16 de Junho de 2011, 11:05, escola

Justin:

Na aula de biologia dissecaríamos um sapo, isso era nojento mas a novata pareceu adorar, ela era minha parceira neste trabalho digamos que.. idiota. 

– Pode começar turma, quero o relatório no final da aula –o professor disse antes de enfiar a cara em um jornal, realmente isso me irritava. 

– Ai que ótimo, vou abrir o sapo. 

– É impressão minha ou você está adorando isso? –eu perguntei reparando ela cortar a barriga do sapo animada. 

– Eu realmente estou adorando –ela sorriu, um sorriso perfeito da qual eu nunca vira igual. Julhie parecia ser uma menina muito fria, mas pelo menos comigo ela estava se revelando uma garota incrível, não era tão fresca como maior parte das garotas daquele colégio eram. 

– Me dá isso –peguei o bisturi de sua mão com a idéia de terminar de abrir a barriga do sapo, mas a minha força foi muita e eu acabei fazendo um pequeno corte na mão. Julhie ficou mais branca que o normal, e antes que eu pudesse dizer algo ela saiu correndo. Tentei ir atrás mas ao chegar na porta não havia nem rastros dela no corredor, como ela poderia ter sido tão rápida? Terminei o trabalho sozinho e disse ao professor que Julhie se sentiu mal, bom eu acho que era isso mesmo. A aula acabou e procurei por ela na escola e nenhum sinal,então segui para casa, não deveria ser nada demais.

16 de Junho de 2011, 20:37, condomínio

Justin:

Desde que voltei da escola não pude parar de pensar em Julhie, será que ela estava bem? 

Eu estava deitado em minha cama com uma calça moletom azul e sem camisa, pensei em bater na porta do apartamento de Julhie, mas eu realmente não queria ser inconveniente por isso resolvi dar uma volta, aquela falta de notícias estava me causando uma insuficiência mental e respiratória. Vesti uma camiseta, dois capotes e um gorro e desci as escadas. O chão estava coberto de neve, e com dificuldade eu caminhei até o meu lugar preferido, aonde ficavam alguns caixotes amontoados. Lá eu gostava de me sentar e pensar na vida. Mas o que me surpreendeu foi que Julhie estava lá, sentada. O olhar distante, vazio, ela estava de saia, camiseta e descalça. 

– Julhie o que aconteceu contigo? Eu fiquei preocupado, sabia? –ela se virou olhando para mim assustada– E porque você está vestida assim? Está muito frio –eu retirei um dos meus capotes e fiz com que ela vestisse. 

– Justin o que você está fazendo aqui?

– Eu moro no mesmo condomínio que você, lembra? E este é o meu lugar reflexivo.. onde venho sempre que preciso pensar.

– Não é mais, agora é meu –ela disse séria

– O que aconteceu hoje? Porque saiu correndo? – Eu ignorei a sua possessão sobre o lugar.

– Eu me senti mal –ela virou o rosto para o outro lado.

– Quem diria, você não parecia ser fresca assim, estava tão animada com o sapo que pensei que iria beijá-lo para virar príncipe –ela enfim soltou uma gargalhada divertida, descontraindo o momento.  

– Você é um cara legal, sabia Justin? –ela me olhou e retirou uma mecha de cabelo do seu rosto. 

– Não, ninguém nunca me disse isso. 

– Porque não? –ela parecia indignada.

– As pessoas me vêem apenas como um cara nerd e idiota. 

– Eles são idiotas de pensarem isso de você, você é sim um cara muito legal.. por isso mesmo não posso ser sua amiga.

– Como? –perguntei espantado
 
Como ela me achava um cara legal e não queria a minha amizade? É realmente eu era um cara nerd e idiota que não conseguia fazer amizade. 

– Isso mesmo que ouviu, não posso ser sua amiga. 

– Porque isso, Julhie?

– Eu simplesmente não posso, desculpa Justin–ela saiu correndo dali, em direção ao condomínio, e eu sentei ali absorto. Precisava digerir a idéia de que havia ganhado uma amiga, e havia a perdido também.