lado dela, admirando aquele pedaço de perdição indo embora- Não é uma coisa?

-Uma coisa vai ter seu pai, quando descobrir que voce tá afim desse daí! Vem, vambora sua maluca, antes que a tapada da Serena se ligue no que agente tá falando.

Juntamos nossos paninhos de bunda e fomos embora. E eu não consegui parar de pensar um so minuto naqueles olhos azuis encantadores...