POV Eva

            Levantei-me no Sábado às 8 da manhã. Levantei-me… porque acordar eu não acordei, visto que não tinha conseguido dormir. Tudo o que tinha acontecido na noite anterior, assaltava-me a mente constante.

            Os Cullen…o Paul… tudo…

            Pelo menos já tinha a certeza de que a Crystal tinha existido e, talvez, houvesse uma explicação para eu ter a sensação de a conhecer.

            Depois, ainda havia o facto de me terem chamado de Crystal… Mas eu não era parecida com ela, ou será que era? Só se fossem os olhos…

            Desci as escadas ainda de pijama e fui à cozinha ver se comia alguma coisa, afinal já não precisava de ser perfeita e podia comer sem me preocupar com a minha mãe.

            Abri a porta do frigorífico (geladeira) e olhei lá para dentro á procura de algo para comer. Vi lá uma tablete de chocolate. Eu já não comia chocolate há tanto tempo… Não resisti, peguei no chocolate e fui para o meu quarto comer.

            Comi a tablete toda e soube-me tão bem…

            Continuei deitada na cama a ver tv durante uns minutos, mas depois tive de sair a correr para a casa de banho, já não aguentava mais o chocolate no meu estômago.

            Ajoelhei-me à frente da sanita e vomitei o chocolate, tudo o que havia comido…

            Encostei-me à parede. Sentia-me fraca, fraca em todos os sentidos. Era fraca porque já não conseguia fazer o que queria, ainda era a minha mãe que tomava conta da minha vida, apesar de tudo e mesmo que eu não quisesse. E sentia-me fraca, o meu corpo não respondia, sentia-me a cair num sono profundo…

            POV Mathew

            Estava preocupado com Eva.

            Afinal a minha família não tinha sido nada branda quando descobriu que ela sabia quem nós éramos. Se bem que eu próprio fiquei atordoado.

            Mas eles tinham-na assustado muito e, eu tinha medo que ela se afastasse de mim por isso. Eu gostava muito dela, ela era a minha melhor amiga.

            - Ei. – Paul entrou pelo meu quarto, tirando-me dos meus devaneios.

            - Sim?

            - Olha, podes arranjar-me o número de telemóvel dela, ou e-mail?

            Fiquei a olhar para ele com cara de parvo. Será que ele era idiota ao pensar que eu lhe ia dar aquilo?? Ela era minha amiga!

            - Vamos lá com calma! Eu não te vou dar nada, se queres alguma coisa pede-lhe a ela. Ah, e não te estiques, ela é uma miúda muito especial, por isso deve ser tratada decentemente.

            Ele sorriu e disse:

            - Tu, como lobo, devias saber que se faz tudo pelo nosso imprinting. E não te preocupes, eu procuro-a e peço-lho.

            POV Eva

            Acordei deitada no chão frio da casa de banho.

            Sentei-me fraca e zonza e, então, percebi que tinha desmaiado depois de vomitar.

            Naquele momento, só me apetecia destruir tudo! Eu não queria aquilo para mim! Eu queria a minha vida de volta!

            Levantei-me e fui para o meu quarto onde vesti outra roupa, para poder ir passear. Precisava de pensar na minha vida e no que fazer com ela.

            Desci as escadas e peguei num pacote de Oreos, decidida a comê-la, desse por onde desse.

            Fui passear para um parque verde que tinham feito na cidade, pelo que sabia, há pouco tempo, políticas “verdes” impostas em todo o mundo, na última reunião dos chefes de Estado para desenvolvimento sustentável do planeta em 2032.

            Comi as bolachas todas enquanto caminhava pelo parque perdida nos meus pensamentos. Tão perdida neles, que acabei por esbarrar com o Paul.

            - Ei. – disse envergonhada – Desculpa!

            Ele soltou uma gargalhada e disse com o maior descaramento:

            - Eu tinha te visto, mas como estavas tão distraída que não resisti e pus-me à tua frente para ver se esbarravas mesmo comigo! Ahahahahhah

            Fiquei feita de parva a olhar para ele, de boca aberta sem acreditar no que ouvia.

            - Fecha a boca antes que entre mosca, ahahaha!

            Eu não aguentei e caí na gargalhada também. Tinha de admitir que ele era um a ótima companhia naquele momento, e ainda só estava comigo à menos de 5 minutos.

            - Está tudo bem? – ele perguntou-me e eu fiquei a olhar para ele sem saber o que dizer. – Estavas um pouco triste, ou pelo menos parecia… - ele olhava para mim preocupado.

            O que é que lhe ia dizer? Que a minha vida estava uma miséria. Que não conseguia comer sem vomitar a seguir, que a minha mãe tinha adoptado uma nova filha porque achava que eu não era suficientemente boa, além disso aquela Margarenta tentava tornar a minha vida num inferno e, depois, vinha ele, eu estava à nora em relação ao sentimento que nutria por ele…

            - Ei, porque é que estás a chorar? – ele perguntou aflito.

            Eu abracei-me a ele e ele aconchegou-me no seu peito, e eu fiquei a chorar ali, nos seus braços.

            - Olha, podes falar se quiseres. Eu prometi que podes confiar em mim…

            Ele estava mesmo a falar a sério, e instalou-se uma grande dúvida, porquê isto tudo?

            - Porque é que te preocupas tanto comigo? O que é que eu significo para ti? – perguntei a olhar para ele.

            Ele ficou a olhar-me durante uns momentos e, depois, respirou fundo e disse:

            - Porque te amo.

            Eu fiquei atónica sem saber como reagir.

            Mas como é que ele me podia amar? Não é que eu não sentisse o mesmo, mas ele tinha tido um imprintig e ela morreu…

            - E a Crystal?

            Ele sorriu-me levemente e disse:

            - Por algum motivo eu tive outro imprinting…

            WHAT THE F...?

            Ele estava a falar a sério? Ele estava a falar de mim? Não, não podia…

            Ninguém, nunca gostou de mim a sério. Tinha tido 3 namorados em Londres, mas isso tinha sido, porque era uma das miúdas populares e fazia parte do estatuto, eu tinha de andar com os rapazes mais populares. Além disso, todos eles achavam que eu não tinha corpo…

            Olhei para Paul e vi que ele estava a observar as minhas reações.

            - Estás a gozar comigo? Se estás, não tem piada nenhuma!

            Comecei a correr, mas apenas uns passos depois eu só tive tempo de me ajoelhar e vomitar. Pela segunda vez naquele dia vomitava o que havia comido…

            Senti-me tão fraca que acabei por desmaiar outra vez, mas não me senti a bater contar o chão…

            POV Carlisle

            Eu estava na biblioteca a ver uns e-mails que tinha recebido do hospital, quando ouvi Paul a chamar por mim.

            Levantei-me da secretária e deixei o meu Ipad em cima da mesma, e fui até à sala. Então deparei-me com Paul e Eva nos seus braços desacordada.

            - O que é que fizeste? – perguntei a medo de que ele tivesse perdido o controlo perto dela e me tivesse tirado a minha filha de mim.

            Eu não suportaria, não novamente, não sem ter oportunidade de mudar algo…

            Mas, depois, tomei consciência de que não podia ter sido isso, visto não haver sangue ou algo do género nela.

            - Ela começou a correr e depois vomitou e desmaiou… - notava-se que ele estava em pânico.

            Peguei nela e levei-a para o meu consultório, que tinha montado lá em casa para os meus pacientes mais invulgares (lobos e híbridos).

            Deitei-a na maca e medi-lhe os sinais vitais que estavam quase normais.

            Então decidi tirar sangue para análise, que fiz no local e os resultados mostravam os baixos níveis de açúcar.

            - Onde estou? – ouvi a voz fraca dela.

            - Paul vai buscar chocolate e um copo de água com açúcar. – ordenei.

            Ele obedeceu-me prontamente.

            - Tomaste o pequeno-almoço?

            - Sim… – a voz dela era fraca.

            Paul chegou com o que lhe pedi e dei-lhe o copo de água com açúcar.

            - Eva vem cá.

            Ela deu-me a mão e levei-a à balança.

            Fiquei assustadíssimo com o resultado, 45 quilos para um 1,73m… Isso dava um índice de massa corporal de 15,0 e o mínimo que se deve ter é 18,5… Ela estava anoréctica.

            - Eva, vou ter de falar com os teus pais. O teu peso está demasiado baixo, tu estás muito doente.

            Ela arregalou os olhos e implorou:

            - Não, por favor…