Olhei para baixo, vendo um carro estacionado em frente a minha casa. Senti meu coração bater mais forte assim que eu reconheci o carro...

Meu Deus, havia me esquecido completamente de que havia prometido para o Leo que iria ajudá-lo em algumas matérias que ele estava com dificuldades. Abri as portas do meu guarda-roupa com pressa, pegando a primeira roupa que havia encontrado e a vesti com pressa. Peguei uma sapatilha confortável e desci as escadas as calçando.

Peguei as chaves na mesa de centro da sala, abi as portas com pressa e as fechei em uma rapidez enorme. Depois me virei para frente, fingindo estar tudo bem, como se eu não tivesse me esquecido das aulas que daria a ele. Abri as portas do carro e entrei sorrindo para ele.

-Mandy, você demorou- Ele falou como se estivesse triste, mas dava para perceber pelo olhar do mesmo que ele não estava.

-Eu tive que desligar o computador antes de sair - Falei a primeira desculpa que veio em minha mente, mas ela parecia mais convincente antes de eu falar.

-Que computador demorado, nunca vi um computador demorar 15 minutos para desligar- Ele deu partida no carro, olhando para mim de vez em quando enquanto falava.

-Pois é... Meu computador está um pouco velho- Ele começou a rir de um jeito escandaloso, me fazendo rir também.

-Você mente muito mal - Ele disse já parando o carro em frente a cada dele.

Ele morava algumas ruas depois da minha, nem sei o porquê de ter vindo de carro. Talvez só para chamar atenção. Ele saiu do carro e eu também sai, o acompanhando. Abriu a porta da casa dele, que era linda. A sala estava vazia e então ele chamou a mãe dele por alguns estantes.

Logo ela apareceu toda sorridente, me dando um abraço bem forte.

-Mandy, você ta sumida heim garota!- Ela bagunçou meu cabelo e eu logo o arrumei, não querendo ficar bagunçada na frente dela.

Depois ela fez a mesma coisa com o filho, que resmungou baixo nos fazendo rir.

-Mãe a Mandy vai dar uma de professora e me ajudar em algumas tarefas da escola, eu acho que já te falei sobre isso... - Ele sussurrou a ultima parte indeciso e ela confirmou, dizendo que sim, ele havia falado disso umas quinhentas vezes.

-Mãe- Ele resmungou mais uma vez. Ela balançou a cabeça sussurrando um "meninos”.

-Vou lá em cima pegar alguns livros, mãe que tal fazer um lanche? - Ele subiu as escadas correndo enquanto a Sra Mackenzie foi fazer o lanche.

Ele voltou cheio de livros na mão, e eu corri para ajudá-lo.

[...]

-Ai você só tem que passar o X para cá- Mostrei a ele como ele teria que fazer - E depois multiplicar os números que sobrou, entendeu? - Olhei para a cara de confuso do mesmo, forçando para não rir.

-Não entendi nada - Ele disse ainda olhando para o caderno, suspirei começando a explicar tudo de novo a ele.

-Mandy você não acha que é mais fácil ele ir fazendo e você o ajudando quando ele tiver duvidas?- A Sra Mackenzie disse entrando na sala, com mais suco. Ela colocou os copos na mesa e se sentou conosco.

-Tudo bem- Disse entregando o lápis para o Leo e ele começou a fazer tudo, eu o ajudei em algumas partes.

Ele terminou tudo bem rápido comemorando porque tinha entendido.

-Mandy, cara você é melhor que todos os professores do mundo, cara nenhum conseguiu me fazer entender isso - A mãe dele sorriu enquanto eu apenas sorri me gabando um pouco.

Olhei o relógio no meu pulso, enquanto ele começava outra conta e vi que já estava a mais de 3 horas na casa dele.

-Leo eu realmente preciso ir, já está ficando tarde- Me levantei, desamassando minha roupa e ele fez o mesmo com uma cara triste.

Eu o ajudei a levar os livros para cima, no quarto dele e depois desci, brincando com o mesmo.

-Tchau Sra Mackenzie - Disse perto da porta.

-Sem senhora querida, assim me sinto velha, me chame apenas de Paula- Ela disse me abraçando e depois passou a mão em meus cabelos.

Eu sai com o Leo, que insistiu para me levar. Entramos no carro.

-Sua mãe é tão doce- Disse com sinceridade

-Pois é, às vezes até demais- Ele falou, fazendo com que eu ficasse indignada.

-Ei, não fale isso da sua mãe, não senhor - Dei um tapa de leve no braço dele e ele parou o carro já na frente de minha casa.

-Ter que passar o dia muito tempo com ela enjoa- Ele disse rindo, mas eu não rir, sabe, não achei graça - To brincando Mandy, eu amo muito minha mãe- Dei a língua para ele saindo do carro. -Tchau para você também mal educada- Ele gritou de dentro do carro.

Apenas dei um tchau para ele de longe, entrando em casa. Deitei no sofá respirando fundo, estudar cansa.

Olhei mais uma vez para meu celular, notando que havia uma mensagem. Fui tomar meu banho, não a fim de ler, e depois voltei a ler meu livro.

Até que meu telefone tocou. Atendi de má vontade, porque será que sempre tem alguém para interromper minha leitura?

-Alô - Disse sem tirar os olhos do livro.

-Mandy? - Uma voz rouca soou como uma melodia para meus ouvidos. Senti minha respiração se descompensar e meus olhos se encherem d'água. -Mandy você está ai? -Senti as lágrimas rolarem enquanto eu tentava fazer com que algum som saísse de minha boca.

-Justin - Sussurrei baixo, enquanto forçava para evitar soluços.

-Você está chorando?- Ele falou baixo, parecendo está triste, não falei nada, ainda tentando parar de chorar - Mandy fala alguma coisa -Ele parecia meio desesperado. 

Eu não sabia o que fazer, então desliguei a ligação. Chorei desesperadamente, até que lembrei da mensagem que eu havia recebido, respirei fundo tentando me acalmar. Peguei meu celular e abri a mensagem.

"Cheguei faz pouco tempo na Califórnia, na verdade nem estou na sua cidade, mas estou perto e isso para mim é o bastante. 

Queria tanto te ver, mas não sei se você deseja o mesmo.

Mandy eu estou tão confuso. Eu preciso te ver..."

Senti o telefone vibrar e logo a música começar a soar, olhei para a tela e era o Justin, ignorei a ligação e foi assim por muitas vezes.

Até que ele desistiu. Continuei chorando, mas baixo, pois sei que minha mãe já tinha chegado, sei que ela estava cansada, que ela precisava dormir, sei também que se ela me escutasse chorando viria me perguntar o que aconteceu, e a ultima coisa que eu quero é falar sobre isso.

Fechei meus olhos, tentando dormir, mas o sono não vinha apenas mais e mais vontade de chorar. Mas logo o meu corpo estava cansado. E sem perceber eu acabei cochilando.

Mas apenas percebi isso quando escutei meu telefone tocar. Atendi sem ao menos pensar, e lá estava aquela voz que fazia meu estomago revirar, que fazia com que eu me sentisse totalmente bem, revirando meus pensamentos.

-Mandy, por favor, não liga, me ouve, por favor- Ele suplicou com uma voz cansada

-Não vou desligar- Disse baixo e pude ouvir um suspiro de alívio dele

-Eu sei que já está tarde, sabe eu já deveria estar dormindo a muito tempo, eu... Mandy eu fui, não eu sou um idiota -Ele deu uma pausa respirando fundo - Mandy eu não deveria ter te falado nada disso naquela noite e... -

-Justin, eu não quero falar sobre isso- Eu o interrompi

-Tudo bem, mas Mandy -Ele repetiu meu nome pela quinta vez - Eu queria, eu queria... -Ele pareceu se embolar com as palavras- Eu quero te ver, quero poder te explicar tudo- Ele falava devagar, parecia pensar no que falava.

-Justin, eu não acho que isso seja certo- Eu repeti o nome dele, isso parecia me fazer bem.

-Por que não Mandy?- Ele falou e eu fiquei quieta -Nós podemos, podemos sair amanhã, esclarecer as coisas, esfriar a cabeça- Suspirei caminhando até a janela do meu quarto e olhando para as estrelas.

-As coisas não são assim Justin, eu não posso simplesmente sair, esfriar a cabeça e depois voltar como se nada tivesse acontecido- Disse sentindo as lágrimas se formarem em meu rosto.

-Por favor, eu quero poder me explicar, quero poder conversar um pouco- Ele começou novamente e, eu nem sei o que falar.

Tudo que eu quero é dizer que sim, poder me encontrar com ele, vê-lo, poder escutar sua voz novamente, poder fazer perguntas que eu ainda não tive oportunidades de fazê-las, mas as coisas não são assim.

Em breve isso estaria nas revistas, e eu não queria isso. Sei que ele também não quer. 

-Por favor, Mandy, me dê essa chance- Ele implorou e eu podia sentir tristeza em sua voz.