Capítulo 5:

Desde quando ele se interessa tanto por mim?

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Aquela velha sensação mais uma vez aparecia. Revirava em meu estômago, me arrepiava e me desconcentrava. O ar entrava e saia de meus pulmões pesadamente. Tédio! Pessoas passavam por mim, ainda me encostava-se à coluna branca do teatro, apesar da estrutura ter sido moderna, os arquitetos fizeram questão de manter a velha estética, legal acabei de me contradizer. Uma pequena escadaria larga que se afinava quando chegava à escada, uma "varanda" grande e larga sustentada por colunas brancas, e na entrada duas portas de vidro negro de correr. O ponto de ônibus ficava na pracinha a frente, no meio dela tinha algumas árvores velhas isso tudo bem a frente do teatro em menos de dez metros a minha frente. Um pontinho vermelho apareceu no meu campo de visão, Sasori, já era tempo! Engraçado não o vi chegar de ônibus. Ele caminhava em minha direção despreocupado, com as mãos no bolso do casaco preto que combinava com o jeans azul marinho e all star vermelho, os cabelos como sempre curtos, desarrumados e rebelde. Será que ele nunca ouviu falar em pente? Escova? Acho que não... -E aee rosinha, você veio! - Sasori falou animado quando pisou no inicio da escadaria todo animadinho. Fiz uma careta, 'qualé', rosinha? Ele vai me chamar de rosinha? -eu tenho nome!- murmurei raivosa, alto o suficiente para ele escutar. Sasori só se limitou a abaixar a cabeça levemente e rir de mim. Ele estava já na metade da escadaria. Mas que merda, quem 'ta' me olhando? -'Foi mal' a demora, peguei uma fila no inicio do centro. Dei de ombros e não prestei atenção no que ele dizia. -Está com o ingresso? Sasori parou a três passos de mim, olhou assustado, botou a mão direita no bolso e me olhou com os olhos arregalados. Há não... Serio? Ele esqueceu os ingressos! -tais me 'zuando!'- afirmei indignada. O ruivo suavizou a expressão, e sorriu alegre, e cruzou os braços na altura do peito. -'ta' comigo, não se preocupe!- ele falou calmo e risonho. Olhei par ele e o xinguei baixinho. Sasori soltou uma risadinha divertida. -vamos? Sasori botou a mão direita no meio de minhas costas guiando me ate à entrada. -eu sei o caminho!-disse entre dentes tirando a mão dele de minhas costas. Passei a caminhar na frente dele. - Idiota- Bufei baixinho E para minha infelicidade a sensação ainda continuava.

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Já tinha se passado uma hora de teatro, Sasori roncava confortavelmente ao meu lado, jogado na cadeira preta de veludo ou tentava imitar o material, parecia mais uma poltrona super confortável. E a desgraça disse que não ia dormi. Revirei os olhos. Pelo menos a sensação sumiu. -com licença. - alguém murmurou baixinho ao meu lado esquerdo. Ignorei a pessoa e me voltei a olhar a peça. Sasori fez um barulho estranho com o nariz, que fez o corpo dele dar uns pulinhos, olhei para ele envergonhada. Ele ta' roncando mesmo. 'Ta' de brincadeira. Olhei para ele com ar de repreensão e voltei a olhar para a peça de teatro a minha frente. Ele só pode 'ta' de brincadeira comigo. Bufei indignada. -seu namorado vai babar toda a cadeira. - alguém murmurou desgostoso para mim. Franzi o cenho. Olhei para o lado apesar da sala do teatro estava mal iluminada, eu conseguia distinguir algumas características do cara. Ele era moreno e seu cabelo era muito estranho, tinha o rosto comprido e olhos puxados, nariz e lábios fino. Caramba, ele tem um rosto meio afeminado! Fechei a cara, namorado o 'escambau!' -Em primeiro lugar ele não é meu namorado. - falei raivosa.

– E em segundo lugar... Já tentei... Mas a cadeira é bem confortável, ele não vai acorda. - murmurei um pouco constrangida olhando para frente. O garoto só se limitou a balançar a cabeça em concordância. -veio ao teatro com um amigo?

Olhei para ele de novo. Suspirei.

–ele não é meu... Amigo... - falei baixinho. O garoto olhou para mim intrigado. Caramba, ele é muito bonito! Será que ele é modelo?

–se ele não é seu namorado, seu amigo, ele é seu irmão? Parente?-o garoto perguntou curioso. Bem pelo menos eu acho, porque desde que ele abriu a boca ele não mudou de expressão. 'Eita' por que tanta pergunta e o que ele 'ta' querendo? Será que ele é um... Stalk? Ou um assassino? Caramba Sasori por que você foi dormi justo agora?

–Ele... Ele é o amigo do meu irmão. Ele 'ta' me fazendo companhia, sabe... - falei calmamente, sem demonstrar medo.

– Não precisa ficar com medo, não sou nada disso que você está pensando. - o cara murmurou ofendido. 'ta’ ele lê mentes?

–Eu ‘to’ pensando em nada!- me defendi. Ele revirou os olhos.

–Fala isso para sua cara. - ele murmurou e voltou a olhar para frente. Como assim, fala para minha cara? Suspirei sem entender nada e voltei a olhar para frente. E de repente nem Alice e o Chapeleiro maluco pareciam interessante, e ao meu lado Sasori fez outro barulho esquisito com o nariz que sacudiu todo o corpo dele. Eu mereço...

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–Eu juro, tentei ficar acordado! Essa era a quinta vez que Sasori falava aquilo.

–tudo bem. 'de boa!'- murmurei cansada. Sasori pareceu não se contentar com isso. -vamos para o shopping, quero te recompensar por hoje!- ele falou todo decidido.

–Eu quero ir para casa Sasori! - falei desanimada enquanto caminhávamos para o ponto de ônibus. Sasori parou e eu olhei para ele sem entender.

–O que foi?

–To de carro.

Só me limitei a levantar a sobrancelhas.

–Legal. - murmurei e voltei a caminhar. Senti algo frio envolver meu braço e me puxar de leve me fazendo virar para traz. Caramba que mão gelada! -O que foi?- perguntei sem entender. -'to' de carro, eu te levo! - falou pomposo -Não precisa. Eu vou de ônibus.

–Não, eu insisto, eu te levo de carro.

–Mas você tem idade?

–Tenho 18! Entrei tarde na escola, estudava em casa, entrei direto na quarta serie com onze anos... Posso legalmente dirigir, e modéstia parte, sou um ótimo motorista. - Sasori falou todo pomposo, soltou meu braço e botou as mãos nas minhas costas me guiando ate o estacionamento.

Hum... Foi por isso que não o vi chegar! Caminhamos em silencio pela trilha de lajotas, Sasori me guiava pelo labirinto de carro, ate que paramos em frente a um sentra 2013 preto. Ele me guiou ate a porta do carona e a abriu, entrei meia contra gosto, tirei meu casaco e dobrei-o e o depositei no meu colo, Sasori fechou a porta e deu a volta no carro, tranquilo entrou e ligou o carro. Botei o sinto de segurança e o olhei ligar o aparelho de musica. -bota o sinto. - falei olhando para ele. Ele só se limitou a balançar a cabeça em sinal de concordância, botou o sinto e deu a partida no carro. A primeira nota de alguma musica começou a tocar. Eu conheço essa musica! Olhei para ele animada.

– Juke Box Hero do Foreigner?

Sasori me olhou pelo canto dos olhos e sorriu. -Sim!

– È altas musicas. Já ouviu a versão do musical? Tem ate o filme do musical! -falei animada me sentando de lado. Sasori sorriu. -Depois que minha vizinha me apresentou high school musical, fiquei traumatizado. - Sasori comentou rindo.

Ri do comentário dele. -Mas tenta ver.. Pelo menos o filme, é interessante! Sasori fez uma cara pensativa. -Talvez eu veja!

E o assunto morreu. Ajeitei-me no banco e virei para frente, olhei para janela e bem na hora passamos por uma placa indicando o próximo shopping. Olhei para o motorista ruivo ao meu lado, antes que eu abrisse a boca ele falou.

–Eu te disse que iriamos para o shopping!

O merda. Dei de ombros, pelo menos eu estava de carro.

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–Chocolate, misto ou baunilha?- o garoto do quiosque de sorvete me perguntou me mostrando um sorriso cansado. -Baunilha! - falei animada pegando a carteira. Uma mão segurou meu pulso. -Eu pago!- Sasori falou autoritário. Revirei os olhos, o garoto do sorvete olhou para nos dois se divertindo um pouco com a situação.

–Você que sabe!- Falei dando de ombros e guardando a carteira. Sasori tomou a frente, entregou o dinheiro, nem escutei quanto é que deu o total do nosso pedido, esperei ansiosamente pelo sorvete. -Aqui esta!- disse o atendente me entregando o sorvete, nem esperei o Sasori , ataquei direto minha delicia gelada de baunilha. Já disse que amo sorvete de baunilha? Sasori pegou o dele e fomos andando pelo shopping.

–Pelo menos a peça foi boa?

Olhei para o ruivo ao meu lado.

–Foi, foi legal sim! Melhor que High School Musical! -Falei brincando Sasori gargalhou e se lambuzou um pouco com o sorvete. Eu ri dele. Ele se limpou com o guardanapo. -Então foi bom!

–Foi.

–Mas não vai ter uma próxima?

–Não!

–E se eu não dormi?

–Você quis dizer, “e se eu não babar e roncar na cadeira?"- Falei irônica. Sasori soltou uma risadinha constrangida. -As coisas não saíram como eu planejava. - ele comentou baixinho. Por um momento fiquei com uma peninha dele. Só por um momento. -Vamos sentar? -Sugeri apontando para duas poltronas a alguns metros à frente. -Claro! Andei na frente em passos rápidos, me sentei desleixadamente na poltrona de couro marrom do shopping. Senti o meu lado direito afundar, olhei para o lado e vi Sasori sentado. -sabe 'ta' apertado, não da para você ficar na outra poltrona?- comentei me ajeitando na poltrona. -Assim é mais confortável!- Sasori piscou para mim. Revirei os olhos e voltei a tomar meu sorvete. -Você ate que é legal...

Olhei para o Sasori sem entender.

–Tais querendo o que, dinheiro?- comentei irônica. Sasori riu sem graça, to ficando boa nisso. Ele se ajeitou na poltrona e botou um braço nos meus ombros. Olhei para ele com cara de quem não aprovou o gesto. -Fica assim, só um pouquinho. - Ele pediu baixinho olhando para o chão. -Por quê?- Perguntei sem me mover esperando uma resposta. Ele suspirou cansado e olhou para mim procurando meus olhos com os dele. -Só fica assim... Por favor, só, só fica assim!- olhei nos olhos dele, senti algo pesar no meu estômago, e uma sensação desconfortável predominar no meu corpo, desconcertada, olhei para baixo, vi minhas unhas rasparem no couro marrom da poltrona, Sasori tocou meu rosto de leve com a ponta dos dedos, fazendo com que eu o olhasse, o rosto dele já não estava longe do meu, pelo contrario, ele estava bem perto. Agora sim eu pude realmente ver como ele é. O rosto comprido oval, os lábios finos um pouco rosado, nariz fino e comprido, maçãs do rosto finas, e olhos cor de mel médio arredondado e puxado de leve na extremidade, entre as bochechas e o nariz ele tinha sardinhas, bem fraquinho, mas tinha, só dava de ver assim de perto, os cabelos curtos e ruivos espetados para todo os lados, ele tinha um rosto muito bonito, senti os dedos dele acariciarem minha bochecha direita com delicadeza e ao mesmo tempo me puxando para perto dele. Vi Sasori quase fechar os olhos e entreabri os lábios, ele respirava com um pouco de dificuldade, e ele não era o único, o nariz dele encostava-se ao meu, ele envolveu meu pescoço com a mão direita, e continuo a acariciar minha bochecha com os dedos da mão esquerda. Senti meu corpo tremer de leve em antecipação, e meu coração bombear o sangue mais rápido alimentando minha frequência cardíaca, minha voz trancada em minha garganta. Não conseguia me mover. Sasori humedeceu os lábios de leve com a ponta da língua e se aproximou mais ainda. Senti meu coração falhar duas batidas e o ar trancar em minha garganta. “Sasori vai me beijar!” “Sasori vai me beijar!” Era tudo que se repetia em minha mente. 'Perae' ele vai me beijar! "NAO!" Senti meu corpo enrijecer, todo o encanto sumir e fiz a coisa mais sensata que eu poderia fazer, o empurrei para o mais longe de mim. Levantei-me com brusquidão, me afastando alguns passos dele, sentia meu corpo tremer. -Fica. Longe. De mim! - Falei pausadamente de propósito ofegante. -Sakura, eu.. -Cala a boca! -O interrompi, suspirei fundo e continuei. - Você não vê o que tais fazendo? Acha que pode realmente brincar comigo? - Vociferei com raiva, sentindo os olhos ficarem húmidos, e algo se afundar em meu estômago. -Você... Só fica longe de mim!- Terminei baixinho, engolindo o choro. Nem consegui olhar para ele, nem esperei por uma resposta vinda dele, eu já estava caminhando em direção à saída do shopping. -Aonde você vai?- ele gritou. Não olhei para trás e não parei de andar. -Para casa!- gritei por cima do ombro e desci a escada rolante. Ele só poderia estar querendo brincar comigo, como não percebi isso? Desci a escada rolante e caminhei com pressa pelo corredor principal. Sentindo algo molhado descer pelas minhas bochechas, levei os dedos ate as bochechas molhadas e a toquei. Olhei a ponta dos dedos molhados, legal to chorando. Soltei um soluço. Senti uma mão envolver meu pulso e me puxar para trás me fazendo dar de cara com algo duro. Dei um passo para trás e olhei para cima. O garoto do teatro?

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–Vocês se beijaram? - gritou Ino surpresa. Revirei os olhos. -Correção, ele tentou me beijar! -Não interessa, vocês iam se beijar! Eu sábia que ele gostava de você! - Ino voltou a gritar animada. Suspirei fracamente, talvez tenha sido uma péssima ideia ter contado a Ino o que aconteceu no shopping. TenTen me olhou animada e mandou um olhar reprovador para Ino mas ela ignorou. -Ino, tais irritando a Sakura! -Novidade eu quero. - Ino falou emburrada. Me levantei e botei a alça da mochila no ombro direito. -Vou na biblioteca, aproveitar que estamos no intervalo. Vem comigo? -valeu Sah, mas vou ficar. Nos encontramos na sala, ok? -tudo bem, e você Ino, vem? -Não vou ficar também, nos vemos na saída! Dei um passo para traz e mandei um tchau com a mão esquerda para elas.

Continua...