O tempo lá fora ia passando rapidamente e eu não desconfiava de nada enquanto estava naquele lugar, perdida na floresta maldita.

Fui caminhando, já estava exausta e pelo que parecia estava entardecendo, eu tentava achar abrigo antes de escurecer, eu não sabia o que podia acontecer à noite naquele local sombrio.

Caminhei pesadamente por um longo tempo naquela grama escura com flores que se mexiam ao meu mover, flores acinzentadas com detalhes roxos que mais pareciam olhos arregalados me observando.

A paisagem mudava a cada instante, ora flores me observando, ora galhos de arvores secas me agarrando como anzol em peixe, rasgando pedaços das minhas roupas.

O crepúsculo estava acabando e a noite chegando, em meio aquela escuridão avistei de longe uma imensa arvore de tronco branco e belas folhas vermelhas cor de sangue se destacando em meio a neblina. Fiquei um pouco assustada com tamanha beleza meio a tanta escuridão. Corri pra chegar lá o mais rápido possível.

Chegando lá, o ambiente foi mudando, uma sensação estranha tomava conta de mim e do tempo ao meu redor, a neblina foi ficando mais densa, o vento agora soprava mais forte formando um leve redemoinho em volta de mim. Começou a cair cristais e ao cair daquelas pequenas pedrinhas cintilantes ia se formando um cubículo de espelhos em minha volta. Eu gritei, tentei sair, mas um tipo de barreira invisível tomava conta daquilo, me esforcei ao máximo pra quebrar aqueles espelhos mas eu não dava conta.

Eu estava agora rodeada de espelhos, dos lados, no teto, no chão e o que mais me deu medo é que eu não me via em meio a tantos espelhos, só aquele imenso corredor sendo refletido de um espelho a outro. Eu continuava gritando, pedindo socorro mas nada acontecia, aliás, não tinha ninguém naquele lugar, só coisas ruins, macabras e obscuras.

Em meio aquele imenso corredor, vamos dizer assim, de espelhos, eu vi uma figura pequena, caminhando e ia crescendo conforme se aproximava. Cada vez mais próxima e enquanto se aproximava eu vi aquele rosto terrivelmente assustador.

Era um ser de pele pálida, com olhos arregalados que transmitia terror só de encara-lo, olhos totalmente brancos com um leve brilho no fundo de suas pupilas negras lotadas de escuridão e terror; sim, era um brilho escuro, uma luz negra saia daqueles imensos olhos diabólicos e arregalados sempre. Ele tinha um semblante psicótico com um tique em seu olho direito que levemente se fechava repentinamente na curvatura de seu sorriso macabro com dentes brancos e pontiagudos que se encaixavam perfeitamente um ao outro. Na sua mão esquerda ele carregava um machado afiado feito de cristal que fazia um som agudo insuportável sendo arrastado no chão do espelho e na sua mão direita um cordão feito de pedras vermelhas que eu nunca tinha visto antes. Suas vestimentas eram pretas, uma camiseta com a manga longa preta e calças pretas também, ele estava descalço e nos seus pés tinha uma estrela virada de cabeça pra baixo com uma cabeça de bode de chifres enormes dentro dela, a mesma figura que apareceu pra mim ao lado do meu reflexo. As pontas dos dedos da mão dele era coberta de sangue e suas unhas dos pés eram grandes e amareladas.

Pra qualquer lado que eu olhava aquele demônio vinha se aproximando e eu entrando em desespero me ajoelhei, botei as mãos na cabeça, fechei os olhos e sempre em mente eu me perguntava “O que esse demônio vai fazer comigo? Pra onde eu irei agora?”