Príncipe... Encantado? escrita por Kuroi Namida


Capítulo 16
Homens de Palavra




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/271504/chapter/16

POVs Jimmy

Estava no meu quarto, lendo alguns livros, sobre engenharia, que era o que eu realmente queria fazer da vida, ao invés de seguir na mesma carreira política que meu pai. Ouvi uma discussão vinda do primeiro andar, que parecia ser entre meus pais. Resolvi descer e verificar.

Parei nos degraus da escada, logo atrás de Annie, minha irmã mais nova. Ela estava sentada nos degraus, olhando a discussão de longe, em silencio. Ouvi parte da discussão...

-Isso é culpa sua... –dizia meu pai apontando o dedo para o rosto de minha mãe-

-Não se atreva a colocar a culpa disso sobre meus ombros.

-Voce a mãe dele... Seu dever é educá-lo, e mantê-lo na linha...

Imaginei que mais uma vez a discussão fosse sobre mim. Vi Annie abraçando os joelhos, e escondendo o rosto nos mesmos, não gostando da discussão. Sentei-me ao lado dela, e a abracei, permanecendo ali ouvindo toda a conversa.

-Por que eles não param de brigar? –perguntou-me Annie-

-Não sei... –respondi calmamente-

-É por sua causa?

-Talvez...

Eles continuaram:

-Meu dever? Voce é o pai dele, onde voce esta o tempo todo alem de seu maldito escritório. Se quiser culpar alguém pelas atitudes do seu filho, culpe a voce mesmo, pois ele é como voce, sempre pensando primeiro nos seus interesses...

-Tenho muitas coisas para me preocupar. Eu mantenho essa casa, e tudo que mantém vocês confortáveis. É o mínimo que voce faz manter seus filhos na linha...

-Seu filho já está meio crescido pra que eu tente coordenar sua cabeça. Se quiser que ele haja de acordo com o que voce deseja pra ele, converse com ele voce mesmo. Mas não me culpe pelo seu fracasso.

-Vá chamá-lo... Está na hora de termos uma conversa de homem pra homem...

Resolvi pedir para Annie voltar para o quarto dela. Então desci o restante dos degraus, e fui ate a sala. Quando parei na porta, meu pai ergueu os olhos pra mim, e então franzindo a testa, mostrando-se bastante descontente.

-Já estou aqui pai... –eu disse-

-Ótimo... Sente-se, pois temos uma longa conversa... –ele se aproximou e fechou a porta atrás de mim-

-Posso saber sobre o que vocês estão discutindo de novo?

-Onde está sua noiva? Sabe me dizer?–ele perguntou-

-Jessica? Não... Por quê?

Ele se afastou e andou ate uma mesa, depois apanhando algo de cima da mesma voltou a mim e então me entregou um envelope.

-O que é? –perguntei-

-Abra... –ele disse-

Quando abri o envelope, de dentro dele, o anel de noivado que eu dei a Jessica caiu em meu colo. E junto dele uma carta...

-Abra e leia o que diz ai... –disse meu pai se virando e andando até a mesa-

Desdobrei o papel e comecei a ler suas linhas escritas, que diziam assim:

“Sinto muito pela minha partida repentina. Tenho sido muito bem tratada por toda esta família, todo esse tempo. E sou muito grata por toda sua cortesia. Mas sinto que é chegada à hora de minha partida... Sinto meu coração partindo em meu peito, mas não me sinto mais a vontade para viver assim...

Peço que entregue o anel que Jimmy deu a mim, como prova de seus sentimentos, e peça desculpas a ele por não me despedir. Mas creio que ele saiba os motivos de meu adeus. Já não sinto mais como se ocupasse o seu coração, nem seus pensamentos. E isso se torna muito doloroso, pois eu o amo. Porém vejo que em seus olhos, já não existe mais a mesma certeza que havia antes.

Só espero do fundo do meu coração, que ela, seja lá quem for que ocupa meu lugar em seu peito, cuide bem dele, e seja tão boa quanto ele merece...

Sentirei falta de todos, e sempre os amarei...

Digam a Jimmy  que sempre o amarei.

Amo todos vocês...

Jéssica...

Assim encerrada sua carta, olhei para meu pai, que agora me olhava ainda mais sério do que antes, e aguardava alguma reação minha.

-Sabe do que ela está falando? –perguntou meu pai-

-Não. –menti-

-Aconselho voce a não mentir pra mim. –ele se manteve calmo, porém eu o conhecia bem pra saber que ele estava longe de estar-

-Ela foi embora. Pergunte a ela por que... –me levantei e deixei a carta junto do anel em cima da mesinha-

-Estou perguntando a voce... E não se atreva a sair desta sala sem me dar uma boa explicação. –ele alterou um pouco a voz-

-Eu não sei... Talvez ela tenha caído na real...

-O que disse a ela para que ela tomasse tal decisão?

-Nada. –respondi simples assim- Só que esse casamento era um erro... Desde o inicio... Sempre foi idéia sua não minha.

 -Tem idéia do que esse casamento significa?

-Sei! –respondi com ar irônico- Que voce criou seu filho pra ser uma copia ridícula de voce mesmo. Mas não deu muito certo. Eu não sou como voce pai... Tenho vontade própria. Não vou me casar com alguém por quem não sinto nada, só porque voce acha que é bom pra mim. –me virei pra sair da sala- Que bom que a Jessica sabe disso.

-Não de as costas a mim, ainda estou falando. –ele disse em tom autoritário- Quando me casei com sua mãe, nós tambem não éramos apaixonados. E...

-E ainda não são não é? –me virei olhando pra eles- Olha pra vocês... Discutem o tempo todo, e acham que Annie e eu não vemos... Vocês nem olham um na cara do outro. So mantém as aparências na rua, pra que os outros pensem que somos uma bela família feliz. Querem me convencer a repetir o mesmo erro?

-Ordenei que Jeffrey fosse até o aeroporto buscar Jessica. Assim que ela descer do avião, ele a trará de volta para esta casa. E não me importa o que voce quer ou não. Vai cumprir com sua palavra, com essa garota. Sua mãe já cuidou de quase todos os preparativos para o casamento. Não é uma opção desistir. Nossa família é feita de homens de palavra, e de caráter. Voce não vai manchar o nome de uma família inteira por uma bobagem.

-Não vou me casar com Jessica...

-Não pense em me enfrentar. –meu pai avançou em minha direção- Isso é uma ordem... –ele segurou a gola da minha camisa- Enquanto viver sobre meu teto deve respeito a minha autoridade.

-Não pode me obrigar... –o encarei e enfrentei-o pela primeira vez-

-Levarei voce até o altar daquela igreja, e amarrarei voce lá ate estar casado com essa garota, se for preciso... Ou fará isso por bem, ou por mal.

Não quis prolongar a discussão. Apenas fiz com que ele me soltasse, então o encarando nos olhos, andei de costas até a porta, e abri-a. Olhei minha mãe no canto da sala, que em nada interferiu. E depois sai batendo a porta. Subi as escadas e voltei pro meu quarto.

Senti meu rosto queimando de raiva, e revolta. Andei até minha escrivaninha, jogando tudo que havia em cima dela no chão. Telefone, cadernos, livros, apostilas, luminária, até mesmo meu notebook. Revirei o quarto quase todo, até ficar cansado. Com o colchão, no chão, atravessado entre a cama, e a estante, eu me sentei no chão, escorando-me nele. Vi meu telefone jogado embaixo da mesinha... Tudo que conseguia pensar na Valerie. Eu precisava dela...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!