Sun Of Earth (Jacob+Renesmee) escrita por Cláudia Ray Lautner


Capítulo 18
"A coisa só fica pior!"


Notas iniciais do capítulo

Beijos para Mariia Lover Fics que recomendou a história e para todas que estão comentando e favoritando. Sem vocês não sou nada, NÃO CANSO DE DIZER! ♥



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E eu achando que já havia sentido dor o bastante em minha vida...

Uma ova que já! A coisa só ficava pior!

Alguém em lá em cima realmente me odiava, porque não era possível tantas desgraças caírem em cima de uma criatura só em tão pouco espaço de tempo!

Olhei de cima do monte no centro da floresta onde eu estava, pela última vez, minha Renesmee deixando a casa branca. Meu coração falhou ao ver seu lindo rosto pálido e abatido.

Um carro estacionou em frente ao gramado e de dentro dele saiu Rachel e Kim em lágrimas, dando abraços apertados em Nessie. Eu as invejei neste momento.

Também queria poder colocar meus braços em volta dela. sentir sua pele quente e macia contra a minha e poder beija-la até que toda e qualquer sombra de tristeza sumisse do rosto que eu tanto amava.

Trinquei meus dentes, me lembrando que não era isso que ela queria. Tudo que ela precisava neste momento, era ficar longe do monstro que havia mentido para ela desde sempre e um beijo meu não a faria sorrir mais. Talvez vomitar seja uma reação mais provável.

Elas desfizeram o abraço e Rachel segurou as mãos dela dizendo palavras, possivelmente de conforto ou talvez dizendo que eu era um idiota inútil. Nessie apenas ergueu os cantos dos lábios em uma péssima imitação de sorriso enquanto assentia sem vontade com a cabeça.

Os Cullens saíram de dentro da casa com malas enormes. Edward e Bella foram os últimos. Bella estava com os ombros arqueados parecendo carregar um peso enorme sobre eles.

Edward olhou diretamente para mim. Fiquei chocado que ele pudesse me ouvir na distancia em que eu estava, mas já deveria ter imaginado que minha mente era terreno comum para ele. Lançou-me aquele olhar que todos me lançavam ultimamente. Aquele olhar de “sinto muito”. Eu apenas bufei e jurei para mim mesmo que o próximo a me dizer essas palavras levaria um soco na boca!

Rachel deu mais um abraço em Nessie e voltou para o próprio carro.

Renesmee abraçou a si própria como se sentisse frio e passou os olhos tristes e profundos sobre as árvores, talvez me procurando ou não. Seus cabelos acobreados e longos estavam soltos, como eu adorava, mas o sorriso que eu também amava, não estava mais ali há muito tempo.

Por um momento achei que ela me veria, quando fitou hesitante, o ponto onde eu estava. Meu coração se acelerou e eu tremi em expectativa.

Se ela me visse, viria até aqui? Mudaria de ideia?

Mas seus olhos não apresentaram nenhuma expressão de reconhecimento.

Então, Nessie simplesmente entrou no carro e ele partiu rumo à rodovia.

Meu corpo todo se lançou para frente como se a energia dela me puxasse.

“Corra atrás dela!”, era o que ele dizia.

Mas apenas cravei fundo as patas e unhas no solo, tentando não sair do lugar, enquanto sentia que meu coração e mente queriam se separar e me partir em dois. Eles não pertenciam mais ao mesmo organismo.

Estremeci com a dor dilacerante que invadiu meu peito, como se houvesse uma explosão interna. Me arrebentava por dentro ao lembrar que a culpa era minha, que se houvesse contado antes, ela não teria se magoado... ou talvez sim. Talvez o fato de eu ter amado Bella seja muito pra ela ...

Eu não vou dizer “eu te disse” ... – Seth murmurou baixo em minha cabeça. Não havia percebido que estava sendo vigiado.

O ignorei enquanto ouvia o carro deles entrar na rodovia.

Nem ele, nem meu pai, nem Rachel ou mesmo Nessie, poderiam me odiar tanto quanto eu me odiava agora.

Cerrei meus olhos com força, tentando me manter inteiro.

Meu coração queria a todo custo segui-la, enquanto minha mente se recusava. Como poderia negar a ela o que ela precisava? Era uma droga que o que ela precisasse agora era ficar longe de mim. E eu não podia culpar a ninguém a não ser minha covardia absurda e minha idiotice extrema. Tive tanto medo de perdê-la que acabei fazendo as coisas do jeito errado.

Agora era tarde. Tudo que eu podia fazer, era esperar que ela me amasse o suficiente para voltar para mim.

Virei para o sul e corri, esperando que Seth não me seguisse e que de alguma forma a dor desaparecesse atrás de mim.

*****

O céu estava escuro e pesado, como minha alma, se é que ainda possuía uma.

Corri por não sei quanto tempo. A dor tão insistente ainda latejando. Estava escuro e chovia quando avistei minha casa, minhas patas lançavam lama em meu pelo.

Outra punhalada de dor atravessou meu peito como um atiçador de lareira em brasa. Como poderia ficar ali? Para tudo que eu olhasse, me lembrava dela. Seu riso, seus olhos brilhantes... seus poros exalavam vida quando ela sorria. Seu cheiro estava impregnado em cada canto desta reserva.

Eu não suportaria.

Voltei à forma humana, enquanto tomava outra direção, para longe de casa e do quarto que me traziam lembranças nítidas, intensas e cheias de dor. Para onde ir? O que fazer quando seu ar e seu chão te abandonam?

Enquanto a chuva caia e eu arrastava meus pés sem rumo, a lembrança dos olhos tristes não me abandonava, apesar da dona deles o ter feito. Ressoava em meus ouvidos seu choro baixo e doloroso, enquanto eu ouvia impotente do lado de fora da casa, perto da sua janela, todas as noites que ficamos separados.

Preferia deitar em um caixão de pregos a vê-la sofrendo daquela forma.

Cerrei meus punhos com tanta força que senti meu dedo mínimo se deslocar. Ignorei a dor que nem se comparava ao poço vazio em meu peito. Eu merecia isto e muito mais.

Idiota, idiota! – repetia a mim mesmo.

Como pude adiar tanto toda aquela porcaria do passado? Não havia aprendido há muito tempo que a mentira apenas piorava as coisas?

O calor subiu por minha coluna, a ira por mim mesmo crescendo a cada novo pensamento.

Avistei a oficina e fechei meus olhos quando me aproximei. Seria mais uma rodada de dor e saudade. Ali naquele lugar tão simples e sujo de graxa, que Nessie com sua voz doce, havia pedido que eu a amasse por completo. Os beijos trocados naquele galpão ainda não haviam perdido seus calor e sua doçura.

Empurrei a porta com mais força que o necessário, batendo-a na parede, fazendo a estrutura do enorme barracão balançar e assustando Jhonatan, que estava de frente ao balcão da minha lembrança com peças de uma moto em cima dele.

Minha visão ficou vermelha ao encará-lo. Eu sabia que a culpa não era dele, que havia sido um acidente e que o único responsável por tudo que aconteceu era apenas eu e minha enorme burrice.

Isso não diminuía a vontade de dar um soco nele, apenas para me livrar da raiva.

Leah parecia ter um sexto sentido ou algo do tipo, pois apareceu vinda não sei de onde, com cara de poucos amigos, como se soubesse que eu estava prestes a moer os ossos da cara de seu namorado de boca grande.

– Algum problema Jacob? Digo, alem dos comuns... ? – ela disse diminuindo a voz no final da frase.

A fitei ainda em vermelho enquanto ela se posicionava de forma discreta, mas protetora entre mim e um Jhonatan que estava engolindo seco.

Não era segredo para ela que eu não havia ficado animado com vinda do irmão de Sam a reserva. Devia estar pressentindo que ele iria ser uma pedra em meu caminho, ainda que involuntariamente. E Leah já havia visto em meus pensamentos que minha simpatia por Jhon havia diminuído consideravelmente após ele dar com a língua nos dentes.

– Esta tudo ótimo! As mil maravilhas! – respondi a ela com sarcasmo. –Como acha que estou? - minha voz saiu um pouco engasgada e eu pigarreei.

Leah me olhou um pouco menos na defensiva.

– Sinto m ... – ela começou a dizer.

– Cale a boca! – eu gritei. – Estou cansado de ouvir isto!

Leah bufou.

– E o que você quer que eu diga? Que você é um idiota? Que você cavou a própria cova? Já deve estar ciente de tudo isto.

Fechei meus olhos, tentando controlar minha raiva.

– Apenas me deixem em paz... – resmunguei enquanto lhes dava as costas, sabendo que meu pedido era uma missão impossível para eles.

Não teria paz enquanto Nessie não voltasse para mim.

Deixei o calor da fúria me dominar e me transformar em outra coisa, em um corpo onde a dor e a raiva eram mais fáceis de administrar e corri de volta a floresta para caçar. Não sentia fome, mas precisava estraçalhar alguma coisa.

Assim que me transformei, Seth e Quil suspiraram aliviados. Pelo tom dos pensamentos deles, tinham medo que eu fosse embora novamente.

Eu não podia ir. Meu pai já estava velho e precisava da minha ajuda. Minhas responsabilidades na matilha não podiam ser esquecidas.

Eu não era mais um garoto que a primeira dificuldade abandonava tudo sem piscar. Teria que conviver e suportar a dor, mesmo que isto me matasse, mas não deixaria mais ninguém na mão.

Podem ir para casa. Eu assumo daqui. – disse a eles.

Tem certeza? Se quiser eu posso ficar aqui com você. – Seth disse solidário.

Eu só quero ficar sozinho. – respondi irritado. Porque eles insistiam em ficar perto de mim? Eu não estava sendo uma companhia muito agradável ultimamente.

Pude ver a mim mesmo pelos olhos de Quil e isto estava sendo uma tortura para ele também. Para todos que já haviam sofrido o imprinting. Era como se eles também houvessem perdido suas companheiras. Além do mais, também gostavam de Nessie e haviam perdido uma amiga.

Aquilo só fez me sentir pior. Agora não bastava que estivesse sendo arrastado em um mar de lâminas eu tinha que levar meus companheiros junto. Maravilha.

Sem dizer mais nada, senti que eles sumiam da minha mente, me deixando sozinho com minha dor. Isto era um alívio e uma tortura ao mesmo tempo. A sensação do completo vazio, enquanto a mata era apenas um borrão verde passando por mim.

Eu achava que havia sofrido quando perdi Bella. Agora parecia uma piada de mau gosto. Perder Renesmee era infinitamente pior, porque Bella nunca havia sido minha. E Nessie era minha outra metade. Eu não achava que meu amor por ela poderia ser mais forte até o dia que ela se entregou a mim.

Corri durante toda a noite em círculos, formando trilhas. A chuva não deu uma trégua, fazendo eu me sentir mais frio e vazio a cada segundo longo e interminável. Apenas nas horas finais da madrugada que as nuvens se dispersaram e restou apenas uma fina garoa até que finalmente cessou.

Senti quando Leah surgiu em minha mente.

Vim render você. – ela declarou.

Obrigado, mas não. Eu pretendo continuar até a noite. – respondi, torcendo para que algum sanguessuga cruzasse as nossas terras só para ter algo para matar que fosse mais divertido que cervos.

Jacob, você não é de ferro. Há quantas horas está sem dormir desta vez? Ande, vá descansar, conversar com Billy e tenho certeza que vai se sentir melhor. – Leah disse carinhosamente. Ainda era estranho vê-la conversando sem todo aquele sarcasmo.

Mas eu não estava com paciência pra descansar e muito menos conversar.

Desde quando você é minha mãe? Estou bem e quero continuar correndo! – resmunguei.

Ela bufou e sei que daria de ombros se estivesse na forma humana.

Foi só um conselho. Você é quem sabe. – ela disse e começou correr para o lado oposto em que eu estava.

Continuei a ronda irritantemente tranquila até perceber que Leah estava quieta demais imersa em seus próprios pensamentos, lembrando-se de forma altamente nauseante sua noite com Jhon. Era como se ela esfregasse na minha cara a sua felicidade.

Com um rosnado, voltei à forma humana, me sentindo mais um pouco despedaçado. Eu sabia que Leah merecia ser feliz e que não fez de propósito, mas a alegria dela neste momento só me deixava mais arrasado.

As minhas próprias lembranças queimaram como álcool em minhas feridas abertas, quando entrei em casa. Meu pai já estava acordado em frente a pia, preparando suas tralhas de pesca. Nem havia percebido que hoje era sábado. Que diferença fazia?

– Bom dia, Jake! – ele cumprimentou como se hoje fosse um dia comum e não o dia que o filho foi abandonado por sua alma gêmea.

Resmunguei algo parecido com um cumprimento e fui para o banheiro tomar banho, apenas para ver se a água quente do chuveiro espantaria o gelo em meu coração, porque meu metabolismo não estava ajudando em nada.

Quando sai, Billy esperava com o chapéu na cabeça e um engradado de cerveja em seu colo.

– Pode me levar até o Charlie? Nós vamos pescar do lado oeste da lagoa hoje. Dizem que as trutas estão enormes lá.

Forcei um sorriso pra ele enquanto puxava sua cadeira rumo à porta, amaldiçoando o fato de que ele ia me deixar sozinho em casa e com Leah fazendo ronda, esbanjando felicidade, eu estava preso na forma humana pelas próximas horas.

Droga de vida!

Dirigi até a casa de Charlie em silencio, com Billy tagarelando o tempo todo. Era óbvio que ele estava tentando fingir que nada aconteceu e ele me conhecia o suficiente para saber que eu não ia querer falar disso.

Charlie já esperava ao lado da viatura, quando estacionei em frente à casa dele. Sue estava na porta. Pisquei duas vezes e olhei de forma discreta no relógio no pulso de Billy.

Meu pai trincou os dentes quando a viu.

Reprimi um sorriso, o primeiro genuíno há dias, ao perceber o que estava rolando aqui. Charlie e Billy disputavam a atenção de Sue Clearwater há anos, mas parece que Charlie havia finalmente ganhado. O bom é que a amizade não havia se perdido por causa disto, um excelente exemplo de amigos verdadeiros.

Charlie se entristeceu quando me olhou. Ele não sabia em que ponto meu relacionamento com Nessie estava, mas ele era esperto o bastante para ver o quão forte era nossa ligação e devia imaginar como que me sentia com a partida do Cullens.

Voltei para casa, sentindo como se a cada minuto que passava eu deixasse mais um pedaço para trás. Já não me sentia eu mesmo. Não me sentia inteiro.

Com a casa vazia a falta de Renesmee ficava milhões de vezes mais evidente. Fui para meu quarto a passos lentos. Nunca mais havia entrado nele, desde a noite mais feliz da minha vida. Não suportava as lembranças que ele me trazia. Mas neste momento eu me sentia meio masoquista.

Empurrei a porta e fechei os olhos esperando que o cheiro dela invadisse minhas narinas como um sopro da brisa de primavera.

Mas o quarto estava arrumado e limpo.

Alguém havia entrado ali e trocado os lençóis e limpado o chão, provavelmente Rachel. O calor da fúria começou a subir por minha espinha, só para ser abafado pelas lembranças.

Desabei sentando perto da cama e coloquei as mãos em minha cabeça.

Ela ainda estava ali. Eu podia sentir a força vital dela emanando das paredes, as testemunhas silenciosas da consumação do nosso amor. Ainda sentia o gosto dos lábios dela, o som de sua voz suspirando meu nome enquanto tremia de prazer em meus braços.

Não percebi que chorava até sentir uma mão em meu ombro. Ergui a cabeça e encontrei os olhos também úmidos de minha irmã.

Rachel ajoelhou do meu lado, me abraçando forte, soluçando e por incrível que pareça, ela não tinha nada para me dizer. E eu não sabia que precisava tanto de um abraço até sentir o reconforto dos braços dela em minha volta.


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