Entramos na sala de aula e eu me sentei no lugar de sempre. Yasmin se sentou atrás de mim. E o professor logo entrou.
''Te esperei por tanto tempo.''

Quase cai da cadeira pelo susto.

– Você disse alguma coisa, Yasmin? - Encarei-a, mas ela estava muito entretida lendo um livro de filosofia.

Será que eu estou ficando louca?

''Rúbia''

Olhei para trás, mas todos estavam concentrados em seus livros. Quem estava me chamando? Olhei para trás novamente.

Que legal Rúbia, agora você está dando para ouvir vozes...

Passei o resto da aula quieta. Eu estava considerando em agendar uma consulta no psicólogo.

As horas passaram quase que lentamente, parecia que cada minuto que era uma eternidade .

– Rúbia!

Quase pulei da cadeira quando ouvi alguém me gritando. Leventei a cabeça e vi um par de olhos zangados me encarando.

– O...O que foi professora?

– Já disse que não suporto ser ignorada na minha aula, mas parece que você faz isso de propósito. - Ela apontou o dedo na minha cara.

– Ma...Mas eu nunca...

– Calada!

Ouvi baixos risos ao redor da sala. Não tinha dúvida de que eu seria o assunto da semana.

– Pegue seus pertences e leve com você este bilhete. - Ela arrancou uma folha do meu caderno e pegou a minha caneta para escrever o que eu já sabia o que era.

– Vá para a detenção!

Levantei-me. Eu estava puta da vida, mas não ousei revidar, pois conhecia muito bem o gênio dessa mulher. Ela adorava humilhar os outros.

Segui em passos lentos e pesados até a diretoria. Parei na porta quando ouvi uma voz um tanto irritada...A voz da diretora.

– Por que quer estudar de novo? Você sabe que isso é besteira.

– Ah você sabe que eu odeio lhe dar satisfações da minha vida. - Ouvi uma voz masculina. - Só me matricule de novo.

Essa voz parecia ser familiar, mas logo tirei isso da minha mente.

Bati na porta, eu queria sair logo dali.

Ambos olharam para mim e quase engasguei quando vi novamente aquele par de olhos intensos cravados em mim.

– O que quer garota? - A diretora não parecia estar em seus melhores humores...Ninguém tinha humor nessa escola.

Como eu ia falar com aquele garoto me encarando de maneira obssessiva. Ele tinha uma beleza que assustava de tão adorável. Seus cabelos pretos faziam contraste com sua pele pálida. Seus lábios eram grossos e rosados...E seus olhos podiam hipnotizar qualquer um que os encarassem.

Voltei para a realidade.

– Eu vou para a detenção.

– Sério? Então vá, oras bolas. - Ela disse.

Me virei para ir embora me sentindo uma idiota por dentro...''Eu vou para a detenção''. Quem diz isso?

Ainda conseguia sentir seu olhar em mim. Esse garoto me dava arrepios.

Engoli em seco e segui o meu trajeto até a detenção. Eu estava ferrada...O que meu pai iria fazer quando descobrisse que eu, logo eu fui mandada para a detenção?

[...]

– Como você, logo você foi parar na detenção Rúbia? - Meu pai gritou irado. Ele encarava o bilhete da professora como se fosse rasgá-lo e jogá-lo na minha cara.

Ele nunca gritava comigo. Engoli em seco.

Quis explicar-me, afinal eu não tive culpa nenhuma do ocorrido.

– Mas pai...

– Calada!

Bufei.

– Quer saber acho que vou para o meu quarto que ganho mais. - Dei as costas a ele.

– Como assim mocinha? Me deve satisfações...

Não parei para ouvir o sermão dele e continuei seguindo o meu trajeto até meu quarto, ignorando os gritos dele.

Deitei-me na cama e fechei os olhos.

– Que merda de vida eu tenho. Deveria ter nascido morta. - Disse com uma pontada de tristeza.

''Não diga isso nem por brincadeira''

Aquela voz...Estava falando comigo de novo!