Sun Of Earth (Jacob+Renesmee) escrita por Cláudia Ray Lautner


Capítulo 23
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Notas iniciais do capítulo

Saudades de vocês! Espero que curtam, mais este capítulo. As coisas podem estar meio confusas mais tudo se explica mais a frente. Beijos e boa leitura.



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*****

— Tem certeza? — perguntei entre dentes.

Edward balançou a cabeça, afirmando.

— Absoluta. A reconheço dos pensamentos de Nahuel, quando ele nos ajudou a derrubar as artimanhas de Aro há tantos anos. É sua irmã mais nova.

A sala ficou em completo silencio, exceto pelo ofegar assustado de Nessie e a minha respiração enfurecida. Cerrei os punhos, sentindo minha coluna queimar. Isto confirmava a maior parte dos meus temores.

— Então, ela estava mesmo investigando se vocês ainda estavam em Forks? — perguntei retoricamente, cuspindo as palavras entre meus dentes trincados.

— Obviamente. — Edward murmurou.

— Mas não é possível! Se ela é mesmo filha do vampiro maluco, porque é tão diferente de Nessie? Ela não foi ... “feita” da mesma forma?

Mesmo diante da tensão evidente na sala, Emmett riu da minha escolha de palavras.

— Nisto eu também estou perdido... — Edward respondeu ignorando o irmão.

Ora quem diria! — pensei sarcasticamente — Você não é o senhor-sabe-tudo?!

Edward bufou.

— Esperem! — Bella exclamou confusa, balançando as mãos nervosamente. — De quem vocês estão falando?

Nessie me fitou preocupada, fazendo a mesma pergunta em seu olhar.

Edward me encarou por um momento, me dando a oportunidade de falar, mas eu neguei. Estava furioso demais para prestar esclarecimentos.

— A filha híbrida mais nova de Johan, chamada Valentina, esteve em Forks ha seis dias atrás, provavelmente nos procurando. Jacob não tem certeza, pois ela não disse. Fugiu deles antes que pudessem fazer qualquer coisa. - ele resumiu.

Pude ver o ceticismo e a dúvida no rosto dos Cullens e senti mais do que vi a aproximação de Carlisle.

— Não é só isso. — eu disse para eles, irritado pela edição que Edward fez. — Ela não é uma hibrida como Nessie. É muito mais veloz, mais veloz até que um vampiro comum, mas sua pele não é fria.

Esme arfou e Jasper balançou pensativamente a cabeça analisando minhas palavras.

— Talvez seja sua idade? - Jasper tentou, mas pude ver que ele mesmo não acreditava ser este o motivo.

Carlisle suspirou.

— Não. Nahuel tem mais de cento e cinquenta anos e se me lembro bem, suas características não são nada diferentes das de Renesmee.

Senti Nessie se retesar ao meu lado e sabia o que ela estava pensando. Ela odiava ser tratada de forma diferente dos demais, justamente porque ela era diferente. Lobos, vampiros, humanos. Não se encaixava em nenhuma categoria. Mal sabia ela, que sua diferença que a fazia ser tão especial, e era o maior motivo de eu amá-la tanto.

Mas os pensamentos coletivos eram bem diferentes. Podia ver as perguntas passando em seus rostos pálidos: O que isto significava? A loira esquisita fazia parte do quadro final da visão da Alice? Era por este motivo que ela procurava os Cullens?

Meu corpo ameaçou explodir, quando me lembrei que talvez ela já os tivesse encontrado. A loira psicopata esteve em minha janela, na pousada em que desmaiei de exaustão, a poucos quilômetros de onde estávamos. Então, provavelmente eu havia trazido-a diretamente até a porta dos Cullens.

Mal pude ouvir a voz de Edward explicando aos outros com olhos alarmados, as outras novidades que eu não havia contado.

Como fui burro e egoísta! Eu sabia que havia esta possibilidade, mas minha necessidade de ver Nessie era tanta que não pesei as consequências. Pior: nem me importei se elas existiam!

Olhei para o rosto de anjo assustado da garota da minha vida e a minha visão ficou vermelha.

Eu a coloquei em perigo. Tinha praticamente feito um mapa da localização dos Cullens e entregado nas mãos de Johan e sua orla nojenta para cumprir seja lá qual for sua missão idiota!

— Não se martirize, Jacob. Seja o que for que eles estão planejando, iriam nos encontrar, mais cedo ou mais tarde. - ouvi a voz de Edward em sua van tentativa de me acalmar.

Fiz um movimento negativo com a cabeça. Minha mãos estavam tão cerradas que os nós de meus dedos doíam. Meu corpo todo tremeu de ira contida, por tantos dias sem me transformar.

— Mas eu não precisava ter ajudado. — respondi entre meus dentes trincados.

Alice colocou as mãos em suas têmporas e fechou os olhos. Tentava inutilmente ver o futuro para que pudéssemos de alguma forma nos proteger da ameaça que insistia em pairar a nossa volta.

Não importava o que fizéssemos, sempre haveria algo tentando atrapalhar nossa felicidade. Respirei fundo tentando expulsar a raiva e procurei tocar em Nessie. Toca-la sempre me acalmava.

De uma coisa eu não tinha duvidas — pensei enquanto apertava a Mao quente, macia e tremula dela na minha — as ameaças nunca nos encontrariam separados. Aconteça o que for, estaria sempre ao lado dela.

— Ela esteve em sua janela? — Nessie perguntou com olhos angustiados, e sabia mais uma vez, exatamente em que ela estava pensando.

A vampira, hibrida, ou seja lá o que for, poderia ter me matado ainda dormindo e eu me perguntava porque ela não havia nem ao menos tentado...

Balancei a cabeça, afirmando. Ela se aconchegou mais em meu braço.

— O que podemos fazer? Devemos chamar nossos amigos de novo? — Esme questionou, falando pela primeira vez desde que eu entrei na sala.

— Talvez. — Edward respondeu, pensativo. — Mas não acho que devemos nos apavorar. Pelo menos não agora. Temos que ficar juntos e preparados para qualquer nova investida.

— Eu posso ficar alerta para qualquer mudança em nosso futuro, mas me ajudaria muito se vocês dois ficassem longe de mim por um tempo. — Alice disse, com um olhar um tanto hostil para mim e Nessie.

Renesmee se encolheu. Alice não precisava ter dito isto, mas eu a entendia de certo modo. Sua cegueira quanto ao futuro a deixava irritadiça, principalmente quando eu ou outra pessoa da matilha estava por perto...

Lembrei-me que Sam queria falar comigo assim que me lembrei da matilha. Esperava que ele não tivesse más noticias, para completar o dia “perfeito”.

Virei as costas para a nossa reunião imprevista, peguei o telefone que havia jogado no sofá e sem deixar de tocar em Nessie, disquei o numero da casa dele, enquanto os Cullens continuavam discutindo tentando quanto os melhores modos de nos prevenirmos.

Emily atendeu no segundo toque.

— Jacob! Como é bom ouvir sua voz! — ela disse assim que me identifiquei.

Meu peito se aqueceu. Emily era uma pessoa muito maternal e seu carinho por todos da matilha era imenso.

— É bom ouvir você também? Como está?

— Bem, na medida do possível. — ela respondeu com uma voz vazia.

Tinha acontecido algo, com toda a certeza.

— Que bom. Recebi o recado de Sam. Ele está?

— Ele acabou de sair.

— Hum. Sabe o que ele tinha pra falar comigo?

Silêncio.

— Emily? Aconteceu alguma coisa?

— Não é nada pra se preocupar, mas acho que ele preferiria te contar ele mesmo. — ela respondeu depois de um tempo com voz apreensiva.

— Tarde demais. Eu já estou preocupado.

Houve mais silêncio do outro lado da linha, até que ela suspirou.

— Jhonatan esta doente.

Segurei o telefone durante um tempo.

— Como assim, doente? — perguntei baixo.

— Roubaram o carro dele e ele foi encontrado caído à beira da estrada que leva a cidade, dois dias depois que você decidiu ir para o Alasca. Ele não tinha nenhum machucado, ou sinal de violência, mas depois de dois dias, começou ter muita febre e dores no abdômen. — Emily falava rápido e nervosamente, como se há dias estivesse contendo suas palavras e agora elas estivessem fora de seu controle. — No começo Sam pensou que os genes de lobo dele estivessem se manifestando tardiamente, mas agora... — ela parou mais uma vez, como se tentasse esconder o medo em sua voz — Ele está com crises de vomito e hemorragia nasal constante e ainda não consegue se alimentar. Se continuar assim ele ...

Sua voz sumiu antes de terminar a frase, mas não precisava ser um gênio pra entender. Jhonatan estava morrendo.

Minhas mãos começaram a tremer novamente. Quantos golpes mais o destino pretendia nos dar?

Olhei para Renesmee e pude ver meu pavor espelhado em seu rosto.

Respirei fundo, tentando manter o controle e raciocinar melhor.

— O que o médico disse sobre isto?

Ouvi Emily fungar.

— Ele disse ser uma virose forte. Prescreveu diversos medicamentos, injeções... nada está adiantando. — seu tom de voz entregava o quanto ela estava esgotada.

Cerrei os lábios e por mais que tentasse não encontrava nada para dizer. Minhas palavras pareciam ter me abandonado.

— Leah esta arrasada. — ela continuou. — Não sai do lado dele por nada, nem para comer e Sam está fora de si. Corre para todos os lados, dando ordens e procurando outros médicos para tratar dele. Eu tentei falar com ele ontem da melhor forma possível, que ele tem que pensar na possibilidade de Jhon não melhorar. Sam fingiu não me ouvir e começou a me contar historias, de como o pai dele tinha sido um inútil e como estava feliz de seus laços não terem se perdido depois que a mãe morreu.

Eu não podia nem imaginar o inferno que Sam deveria estar passando. Conhecendo-o como conheço, devia estar se martirizando, por tantas vezes que duvidou de Jhon.

E Leah? Olhei para Nessie. Não queria nem pensar em como eu reagiria se algo semelhante estivesse acontecendo com ela. Era desesperador só imaginar.

— Me desculpe, Emily. As coisas também não estão boas por aqui. Eu tinha que estar aí, dando apoio a Sam e a Leah, mas eu ... — minha voz morreu em minha garganta. Como explicar que não podia abandonar Renesmee agora?

— Eu entendo, Jake. — ela me respondeu. — Eu sei. Eu que devo me desculpar por estar jogando mais um problema em suas costas sendo que você já tem tantos, mas é que eu ... — a voz dela tremeu — Precisava falar, entende?

— Você sabe que eu estaria ai se pudesse. Que não pensaria duas vezes e pegaria a estrada agora mesmo!

— Não precisa se explicar. Você é nosso irmão, e nós te entendemos como ninguém. Alem do mais, não ha nada que você possa fazer agora.

Cerrei os lábios. Talvez não pudesse ajudar na saúde de Jhonatan mais poderia ao menos dar uma força para meus irmãos.

— Eu sei. Vou dar um jeito aqui. Vou ligar novamente para falar com Sam.

— Tudo bem, Jake. Até depois.

Encarei o telefone um bom tempo, depois de ter desligado meus olhos ardendo e sentindo um nó em minha garganta.

Renesmee o tirou de minha mão e abraçou meu peito. Eu a abracei de volta. Mesmo tão longe eu podia sentir o eco da dor de meus irmãos.

— Pobre Jhon. — Nessie murmurou em meu peito. — E Sam e Leah.

Coloquei o queixo em sua cabeça e apertei mais os braços em sua volta.

— Vai ficar tudo bem. Por mais que soframos, estas coisas acontecem com os humanos, todos os dias. — sussurrei confortando-a, me esforçando ao máximo para acreditar em minhas próprias palavras. — Eles não precisam de um batalhão de vampiros para derrubá-los. Uma simples gripe pode dar conta do recado. — sorri sem humor.

Nessie ergueu os olhos lacrimosos e incrédulos.

— Não fale desse jeito! Jhon vai sair dessa. — disse com convicção, que eu estava longe de ter.

— Claro. — respondi, orgulhoso e penoso com seu otimismo.

Beijei sua testa e apertei novamente em meus braços.

– Jake? – ela chamou com a voz abafada em meu peito.

– O que?

– Não vou me importar se você quiser estar com sua família agora. Eu não quero ser ...

– Não. – respondi firme, interrompendo-a. – Nem tente, Renesmee. Não vou te deixar outra vez.

Ela tremeu em meus braços, mas se calou e não ergueu o rosto para mim novamente como eu esperava que ela fizesse.

Deus sabia o quanto queria estar com meus irmãos agora, mas Ele também sabia que não poderia deixa-la num momento como este. Eu teria que pensar em outro jeito de ajudar meus irmãos que não implicasse ter que me afastar dela. Eu não suportaria.

Ficamos abraçados alheios a qualquer coisa a nossa volta, até que percebi que a reunião a pouco barulhenta havia se tornado silenciosa.

Ergui a cabeça, para os vampiros de olhares solidários, depois de ouvirem toda conversa, com Emily.

Após uma troca de olhares e uma conversa muda com Edward, Carlisle disse:

— Bom, eu vou arrumar minhas malas. — falou tocando a mão de Esme, deixando claro que ela o acompanharia.

Todos o fitaram surpresos, até a compreensão atingi-los.

Balancei a cabeça discordando.

— Não precisa fazer isto Carlisle. Eu nunca poderia pedir que você abandonasse sua família, num momento como este. Nem Sam poderia pedir uma coisa destas.

O patriarca dos Cullens sorriu ternamente, para mim.

— Isto não está em discussão. Como qualquer um de nós poderia virar as costas para sua família, que sempre esteve ao nosso lado, que tantas vezes se arriscou por nós?

Fitei seus olhos dourados e sinceros, em seguida as outras faces e mármore que me fitavam.

– Obrigado. – respondi baixo. Era tudo o que eu poderia dizer.


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