Sun Of Earth (Jacob+Renesmee) escrita por Cláudia Ray Lautner


Capítulo 3
Epifania




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*****

Senti o cheiro de Jacob antes mesmo de sair da casa. Me joguei em seus braços, assim que sai pela porta e como sempre ele me segurou e me girou no ar.

– Jake! – arfei enquanto ele afundava o rosto em meu cabelo. – Senti sua falta...

– Nessie, Nessie... - ele suspirou, me colocou no chão e me olhou com aqueles olhos profundos que pareciam ver a minha alma – Me desculpe. Houve alguns imprevistos na alcateia e não consegui vir mais cedo.

– Não tem problema. O que importa é que está aqui agora. – disse, observando a maneira como seus olhos ficavam estreitos quando ele sorria pra mim.

Como amava aquele sorriso!

Meu coração que já estava acelerado, bateu ainda mais rápido enquanto as emoções que a pouco me afligiam, retornavam com toda a força. E junto com elas, as dúvidas.

Porque eu me sentia assim perto de Jacob? Ele havia sido meu amigo desde sempre e era como um irmão pra mim. Então porque meu coração batia descompassado quando ele sorria pra mim? Porque minha pele ficava ainda mais quente? Porque quando ele me abraçava como fazia agora, tudo que eu queria era aperta-lo com força junto ao peito e nunca mais deixá-lo sair?

– Deve estar com sede. – ele disse, colocando sua mão grande em meu rosto, alheio ao turbilhão que acontecia dentro de mim.

– Na verdade não muita. Mas preciso caçar para ir ver a sua irmã. – declarei, sabendo que ele balançaria a cabeça e tentaria negar. Ele sempre tentava ao máximo fazer me sentir “normal”, ignorando alguns fatores de minha natureza. Mas eu não arriscava e nunca via nenhum de meus amigos Quileutes, ou meu avô Charlie, sem antes caçar. – Como ela está?

– Inchada como um balão! – ele riu com uma expressão tão terna, que fez meus olhos se encheram de lágrimas. – Mas não está conseguindo comer muita coisa, e quando come logo devolve.

– Estou com alguns quitutes de Esme e Rosalie para ela... - ele estreitou os olhos quando disse Rosalie. A relação deles não havia melhorado em nada com o tempo. – Sabe que Rachel gosta de comidas diferentes.

– Claro, claro! Nada é mais diferente do que comida feita por vampiras!

Fechei a cara para ele e dei-lhe um soco leve no estomago, para mostrar que fiquei chateada com o comentário. Ele riu, e fingiu estar com dor. Como eu não disse nada, ele me jogou em seu ombro me fazendo rir também. Dei vários socos em suas costas tentando faze-lo me soltar, mas isso só o fez rir mais e me chamar de fracote. Claro que se eu quisesse eu teria me soltado.

Mas eu não queria.

Por fim, ele me colocou no chão. Eu já estava corada de ficar de cabeça para baixo. Mais uma vez ele colocou as mãos grandes em meu rosto, o que me fez ficar paralisada tamanha era a ternura do gesto.

Então ele saiu correndo para as arvores, com todo o seu corpo tremendo.

– Vou pegar o maior de novo. – sua risada ecoou por toda a floresta como um trovão. Era o som mais lindo que eu já ouvira e me aquecia de uma forma resplandecente.

– Mas não vai mesmo! – gritei pra ele, enquanto disparava floresta adentro. Ele ainda estava tirando o shorts atrás das arvores.

– Hei, não vale trapaça!

Meu riso se misturou com o dele e logo eu estava ouvindo o som de patas pesadas correndo atrás de mim.

Acelerei, mas ele era mais rápido e me alcançou sem dificuldade. Poderia ter passado a frente, mas como sempre, ele corria a meu lado.

O dia estava chuvoso. Normal para Forks. Fechei meus olhos e inalei a umidade que havia no ar, apreciando o contato do vento contra minha pele macia, porém resistente. Com a umidade, havia o cheiro de terra, musgo e pequenos roedores. Mais a frente, sentia também o cheiro de cervos. Não era agradável, mas aplacaria a sede em minha garganta.

Jacob refreou-se um pouco, obviamente me dando passagem para ir primeiro. Ele me conhecia bem para saber quando a sede estava pior do que o comum. Alcançamos o grupo de herbívoros, pastando na campina e sem parar para observar o tamanho, avancei contra o pescoço do que estava mais próximo.

Quando acabei, vi que ele também havia abatido o seu e que com certeza era maior. Jacob deu sua risada rouca de lobo e pôs a língua pra fora.

– Grande coisa! - eu disse mostrando a língua para ele também. – Você aproveitou de minha fraqueza hoje. Isso não muito cavalheiresco sabia?

Ele revirou os olhos e correu de volta as arvores, para voltar à forma humana.

– Você sabe que eu não sou cheio de frescuras que nem Edward, Nessie. – ele disse já voltando, com um sorriso no rosto. O meu sorriso. Seu peito nu estava brilhando de suor, embora o clima estivesse frio. – Então não espere muito cavalheirismo de mim.

Ele me puxou de repente para seus braços e caímos na relva úmida. Bati no peito dele até ele me soltar rindo.

Então deitei em seu peito e olhei para o céu.

– Meu pai não é fresco! Ele é educado e culto, além de altruísta. Sabia que foi assim que ele conquistou minha mãe? Você nunca vai namorar se continuar sendo essa pessoa grossa e antipática! – disse a ele, e sorri esperando sua risada debochada. Como ela não veio, levantei o rosto e vi sua expressão neutra olhando para céu cheio de nuvens cinzas.

– O que foi? Disse algo errado? – perguntei, vendo – o se recuperar rapidamente e me olhar daquele jeito que sempre me fazia esquecer até meu nome.

– Não é nada. Hey você não queria ver a Rachel? Vamos logo antes que ela durma. Anda dormindo com as galinhas de uns dias pra cá e ficando acordada de madrugada. Tá deixando Paul louco! - ele riu, provavelmente lembrando de alguma situação ridícula que seu cunhado teria feito para agradar sua irmã gestante.

– Vamos sim. Também quero ver Kim, para saber como anda os preparativos do casamento e se ela precisa de ajuda.

Ele bufou e beijou meus cabelos.

– E o que vou fazer enquanto vocês ficam com papo de mulherzinha?

– Pode ficar com os rapazes e ter conversas de homens.

– Já passo o dia todo com eles, trabalhando e fazendo ronda. Mas obrigado pela excelente sugestão.

Eu revirei os olhos. Até parece. Jacob adorava todos seus companheiros de matilha e quando não estava comigo, passava todo seu tempo com eles. Mas eles vivam bancando os machões e nunca admitiam que gostavam da companhia uns dos outros.

****

Fomos em direção a La Push, caminhando pela floresta de mãos dadas e sem pressa, quase tão lentos quanto os humanos. Parecia que já fazia anos que não nos víamos e então fomos conversando.

Jacob me contou sobre um Mustang preto de 1978, que ele estava reformando para um dos cidadãos de Forks.

Há uns 03 anos Jake e os outros rapazes da alcateia, abriram uma oficina mecânica na reserva, que concertava de tudo. Motos, carros, barcos... enfim, tudo que possuísse um motor e estivesse com defeito, eles concertavam.

Mas seu grande fascínio era por carros antigos. Seu Rabbit vermelho de 1986, vivia recebendo peças novas conforme seu dinheiro desse. Eu também adorava aquele carro. Ele era um clássico e muito silencioso para um carro que se aproximava da “aposentadoria”.

Mas acima de tudo, amava porque fazia Jacob feliz.

A oficina ajudava muito a renda dos meninos Quileutes, pois além de Forks ser um município pequeno e difícil de arranjar um emprego, seria complicado explicar ao patrão os atrasos e as saídas sem explicação no meio do dia, devido as aventuras guardiãs dos transmorfos. Embry e Seth haviam tentado há um tempo atrás, trabalhar em um mercadinho da cidade, mas como previsto não funcionou. Como a mãe de Embry não sabia dos segredos dele, foi uma fase muito difícil.

Então, ter um negócio próprio, mostrou-se uma jogada de mestre. Isso não daria certo também, se eles não fossem extremante talentosos. Afinal eles são um grupo bem grande e a renda não seria suficiente para ajudar a todos. Mas a fama do trabalho bem feito se espalhou nos municípios vizinhos e eles foram recebendo mais e mais clientes, até se tornarem referencia nas redondezas.

O fato de meus tios darem uma volta por Forks e Port ‘ Angeles, soltando alguns cabos dos veículos daqui e acolá, foi um favorzinho que pedi a eles e que deu uma alavancada no negócio. E eu preferia morrer a deixar Jake ficar sabendo dessa “mãozinha” de inicio de carreira.

Ele era muito relutante em receber favores. O dinheiro que Alice gastava comigo em roupas todo mês, seria muito mais proveitoso, se fosse direcionado a ajudar na renda de Jake e Billy que recebia uma aposentadoria vergonhosa. Mas eu não tinha coragem nem de oferecer, sabendo que ele se chatearia. Ele ficou amuado comigo umas duas semanas, quando em um de seus aniversários, dei um par de tênis de marca. E ele o usou somente uma vez quando em uma noite, tentando parecer normais, fomos com minha família a um cinema em Seattle.

Esta história me fez lembrar de algo.

– Jake, o que vai usar no casamento de Jared e Kim?

– O mesmo terno que eu usei para o casamento de Rachel. Porque?

– Mas esse terno está curto para você! - exclamei lembrando das mangas quase na altura dos cotovelos. Parecia que Jake nunca iria parar de crescer. - Seria tempo perdido, se eu tentasse te convencer a te dar um de presente?

Ele ficou sério.

– Totalmente perdido!

– A Jake... por favor! – implorei passando na frente dele e abraçando seu peito. – Você ia ficar lindo num Armani cinza!

– De jeito nenhum! - ele disse convicto, mas me abraçou também colocando o queixo no topo da minha cabeça.

Ergui o rosto para olhar em seus olhos escuros que no momento, estavam sob rugas de teimosia.

– Você é muito mau sabia! – disse estreitando os olhos.

Ele bagunçou meu cabelo e me puxou para continuarmos andando.

– Não gosto quando me dá presentes Nessie.

Aquilo me chateou. Eu queria dar o mundo, a lua, e todo o universo a ele se pudesse. Porque ele não me deixava apenas vê-lo bem vestido?

– Poxa, valeu! – tentei soltar a mão dele mas ele segurou com força.

Me puxou para um novo abraço e me segurou de um jeito que eu não conseguia me soltar. Me debati tentando continuar com minha cena esperando que ele caísse.

– Me solte! Se não quer meus presentes, também não quero seus abraços!

Ele riu de minha tentativa ruim e me deu um beijo na testa.

– Não é isso, sua meia-vampira sensível! – ele me soltou do abraço, mas segurou meus ombros para me encarar. Seus lindos olhos estavam repletos de uma emoção diferente de todas as outras que eu já virá ali. - Você é meu maior presente. É minha melhor amiga. Quero lhe dar presentes e não receber.

Aquilo me pegou de surpresa. Pois eu acreditava que era exatamente ao contrário.

Eu havia recebido o presente ali.

Eu possuía o melhor amigo que qualquer pessoa, vampira ou humana poderia ter. Ele era forte, corajoso, divertido e sempre disposto a me fazer feliz. O que mais eu poderia querer?

E olhando aquele lindo rosto que eu havia esperado quase o dia todo para ver, a resposta formou-se em minha mente, quase ao mesmo tempo que a pergunta.

Eu queria tudo.

Queria Jacob completamente. Queria poder ter sempre ele ao meu lado, ao me deitar e me levantar. Queria que aqueles olhos castanhos profundos me olhassem afetuosamente todas as manhãs. Queria ver aquele sorriso para mim o tempo todo. Queria sentir seus lábios nos meus e sentir seu cheiro enquanto ele me beijava.

E sobre tudo, queria amá-lo como nunca alguém amou em toda a história deste mundo.

Neste momento as dúvidas sobre meus sentimentos desapareceram.

Todas as perguntas foram concluídas e todas as pontas se juntaram.

Eu estava apaixonada por Jacob Black e de alguma forma eu sabia que seria assim por toda a eternidade.


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