Eu tive um sonho.

Eu sonhei que eu abraçava o meu irmão mais novo, Luca. Usávamos roupas que eu acredito serem de antes da era medieval, eu chutaria ano 1100, nós nos soltávamos do abraço, e tinham duas lindas mulheres idênticas sorrindo impecavelmente para nós. Igualmente loiras, os olhos igualmente azuis, o sorriso levemente elevado para direita. Só um pouco mesmo.

Apesar dessas lindas mulheres a nossa frente, eu olhava por cima do ombro delas, olhava para mulher que vinha atrás delas, ruiva, alta, o rosto mais bem desenhado que eu já vi em toda minha vida, os lábios entre abertos pelo simples motivo de ser sexy. Depois de um tempo, eu percebi que meu irmão estava olhando para a mulher ruiva também. Por algum motivo, eu não me senti surpreso com aquilo.

Eu acordei com um grande sentimento de culpa no dia em que morri, eu olhei as duas covas. Daniel Avranches.

Luca estava lá também. Ao meu lado, ele deu a volta pela minha cova, e achou a dele. Luca Avranches.

Sabe o que interessante?. Eu não tenho irmãos, e eu não estava vivo em 1100. Mas porque pareceu tão real?

Bom pelo menos eu achei que tivesse acordado, mas ai uma risadinha soou na minha cabeça, frívola de gelar a espinha, o pior dos seres que eu já encontrei.

A risada agora se intensificou, uma coisa. Uma coisa nova, um tom de diversão, seja lá o que o desgraçado estivesse fazendo, ele estava gostando.

Eu o vi, vestido da mesma maneira como fez a sua primeira aparição, da mesma maneira de sempre, um terno branco, gravata branca, sapato branco, e sua pele? Argh... tão branca que parecia que brilhava.

Um sorriso, aquele sorriso me enerva, ele dava o risinho com os dentes trincados. Me dava mais raiva ainda.

Minha mão tocou no seu ombro e ele virou pó no vento, exatamente como da última vez. Filho da puta.