–Me desculpa? – Apolo perguntou enquanto caminhávamos pelo Central Park. Eu apenas soltei um suspiro, sabia que ele falaria algo sobre. – mas você sabe... Se você soubesse, os deuses ficariam irritados, mais do que já ficaram, e bem... Isso não seria bom. Por que assim você com certeza não teria chance de ficar viva, talvez até mesmo não precisasse de uma votação. – encolho os ombros. – só queria lhe proteger, de tudo. Se você soubesse quem eu era, se você soubesse sobre os seus pais... – ele suspira. – eu sei que Percy Jackson fez Zeus jurar sobre todos os semideuses saberem quem são seus pais até os 13 anos. Mas... Bem, tecnicamente você também não é uma semideusa. – um pequeno sorriso aparece em meu rosto. – e... bom, Zeus proibiu seus pais de lhe reclamarem, pelo menos não podiam faze-lo até que tudo estivesse bem. A maioria dos deuses sabiam o que ia acontecer com Percy. – olhei para ele com tudo, irritada. – mas nenhum de nós podia impedir. – ele acrescentou rapidamente, vendo meu olhar.

–Mas como assim? Os deuses podem saber o destino, afinal... São os deuses, e mesmo assim, por que vocês não mudaram o que estava prestes a acontecer? – falei enquanto ele suspirava.

–Não podemos, Cams. Você vai entender isso logo, logo. – soltei apenas um suspiro, enquanto ele entrelaçou nossas mãos. – me perdoa?

Apenas solto um suspiro, não sei o que responder. Eu gostaria, realmente, de perdoar ele, mas... Bom, eu entendia o lado dele... Mas... Encolho os ombros, era óbvio que eu o perdoaria, e nem sequer sabia por que estava tão decidida a me fazer de “difícil” com isso.

–Tudo bem. – respondi – eu perdoo.

Ele me dá um abraço apertado e um selinho. Algumas pessoas olham surpresas para nós, pelo fato de segundos atrás estarmos á uma distancia segura.

Ele senta em um banquinho e me puxa para seu lado, nos aninhando. E eu apoio minha cabeça em seu peito.

–Como foi com Poseidon? – simplesmente dei de ombros.

–Foi legal, conheci outros irmãos meus, e Tyson é extremamente... Forte. – o peito de Apolo se meche, o que significa que ele está rindo. – mas é legal, apesar de que dormir em baixo da água é um tanto quanto... Estranho.

Apolo finalmente fala alguma coisa.

–Eles vão fazer a votação hoje. – ele solta um suspiro. – se os deuses realmente quiserem, você se tornará uma de nós... Bom, não sei o que eles vão lhe dar as opções de ser... Mas deve ter algo com os poderes de seus pais. – ele deu de ombros. – não importa o que lhe ofereçam, se for isso que você quiser, será. – dou de ombros.

–Não é que eu queira me tornar uma deusa menor, ou uma deusa, é só que... Eu nunca pensei nisso – respondi. – é... tipo aqueles famosos, sabe? Alguns só se tornaram atores por que gostam disso, e acabaram se tornando famosos. É mais ou menos isso que eu quero dizer, não é que eu quisesse ser filha de deuses, mas sempre fui estranha, então foi um alivio quando soube o por que disso, e agora eu meio que tenho essa “chance” de ser uma deusa. – Apolo balançou a cabeça, em um gesto positivo, entendendo. – deve ser legal, quer dizer, não entendo direito o que os deuses podem fazer, mas deve... bom, deve ter uma responsabilidade imensa, também. – ele concordou.

–É, a responsabilidade é enorme, sim. – ele suspira. – mas podemos estar em vários lugares ao mesmo tempo. – levantei uma sobrancelha, pensando em onde mais ele estaria. – e também temos varias consciências, tipo... Como se tivéssemos várias mentes, o que nos permite pensar em várias coisas ao mesmo tempo, e consequentemente, estar em vários lugares ao mesmo tempo, fazendo coisas diferentes. Normalmente tiramos algumas horas do dia para descansar, ou até mesmo sair para encontrar um novo amante, para deuses menores. – concordo.

–O que me lembra de uma coisa... – franzi o cenho. – minha mãe... Ela é casada com Hefesto, certo? – Apolo fez que sim. – e ela supostamente não tem um caso com Ares? – Apolo concordou novamente. – e ela ficou com meu pai. – acrescentei, ele concordou mais uma vez. – nossa, com que deus ela não ficou? – ele deu de ombros.

–Não sei. – simplesmente responde e eu o fuzilo. – o que? Ah... – ele entendeu aonde eu queria chegar. – sim, eu e ela já nos envolvemos. – ele falou baixinho, num sussurro. – é meio estranho, ter ficado com a mãe da minha namorada. – reviro os olhos.

–Não diga. – resmunguei e ele me puxa para mais perto, quando vejo algo reluzir na nossa frente e Apolo olha em volta.

–Alguém está tentando entrar em contato com você, por Íris. – lembro rapidamente sobre isso, mas logo uma imagem de Annabeth aparece me minha frente, e ela me olha, e então olha para Apolo, que ainda está ao meu lado.

–Esse é o deus Apolo? – simplesmente dou de ombros. – você tem muito o que me contar, mas enfim... Você já chegou no Olimpo, suponho. – concordei. – E quando você vai voltar e me explicar tudo o que aconteceu?

–Não sei. – e isso é verdade. – eu ainda tenho algumas outras pendencias para resolver no olimpo... Mas talvez logo eu volte. – ela fez que sim e olhou para trás com tudo.

–Droga, eu tenho que ir, alguns campistas do chalé estão com problemas... Bom, espero que esteja tudo bem, Cams. – ela me encarou fortemente, sem tirar os olhos dos meus. – e eu realmente espero que Percy esteja bem. – faço que sim, tentando não vacilar. Percy está bem. Mas não sei onde ele está. E ela não pode saber.

Annabeth balançou a mão em sua frente e a imagem se desfez.

Apolo está me encarando, o que me fez simplesmente dar de ombros.

–Vamos, vamos comer, e depois vamos fazer uma visita á sua mãe.

[...]

A casa de minha mãe é com Hefesto, o que se torna estranho, levando em consideração os olhares reprovadores que ele me dá a cada cinco minutos. Mas tudo é legal. Ela até tem uns cinco quartos extras – pros filhos – apesar de ela dizer que ela até poderia me deixar dormir em seu quarto (apesar de que Hefesto, com certeza, não gostou disso).

Nós estávamos sentados no sofá de sua sala, eu e Apolo em um sofá para duas pessoas, e ela em outro sofá, mas um apenas para uma pessoa, enquanto Hefesto deu alguma desculpa esfarrapada de que precisava ir para algum lugar em algum momento.

–Pronta para se tornar uma deusa? – Afrodite finalmente perguntou alguma coisa.

–Não sei. – falei a verdade, ao menos.

–Vai ser... bom. – ela deu de ombros. – não que seja perfeito. Mas bem, você terá a imortalidade, ainda poderá ter filhos, poderá ter um reino, grande ou pequeno, e... bom, você terá uma área só sua. Deuses menores não tem tantos nomes quanto os grandes, eu sou a deusa do amor, beleza e sexualidade, enquanto Apolo é o deus do sol, da cura, da peste, das artes, da música, poesia, profecia e do tiro ao arco. – ela gravou tudo isso? Ah, mas também, ela já vive á milhões de Éons* - Mas existem deuses pequenos, que não tem tantos nomes e essas coisas, um exemplo disso é Íris, que mesmo sendo muito importante para os deuses, não é tão importante como os deuses olimpianos. – fiz que sim, entendendo. – e eu sempre fico pensando... Se você for aceita como uma deusa... Hm... – ela apoia a mão no queixo, pensando. – não sei, por ser minha filha você tem vários poderes, mas... Bom, ainda há ser filha de Poseidon, e... Bom, ele tem seus truques. E juntando nossos poderes, temos alguns outros novos, o que é meio confuso, mas logo você vai entender. Provavelmente Zeus vai lhe colocar como uma deusa menor, menor mesmo, para não correr o risco de você ter seguidores... de mais. – concordei com a cabeça rapidamente, mas sem entender.

*Um Éon é igual é um bilhão de anos.

–Hm... – não sei o que falar, essa é a verdade, mas tenho uma pequena duvida. – eu tenho uma curiosidade. – Afrodite me encara, com os olhos penetrantes, que eu juro que poderiam me fazer entrar em combustão ali mesmo. – eu queria saber... Bom... Como é que é essa transformação? – Afrodite olha para os dedos e os junta. Ela não me responde, o que me faz olhar para Apolo, ele também não olha para mim, apenas olha o papel de parede da sala. – O que? O que acontece nesse processo de transformação?

Apolo trocou olhares com Afrodite antes de ela finalmente falar.

–Nós não podemos lhe falar. – explica ela. – poucos deuses tiveram essa transformação, e apenas os deuses olimpianos podem ficar presentes... Mas... Bem... Para eles... É extremamente... Doloroso. – estremeço, pensando no que acontece. – não posso lhe dizer o que realmente acontece. Mas... Dói. – concordei com a cabeça, sem saber o que falar. – mas, fique tranquila... Poseidon e eu estaremos lá, assim como Apolo, nada de ruim irá lhe acontecer.

Balancei a cabeça positivamente... Mas... Bom, não foi exatamente animador saber que me transformar em uma deusa seria doloroso... Bem... Extremamente doloroso.

Oh, droga, até que dava entender. Uma pequena vingança de Hera, era eu sentir dor, mas não morrer. E a melhor maneira de faze-lo era a transformação de humana/semideusa/quase-deusa para deusa. E eu até entendia, ela podia me odiar eternamente, caso eu me tornasse uma deusa.

Oh, droga.