Sun Of Earth (Jacob+Renesmee) escrita por Cláudia Ray Lautner


Capítulo 7
Cumplicidade e Culpa


Notas iniciais do capítulo

Gente, sei que há leitoras "fantasmas" que não gostam muito de comentar...mas comentem por favor! =DEu ando com um pouco de bloqueio e preciso ser mimada...=/HAUSHUAJKHAJSHJASDHASHADBMais uma vez, obrigada para as meninas que estão comigo desde o comecinho! *-*Beijos! =*



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*****

Jake desceu as escadas da varanda comigo logo atrás. Aproveitei para admirar suas costas largas e a forma que seu cabelo escuro necessitado de corte, roçava na gola da camisa. Parei no último degrau quando ele terminou de descer e sorri presunçosa, com o fato de que fiquei um pouco mais alta que ele.

– Como está o tempo ai embaixo? – brinquei, esperando ver aquele o lindo sorriso que me aquecia e que havia sumido após toda a tensão dentro da casa.

Para minha felicidade, ele expôs a fileira de dentes perfeitos, olhou para cima e me encarou.

– Está ótimo! Mas a vista está melhor... - ele respondeu com a voz baixa em tom de confidencia. Como se adiantasse alguma coisa! Tinha certeza que todos dentro de casa estavam com as “antenas ligadas”.

Eu ri de seu ar zombeteiro e romântico ao mesmo tempo. Meu rosto formigou.

Então, seu sorriso se desfez e ele suspirou. Segurou minhas mãos quentes entre as dele.

– Nessie, você não precisava... - ele começou, mas o interrompi colocando as mãos em seu rosto.

“Não precisamos falar sobre isso agora.”

Encarei seus lindos olhos castanhos e ele entendeu. Sabia que não havia como evitar falar com ele sobre tudo que aconteceu, mas poderíamos resolver isso mais tarde.

Já havia tido muita discussão por um dia.

Abusando da sorte e aproveitando que o rosto dele estava em meu alcance, toquei seus lábios com os meus, tentando absorver o máximo de seu calor e de seu cheiro, para que eu pudesse suportar o resto da noite sem sua presença.

Ele correspondeu, enquanto acariciava meus cabelos. E então, nos separou quando Edward se materializou na janela da sala.

Eu tive que rir da expressão dos dois. Jacob frustrado e Edward furioso. Eu teria que ter muita paciência com eles.

Jake soltou minhas mãos.

– Até amanhã. – ele sussurrou.

– Até. – respondi, enquanto via ele se virar, correr para a floresta e desaparecer na escuridão.

Fiquei parada no pé da escada, pensando no dia que tive.

De manhã, Jacob ainda era apenas meu melhor amigo. E agora, eu estava aqui na frente de casa, tentando controlar meus novos pensamentos em relação a ele. Esperava estar sendo eficaz, pois Edward não ficaria muito feliz com eles.

Leah havia sofrido uma lavagem cerebral do bem e minha família não havia recebido com alegria, o fato de meu relacionamento com Jake ter mudado.

E por ultimo, tínhamos visitas chegando, às quais não sabíamos as intenções, tão pouco quantos vinham. E eu havia chantageado minha família por medo de me afastar de Jacob.

Puxa! Quando que o mundo havia virado de cabeça para baixo?

As coisas nunca foram muito normais em minha família. Afinal, o que há de normal, num clã de oito vampiros e uma meio-humana, que possuíam como vizinhos uma enorme matilha de homens-lobo?

Mas o dia de hoje fora particularmente estranho. Não que eu estivesse infeliz. Metade dos acontecimentos de hoje, me deixaram radiantes. Mas a outra metade estava disposta a me jogar água gelada.

Começou a cair uma fina garoa e eu girei nos meus calcanhares para entrar em casa. Não que me importasse com a chuva, mas iria estragar minhas roupas. Alice não me deixaria usa-las novamente, mas eu poderia doa-las a alguma instituição de caridade.

Apesar de relutante, pois tinha vergonha de encara-los depois da chantagem que fiz, eu entrei.

Hoje eu não iria para o chalé com meus pais. Ficaria na casa de meus avós. Além de estar extremamente chateada com a atitude de meu pai, precisava pensar sem a constante vigilância de Edward.

Assim que apareci na sala, vi Edward balançando discretamente a cabeça concordando.

Admirava isso em meu pai. Seu dom era involuntário, então não havia outra forma de ter um pouco de privacidade a não ser se afastando dele por um tempo. E Edward compreendia.

– Bem, - Alice disse assim que me viu. - o dia de hoje foi bem interessante não é Nessie? – ela questionou com um sorriso irônico nos lábios.

Sorri sem graça, enquanto sentava seu lado.

– E cansativo. – respondi.

Emmett, como sempre estava com aquele ar zombeteiro e olhava de Edward para mim que nem um desenho animado.

– Vamos lá, Emmett! – disse pra ele – Pode soltar.

Ele riu.

– Quase que comemos churrasco de lobo hoje, hein?!

Todos riram, menos Edward e eu.

– Não tem graça! – eu repreendi, jogando uma almofada nele.

Ele a pegou sem nem piscar e continuou a rir.

– Ah, qual é Nessie? – ele se sentou a meu lado e bagunçou meu cabelo. – Tem que admitir que ver Jacob voando sem asas foi engraçado!

Empurrei seu braço. Lembrei-me da cena e do medo que senti de algum deles se ferir. Não. Não havia sido nada engraçado.

– Relaxe Nessie. – Jasper disse, sentindo o tanto que eu estava tensa. – Ninguém está culpando você.

Me levantei em um salto, resmunguei um “boa noite” e comecei subir as escadas. Eles sabiam ser chatos quando queriam, mas eu estava feliz pelo episódio Johan ter sido enterrado, pelo menos por hoje.

– Renesmee, não vai para casa conosco? – Bella perguntou se levantando.

Parei no terceiro degrau e me virei. Olhei para Edward, mas ele não levantou os olhos.

– Não. Queria dormir aqui hoje, se não se importa.

– Claro que não me importo, querida. – ela veio até mim. - Mas quero falar conversar com você antes. Vamos. Suba.

Abri a boca para contestar. Estava cansada. Não estava disposta para ouvir sermões. Mas algo no rosto de Bella me fez fechar de volta.

– Edward. – ela virou-se para ele. – Pode ir amor. Logo estarei em casa.

Ele comprimiu os lábios. Não era preciso ser um gênio, para entender que ela não queria que ele participasse da conversa, ainda que involuntariamente.

Continuei a subir, com minha mãe logo atrás.

Entrei em meu quarto e parecia que fazia uma eternidade que eu estive ali pela ultima vez. Me senti confortável ao ter as paredes em tons delicados de rosa, a minha volta. A cama larga estava impecável com o edredom combinando com a cor do quarto. As paredes estavam repletas de fotos minhas, ilustrando meu crescimento acelerado, em diversas fases. Não precisava se esforçar muito, para encontrar Jake nelas.

Eu gostava desse quarto, mais do que o outro no chalé dos meus pais. Este estava decorado do meu gosto, enquanto o outro era mais um reflexo dos gostos de Alice. Mas não deixei ela intervir na decoração deste.

Ouvi Edward deixando a casa e disparar para o chalé.

Senti um alivio imediato, como se um peso houvesse sido retirado de meus ombros. Era muito cansativo esconder as coisas dele. Mas era para um bem maior. Não queria que ele se chateasse mais do que o necessário com Jake.

Bella sentou-se na beirada da cama, pacientemente, enquanto eu pegava minha camisola de flanela e minha toalha e seguia para o banheiro.

Enrolei meu cabelo para cima e entrei no jato do chuveiro. A água quente foi muito bem vinda, para relaxar meus músculos tensos e o cheiro de camomila do meu sabonete me deixou mais calma.

Quando voltei ao quarto, Bella estava na mesma posição. Ela indicou com a cabeça à cadeira da penteadeira e eu me sentei.

Esse era um ritual nosso, desde que eu aparentava quatro anos. Todas as noites antes de dormir, minha mãe penteava meus cabelos. Achei que hoje seria diferente devido às circunstancias, mas ela não era favorável a mudanças de rotina.

Bella posicionou-se atrás de mim, soltou meu cabelo e retirou os grampos que prendiam minha franja. Este era o único corte que ela e minhas tias haviam me permitido a fazer em meu cabelo. Como consequência, ele estava muito comprido alcançando os quadris.

Era muito agradável sentir a escova deslizando em meu coro cabeludo, enquanto ela desfazia todos os nós em silencio.

Fiquei olhando Bella pelo espelho e sua expressão não denunciava seus pensamentos. Era serena. Mesmo assim, senti um certo calafrio me percorrer a espinha. Se pela proximidade dos braços gélidos de minha mãe ou se pela ansiedade eu não saberia dizer.

Por fim, colocou a escova de volta a penteadeira e puxou uma cadeira para si. Virei o tronco em sua direção e seus olhos dourados eram ternos.

– Pode respirar Nessie. Não vou repreender você.

Expirei ruidosamente, só agora percebendo que havia prendido o ar.

– Então? – perguntei. A ansiedade estava me revirando o estomago.

Ela suspirou.

– Como foi seu dia com Jake? – ela questionou.

Eu pisquei. Era a mesma pergunta que ela me fazia sempre, todas as vezes que eu saia com ele. Mas hoje eu tenho respostas diferentes que não sei se conseguiria coloca-las em palavras.

– Foi bom. – minha voz era só um fio. – Nós caçamos, fomos a Lá Push, visitei Rachel e Kim... o mesmo de sempre.

Ela riu, sem jeito.

– Então foi só por isso que Edward quis arrancar a cabeça de Jacob hoje?

Olhei para ela.

– Não. Eu... mãe... – não sabia como começar isso, e talvez não houvesse uma forma fácil. Optei por ser clara. - Eu o amo.

Ergui a mão e toquei seu rosto, mostrando a ela, todas as minhas indecisões das ultimas semanas, a forma como descobri que o amava, o momento que me declarei a ele e nosso beijo na floresta. Lógico que só um relance do último. Não queria que Bella também quisesse arrancar fora a cabeça de Jake.

Recolhi minha mão. Bella me encarou por longos, tensos e embaraçosos segundos, sem nenhuma expressão.

Mas logo relaxou. Acariciou com os dedos frios o meu rosto, com ar de cumplicidade.

– Eu sei como se sente. Acredite. Posso ver que seu amor por ele é puro e genuíno. Assim como o dele por você. E fico feliz com isso.

Olhei para ela boquiaberta. Como assim? Nenhum sermão de “você é muito nova, Jacob é muito velho e vocês devem ser amigos”?

– Perdoe seu pai por seu comportamento de hoje. - ela continuou – Ele é... sempre foi, super-protetor. Mas eu sei que Jacob é a pessoa certa para você. Então, não se preocupe. Estarei do lado de vocês.

Meus olhos se encheram de lágrimas. Deitei a cabeça em seu colo enquanto ela acariciava meus cabelos.

– Obrigada mãe. – murmurei.

Permanecemos assim, por um longo tempo. Não saberia dizer o quanto me reconfortou ter o apoio de minha mãe.

Quando ergui o rosto, ela tocou meu medalhão, como um lembrete.

– Boa noite, meu anjo. – então se levantou e silenciosamente saiu do quarto.

*****

Puxei o edredom e deitei a cabeça no travesseiro, mas não sentia nem um pouquinho de sono, apesar do dia cansativo que tive. Como dormir se não conseguia e nem queria expulsar a lembrança de ternos lábios grossos e quentes tocando os meus, e de lindos olhos castanhos e estreitos sondando a minha alma?

Não conseguia parar de pensar em suas mãos calejadas do trabalho na oficina, apertando a minha cintura com carinho e na emoção que ouvi em sua voz ao dizer que também me amava.

Mas não era só Jacob que estava em meus pensamentos.

Também preenchia a minha mente e me espantava o sono, o fato de Johan vir para essa região. Porque? - era a pergunta que eu me fazia.

Era óbvio que não era uma coincidência o pai de Nahuel, resolver vir justamente para a Península de Olympic e de Alice ter previsto essa decisão.

O que ela estava procurando afinal, que acabou se deparando com isto?

Suspirei, tentando esquecer este assunto para que pudesse dormir. Não devia me preocupar. Minha família é numerosa e experiente e os lobos não tolerariam uma invasão. Eu não precisava me preocupar. Toda essa confusão mais cedo e a insistência para ir embora, havia sido por mim e Jake estarmos juntos, eu tinha certeza.

Mas quando fechei os olhos, não pude impedir que imagens com minha família sendo atacada por um clã desconhecido e com a matilha perecendo por minha causa, invadissem minha mente.

As garras insondáveis da culpa, estavam me sufocando.

****

A luz estava queimando as minhas pálpebras, mas não conseguia abrir meus olhos. Pareciam que estavam colados. Eu sentia que estava suando e um calor sufocante ardia em minha pele e me impedia de respirar. Um peso me oprimia e meus braços pareciam estar presos juntos ao corpo. Quando tentei gritar minha voz não saiu. Me debati e de repente, foi como se todo o peso foi tirado de mim e me levantei sobressaltada.

Olhei pela janela e ainda estava escuro.

Tentei controlar minha respiração e banir o pesadelo opressor.

Estava tendo dificuldades de controlar minhas emoções. Minha parte vampira estava predominando, e eu conseguia sentir alivio e culpa com a mesma intensidade.

E a culpa estava me consumindo.

Como pude me impor desta maneira a minha família? Não era justo com nenhum deles, abandonar suas vidas para atender os caprichos de uma criatura mimada e egoísta. Eu tinha que convencê-los a ir embora.

Eu ficaria. Não poderia abandonar Jacob. Não conseguiria. Meu elo com ele era forte demais para ser cortado. Eu sentia isso.

Mas eu sabia que era uma batalha perdida antes mesmo de começa-la. Eles não conseguiriam me deixar da mesma forma que eu não conseguia deixar Jacob.

Jake. Eu precisava dele. Precisava vê-lo. Precisava sentir seu calor. Só ele poderia me acalmar neste momento.

Levantei-me e vesti uma calça jeans e uma blusa qualquer, não me importando se eles me ouviriam sair.

Procurei algo para prender meus cabelos, mas não encontrei. Isso não importava.

Abria a janela, saltei e cai com leveza no gramado. Assim que meus pés tocaram o chão, Carlisle apareceu na varanda:

– Renesmee, aonde vai? – ele questionou, os olhos claros iluminados de preocupação.

– Vou ver Jake. Preciso vê-lo. Por favor, vovô não me impeça. – supliquei ofegante.

– Ainda é muito cedo. Irá acorda-lo.

Suspirei, cogitando a possibilidade de correr, mesmo sem seu consentimento, me perguntando quanto tempo levaria para ela avisar Edward e ele aparecer na reserva atrás de mim.

Então Carlisle meneou a cabeça e a expressão em seu rosto era divertida.

– Tudo bem. – ele disse - Mas volte antes de Edward aparecer. Será mais fácil lidar com a ira dele se você já estiver aqui.

Meu coração se inchou de alivio e eu sorri para ele.

– Obrigado! – murmurei, ao mesmo tempo em que lhe virava as costa e disparava em direção a La Push tomando o cuidado de não passar perto demais do chalé dos meus pais.

O vento frio batia em meu rosto o que me fazia desejar o mais rápido possível ter Jacob ao meu lado. Os meus pés mal tocavam o chão e mesmo assim, eu acelerava.

Estava ofegante e com o coração acelerado quando avistei a cabana vermelha e desbotada, só agora me perguntando se ele estaria em casa.

Mas senti cheiro de Jake em toda a parte, ao mesmo tempo em que ouvi o ressonar do seu sono e imediatamente me senti reconfortada.

Ele estava em casa.

*****


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