Ceifeiro. escrita por LittleLucas


Capítulo 2
B.




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Enfim acordado, de verdade. Liguei a televisão e lá estava ele, outra obra da autoria dele.

“A gangue de palhaços que se denomina ‘Commedia dell’Arte’ atacou novamente”, dizia a energética jornalista do canal 6.

“Desta vez o aparente líder, que atende pelo nome de Pierrot deixou um recado em vídeo para imprensa, qual você vê aqui em primeira mão.”

Pelo menos, uma coisa, eu percebi... O seu terno tinha um diamante negro no lugar do coração.

“Bom dia, linda cidade de Manzis” – Falou Pierrot com seu olhar de louco no rosto e sorrindo como sempre pela tv. – “há, linda, há-há-há, que mentira queridos.” – Ele começou a rir loucamente, e logo se recompôs. – “Eu, eu, Pierrot, e meus amigos, Arlequim e Colombina, gostaríamos de agradecer a sua hospitalidade”. – Até eu me peguei rindo disso... hospitalidade... – “E só gostaríamos de mais uma coisinha, - ele fez um gesto com os dois dedos - “lhe comunicar a nossa mais nova boa ação.”

Logo quando ele parecia ter recobrado a noção, ele voltou a rir e se abaixou de repente, desaparecendo, deixando a vista o júri de um tribunal que tinha sido feito refém, por várias pessoas armadas, usando mascaras de teatro para esconder o rosto. Quando ele voltou, ele subiu lentamente, uma bandeja com uma cabeça humana, - “Tãn-dãm! Sai o mal, entra o pior”. Ele riu mais uma vez – “E eu matarei ele também.”

O vídeo terminou e a jornalista voltou, dessa vez nem tão energética, ela estava com um olhar horrorizado e sua boca estava entre aberta.

“Eh...” – gaguejou a pobre repórter. “A cabeça na mão do terrorista é do juiz Alberto Borgia...”

Eu odeio jornais, eu odeio ainda mais Dexter Garelli. Esse é o nome verdadeiro de Pierrot... ah... como eu odeio Dexter Garelli.

Também odeio Manzis, a minha memória mais antiga me traz de volta pra essa mesma cidade.

Me levantei enquanto me vestia pensava em porque Pierrot não morria. Coisinha exibida.

Eu, com mais de meio século vivido, nunca conheci uma criaturinha tão irritante quanto ele maldito palhaço.

O único que conseguiu fugir da morte, literalmente. O pior é que eu não sei como ele me escapou. Eu o tinha nas minhas mãos, a parte física é a mais divertida, ele simplesmente evaporou. Malditos alquimistas. Claro que mesmo eles sendo escorregadios, nunca nenhum tinha me escapado. Bom, um quase me escapou, em Las Vegas.

Sai de minha moderna casa, e me certifiquei de deixar tudo muito bem trancado, essa cidade é tão suja, que eu aposto que até de mim roubariam.

Entrei no meu Cadillac CTS, pensando que um dia já fui menos material, mas acho que deve ter um ou outro ceifeiro como eu.

Ah, como odeio Pierrot.



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