Meu nome é Valerie Scotfield.

Gerard Laurence Scotfield, meu pai era uma respeitosa figura política, e graças a isso, éramos tratados como uma família real. Meu pai costumava ser muito rígido, e não admitia que desrespeitassem as suas ordens, nem mesmo eu podia deixar de cumpri-las. Fiquei de castigo absoluto quando ele me pegou pulando a janela de meu quarto, depois de voltar de uma festa próxima de nosso povoado.

Motivo: sair no meio da noite, sem avisar ninguém, e me unir a um pequeno grupo de garotas levadas, para ir a uma festa promiscua, como meu pai chamava, e me unir a pessoas que estavam a um nível abaixo do nosso.

Bem, acontece que foi nesta festa que eu conheci o cara que poria toda minha vida de pernas pro ar. E às vezes a mim tambem... Mas isso não vem ao caso agora...

Eu estava próxima a pista de dança, quando avistei Jimmy escorado no bar, com alguns amigos bebendo cerveja direta no bico da garrafa. Encantei-me por aqueles olhos grandes e azuis, que pareciam atravessar qualquer bloqueio. Ele retribuiu minhas olhadas, e era como se ele pudesse ver através das minhas roupas, enquanto eu me movia na pista, porque me sentia nua com ele me encarando daquele jeito.

Ele se afastou do balcão e andou ate mim. Parou ao meu lado, enquanto eu dançava, e sorria pra mim, um sorriso quase imperceptível. Ele me olhava como se não houvesse mais ninguém ali. Apenas eu e ele...

-Oi! –Disse ele sorrindo-

-Oi! –respondi sorrindo de volta-

Ele não disse nada depois disso, nem eu tive coragem de abrir a boca. Mas ele ficou me encarando, como se nunca tivesse visto uma garota na vida! Foi engraçado... Ele perecia não bater muito bem da cabeça. Sei lá... Mas eu gostei dele.

Minutos depois, minha amiga Morgana me puxou pelo braço e me tirou de perto de Jimmy. Ela apertou com tanta força, que quase sai socando a cara dela, quando paramos em um canto qualquer. Até que ela virou pra mim e disse, como uma gralha enlouquecida:

-Tá maluca garota? O que tá fazendo?

-Conversando! –Respondi- Bom, ele não disse muita coisa pra ser sincera, mas...

-Mas nada! Proíbo voce de voltar pra lá...

-Por quê? Ta doida? Voce viu como ele é lindo? Vai se ferrar voce, não beijo um cara há quase um ano, porque todos tem medo do meu pai!

-Exato! É por causa do seu pai que to falando isso!

-Meu pai deve estar em casa agora, curtindo uma soneca ao lado daquela bruaca que ele chama de esposa... Não tem idéia de onde eu estou poxa!

-Acontece que esse gatinho ali, -ela apontou para o Jimmy- é filho do maior concorrente do seu pai. Johnny Leon Duckovsk. Lembra do ultimo encontro deles, em que seu pai jurou que tiraria sangue das veias de todo Duckovsk que cruzasse o caminho dele?

-Como sabe que se trata do mesmo homem? –olhei para Jimmy segurando uma cerveja no meio da pista, olhando ao redor, me procurando-

-Já vi esse garoto em vários debates com o pai. Ele é o único filho homem, e provavelmente quem Johnny pretende deixar no lugar dele, assumindo os negócios futuramente quando ele deixar este mundo, e partir pra uma melhor...

-Mas que azar do caramba isso! –disse indignada vendo aqueles olhinhos azuis brilhando no meio do povo-

-Vem, é melhor agente meter o pé, antes que ele decida perguntar quem voce é...

Contrariada tive que sair da festa às pressas, sendo praticamente arrastada por Morgana. Fiquei pensando no caminho: “que mal havia em ficar mais um pouquinho? Eu não ia me casar com o garoto, só queria tirar as teias de aranha que estavam nascendo na minha boca, depois de tanto tempo sem dar sequer uma bitoquinha inocente” Oh azar do cão viu...

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