16 de Junho de 2011, 23:24, condomínio

Julhie:

Eu odiava este fato de não poder ter amigos, eu já havia tentado e eles sempre viravam o meu banquete. Eu poderia muito bem seduzir Justin e matá-lo a hora que quisesse, seria fácil, mas eu não quero isto.. ou melhor dizendo.. quero sim, seu sangue me hipnotiza, ele parece ser melhor do que todos que eu já provei e isso me instiga muito. 

Fui para meu quarto pensando em como seria o dia seguinte, eu havia feito um lanche naquela manhã e isso com certeza causaria algum comentário na escola. Eu poderia ficar em casa, mas isso poderia causar suspeitas. 

Suspeitas? Em pleno século XXI alguém acreditaria na existência de vampiros? Eu ri do meu próprio pensamento. Lógico que não. Todos que haviam feito esta descoberta, com certeza foi morto por um vampiro. Eu mesma já matei muitos por este motivo. Por isso sempre vivo mudando de cidade, viver muito tempo em uma pode causar suspeitas devido ao número de mortes iguais. 

Deitei na minha cama e olhei para meu braço que estava aquecido, eu ainda vestia o capote de Justin. 

– Droga –eu teria que entregar, não hoje, nem amanhã na escola, mas quem sabe na noite seguinte. Aí sim, esta seria a minha última conversa com Jus, o garoto legal que eu não queria matar, mas ao mesmo tempo queria.

Lutar entre o bem e o mal que existi em mim é algo muito difícil. Acreditem, muito difícil. 

17 de Junho de 2011, sábado, 07:28, escola

Justin:

Naquele sábado teria aula, como nos outros últimos cinco sábados passados. Motivo? Greve que a escola tinha feito, precisamos repor as aulas. Isso era uma puta injustiça, os funcionários que não queriam trabalhar e os alunos que pagavam o preço. Eu gostava sim de estudar, mas em finais de semana era meio que irritante. 

Chegamos na escola, e fomos notificados que a diretora nos aguardava no salão do teatro, ela precisava nos dar um comunicado. Seguimos para lá e nos sentamos nas cadeiras, Julhie sentou três cadeiras de distância, porém na mesma fileira. O olhar de todos expressavam curiosidade, enquanto o dela não expressava nada, nem interesse, nem curiosidade, nada. 

– Olá queridos alunos. Sinto em informar que perdemos um de nossos funcionários. O nosso zelador, Jefrey Squarr foi morto na manhã de ontem, pelo que parece, por um animal selvagem.

Todos pareciam assustados, cochichavam horrorizados pelo acontecido, como um animal mataria um homem tão forte com o senhor Jefrey?

– Por isso peço que vocês voltem diretamente para casa, estaremos decretando luto hoje. Muito obrigada pela atenção.

Todos alunos saíram ainda abismados, eu estava é confuso e pensativo, nasci em Vancouver e nunca soube de algum caso assim, haviam lobos na região, mas nenhum que atacasse um humano alguma vez. Ainda mais nas redondezas de um ambiente escolar.

Descontraído em meus pensamentos acabei me esquecendo de Julhie, procurei em volta mas não a avistei. Então fui no meu armário guardar alguns de meus materiais. 

– E aí boboca, com muito medo do lobinho que está a solta?

– Me deixa em paz Brad –eu disse guardando meu material e trancando o meu armário.

– Te deixo em paz quando eu quiser seu mané –ele me jogou   contra a parede, eu poderia revidar, mas não adiantaria, pois logo os amigos de Brad chegaram. Ele era forte, mas covarde em lutar sozinho.

– Solta ele –eu ouvi a voz de Julhie, virei meu rosto e pude enxergar sua feição irritada.