Capítulo II

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Depois de alguns minutos pulando de árvore em árvore nessa direção, Pakkun parou. Kakashi e Jun logo atrás dele.

– Encontrou? – Perguntou Jun esperançosa.

– Hai! – O cão concordou. – Mais um quinze metros a frente.

– Arigatou! – Jun agradeceu sinceramente. E pulando a frente, ativou seu doujutsu. – Ryokugan!

– Uau... – Kakashi murmurou. – Então esse é a tecnica ocular do clã Hinday... – E curioso, já que nunca havia visto essa tecnica de perto, ele seguiu Jun.

Na teoria, ele sabia que esse doujutsu era uma mutação que havia acontecido algumas décadas atrás do sharingan. Esse doujutsu não podia nem prever e nem copiar técnicas, como fazia o sharingan, e nem era tão bom com genjutsus, mas ele era ótimo em percepção de chakra e com isso, fazia com que seus usuários, mestres em controle e moldagem do chakra, como ele bem podia perceber.

A menina era tão habilidosa com a moldagem do chakra, que ela havia pego um galho, na falta de ferramentas ninjas, e o havia envolvido com uma camada uniforme do seu claro e denso chakra, outra peculiaridade desse clã.

A coruja fujona finalmente apareceu, saindo de trás de algumas folhagens quando Jun a atacou. Kakashi recuou um pouco ao ver o tamanho daquele bicho. A coruja cinzenta e de olhos dourados tinha quase o dobro do seu tamanho e parecia bem irritada por ter sido encontrada.

– Essa é a ave que havia fugido? – Pakkun perguntou, se escondendo atrás de Kakashi.

– Acho que sim...

– Ok, então estou indo! – E sem dar uma segunda chance para Kakashi falar, Pakkun sumiu numa nuvem de fumaça.

– Medroso... – Kakashi murmurou e suspirou. Pakkun o havia abandonado sem pensar duas vezes.

E enquanto isso, a luta de Jun contra a gigante coruja continuava.

– Pare com isso Kin! – Jun gritou e recebeu um golpe de fuuton da coruja. – Deixa de ser birrenta!

– OOOWWWWWWWW! – A coruja crocitou e deu um razante na cabeça de Jun, usando suas asas para criar um mini vendaval.

– KIN! – Jun se segurou o melhor que pôde para não levantar voo, nas estava começando a se tornar difícil manter o controle do chakra diante de todo aquele estresse. – EU NÃO QUERO TE MACHUCAR!

Mas parece que a coruja tinha uma ideia diferente, e ao perceber isso, Kakashi interferiu na luta, antes que a coruja usasse outro ataque de fuuton.

– Suiton Suiryuudan no Jutsu! – Kakashi envolveu Jun com um dos seus braços, e do seu outro braço, um dragão de água tomou forma, atingindo a coruja, que com as penas encharcadas, não pode levantar voo novamente.

– KIN! – Jun se desvencilhou de Kakashi e correu para a coruja caída a alguns metros. – Você está bem?

– AHOU! – A coruja deu um pio de escarnio, e irritada, Jun deu-lhe um soco na cabeça.

– Sua idiota!

– Ela está bem? – Kakashi se aproximou, e recebeu um olhar irritado da coruja encharcada. Provavelmente, ela queria arrancar-lhe a cabeça com aquele bico grande e afiado.

– Vai ficar... – E suspirando, Jun levantou as mãos num selo. – Mas tarde nós conversamos, Kin. Kai! – E Jun liberou o kuchiyose, a coruja sumindo numa nuvem de fumaça.

– Parece que agora tudo foi resolvido...

– Hai. – Jun concordou. – E me desculpe por ter lhe envolvido nisso tudo. Gomen nasai!

– Are, are... Não precisa se desculpar. – Kakashi sorriu.

– Claro que eu preciso! Primeiro, eu lhe atropelo, depois faço com que você me ajude a procurar a minha coruja fujona, e por último, faço você se envolver em uma luta que não é sua... Hontou ni gomen nasai! – E Jun abaixou a cabeça, envergonhada.

– Como eu disse, não precisa se desculpar! Eu apenas me envolvi na luta pois percebi que você não queria a machucar, e por isso, iria acabar que você ia se machucar. Agi antes de pensar. – Disse sincero.

– Você tem razão... Eu não a queria machucar. Deveria ter usado logo um jutsu estilo suiton, mas queria tentar fazê-la me escutar... – Suspirou. – Parece que não deu muito certo.

– Com o tempo vocês vão se dar bem, eu lhe garanto!

– Ah que inveja que eu tenho de você! – Jun deixou escapar. – Parece se dar tão bem com o seu kuchiyose!

– Como eu disse, com o tempo vocês vão se dar bem... Etto... – Kakashi procurou o nome dela na sua mente. Se lembrava claramente do seu sobrenome, mas não tinha nem ideia de qual seria o nome dela.

– Jun! – Ela respondeu. – Hinday Jun desu! – E riu. – Eu realmente sou muito atrapalhada. Nem ao menos me apresentei.

– Hatake Kakashi. – Kakashi sorriu de volta e estendeu a mão. – Você não é a única atrapalhada.

Jun sorriu mais uma vez e aceitou a mão do grisalho.

– Yoroshiku ne! E mais uma vez, perdão por lhe envolver nisso tudo.

– Eu já disse... – Kakashi segurou a mão dela um pouco de tempo a mais do que deveria, e percebendo isso, a soltou. Ela tinha uma mão tão macia. Suspirou, no que estava pensando? – Não precisa pedir desculpas. Eu me envolvi por que quis, ok?

– Ok! – Jun concordou um pouco desconcertada, o aperto de mão de Kakashi a havia envergonhado. Era impressão sua ou ele havia segurado a sua mão mais do que o necessário? – Bem, eu não vou mais atrapalhar o seu dia e tomar o seu tempo... – E dando-lhe as costas, se despediu. – Ja ne!

– Matte! Espere! – O grisalho falou antes de perceber e segurou Jun pela mão, antes que ela pulasse para longe dali.

– Eh? – A menina se voltou cunfusa, encarando o único olho exposto de Kakashi, que estava tão confuso quanto os seus.

– Ano... – Kakashi murmurou desconcertado e a soltou. Gai havia o azucrinado tando, dizendo que ele precisava de uma companhia feminina, que essa ideia havia se enraizado na sua cabeça, e ele havia agido antes que pudesse sequer ter um pensamento coerente. – Acho que isso foi estranho...

– Foi. – Jun concordou com um aceno de cabeça, sem encará-lo.

– Etto... Er... – Ele não sabia o que falar. – Você não gostaria de almoçar comigo? Eu conheço um lugar que faz o melhor peixe grelhado de Konoha e...

– Gomen! – Jun o interrompeu.

– Como?

– Eu... – Ela queria aceitar o convite de Kakashi, mas não podia. – Me desculpe, eu não posso.

– Ah, o convite foi meio repentino, me desculpe por isso, mas se for assim, nós podemos...

– Gomen! – Ela o interrompeu novamente. – Quando eu disse que não podia, eu não queria dizer que não podia hoje, eu quis dizer que eu nunca vou poder.

Kakashi a encarou confuso.

– Eu não entendo... – Coçou a nuca.

– É só que... – Jun não sabia como explicar aquilo. Kakashi havia sido o primeiro rapaz que o convidava para sair desde que Itachi se fora. Todos os outros rapazes não se aproximavam dela, como se houvesse um aviso na sua testa de ‘não se aproxime’, mas parece que Kakashi era imune a esse alerta. E por isso, ela teria que lhe falar claramente. – Desde que o Itachi-kun se foi, eu não saio com rapazes.

– Mas...

– Me desculpe Kakashi, eu só não posso. – Ela levantou o rosto e encontrou o olhar dele. – Não me entenda errado, mas, eu não quero nem pensar em me apaixonar. Nunca mais. Não quero sofrer novamente.

The day I first met you

(No dia em que te conheci)

You told me you'd never fall in love

(Você me disse que nunca se apaixonaria)

– Mas... – Kakashi tentou novamente.

– Ja ne! –Jun disse, sem dar chance de Kakashi se expressar e saiu correndo de lá.

– Are, are... – Kakashi suspirou. Nem havia tido a chance de falar alguma coisa.

Mas também, da onde havia surgido aquela ideia de convidar Jun para ir almoçar com ele? Embora se conhecessem de vista, essa havia sido a primeira vez que eles conversavam. Ele estava muito maluco se achava que a garota iria aceitar assim tão fácil sair com ela.

Suspirou mais uma vez.

E ainda havia o fato de que ela havia sido abandonada pelo ex-namorado.

Provavelmente ela estava com magoa por toda uma vida, e não iria querer se envolver novamente com um cara pelos próximos anos.

Era tudo culpa do Gai, no final das contas.

E suspirando pela enésima vez, Kakashi tomou o seu rumo para sair daquele bosque.

Continua...