Sun Of Earth (Jacob+Renesmee) escrita por Cláudia Ray Lautner


Capítulo 19
"Preciso ter minha vida de volta!"


Notas iniciais do capítulo

Finalmente! Sorry a demora, muito trabalho essa semana... Agradecimentos especiais a Mary Cullen e Narcissa que recomendaram a história! Vocês são demais! Beijos para todas que estão comentando e que não me abandonam mesmo quando não curtem o capitulo! ♥
AMO VCS! ♥



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*****

— Vamos lá, Jake! Precisa sair um pouco dessa oficina... — Seth disse pela centésima vez, enquanto me jogava uma bola de papel que ele esteve amassando em sua mão.

Eu apenas segurei com mais força minha chave inglesa, fechei os olhos e suspirei. Minha cabeça estava começando a doer pelo esforço que fazia para não bater nele.

Porque não me deixavam em paz?

Eu sabia que eles estavam tentando me animar, que queriam me tirar do buraco onde estava desde que Nessie partiu da minha vida. Estava tudo vazio, sem gosto e cor. Mas não importava o que eles fizessem, nada iria fazer diferença.

— Seth, você poderia me fazer um favor? — perguntei enquanto limpava minhas mãos em um pedaço de tecido que estava jogado por ali.

— Qualquer coisa, mano! É só falar! — ele me respondeu empolgado.

O encarei:

— Me deixe. Trabalhar. Em paz. Eu sei que você só quer ajudar, mas sua voz já está me irritando! — respondi e me voltei novamente para as peças espalhadas no chão.

Seth apenas cruzou os braços, encostou na parede e ficou ali me olhando, a expressão séria, dando claros indícios que não sairia dali sem mim.

Voltei a ignora-lo e continuei a montar o motor da motocicleta Honda CB que estava concertando, esperando fervorosamente estar colocando as peças nos locais certos. Após vinte e cinco minutos disto, Embry apareceu. Olhou para Seth, depois para mim, então se encostou na parede e também cruzou os braços.

Eu joguei o parafuso que estava em minha mão e levantei.

— Vamos a porcaria do jogo! — resmunguei entre dentes.

Seth e Embry sorriram com cara de “missão cumprida” e me seguiram, enquanto eu marchava para fora da oficina, rumo à praia leste, onde todos estavam reunidos, jogando futebol e conversa fora.

Para mim não fazia sentido esta alegria forçada. A maioria deles tinha pleno acesso a minha cabeça e sabiam que eu não era uma boa companhia ultimamente. Mas mesmo assim, insistiam em me ter por perto, estragando a felicidade alheia.

Devia ser quase crepúsculo, quando chegamos à praia, mas não podia ter certeza devido o céu estar carregado de nuvens. Uma brisa vinha do oceano e devia estar gelada, pois os humanos estavam todos vestindo casacos.

Jared, Paul, Sam e Quil já estavam jogando no campo improvisado, enquanto Collin e Brady devoravam a comida e Emily os repreendia, para que não comecem tudo. Leah e Jhon estavam agarrados como sempre, dividindo uma cadeira de praia. Não vi minha irmã em lugar algum e só pude concluir que havia levado Joshua para casa devido à chuva que ameaçava cair a qualquer momento. Kim ficava olhando o marido e suspirando.

Bufei.

Ignorei os detestáveis olhares de piedade que me lançavam discretamente e me sentei em um tronco branco um pouco afastado, admirando as ondas cada vez mais fortes, quebrando na areia, mas na verdade não as via.

Quando dei por mim, já havia escurecido e todos estavam reunidos em volta da fogueira comendo hambúrgueres. Tentei não ver os casais formados a beira do fogo, que dançava em contraste com o céu escuro. Sua luz alaranjada, combinava com a cor dos cabelos dela e o calor suave trazia lembranças de seu riso doce...

Estremeci quando as primeiras gotas de chuva começaram a cair e todos começaram a correr recolhendo as tralhas, rindo e brincando entre si. Ajudei a carregar algumas cadeiras e assim que consegui escapar de seus olhos, fui para casa. Não suportava todo esse clima de família feliz.

Por mais que me doesse admitir, eu sentia certa empatia pelo que Leah passou por tantos anos. Ver a felicidade dos outros, tão próxima e ter a sua fora de alcance, era um martírio.

Entrei no chuveiro quente tentando espantar o gelo em meu peito que ameaçava se espalhar por todo meu corpo. Depois de minha primeira transformação, eu nunca mais havia sentido frio. Agora parecia que o iceberg que afundou o Titanic, resolveu abandonar o atlântico e fazer morada no buraco onde devia estar meu coração.

Fiquei durante horas ali parado, lembrando do brilho de olhos castanhos e o som do riso que sempre os acompanhava, enquanto a água escorria pelo ralo. Esperava que de alguma forma, ela pudesse levar junto à dor da minha alma.


*****

— Até quando você vai ficar desse jeito? — ouvi Leah me perguntar indignada.

Ergui a cabeça, abri os olhos e a vi com as mãos na cintura, molhada, me olhando como se eu fosse um estranho.

Estava chovendo lá fora e eu tentava dormir no sofá de casa, esperando ter um pouco de silêncio. Mas era pedir muito que eles me deixassem em paz por pelo menos uma hora.

Como não respondi, ela bufou para mim.

— Sabe, eu não estou te reconhecendo. Onde está aquele Jacob decidido e determinado que não desistia de seus objetivos? Que enfrentava uma dúzia de vampiros apenas para ficar perto de uma garota?

Suspirei.

— Ele foi embora junto com ela...

— Ah, sem essa! — ela gritou me interrompendo. — Sem drama comigo, Jake. Você precisa fazer alguma coisa! Não aguento mais vê-lo se arrastando por ai como um zumbi, podre e sem vida.

Suas palavras eram como granadas, me atingindo uma após a outra. Leah acertou em cheio. Era exatamente como me sentia.

Me sentei rapidamente, fuzilando-a com os olhos.

— E o que quer que eu faça? Ela me deixou!

— E daí? Bella te deixou tantas vezes e você nunca desistiu! Ficou ao lado dela até seus últimos minutos. Literalmente! Mesmo ela não te amando. Mesmo ela escolhendo um sanguessuga idiota, você não desistiu!

Fechei meus olhos enquanto calor subia por minha coluna. O que ela estava dizendo? Comparando o amor que sentia por Nessie com o que senti por Bella?

— Você não sabe o que está dizendo. — rosnei — Eu não posso simplesmente ignorar um pedido dela. Nessie não me quer por perto e eu vou respeitar isso mesmo que me mate!

— Então uma vontade mimada dela, vale mais que a felicidade de vocês? — sua voz soou estridente, tamanha era a sua indignação. — Pois vou dizer o que penso: Acho que ela está apenas esperando uma atitude sua e que você está sendo um covarde! Tem medo de encarar as feridas que seu passado causou a ela. Tem medo de não conseguir curá-las e que ela nunca mais ame você de novo, então prefere viver com a dúvida...

Ela se interrompeu quando me levantei e me prostrei diante dela com um olhar feroz. Mas seu rosto continuou determinado.

— E se você estivesse em meu lugar, hein? — devolvi para ela. — Se Jhonatan pensasse que só está com ele para atingir Sam e que seu amor não passa de uma farsa vingativa? Se ele nunca mais pudesse olhar em sua cara sem sentir repulsa?

Leah comprimiu os lábios e cerrou os punhos. Quase sorri com o desconforto dela, mas minha alegria não durou muito.

— Eu lutaria por ele e faria de tudo para provar que não ha mais ninguém para mim neste mundo e nem em outro. — ela respondeu em uma voz baixa e cheia de significados. — O levaria para longe de tudo e todos, para sermos só eu e ele. Poderia levar meses ou anos, mas eu provaria.

A fúria me abandonou me deixando somente com dor novamente.

— O imprinting é para isso Jacob. Para concertar as coisas e para nos fazer felizes. — continuou, tocando meu ombro, o olhar terno — Mas há momentos que precisamos tomar uma atitude e não deixar tudo por conta do destino. Lute por isso como tantas vezes você lutou. Vá atrás dela e prove que a ama!

Encarei os olhos de Leah. Apesar de tudo, tínhamos muito em comum e ninguém melhor que ela para me aconselhar neste momento. Mas o que ela dizia era impossível. Não poderia negar a Nessie o pedido que me fez. Tinha que esperar a decisão dela.

— Eu não consigo Leah... — murmurei.

Ela me olhou por algum tempo.

— Então você não a merece. — disse antes de virar as costas e sair as passos largos para chuva que caia sem trégua.

*****

Tudo continuava sem sentido. Minha vida girava sem direção nem eixo, apenas girava. Um planeta que havia perdido seu sol, seu ponto de gravidade e agora estava perdido no vácuo do universo escuro e vazio. A única coisa que ouvia e sentia eram as palavras de Leah martelando em minha cabeça.

Estava olhando a linha do horizonte entre o céu excepcionalmente azul e o mar turvo e escuro, sentado a beira de um dos penhascos de La Push, o mesmo penhasco que eu passei diversas noites pensando em Bella, em uma época distante, uma vida que parecia ser de outra pessoa.

Há algum tempo eu descobri que pensar em Nessie ali não doía tanto, quanto em qualquer outro lugar impregnado de lembranças felizes.

Mas de vez em quando, eu queria lembrar. Lembrar de forma mais vívida, a cor dos seus olhos e cabelos. De seu riso claro e contagiante. Da sua voz doce que eram como música aos meus ouvidos e da forma como seus lábios se moviam quando ela falava meu nome. Saber que ela era real e que estava em algum lugar do mundo mesmo que me odiando.

A saudade dela, era mais sufocante que qualquer dor que acompanhava as lembranças.

Com este pensamento, comecei a correr na forma humana, em direção à casa branca, onde eu passei os últimos sete anos da minha vida com ela, cuidando e protegendo. Infelizmente, não pude protegê-la do meu passado. Este era um inimigo sem rosto que eu não podia combater. Só podia ficar olhando, enquanto ele destruía a base solida da minha razão de viver.

Não tinha pressa de acordar os sentimentos mortos em meu peito, mas tampouco conseguia diminuir os passos rápidos que me levavam de volta a uma época feliz, que agora só trazia dor.

Olhar a casa vazia era como me serrar ao meio. Não havia voltado ali desde o dia que a vi partir. Cada centímetro da construção que eu fitava podia vê-la: As escadas que ela sempre desceu correndo para me abraçar; O jardim onde ela tanto gostava de arrancar as flores que Esme plantava e colocar entre os cabelos, agora estava invadido pelas samambaias, abandonado e esquecido.

Os cômodos vazios através do vidro, refletiam toda a sua infância para mim, como se fosse um filme mudo e doloroso. Podia ver todos os momentos que passamos sentados apenas conversando em um sofá que não estava mais ali.

Respirei fundo. O cheiro queimou minhas narinas como se eu tivesse aspirando alvejante. Após tanto tempo, o fedor dos sanguessugas ainda impregnavam este local. Senti raiva ao distinguir o de Bella no meio dele.

Porque ela havia feito isto comigo? Levar Nessie para longe de mim. Excelente maneira de agradecer os anos de amizade...

Mas então, me lembrei de sua reação anos atrás ao saber do imprinting e bufei. Ela e Edward devem ter ficados satisfeitos com a decisão de Renesmee e só me aturaram por tanto tempo porque ela me queria por perto. Neste momento eles deviam estar fazendo a dança da vitoria, ao ver que a filha finalmente havia se livrado de mim.

Respirei fundo mais uma vez, tentando filtrar o cheiro de Nessie do meio do odor fétido. Seu perfume ainda estava ali, ainda que leve e enfraquecido pelo tempo e me trouxe ondas de dor e saudade por todo meu corpo que reagia tremendo e queimando.

A sala de estar agora me transportava ao dia que ela me disse adeus. Quando olhou em meus olhos e pude ver neles que a magoa superava o amor que sentia, fazendo-a desistir de tudo.

As palavras de Leah voltaram em minha cabeça.

“Talvez ela só esteja esperando uma atitude sua!”

Quantas vezes, Nessie havia dito que me amava? Quantos beijos trocados, quantas promessas? Fechei meus olhos me lembrando, mais uma vez, do dia que ela se entregou a mim. Seu calor suave ainda era um rastro quente de amor e desejo em meu corpo. A emoção que vi em seus olhos quando pedi que fosse minha para sempre...

As palavras de Leah faziam sentido agora.

Renesmee não podia ter desistido! Todo o amor não poderia ter simplesmente desaparecido. Eu tinha que acreditar que ela ainda me amava e estava sofrendo tanto quanto eu. Talvez mais.

Tinha de haver outra explicação! Ninguém conseguiria quebrar uma ligação como a nossa. O sentimento estava ali em meu peito, pulsando e queimando. Como o dela poderia ter morrido?

Nunca vi Renesmee tão frágil quanto no dia em que me disse adeus. Seus olhos escuros, segurando lágrimas teimosas. Ela podia me odiar, mas sabia que o amor também estava ali.

Eu também não ia desistir! Mesmo que ela me dissesse que não me amava mais... Mesmo que ela me expulsasse a vassouradas! Eu iria atrás dela e provaria que eu a merecia, que não havia ninguém para mim, além dela.

Leah estava certa. Eu era um covarde. Perdi tempo demais e talvez fosse tarde, mas tinha que tentar concertar as coisas.

A determinação fez com que eu me sentisse vivo de novo.

Me virei e comecei a desabotoar a bermuda, pronto a me transformar e correr para La Push, decido a encontrar Nessie, onde quer que ela estivesse, mas paralisei ao surgir uma garota em minha frente como se fosse um fantasma, saindo de trás das árvores.

Loira, com grandes e expressivos olhos cinza azulados e lábios cheios. Usava roupas resistentes, estranhamente justas. Mesmo em vestes tão rústicas era muito bonita.

Bonita demais. De uma forma não natural.

Ela me encarou com olhos especulativos e meus instintos logo trataram de apurar o cheiro, porque era óbvio que a garota não era humana. Sua beleza era digna de uma sanguessuga. Mas não havia nada, exceto o perfume de frutas do que julguei ser o xampu dela.

Ouvi o seu coração batendo e vi a circulação sanguínea em sua pele, então não era uma vampira.

Ela me deu um sorriso meio cínico com minha avaliação.

— Olá. — me disse, também me fitando dos pés a cabeça. Não devia estar acostumada com um homem seminu no meio da floresta pela forma que me olhou.

Sua voz era clara e sedutora. Mas que droga de garota era essa que parecia uma vampira, mas não cheirava como uma?

— Está perdida? — perguntei estreitando os olhos, sem perder tempo com cumprimentos.

O sorriso dela aumentou um pouco.

— Não. Procurava a casa dos Cullens e já a encontrei.

Trinquei os dentes.

— Pois então, perdeu viajem. Eles não moram mais aqui. — disse a ela entre dentes.

— Sim, isso eu já percebi. Mas a viajem não foi totalmente perdida. — me respondeu e mordeu o lábio ao voltar a me fitar da cabeça aos pés. — Sou Valentina. — disse me estendendo a mão.

Eu apenas a encarei por um momento, pensado em ignora-la, mas não resisti a curiosidade de saber se sua pele era fria. Não era. Ela arfou quando sentiu a temperatura da minha , mas não disse nada.

Quando soltou minha mão, meus dedos começaram a tremer. Havia algo de muito estranho com esta garota e eu estava sentindo que isso não ia prestar.

— O que você quer aqui? — perguntei sem mais rodeios, e a vi sorrir com uma expressão tremendamente inocente e infantil, que não acalmou meu mau pressentimento.

— Eu já consegui o que eu quero ... — sussurrou, virou as costas e correu.

Correu duas vezes mais rápido que um vampiro. Arregalei os olhos por uma fração de segundos antes de me lançar no ar, me transformando.

Ela corria com destreza e era apenas um borrão dourado no meio do verde.

O que é isso Jake?! — ouvi Embry gritar em minha cabeça enquanto ele via através dos meus olhos a mulher correr em uma velocidade assustadora até para mim.

Eu não conseguia sentir seu cheiro o que dificultava a perseguição. Cravei fundo as patas no solo, e aos poucos consegui ir me aproximando dela. A estranha parecia nem tocar o solo. Ela pegou impulso em um galho seco e lançou a frente tomando novamente à dianteira.

Acelerei pensando em uma maneira de Embry encurralá-la à frente, mas de repente ela sumiu de vista.

Olhei em volta e através dos olhos dele, para tentar encontra-la. Ouvi seus passos para o sul e mudei de direção, chegando a tempo de vê-la saltar da beira do penhasco, que eu estive há poucos instantes, para o oceano.

Minhas patas derraparam com a parada brusca e eu olhei com raiva para as ondas, amaldiçoando o fato de não conseguirmos nadar com a mesma facilidade.

Idiota! — resmunguei comigo mesmo. Devia ter arrancado a cabeça dela quando tive a chance!

O que ela procurava? O que queria com os Cullens?

Ela parecia ser uma híbrida como Nessie, mas ao mesmo tempo era diferente. Era muito mais veloz e seu cheiro não parecia com o dela. Os pelos da minha nuca se eriçaram com as possibilidades.

Embry chegou ao meu lado ofegante.

Droga, cara! Ela é muito rápida! — ele lamentou olhando para as águas turvas e escuras onde a estranha havia desaparecido. Limitei-me a concordar com um aceno de cabeça.

Valentina. O nome dela pouco importava, mas memorizei-o porquê talvez ele pudesse ser útil mais tarde.

Porque acha que ela estava procurando por eles? — perguntou.

Eu não sei... — respondi pensativo. — Mas não foi uma simples visita. Algo me diz que ela estava checando se os Cullens ainda estavam aqui.

Embry balançou a cabeça de forma pensativa.

Acha que tem alguma coisa haver com aqueles arremedos de lobos que estiveram aqui antes? — perguntou naturalmente, como se não houvesse quase sido morto por um deles.

Estremeci, enquanto ele dava de ombros.

Talvez.– respondi.

O ódio queimava. Não devia tê-la deixado fugir.

Eu não era supersticioso, mas sentia que isso era o começo de algo grande e sombrio.


*****

Valentina observa Jacob
*****

A estranha sumiu da minha mente com a mesma facilidade que apareceu. Foi apenas o tempo suficiente de contar a Sam e aos outros tudo que eu sabia o que não era muito, para que ficassem em alerta.

Não conseguia me concentrar em mais nada, a não ser na minha decisão de encontrar Nessie. A grande dúvida era por onde começar.

Eu tinha certeza que se eles não quisessem ser encontrados, seria extremamente difícil. Mas eu não ia desistir! — pensei enquanto colocava uma troca de roupas em uma mochila e meu pai me observava sem dizer nada.

Não iria permitir que Renesmee jogasse fora toda a nossa história, por alguns problemas, algumas pedras no caminho. Nosso amor era forte o bastante para isso, para resistir qualquer coisa! Tudo que eu precisava era não desistir. Estive parado tempo demais. Tinha que me agarrar à esperança de que não era tarde demais.

Iria começar por Charlie. Ele devia ter algum contato com Bella. Talvez não um número de telefone específico, mas alguma forma de rastreá-los. Nomes, idades, algum hospital que Carlisle deve estar trabalhando ou alguma escola, porque Edward adora um drama adolescente. Alguma pista eles tinham que ter deixado e fosse qual fosse, iria encontrar.

O barulho estridente do telefone interrompeu meus pensamentos.

Billy estava mais próximo, então deixei que ele atendesse. Não queria perder minha linha de raciocínio.

Talvez eu devesse construir nossa casa antes. Eu prometi a ela dar o que pudesse para fazê-la feliz e eu cumpriria minha promessa!

Tinha visto algumas árvores tombadas pela chuva, próximo à casa de Jared. Estavam rachadas na base, mas o topo estava bem conservado. Teria que encontrar alguém com uma escavadeira para me ajudar a arrastá-las até uma serralheria...

— Jake. — ouvi meu pai chamar da cozinha. — É pra você.

Me levantei com um salto.

Billy estava com a expressa séria, mas seus olhos continham um certo brilho de expectativa.

Agarrei o telefone com força, o coração acelerado.

— Nessie? — minha voz estava presa na garganta.

Houve uma hesitação do outro lado da linha. Meu coração falhou.

— Não Jake, é Bella. — uma voz triste respondeu.

Soltei a respiração que prendia, a decepção tomando conta do meu ser. Fechei meus olhos tentando ao máximo ficar feliz ouvindo a voz da minha amiga e por ter finalmente uma forma de encontrá-los. Não consegui.

— O que quer? — respondi tentando não ser rude. Falhei novamente.

Bella soltou um suspiro triste.

Meu coração congelou e perdi meu chão. Só imaginava uma coisa que pudesse ter feito Bella me ligar. Apoiei a mão na parede, enquanto meus joelhos enfraqueciam.

— O que aconteceu com Renesmee? — minha voz não passava de um sussurro.

— Não aconteceu nada. Desculpe se eu te assustei. Ela esta bem na medida do possível. — respondeu numa voz sem emoção.

Soltei o ar pesadamente, sentindo um enorme alívio.

— Eu estou te ligando pra saber como você está... — continuou, quando não respondi.

Trinquei os dentes e apertei com mais força o fone em minha orelha.

— Como acha que estou? — perguntei sem conter o ácido em minha língua.

— Eu tenho uma ideia. — Bella respondeu baixo, com empatia. Me perguntei se isto trazia memórias desagradáveis a ela. Provavelmente sim.

Minha garganta parecia trancada e pigarreei.

— Isto é uma droga, sabia?

— Talvez você sinta algum consolo, sabendo que ela esta sofrendo também. Talvez até mais que você. — Bella me respondeu com a mesma voz sem vida.

— Ah, claro Bella! Estou me sentindo muito melhor agora! Acho que vou até dormir como um bebê esta noite! — o sarcasmo corria solto em minhas veias. — Não, não senti nenhum consolo. Na verdade, você acabou de abrir mais um buraco no meu peito ...

— Eu sinto muito ... — ela murmurou, me interrompendo.

Tive que respirar fundo para não quebrar o telefone.

— Não me diga que sente muito! Me diga que está fazendo alguma coisa a respeito! Que ela está mudando de ideia! — sibilei.

— Eu já tentei convencê-la e Edward também. Ele lhe contou tudo que aconteceu, o quanto você a ama e o quanto isto tudo estava te matando. Ela já o perdoou.

Suspirei tentando sentir gratidão pelo que Edward fez, apesar do fato que ele me devia isto.

— Mas não foi o suficiente para que ela quisesse voltar. — concluí.

Ou seja, tudo na estaca zero.

— Não é isso! — pela voz de Bella percebi que ela estava quase à beira do desespero. — Nessie te ama demais, Jacob. Mas ela é muito teimosa e enquanto ... — Bella parou como se houvesse falado demais.

— Enquanto o que Bella? — tentei sufocar a pequena faísca de esperança que ameaçava se tornar uma fogueira.

O telefone ficou mudo.

— Bella, ainda esta aí? — a faísca se apagou antes mesmo de adquirir força.

Encarei o telefone tentando controlar a nuvem cinza que pairava sobre minha cabeça, tentando me sufocar.

Bella realmente havia ligado ou eu havia imaginado tudo isto?

Então, sua voz soou novamente.

— Jake eu preciso te contar! Você tem o direito de saber o que está acontecendo e eu não suporto mais vê-la sofrendo. Então, me escute com atenção...

Minha respiração se acelerou, enquanto Bella falava tão rápido que eu mal conseguia acompanhar.

— Renesmee já o perdoou. Ela já superou tudo que aconteceu no passado. Nós não fomos embora porque ela te odeia. Fomos porque ela te ama e não suportaria perder você. — declarou.

Minha boca se abriu enquanto eu tentava manter o foco.

— Como?

— Alice viu que Johan esta envolvido com os Volturi, que eles viriam atrás de nós novamente e Nessie não queria te ver sofrer mais uma vez. — Bella continuou em tom baixo, me fazendo perguntar se ela estava sozinha e se ela estava quebrando alguma promessa ao me ligar. — Ela pensa que tudo que já aconteceu de mal com você e a tribo é culpa dela e decidiu te abandonar por isso...

As palavras de Bella foram sumindo enquanto minha cabeça girava.

O que Nessie tinha feito?! Minha Renesmee! Havia ido embora para me proteger?

A centelha estava ali de novo.

Então, ela não me odiava. Só queria me manter a salvo!

O que ela não sabia, é que eu não me importava de morrer por ela! Não tê-la em meus braços era infinitamente pior que a morte. E talvez ela soubesse. Talvez por isso ela tenha ido.

Meu coração se acelerou enquanto a esperança que tanto relutei em aceitar, preencheu meu peito. O calor me envolvia de forma resplandecente e nunca me senti tão completo. A felicidade deste momento só perdia para o dia que coloquei meus olhos sobre ela a primeira vez.

Renesmee me amava! Realmente me amava e estava sendo idiota, altruísta e dramática, como Edward e Bella já fizeram! Mas me amava!

— Jacob? Ainda esta aí? — Bella perguntou , com urgência no telefone.

— Sim, estou! — eu mal podia esconder a alegria em minha voz.

— Você me entendeu? Ela é teimosa e cabeça dura, mas ama você!

— Eu nem sei a quem ela puxou tanta teimosia! - respondi a ela sem conter o sorriso em minha voz.

— Jake, não brinque! — ela me respondeu séria — Eu tenho certeza que tudo que ela precisa é vê-lo outra vez! Eu tentarei manter isto em segredo até que você venha. Escute o endereço com atenção...

Peguei uma caneta na mesa e rabisquei depressa em um bloco, as palavras e números que Bella me ditava, quebrando a caneta ao meio, quando coloquei o ponto final.

— Venha depressa. Sabe que não sou boa em guardar segredos ...

— Obrigado, Bells! — agradeci com o maior fervor que podia estando ao telefone. O que eu queria mesmo era abraçar e girar no ar a vampira que me trouxe de volta a minha esperança.

Pude ouvir o sorriso em sua voz, quando repetiu uma fala que eu disse a ela tantas vezes no passado.

— Disponha Jake. — e desligou.

Meu pai me encarava com um ar de cumplicidade, quando coloquei o telefone no gancho.

— O que Bella queria? — ele perguntou curioso.

Meu sorriso era tão grande que poderia muito bem rasgar meu rosto.

— Ela disse que Nessie me ama! Que foi embora para me proteger dos sanguessugas italianos. — respondi enquanto agarrava o papel contendo o endereço deles, como se fosse um bote salva-vidas. — Preciso ir atrás dela, pai! — disse mal contendo minha alegria.

Meu velho pai me encarou por longos segundos, em seu rosto passando diversas emoções como se fosse um filme. Por fim seu peito inflou de orgulho e ele sorriu quando disse:

— E o que está esperando, filho?

Olhei para os olhos afetuosos de Billy. Então, o abracei apertado, levantando-o da cadeira de rodas.

— Cuidado Jake! — ele disse com exagero. — Vai quebrar minhas costelas!

Eu ri e o soltei, enquanto um nó surgia em minha garganta.

— Prometo que volto, pai...

Seus olhos sábios me fitaram com compreensão e pude ver que ele não acreditou em minha promessa.

— Desde que a traga junto... — respondeu com sua voz de trovão.

Acenei com a cabeça, concordando.

— Explique a Sam e a todos, por favor. Diga a Rachel que eu a amo.

Joguei minha mochila nas costas e sai pela porta enquanto a gravidade me puxava de volta à vida.

*****


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