Luna gostava de fazer doces, era como fazer poções e ela não tinha muito que fazer na mansão, era de manhã, ela já tinha acabado o café da manhã, tinha mania de acordar cedo e agora fazia um doce, estava tão distraída que quase não notara que Tom estava ali e só notou quando sentiu o perfume amadeirado e a respiração dele próxima à sua nuca, ficou arrepiada, mas tentou ignorar isto.

— O que está fazendo? – ele perguntou, a voz baixa e bonita, Luna queimou o dedo na panela.

— Doce... Doce de abóbora. – ele pegou sua mão sua mão assoprando aonde a loira tinha se queimado.

— Você deveria ser mais cuidadosa.

— Você voltou a ser meu amigo? – perguntou Luna sorrindo.

— Acho que não vou conseguir ignorá-la para sempre, não é?

— Acho que não.

— Tenho que ir ao Ministério agora, tente não... Mudar muito as coisas por aqui.

— Sim senhor. Tom, eu estou orgulhosa de você. – ele apenas sorriu de canto e saiu. Luna suspirou e terminou seu doce, não contaria a Tom sobre ela e Ralf, ele gostava de provocá-la, faria com mais afinco se ela contasse e ela estava confusa demais.

Depois de comer o doce e dar um pouco às crianças, deixou-as brincando e foi para a biblioteca, ele tinha uma biblioteca enorme ali e ela gostava muito de ler, o tempo passava que ela não via quando estava lendo, era como quando estava pintando, por ultimo, foi pintar um pouco.

Enquanto isto Tom ia para o Ministério, uma reunião com os aurores, o que incluía o Potter, a prova viva de seu fracasso, sentia ódio cada vez que via aquela maldita cicatriz, mas precisava fingir ser o Lorde redimido. Chegou ao Ministério e antes da reunião, fez uma visita ao chefe do Departamento de Mistérios, ao chefe de Execução das Leis da Magia e por ultimo levou um pequeno presente para o chefe das salas de tribunais e para o chefe do Departamento de Cooperação Internacional de Magia, havia se tornado “amigo” de cada um deles e teria o apoio deles quando se tornasse Ministro da Magia. Depois foi para a reunião com os aurores, dos quais também já havia conquistado a maioria, com exceção de Potter, Weasley e uma meia dúzia que ainda desconfiavam dele.

Falaram sobre a captura de Alícia Montgomery, Tom tinha novidades sobre o assunto, sabia que ela estava procurando por ele, que ela estava escondida em algum lugar em Little Hangleton, que havia colocado alguns dementadores por lá, o que explicava o clima atípico no vilarejo, mas não disse nada aos aurores, o clima atípico e as “esquisitices” que aconteciam no vilarejo estavam expulsando os trouxas de lá e ele não tinha nenhuma pressa em prender Montgomery, queria Luna Lovegood em sua casa e a manteria longe de Ralf Scamander tanto quanto fosse possível, quando encontrasse Alícia ele a mataria e seria o começo da volta de Lord Voldemort e ele já teria convencido Luna a ficar do seu lado.

[...]

Luna conjurou tela e tinta e passou a pintar, na sala principal mesmo, tentando não sujar muito, Riddle era do tipo super organizado, que não quer nada fora do lugar, ela revirou os olhos pensando nisso e continuou a pintar até ouvir um barulho que a fez gelar. Olhou de esguelha para o chão e ao seu lado encontrou a cobra de estimação de Riddle, uma serpente enorme. Desde que ele saíra, ela se sentia vigiada, devia ser a serpente o tempo todo.

— Oh, olá sra. Cobra. – disse hesitante. – Sabe, eu gosto de animais, não tanto de cobras, mas gosto de animais e gosto de Tom também, então acho que podemos nos dar bem. Você não está entendendo nada, não é? Se eu falar assim você me entende? Haiazafiesh. – Luna riu de si mesma, mas parou imediatamente ao ouvir um clique e ver a lareira se mover formando uma escada de pedras rústicas que levava até o quadro de Salazar Slytherin.

— Droga Tom. – sussurrou, ela sabia que aquilo não podia significar coisa boa, mas tinha prometido ao Harry que o diria se encontrasse algo suspeito e aquilo... era muito suspeito.

Andou tentando não fazer movimentos bruscos para não atiçar a serpente que a observava com aqueles olhos amarelos. Subiu os poucos degraus em pedra negra rústica iguais às que ornamentavam a lareira e abriu o quadro de Salazar Slytherin revelando uma passagem secreta. Claro, Tom já havia lhe falado que adorava as passagens secretas de Hogwarts e faria aquilo na mansão também, mas o que havia ali dentro?

Seguiu por um corredor escuro, a única iluminação e calor vinham de alguns archotes. Não demorou muito e ela chegou a um salão, as paredes eram da mesma pedra rústica e iluminada pelos mesmos archotes, mas havia um caldeirão, uma estante cheia de ingredientes para poções e suas antigas horcruxes e na parede havia uma prateleira de vidro cheia de varinhas, embaixo delas havia o nome de cada bruxo da qual havia sido tirada, todos nascidos trouxas, expostas como troféus.

Luna observou tudo atentamente, sabia que precisava sair dali o quanto antes, mas estava meio que paralisada, todas aquelas varinhas, teriam sido mais vítimas dele? Estava tão absorta em seus pensamentos que não notou que não estava mais sozinha até ele se pronunciar.

— Você não devia estar aqui. – Luna quase deu um pulo de susto, suas mãos se agarraram à borda do caldeirão e apertaram até as pontas de seus dedos ficarem brancas e arregalou os olhos.

Estava de frente para o bonito Riddle, os olhos e cabelos negros contrastando com a pele alva, o ar arrogante e sério, mas só conseguia ver o horrível monstro de olhos vermelhos e rosto ofídio que atacara Hogwarts e seus amigos.

— As varinhas...

— Ah isso, pequenos troféus que peguei de quem não merece ser bruxo. – ele disse andando com calma e olhando para as varinhas, sentia muito que ela fosse tão curiosa, sabia que ela não ia entender, não agora, talvez mais para frente entendesse.

— Você não deveria desperdiçar a sua segunda chance. – disse tentando ser indiferente a ele como era antes, mas não conseguia mais, estava decepcionada e sentia como se estivessem apertando seu coração. Ele suspirou e se aproximou, mas Luna ergueu sua varinha.

— Isso dificulta as coisas Luna, eu realmente queria acreditar que você não sairia daqui e iria correndo me entregar ao seu amiguinho Potter, mas não sou tão ingênuo como você, terá de ser minha prisioneira.

— Não seria a primeira vez. – disse sem pensar, deveria ter medo, mas a raiva e decepção era maior.

— Você não vai querer fazer isso. – disse Riddle, achando graça se tivesse que duelar com Luna, mas Luna sabia que não adiantava, estava no território dele, com sua serpente de estimação ao lado e com as crianças dormindo lá em cima, então abaixou a varinha e contrariada deixou que ele a desarmasse.

— Eu realmente acreditei que você tinha mudado. – sussurrou, não sabia se ficaria trancada ali sempre, se receberia doses de crucio por sua insolência, se ele se divertiria com os seus gritos, era assim antes na guerra e Luna sentiu seu medo aumentar e emudeceu, sentiu seus pulsos e tornozelos serem presos por correntes pesadas e encostou-se à parede tentando pensar em algo que pudesse fazer para solucionar o que estava acontecendo.

— Não se preocupe, não vou castigá-la por sair se intrometendo onde não devia. – ouviu a voz de Tom agora bem mais próximo dela, ela pode sentir seu perfume e se odiou por seu coração disparar.

— Sabe que Ralf vai vir me procurar. – disse, embora não tivesse mais certeza depois de terem se separado naquela noite.

— É bom que ele não faça isto, ele não terá tanta sorte quanto você caso fique em meu caminho. – ameaçou. Tom a observou, mesmo no escuro ela lhe parecia tão bela, mesmo raivosa, embora parecesse estar mais com medo do que com raiva, ela o olhava com os lábios entreabertos e os olhos claros um pouco assustados, Tom deslizou sua mão sua mandíbula até parar em sua nuca e se aproximar de seu ouvido. Luna fechou os olhos com força. – Se se comportar, eu a deixo sair daqui. – e um beijo leve foi depositado em sua nuca, fazendo-a se arrepiar e se sentir culpada. Riddle saiu rastejando sua capa negra e levando a serpente consigo.